1. INTRODUÇÃO
1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO
O Autismo foi diagnosticado pela 
primeira vez há cerca de 60 anos pelo psiquiatra americano Leo Kanner. 
Que acreditava tratar-se de um distúrbio psicológico, reflexo das 
atitudes de maus pais, ou, mais especificamente de uma mãe fria e 
distante. Felizmente essa tese perdeu a credibilidade, porém ainda não 
se sabe ao certo qual ou quais as causas do Autismo.
Segundo SCHWARTZMAN (1994), o Autismo 
Infantil (AI) é uma síndrome definida por alterações presentes desde 
idades muito precoces e que se caracteriza, sempre pela presença de 
desvios nas relações interpessoais. Trata-se de uma condição crônica com
 início sempre na infância, em geral até o terceiro ano de vida, com 
maior incidência entre meninos. Autópcias realizadas em autistas 
revelaram que as células da região límbica, responsável por medidar o 
comportamento social, são menores e mais condensadas nos autistas, 
sugerindo uma interrupção precoce no desenvolvimento dessa parte do seu 
sistema nervoso. Também, são verificadas alterações cromossômicas em 
indivíduos autistas, a ocorrência de X frágil, que é uma condição 
genética herdada,prodizida pela presença de uma alteração mlecular, ou 
mesmo de uma quebra na cadeia do cromosomo X, condição esta associada 
problemas de conduta e aprendizagem, que tem sido estudada por vários 
pesquisadores com resultados bastante discrepantes.
Ainda hoje não existe um consenso sobre 
as causas do Autismo. Há hipóteses que sugerem uma origem genética 
oriunda de mutações, outras de viroses e intoxicações por produtos 
químicos. Por isso, o Autismo é considerado uma síndrome, um conjunto de
 sintomas que pode ter mais de uma origem, e não uma doença. Pode-se 
entender Autismo como um destúrbio do desenvolvimento, uma deficiência 
nos sistemas que processam a informação sensorial recebida. Fazendo a 
criança reagir a alguns estímulos de maneira excessiva, enquanto que a 
outros estímulos não.
A Associação Brasileira do Autismo, em 
1997, calculou que no brasil existem aproximadamente 600 mil pessoas 
afetadas pela síndrome do autismo e, a prevalência é quatro vezes maior 
em meninos do que em meninas.
Para o tratamento, via de regra, um 
ambiente de educação especial é necessário, onde os profissionais devem 
ser treinados para lidar especificamente com essas crianças, portadoras 
de síndrome do autismo. A intervenção deve ser a mais intensiva e 
precoce possível, realizada por equipe multidisciplinar que inclua 
psiquiatra da infância e adolescência, psicólogo, neurologista, 
pediatra, professor, psicopedagogo, fonoaudiólogo e fisioterapeuta, 
dentre outros.
O professor, ou o educador que pretende 
trabalhar com alunos em condição de inclusão possui agora uma tarefa que
 lhe surge como um desafio. BAPTISTA e BOSA (2002) chamam o aluno que 
chega para a inclusão de novo aluno e o que já faz parte da sala de aula
 de aluno antigo. A complexidade do desafio suscita ao professor uma 
angústia que se faz ouvir imediatamente por meio de uma queixa tríplice:
 “Que posso fazer?”, “Que devo fazer?” e “Que posso esperar?” Tem-se a 
impressão que o professor coloca-se no centro da situação esquecendo-se 
que deve se preparar muito para esta tarefa que lhe é imposta.
O aluno está em uma situação delicada, 
pois da rotina em que se encontrava viverá a transição para uma nova 
situação. Talvez não traga consigo uma queixa manifesta, mas é certo que
 terá de se adaptar a um novo contexto, com novas pessoas e novas 
circunstâncias.
É preciso, então, que seja muito 
bem-acompanhado nessa etapa de transição. O diagnostico transdisciplinar
 deve levar em conta o aluno em um contexto anterior, onde ele se 
encontrava antes de chegar à nova sala de aula. A partir disso, o aluno 
poderá ser ajudado no trabalho de inclusão. Nessa perspectiva, o centro é
 o aluno e não o professor.
A avaliação consiste de um exame da 
situação desse novo aluno, de suas peculiaridades, de suas necessidades e
 diferenças em relação aos alunos antigos. Para que essa avaliação 
produza, de fato, um conhecimento que auxilie no trabalho com o novo 
aluno é preciso que ela seja compartilhada com outros profissionais. Daí
 a importância do professor receber assistência adequada de uma equipe 
com profissionais de outras áreas que possam permitir uma articulação 
transdisciplinar. Cabe ao professor a reivindicar essa assistência e as 
instâncias que planejam a experiência da inclusão, a implementação.
O trabalho de inclusão impõe 
modificações no panorama institucional da escola e no interior das 
pessoas que aí trabalham. Assim, o trabalho deve começar com a 
mobilização de todos os profissionais, desde a direção, serviços de 
supervisão e coordenação e, também, de profissionais considerados 
periféricos como médicos, dentistas e psicólogos. Os professores e os 
funcionários da escola que lidarão com os alunos de inclusão mais 
diretamente devem participar dessa equipe de trabalho.
É extremamente importante que o 
professor/educador busque uma melhoria contínua das suas competências 
profissionais, dos seus conhecimentos científicos, de suas ideias sobre 
desenvolvimento e educação. Trabalhar os pré-conceitos é fundamental 
para o sucesso do trabalho que visa melhorar a qualidade de vida dos 
portadores de necessidades especiais, especificamente dos autistas.
O professor deve ter um papel 
significativo para a criança, pois assim maiores serão as chances de 
desenvolver as suas habilidades, uma vez que os alunos passarão a sentir
 segurança e confiança no professor. O conhecimento amplo e abrangente 
da síndrome de autismo, das características específicas da criança que 
educa e de metodologias de ensino atualizadas é extremamente importante 
para o professor que pretende realizar seu trabalho dignamente junto 
dessas crianças.
SCHWARTZMAN e ASSUMPÇÃO (1995), destacam
 que o professor deve oferecer uma previsibilidade de acontecimentos, 
que permite situar a criança no espaço e no tempo, na qual a organização
 de todo o contexto se torna uma referência para a sua segurança 
interna, diminuindo assim os níveis de angústia, ansiedade, frustração e
 distúrbios de comportamento. O professor também se beneficia dessa 
rotina à medida que consegue operacionalizar os objetivos do seu plano 
de ensino de maneira mais dinâmica e organizada. A rotina deve ser 
compreendida como planejamento e organização, e não uma restrição à 
criatividade do professor permitindo a ele a possibilidade de maior 
visualização sobre todo o seu trabalho.
1.2.OBJETIVOS DO ESTUDO
1.2.1. Objetivo Geral
Verificar possibilidades para uma ação 
docente mais adequada, possibilitando que as crianças autistas tenham 
direito a educação de qualidade.
1.2.2. Objetivos Específicos
Analisar a importância da inclusão das criança autistas na sociedade;
Identificar as dificuldades encontradas pelos educadoremem se relacionar com a criança autista;
Verificar como é realizado a interação dos autistas com outras crianças no ambiente escolar.
1.3. JUSTIFICATIVA
De acordo com Bereohff (1991), para 
educar uma criança autista, é preciso levar em consideração a falta de 
interação com o grupo, comunicação precária, dificuldades na fala e a 
mudança de comportamento que apresentam essas crianças.
Neste sentido a autora descreve que “é 
básico que a programação psicopedagógica a ser traça da para estas 
crianças, esteja centrada em suas necessidades” (BEREOHFF, 1991, s/pág).
A autora em questão diz que há várias 
técnicas de ensino para crianças com autismo. Essas técnicas têm o 
objetivo de prevenir ou reduzir as deficiências primárias. Desta forma:
Educar uma criança autista é uma 
experiência que leva o professor a rever e questionar suas ideias sobre 
desenvolvimento, educação normalidade e competência profissional. 
Torna-se um desafio descrever um impacto dos primeiros contatos entre 
este professor e estas crianças tão desconhecidas e na maioria das vezes
 imprevisíveis (BEREOHFF, 1991, s/pág).
Além destas afirmações, algumas técnicas
 com base na Pedagogia Waldof apud kugelgen, 1960; Lanz (1979, são 
essenciais na educação dos autistas.
Sabendo que o autista não se adapta ao 
mundo externo, é preciso que na escola ele tenha uma rotina estruturada,
 que faz com que ele situe-se no espaço e tempo. O professor também deve
 fazer parte dessa rotina, compreendendo que a mesma não é uma restrição
 a sua criatividade.
Ravière apud Bereohff (1984, s/pág), 
explica que “esta relação põe à prova, mais do que nenhuma outra, os 
recursos e as habilidades do professor”.
A valorização dos elementos da natureza 
como sol, a chuva, árvores, estimula o autista a ter um contato e a 
percepção de seu meio.
A abordagem vivencial é outro fator 
importante na educação destas crianças tão especiais, pois às vezes o 
trabalho verbal não é o suficiente, onde o contato físico com o autista é
 de grande necessidade.
Outro recurso que quando usado no 
momento adequado e seu estilo estiver de acordo trará bons resultados, é
 a utilizaçã o da música, as preferências são sempre para as infantis 
(ciranda – cirandinha). A canção deve estar sempre de acordo com 
momentos específicos, tais como a chegada, hora do lanche, higiene, para
 que a criança possa relacionar a música com a atividade em andamento.
Além das técnicas, a rotina diária é 
muito importante na educação do autista, a qual não deve ser alterada, 
qualquer mudança pode refletir no comportamento da criança. A 
importância do ensino estruturado é ressaltado por Eric Schopler in 
Gaudere r, 1993, no método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e
 Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação), quando afirma:
É bom ter em mente, que normalmente as 
crianças à medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar 
seu ambiente, enquanto que os autistas e com distúrbios difusos do 
desenvolvimento precisam de uma estrutura externa para otimizar uma 
situação de aprendizagem (s/pág).
Estes cuidados permitirão um maior 
sentimento de pertinência e de previsibilidade quanto ao espaço físico. A
 sala deve ter um tamanho que permita a realização de atividades de 
mesa, individuais e em grupos, contando também com alguns colchonetes e 
almofadas (SCHOPLER, 1993, s/pág).
Além disso o educador deve basear seu 
relacionamento com seu aluno em um conhecimento o mais abrangente da 
síndrome do Autismo, das características da criança e de técnicas 
atualizadas de ensino.
Entrada: este momento deve ser relatado para o aluno, que já passou, trabalhando informalmente o aspecto temporal.
Oração: o educador estimulará o grupo a realizar junto com ele um momento de agradecimentos, dando início aos trabalhos.
Deve ser valorizado cada momento de fala
 da criança, assim o professor fará com que o aluno sinta liberdade de 
expressar-se não só na oração, mas em qualquer outra situação.
História: é necessário que seja contada 
diariamente, aparecendo fatos reais ou de fantasia situando o aluno 
dentro do contexto. O conto vai sendo desenhado no quadro com giz 
colorido, expondo a realidade do aluno em casa, rotina escolar, 
apontando objetos e pessoas que o rodeiam.
Tarefa: esta é dedicada às atividades 
dirigidas, sendo elas em mesa, individual ou em grupos, de acordo com os
 objetivos traçados para cada criança.
Objetivos são traçados a partir do PIE 
(Planejamento Individual de Ensino), que para sua elaboração são 
seguidos os seguintes passos:
- a observação do autista em situações livres e dirigidas;
- a seleção dos objetivos orienta-se pela gradação das dificuldades dos alunos;
- O PIE deve ser reformulado a cada ano, permitindo reavaliação dos objetivos e consequentemente a evolução dos alunos.
- a seleção dos objetivos orienta-se pela gradação das dificuldades dos alunos;
- O PIE deve ser reformulado a cada ano, permitindo reavaliação dos objetivos e consequentemente a evolução dos alunos.
Para que os objetivos sejam alcançados, 
Schopler (1993), ressalta que “merece cuidado a preparação do ambiente 
por parte do educador, ou seja: material pedagógico previamente 
separado, disposição de carteiras, etc.” (s/pág).
Higiene : esta atividade promove maior 
independência como lava r as mãos, escovar os dentes, toma r banho, 
vestir-se, despir-se sozinhos. Estes são trabalhados em momentos 
específicos dentro do contexto escolar.
Lanche: segundo Schopler (1993), esta é 
uma situação que prioriza somente a alimentação, mas também permite que 
um tenha respeito pelo lanche do outro, bem como compartilhá-lo em 
determinadas situações.
Na hora do lanche o aluno é estimulado a
 preparar a sua mesa para comer, manusear objetos (copo, prato, talhere 
s). Esta atividade proporciona o desenvolvimento de hábitos alimentares 
dentro do contexto escolar.
Recreio: este momento é muito importante
 dentro da rotina escolar, pois é a hora da integração com a s outras 
crianças da escola portadoras de necessidades especiais ou não. Neste 
instante de liberdade o autista deve ser supervisionado à distância, 
acompanhando se há ou não um momento de integração com os demais.
Passeio: este é realizado fora da 
escola. Levando em conta que o autista não é sociável, o passeio 
oportuniza-o a vivenciar situações sociais nas quais a comunidade 
participa direta ou indiretamente. De um lado, o autista aprende a 
conviver com a sociedade e de outro a sociedade aprende a compreender 
este indivíduo portador de necessidades especiais.
Recreação supervisionada: é 
característica dos autistas aprsentar movimentos esteriotipados com o 
corpo repetidamente, esta atividade busca ampliar o repertório motor, 
através de brincadeiras lúdicas, com regras fáceis e materiais diversos.
 Procura-se nesta hora proporcionar ao grupo momentos de interação, 
sociabilização e lazer.
Saída: a rotina encerra com a professora estimulando o aluno organizar seu material e a sala de aula.
Considerando a rotina diária descrita é 
funda mental a pontualidade do aluno à escola, permitindo que ele 
participe de todas as etapas sem fugir de sua rotina e diminuindo a 
possibilidade de crises comportamentais durante o período escolar.
É fundamental o educa dor não fugir à 
esta rotina, pois é indispensável para a educação do autista. Isto se 
faz necessário, conforme a afirmação de Weihs (1971), que destaca:
Se desejamos compreender e ajudar uma 
criança autista, devemos por um lado, perceber que somos parte deste 
ambiente no qual esta criança tem que viver e crescer e, por outro lado,
 tentar ver seu comportamento, desempenho, habilidades e incapacidades 
em relação ao que é sempre perfeito nela, a vivência de sua própria 
personalidade (s/pág).
A partir do momento que reconhecermos 
nossas dificuldades, fraquezas, deficiências um novo caminho se abrirá e
 é neste caminho que o educador começa a aprender que ser portador de 
necessidades especiais não impede ninguém de viver por mais limitante 
que esta pareça ser.
2.ASPECTOS TEÓRICOS DO ESTUDO
2.1.QUESTÕES PRELIMINARES
Este trabalho com essas crianças, 
necessita de muito investimento pessoal, capacitação, informação, e 
união de esforços, para que as crianças ampliem suas competências e 
habilidades, para que se possa ter e desenvolver uma prática educacional
 adequada e eficaz, que supra a necessidade dessas crianças e dê 
satisfação ao profissional que de perto lhe assiste.
Há necessidade da formação e 
funcionamento de escolas com projeto pedagógico interdisciplinar voltado
 para áreas do conhecimento das ciências químico-físicas e biológicas, 
sócio-históricas e do pensamento lógico-matemático.
É muito fácil para aqueles que ficam 
fechados em suas salas de trabalho “inventar” coisas novas que de certa 
forma deve ajuda-los a se sentir melhor. Apenas determinam que deve 
haver a inclusão de portadores de necessidades especiais, mas esquecem 
de saber como funciona na prática e quais as implicações e preparações 
necessárias antes de “incluir”.
Conforme Negrine e Machado (2004), a 
deficiência (como ciência) tem como tese central, de acordo com a 
opinião de Vygotsky, a questão de que a criança cujo desenvolvimento 
está complicado ou comprometido por alguma deficiência não é 
simplesmente uma criança menos desenvolvida que seus contemporâneos 
normais, mas desenvolvida de outro modo. Cremos que isso dificulta a 
vontade dos profissionais em abraçar esse trabalho.
A baixa expectativa que se tem da 
aprendizagem dos deficientes mentais chamados de graves diminuí, também,
 o empenho da escola na utilização de recursos especiais para que 
aconteça o desenvolvimento das esferas do simbólico, ficando 
insistentemente presas as atividades práticas.
2.2.A LINHA DESTE DESENVOLVIMENTO
A Escola, depois da família, é o espaço primeiro e fundamental para o processo de socialização da criança.
A atual política educacional brasileira 
inclui, em suas metas, a integração de crianças e jovens portadores de 
deficiência na escola regular, com apoio de atendimento educacional 
especializado, quando necessário.
A pessoa portadora de deficiência, no 
seu processo de socialização, pode incorporar as crenças da sociedade e 
desenvolver uma auto-imagem de pessoa incapaz.
A oportunidade de convívio com pessoas 
não portadoras de deficiência torna possível uma vida de normalidade 
para o portador de deficiência, que pode se perceber como uma pessoa 
capaz e se desenvolver em todos os aspectos.
A segregação vivenciada pelas pessoas 
com deficiência, em consequência da não aceitação e da dificuldade de 
crianças e adultos em lidar e conviver com o portador de deficiência, 
acontece também por causa da desinformação generalizada da sociedade a 
respeito das deficiências.
Sabe-se que quanto mais cedo se 
estabelecer essa integração, tanto melhor e mais fácil será para 
crianças com deficiência como para não portadores de deficiência 
experimentarem positivamente essa convivência.
Contudo, não é simples de se conseguir 
um contexto efetivo de integração. O desconhecimento e o consequente 
medo por parte das pessoas é um obstáculo às situações onde as pessoas 
portadoras de deficiência possam conviver com as demais.
Uma das ideias e práticas mais 
disseminadas por nós é a concepção da Educação Especial como sinônimo de
 atendimento especializado, em local especial às pessoas com 
deficiência. São consequências de desinformação e “medos”, as seguintes 
ideias:
só algumas pessoas portadoras de deficiência podem beneficiar-se da educação;
outros portadores de deficiência 
poderiam apenas ser “treinados” a executar tarefas simples e básicas;os 
portadores de deficiência são pessoas tão “especiais que exigem 
professores especializados, escolas especiais, conteúdos e métodos 
especiais, porque aprendem (quando aprendem) por “mecanismos” 
diferentes.
Na verdade, embora haja os alunos com 
deficiência que de fato necessitam de medidas especiais, a grande 
maioria tem condição de ser atendida em escolas ou classes comuns. Há 
uma gradação dessas necessidades especiais.
2.3. É IMPRESCINDÍVEL O ENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS
No entanto, estamos cientes de que as 
experiências de integração de crianças portadoras de deficiência no 
ensino são ainda incipientes, e merecem uma reflexão tanto sobre o seu 
processo de implantação quanto sobre seus resultados. Além disso, é 
imprescindível o envolvimento de profissionais de áreas interligadas 
como saúde e ação social, bem como dos pais e comunidade em geral.
Faz-se necessário, também, para um 
aprofundamento dessas práticas e para uma maior eficácia das mesmas, um 
trabalho de sensibilização do corpo docente, discente e dos funcionários
 da rede de ensino, acrescido de um programa de capacitação e 
aprimoramento profissional.
Assim, é fundamental um trabalho com os 
que dirigem e atuam no sistema de ensino, bem como com os pais que têm 
crianças atendidas nas escolas. Um trabalho que tenha como objetivo 
modificar posturas e atitudes com relação à frequência de crianças com 
deficiências nessas unidades, bem como difundir informações corretas 
sobre o tema.
É importante ressaltar que um trabalho 
desses, de preparação das escolas para aceitarem crianças com 
deficiências, contribui para um melhor atendimento às crianças em geral e
 também para o desenvolvimento de ações de prevenção e detecção precoce 
de deficiências.
2.4. TRABALHO EDUCATIVO COM O AUTISTA
A novidade que tem mais empolgado os 
pesquisadores são os bons resultados obtidos com o diagnóstico e o 
tratamento precoce. Quanto mais cedo se detecta a síndrome, maiores são 
as chances de quebrar as barreiras de isolamento da criança e de 
interferir em seu desenvolvimento.
A educação de uma criança autista é uma 
experiência singular e que exige muito do educador, uma vez que a 
programação pedagógica dessas crianças deve estar embasada nas suas 
necessidades, e direcionada para o desenvolvimento de suas habilidades e
 competências, favorecimento de seu bem estar emocional e equilíbrio 
pessoal de forma harmoniosa, e ter como meta principal a sua introdução 
ou aproximação em um mundo de relações humanas significativas.
De acordo com SCHWARTZMAN & ASSUNÇÃO
 JUNIOR (1995), na elaboração de qualquer programa direcionado à 
educação do portador de autismo, deve-se observar quais canais de 
comunicação se apresentam mais receptivas a uma estimulação e o nível de
 desenvolvimento da criança ou jovem autista ao selecionar os objetivos a
 serem trabalhados numa programação psicopedagógica. É fundamental 
verificar se não estão acima de suas condições cognitivas.
Principalmente na infância, o 
desenvolvimento da linguagem exige atenção, uma vez que a criança 
autista não tem o hábito de se comunicar com os outros. Por isso, o 
programa educacional destinado à criança autista deve ser adequado às 
suas habilidades cognitivas, assim como o meio-ambiente e as 
instituições devem ser bem estruturados. Porém, esta não é a realidade 
brasileira. O autista acaba ficando sem opção de escola. São poucas as 
instituições realmente especializadas no problema e o governo não 
incentiva nem fornece recursos para as mesmas, o que acaba por 
dificultar o trabalho com autistas.
Como os portadores desta patologia têm 
diferenças individuais mais acentuadas, o potencial e as necessidades da
 criança são os principais critérios utilizados na determinação dos 
objetivos a serem alcançados através do programa educativo. 
Consequentemente, a maior parte das crianças autistas não pode 
participar de uma sala de aula comum. Embora escolas especiais e classes
 para crianças autistas existam, muitas delas não se encontram 
devidamente preparadas para tratar destas crianças.
Neste aspecto, a relação professor/aluno
 também é um importante meio para retirar a criança autista do seu 
isolamento. Para SCHWARTZMAN e ASSUNÇÃO JUNIOR (1995), quanto mais 
significativos para a criança forem os seus professores, maiores serão 
as chances dela promover novas aprendizagens, ou seja, independente da 
programação estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa quando 
ocorrer uma interação entre o aluno autista e o professor.
Na escola, é prudente que o aluno seja 
recebido por um profissional com o qual já tenha estabelecido um 
vínculo, e que essa pessoa introduza o aluno ao professor. Este 
profissional será a referência da criança nesse momento e funcionará 
como ponto de apoio do professor em sala, permitindo que as atividades 
pedagógicas sejam desenvolvidas sem interrupção, mesmo quando alguma 
criança tiver uma crise.
Em cada aula, o professor deve 
estabelecer uma rotina e segui-la, contando com o apoio da coordenação e
 supervisão na definição das atividades adequadas ao grupo.
O professor terá que assumir sempre uma 
postura de calma e continência diante de problemas ou de uma crise da 
criança, transmitindo segurança e controle da situação.
O elogio e a atenção são excelentes armas para a obtenção de comportamentos positivos.
SGHWARTZMAN & ASSUNÇÃO JUNIOR (1995)
 apontam ainda que outro fato relevante na educação do autista é que o 
professor promova interações das crianças autista com outras crianças do
 ensino regular. Os autores citados acreditam que o autista ganha 
através dos modelos oferecidos pelas crianças do ensino regular, e pela 
quantidade de estimulação que este ambiente escolar propicia.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, 
exploratória e descritiva. Onde serão pesquisadas crianças, com idade 
escolar dos sexos feminino e masculino, de uma Escola Especial.
Será utilizado utilizado o PEP-R (Perfil
 Psicoeducacional Revisado), passado e atual, e dados da história do 
indivíduo levantados no prontuário dos pacientes, juntamente com uma 
observação destas crianças, nesta escola.
Cada criança deve ser analisada 
individualmente, para que seu programa de tratamento também seja feito 
de maneira individual. Não é porque as crianças têm o mesmo diagnóstico 
que apresentam as mesmas dificuldades. Esta metodologia mostra-nos 
exatamente isto. Todos são diferentes e suas rotinas e atividades devem 
ser estudadas de acordo com a necessidade específica de cada um, o que é
 constatado através do PEP-R.
3.1. TIPO DE PESQUISA
O presente estudo refere-se a uma 
pesquisa de caráter qualitativo e tem por objetivo investigar se é 
possível desenvolver habilidades sociais em crianças com diagnóstico de 
autismo. Mesmo não tendo certeza se este é o melhor caminho a ser 
seguido, inicialmente, por meio de levantamento teórico de vários 
autores especialistas da área, a ideia é identificar e traçar uma linha 
do desenvolvimento das crianças autistas juntamente com crianças que não
 apresentam essa deficiência no ambiente escolar.
3.2. O LOCAL DA PESQUISA E OS PARTICIPANTES
Numa etapa inicial será feito um 
levantamento dos profissionais que se disponibilizarão a participar da 
pesquisa, depois de definido os participantes, que inicialmente será os 
professores de instituições escolares que aceitam crianças com autismo e
 instituições que oferecem apoio na educação dessas mesmas crianças.
3.3. OS INSTRUMENTOS DA PESQUISA
Como instrumento, será feito um 
levantamento teórico e posteriormente, a formulação de entrevistas com 
profissionais ligados a educação de crianças com autismo. Após analisar 
como é realizado a inclusão de crianças autistas no ambiente escolar.
3.4. ANÁLISE DOS DADOS
Diante dos dados obtidos sobre a educação das crianças autistas e a sua inclusão na sociedade.
Pretendo com esta pesquisa analisar a 
importância da inclusão dessas crianças no ambiente escolar, as 
dificuldades encontradas pelos educadores para se adequarem as novas 
situações.
Será feito um esclarecimento para que 
fique claro que é fundamental a estimulação destas crianças; deve haver 
uma rotina de trabalho, mas o mundo não deve adaptar-se a eles, e sim, 
eles ao mundo; é necessário fazer enfrentamento com situações que lhes 
pareçam difíceis, para que não haja agravamento na área social.
4.REFERÊNCIAS
ASSUMPÇÃO, Francisco Batista Júnior, SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo Infantil. São Paulo: Memnon, 1995.
BAPTISTA, C. ROBERTO, BOSA, CLEONICE (orgs). Autismo e Educação. Porto Alegre, Artmed, 2002.
SCHWARTZMAN, Salomão J. Autismo Infantil. Brasília, Corde, 1994.
GAUDERER, E. Christian. Década 80: Autismo. São Paulo:Sarvier, 1985.
BAUTISTA, Rafael. Necessidades Educativas Especiais. Portugal: Dina Livros, 1995.
SZABO, Cleuza. Autismo um Mundo Estranho. São Paulo: Edicon, 1999.
BOSA, Cleonice & Callias, Maria. 
Autismo: breve revisão de diferentes abordagens. Psicologia: Reflexão e 
Crítica. Porto Alegre, v.13, p.167-177, 2000.
BOSA, Cleonice. Atenção compartilhada e 
identificação precoce do autismo. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.15, 
p. 77-88. Porto Alegre, 2002.
Autor: Dayana da Silva Gurgel
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