domingo, 30 de dezembro de 2012

Enfrentar as necessidades dos jovens Doentes Mentais da América (artigo)

Como uma psiquiatra infantil e de adolescentes, a recente tragédia em Newtown, em Connecticut me dá ainda outro exemplo sombrio da incapacidade da América para enfrentar o bom atendimento e tratamento dos nossos jovens que vivem com a doença mental. É mais fácil ignorar esta população e torcer as mãos, quando a tragédia atinge que é para confrontar suas necessidades por meio de discussões abertas e francas de como melhor atender as suas necessidades.

A partir do que foi relatado na mídia, seria inadequado e injusto para ninguém, especialmente um profissional de saúde mental, para especular sobre a saúde mental Adam Lanza e diagnóstico. Mas - não há dúvida de que suas ações foram as de um indivíduo doente. Há relatos na mídia de seu isolamento crônica social, e, segundo a sua própria mãe estava tentando obter tutela com o objetivo possível de cometer ele para tratamento psiquiátrico. Embora a discussão sobre o papel da doença mental na tragédia em Newtown, em Connecticut é conjectura na melhor das hipóteses, para muitos pais, medos para e sobre sua juventude doentes mentais foram intensificados. Esta é a questão que quero abordar neste artigo.

A maioria dos pais que lutam com um filho adulto doente mental sabem que uma vez que os seus descendentes se torna um adulto (ou seja, 18 anos de idade ou mais) os direitos dos pais tornam-se legalmente limitado, e muitas vezes quase inexistente. Nosso governo, sistema jurídico, e os mecanismos de apoio social oferecem suporte mínimo e insuficiente para as nossas crianças com doença mental à medida que envelhecem.

O nosso mau tratamento dos jovens doentes mentais quando eles entram idade adulta é um triste comentário sobre a nossa sociedade. Pessoas com transtornos mentais não são um bloco de votação ou grupo desprivilegiados que ter um apelo especial para os nossos políticos. Ouvimos as pessoas, especialmente durante os anos de eleições, falar sobre crianças que são o nosso futuro, mas a realidade é que os nossos jovens - especialmente os que vivem com transtorno mental - falta monetária e, portanto, o poder político. Quando é hora de cortes no orçamento, as suas necessidades são rapidamente ignorado ou esquecido em troca do que são considerados mais "crucial" (isto é, politicamente importante) questões.

Temos observado silenciosamente como o sistema de justiça criminal tornou-se o refúgio de membros mais frágeis e mal da nossa sociedade, não importa sua idade - e onde o atendimento psicológico / psiquiátrico que precisam desesperadamente é muitas vezes negligenciado ou é inferior. Não é o trabalho exclusivamente dos pais, educadores, profissionais de saúde mental desses jovens, ou outras pessoas envolvidas com o bem-estar das crianças para trabalhar para a reforma. É hora de todos nós para a etapa até a placa e estar ativamente envolvido. É o nosso mandato, como uma sociedade livre para reconhecer a nossa responsabilidade de cuidar melhor de nossas gerações futuras, se quisermos América para continuar a existir como um país orgulhoso de sua moral e ética - um lugar onde o sonho americano ainda é uma promessa para todos dos nossos filhos.

Agora mais de 4 milhões de crianças e adolescentes sofrem de um transtorno mental grave que interfere significativamente com a sua capacidade para a função:. Em casa, na escola e com os colegas [1] No entanto, há evidências de que menos de metade das crianças com um mental diagnosticável desordem - ou seja, as crianças, que podem usar a ajuda -. realmente receber serviços de saúde mental em um determinado ano [2]

Nosso foco precisa ser na prevenção e intervenção precoce ao abordar a saúde mental, assim como nós agora reconhecem sua importância para a obesidade doenças, diabetes, hipertensão e outros médicos. Evidências indicam que cerca de metade de todos os casos da vida de transtornos mentais começam aos 14 anos. [3] Uma estatística preocupante é que mais de 50 por cento dos estudantes com idade transtorno mental 14 anos ou mais, abandonam a escola. Esta é a maior taxa de abandono de qualquer grupo de deficiência estudado. [4] As conseqüências dessa ação pode ser ao longo da vida.

Além do enorme impacto social / emocional que essas doenças levam, eles apresentam enormes custos econômicos para o indivíduo e para a sociedade. Em 2006, a Agência de Investigação de Saúde e Qualidade informou que o custo dos cuidados de saúde mental nos Estados Unidos foi de US $ 57,5 ​​bilhões, um número que é equivalente ao custo do tratamento do câncer. Como observado por Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH), "Ao contrário do câncer, muito do peso económico da doença mental não é o custo do tratamento, mas a perda de rendimentos devido ao desemprego, despesas com apoios sociais , e uma série de custos indiretos devido a uma deficiência crônica que começa cedo na vida. " Claramente, o custo econômico que a abordagem atual para a doença mental se propaga é impressionante.

Dado tudo o que sabemos cientificamente e financeiramente, como nós, como uma nação continuar a ignorar o sofrimento de nossos irmãos doentes mentais? É hora de as pessoas a se unir e começar a ajudar a fortalecer o nosso futuro e nosso mais frágil.

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As a clinical child and adolescent psychiatrist, the recent tragedy in Newtown, Conn. provides me with yet another somber example of America's inability to address the proper care and treatment of our young people living with mental illness. It is easier to ignore this population and wring our hands when tragedy strikes than it is to confront their needs by engaging in open and frank discussions of how best to serve their needs.
From what has been reported in the media, it would be inappropriate and unfair for anyone, especially a mental health professional, to speculate on Adam Lanza's mental health and diagnosis. But -- there is no question that his actions were those of an ill individual. There are reports in the media of his chronic social isolation, and reportedly his own mother was attempting to get conservatorship with the possible goal of committing him to psychiatric care. Although discussion of the role of mental illness in the tragedy in Newtown, Conn. is conjecture at best, for many parents, fears for and about their mentally ill youth were heightened. This is the issue I want to address in this article.
Most parents that struggle with a mentally ill grownup child know that once their offspring becomes an adult (i.e., 18 years of age or older) parental rights become legally limited, and often almost nonexistent. Our government, legal system, and social support mechanisms offer minimal and insufficient support for our children with mental illness as they age.
Our poor handling of mentally ill youth as they enter adulthood is a sad comment on our society. People with mental disorders are not a voting block or disenfranchised group who hold special appeal to our politicians. We hear people, especially during election years, talk about children being our future, but the reality is that our young people -- especially those living with a mental disorder -- lack monetary and therefore political power. When it's time for budget cuts, their needs are quickly ignored or forgotten in exchange for what are deemed more "crucial" (i.e., politically important) issues.
We have watched silently as the criminal justice system has become the refuge of our society's most fragile and ill members, no matter their age -- and where the psychological/psychiatric care they desperately need is often neglected or is substandard. It is not the job exclusively of the parents, educators, mental health practitioners of these young people, or others involved with children's welfare to work for reform. It is time for all of us to step up to the plate and be actively involved. It is our mandate as a free society to recognize our responsibility to take better care of our future generations if we want America to continue to exist as a country proud of its morals and ethics -- a place where the American dream still holds promise for all of our children.
Right now over 4 million children and adolescents suffer from a serious mental disorder that significantly interferes with their ability to function: at home, at school and with peers.[1] Yet there is evidence that fewer than one half of children with a diagnosable mental disorder -- i.e., kids who can use help -- actually receive mental health services in a given year.[2]
Our focus needs to be on prevention and early intervention when addressing mental health, just as we now acknowledge their importance for obesity, hypertension, diabetes and other medical illnesses. Evidence indicates that approximately half of all lifetime cases of mental disorders begin by age 14.[3] A sobering statistic is that over 50 percent of students with a mental disorder age 14 or older, drop out of high school. This is the highest dropout rate of any disability group studied.[4] The consequences of this action can be lifelong.
In addition to the profound social/emotional toll that these illnesses take, they present tremendous economic costs to both the individual and society. In 2006, the Agency for Healthcare Research and Quality reported that the cost of mental health care in the United States was $57.5 billion, a figure that was equivalent to the cost of cancer care. As noted by Thomas Insel, Director of the National Institute of Mental Health (NIMH), "Unlike cancer, much of the economic burden of mental illness is not the cost of care, but the loss of income due to unemployment, expenses for social supports, and a range of indirect costs due to a chronic disability that begins early in life." Clearly, the economic toll that the present approach to mental illness propagates is staggering.

Given all that we know scientifically and financially, how can we as a nation continue to ignore the plight of our mentally ill brethren? It's time for people to join together and start helping strengthen our future and our most fragile.
References:
1 U.S. Department of Health and Human Services. Mental Health: A Report of the Surgeon General. Rockville,MD: U.S. Department of Health and Human Services, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, Center for Mental Health Services, National Institutes of Health, National Institute of Mental Health, 1999.
2 U.S. Public Health Service, Report of the Surgeon General's Conference on Children's Mental Health: A National Action Agenda. Washington, DC: Department of Health and Human Services, 2000.
3 Wang, P., Berglund, P., et al. Failure land delay in initial treatment contact after first onset of mental disorders in the National Co-Morbidity Survey Replication (NCS-R). General Psychiatry, 62, June 2005, 603-613.
4 U.S. Department of Education. Twenty-third annual report to Congress on the implementation of the Individuals with Disabilities Act. Washington, D.C., 2006.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Temple Grandin fala em entrevista exclusiva para a Revista Autismo



Escrito por Carolina Rafols, dos EUA   
Sex, 21 de Dezembro de 2012 12:01

Por Carolina Rafols,
dos Estados Unidos
TempleGrandin4












Revisão da tradução para o português:
Wilson Langeani Filho

Temple Grandin é uma fonte de inspiração para inúmeras famílias e profissionais ao redor do mundo. Atualmente ela é a mais bem sucedida e célebre profissional norte-americana com autismo, altamente respeitada no segmento de manejo pecuário. A dra. Grandin se tornou uma proeminente autora e palestrante sobre o tema autismo porque ela é uma prova viva de que as características de autismo podem ser modificadas e controladas (in Emergence: Labeled Autistic).
Bacharel pelo Franklin Pierce College e com mestrado em Ciência Animal na Universidade Estadual do Arizona, é Ph.D. em Ciência Animal, desde 1989, pela Universidade de Illinois. Hoje ministra cursos na Universidade Estadual do Colorado sobre comportamento de rebanhos e projetos de instalação, além de  prestar consultoria para a industria pecuária em manejo, instalações e cuidado de animais. Já apareceu em diversos programas de televisão [dos Estados Unidos], como 20/20, 48 Hours, CNN Larry King Live, PrimeTime Live, Today Show, e muitos outros em diversos países, também já foi destaque em publicações como a revista People, New York Times, Forbes, U.S. News and World Report, revista Time, o New York Times Book Review e a revista Discover. Em 2010 foi nomeada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes. A Rádio Nacional dos Estados Unidos transmitiu entrevistas com a dra. Grandin. Ela já escreveu mais de 400 artigos publicados em revistas científicas e periódicos especializados, tantando de manejo de rebanho, instalações e cuidados dos animais. É autora dos livros: Thinking in Pictures, Livestock Handling and Transport, Genetics and the Behavior of Domestic Animals e Humane Livestock Handling. Seus livros Animals in Translation (lançado no Brasil com o título "Na Língua dos Bichos") e Animals Make Us Human (no Brasil: "O Bem-Estar dos Animais") estão na lista dos best sellers do New York Times, sendo que este último também consta na lista dos best sellers do Canadá. Entre os livros da dra. Grandin que tratam do tema autismo, o mais vendido atualmente é  The Way I See It: A personal Look at Autism and Asperger's, também são de sua autoria Unwritten Rules of Social Relantionships e Emergence: Labeled Autistic — [também escreveu uma auto-biografia, lançada no Brasil em 2009 com o título: "Uma Menina Estranha"] (veja seus livros no site em inglês).
A história de sua vida virou também um filme da HBO, Temple Grandin, estrelando Claire Danes. O filme mostra sua vida durante a adolescência e o  inicio da sua carreira.
Em abril, Temple Grandin lançou um novo livro "Different...not Less." Inspirador e informativo, o livro fala sobre formas de melhorar a vida das pessoas com autismo, síndrome de Asperger, e TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade). Ele segue a vida de adultos, muitos diagnosticados tardiamente, e explica como eles se conheceram, seus desafios e tornaram-se pessoas de sucesso!
Segue a entrevista exclusiva para a Revista Autismo, em que Temple Grandin responde a perguntas sobre a importância da intervenção precoce, bons mentores, agressão, e muito mais.

TempleGrandin1REVISTA AUTISMO: Em muitas entrevistas você menciona a importância de "bons mentores" e "desenvolver os pontos fortes das crianças". Você pode esclarecer essas duas idéias?
Temple Grandin: Na escola era motivo constante de chacota e vivia  triste. O único refúgio longe das provocações eram atividades práticas como passeios a cavalo e o laboratório de eletrônica. As crianças que gostavam dessas atividades não me importunavam. Essas atividades eram os refúgios das provocações. Mamãe foi capaz de me ensinar a cumprir horários e ter boas maneiras, mas ela não foi capaz de me obrigar a estudar. Não me senti motivada a estudar até ter uma razão para isso. Quando estava na escola eu não via sentido em estudar. Existiam certos tópicos em que ganhava nota máxima, como em biologia; e outros assuntos como inglês e história nos quais eu não tinha interesse.
Meu professor de ciências, sr. Carlock, foi peça-chave em me motivar a estudar. Depois de retornar da fazenda dos meus tios, fiquei fascinada pelo tronco de gado. O tronco é um mecanismo para conter e imobilizar os animais para vacinação. Consiste num compartimento de metal com painéis que comprimem o animal de ambos os lados do corpo. Ao observar o gado passando pelo tronco, notei que, algumas vezes, os animais relaxavam quando a pressão dos painéis laterais era aplicada sobre seus corpos.
Sofrendo constantes ataques de pânico, resolvi experimentar o aparelho de pressão. Descobri que a compressão aplicada pelo tronco aliviava minha ansiedade e o meu nervosismo. Infelizmente, muitos dos meus terapeutas e médicos consideraram estranho usar um tronco de gado. Depois que construí um aparelho de pressão semelhante ao tronco para me acalmar todos quiseram tirá-lo de mim. Imediatamente me fixei nisso  e fiquei motivada a provar que o efeito relaxante era real.
O  sr. Carlock viu nisso uma oportunidade para me motivar ao estudo. Ele me falou  que era para descobrir por que a pressão tinha um efeito relaxante, então eu tinha que estudar ciências. No meu último ano de escola eu rapidamente melhorei minhas notas baixas em inglês e história pois vi que devia passar nessas matérias se quisesse ir para a faculdade e tornar-me uma cientista. O sr. Carlock direcionou a tremenda aptidão autista da fixação e usou isto para motivar um estudo acadêmico.
Nunca esquecerei a ida à biblioteca acadêmica com o sr. Carlock. Nessa ocasião eu aprendi que os verdadeiros cientistas lêem artigos periódicos publicados em revistas científicas. Eu não sabia o que era uma revista científica. No começo dos anos 60, acompanhar revistas científicas era difícil. As revistas de psicologia eram indexadas em grandes livros contendo o resumo dos artigos. Como as copiadoras não estavam disponíveis, cada resumo que você quisesse arquivar tinha que ser copiado à mão num cartão index, e eu tinha todos os cartões guardados numa caixa de arquivo. Para o final dos anos 60, quando as copiadoras se tornaram prontamente disponíveis, fiquei em êxtase quando pude copiar artigos inteiros, que eu ordenava cuidadosamente em pastas de arquivo de folha soltas. A carreira científica acadêmica é difícl, mas a minha tendência autista em fixação [num assunto] me mantinha firme. Meu exemplo mostra claramente como um professor criativo pode realmente transformar a vida de um aluno.
Adquirir habilidades úteis que possam reverter numa carreira requer o direcionamento de um professor. Hoje tenho observado que os indivíduos que seguem carreiras de sucesso, como programação de computador, tiveram um mentor para ensiná-los. Requer disciplina adquirir uma habilidade. Em áreas técnicas, eu observei que são raras as crianças que vão aprender por conta própria a fazer programações complexas de computador. Quando entregues aos seus próprios equipamentos, elas tendem a se viciar em vídeo games e subutilizam os computadores. Elas precisam de atribuições e orientação de um bom professor para aprender habilidades profissionais relevantes. Em algumas famílias, o pais fazem dos filhos aprendizes em suas próprias profissões. Isso tem funcionado para muitas crianças no espectro [do autismo].

REVISTA AUTISMO: Você pode falar sobre a importância do diagnóstico precoce no sistema público de saúde? E intervenção precoce no sistema público de saúde?
Temple Grandin: Crianças pequenas de dois a cinco anos de idade sem fala ou comportamentos repetitivos devem ter 20 ou mais horas por semana de instrução individual com um professor que lhes ensine palavras, ensine "turn-taking" [numa tradução livre, significa "esperar a vez", auto-controle, ter atenção no outro para saber quando iniciar sua ação], e como engajar-se e manter-se em atividades. O ensino educacional precoce vai ajudar a criança a desenvolver-se a estágios superiores.

REVISTA AUTISMO: Qual é o seu conselho aos pais de jovens adultos na porção inferior do espectro que não obtiveram intervenção precoce por bons mentores?
Temple Grandin: Muitos indíviduos de baixa funcionalidade apresentam severa desorganização sensorial. Eles podem não ser capazes de tolerar um restaurante ou loja barulhentos. Alguns indivíduos são sensíveis ao som e outros conseguem ver a intermitência de luzes florescentes. Hiper estimulação causa dor e isto pode levar a crises.

REVISTA AUTISMO: Qual é o seu conselho para os pais ajudarem  seus filhos adolescentes situados no meio do espectro durante a transição para a idade adulta?
Temple Grandin: Todos os indivíduos com autismo, na parte superior, inferior e no meio do espectro precisam adquirir habilidades profissionais. Os adolescentes enquanto ainda estão na escola devem realizar atividades como, por exemplo, vender jornal, cuidar do lixo, ou jardinagem. Indivíduos na porção superior do espectro devem começar a trabalhar em algo que se encaixe na sua área de aptidões, como arte, fotografia, design gráfico, programação de computadores, jornalismo, mecânica de automóveis, ou vendas no varejo.

REVISTA AUTISMO: O que devem ter em mente os professores e profissionais quando tratam crianças de dois a oito anos de idade?
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Temple Grandin: Crianças com idade entre dois e oito anos precisam de muita instrução individual. Desenvolver os pontos forte da criança. Se ela gosta de arte, encoraje o desenho e pintura. Se ela gosta de matemática ou escrever, você deve encorajar isso. Se a criança gosta de aviões ou trens, use isso para ensinar leitura e matemática. A área de aptidão da criança normalmente surge na idade de sete a nove anos.

REVISTA AUTISMO: Como o sistema de ensino pode apoiar melhor os alunos de ensino médio que estão na porção superior do espectro?
Temple Grandin: Estudantes do ensino médio na extremidade superior do espectro precisam adquirir habilidades profissionais antes de sair da escola. Algumas das pessoas mais inteligentes do mundo tem autismo. Alguns exemplos são Steve Jobs, da Apple, Einstein e Mozart. Crianças que são boas em matemática podem aprender programação de computador, física ou estatística. Os alunos precisam aprender a desempenhar tarefas que os outros precisam. Desenvolver habillidades inatas na arte, matemática, literatura ou música.

REVISTA AUTISMO: Qual é sua reflexão sobre a importância de uma conscientização em relação ao autismo ao redor do mundo?
Temple Grandin: É importante que as pessoas estejam conscientes sobre o autismo.

REVISTA AUTISMO: Como pais e profissionais podem lidar da melhor maneira com comportamento agressivo em adultos com autismo?
Temple Grandin: É crucial considerar fatores biológicos contra fatores comportamentais. Fatores biológicos podem incluir questões sensoriais ou dolorosos problemas de saúde não revelados, como refluxos ácidos e dores de dente. Ao considerar fatores comportamentais, pais e profissionais devem procurar o que está causando tal comportamento: se é para chamar atenção, rejeição de tarefas/fuga, ou comportamentos auto-estimulantes.
Quando me tornava agressiva, a TV me era tirada por um dia. Também aprendi a controlar a agressão trocando a raiva pelo choro. Provocações, bullying e xingamentos me fizeram infeliz quando eu estava na escola.

TempleGrandin2REVISTA AUTISMO: Você é uma inspiração para inúmeras famílias brasileiras. Que mensagem você daria para as famílias que ainda estão sofrendo com a falta de tratamento e intervenção precoce, devido à ausência de políticas que protegem as pessoas com autismo em nosso país?
Temple Grandin: Esta é uma questão difícil de responder. Para contribuir com a inclusão, precisamos mostrar o que pessoas com autismo são realmente boas em fazer. Uma habilidade é a memória incrível. Muitos indivíduos do espectro autista seriam bons em lojas do varejo ou em armazéns, porque eles podem se lembrar e ter informações de todos os produtos. Em uma cidade, um homem autista memorizou a posição de toda a tubulação sob as ruas. Ele poderia mostrar as equipes de construção o local correto para escavar para evitar quebrar os canos.

REVISTA AUTISMO: Para encerrar, como as pessoas com autismo estão contribuindo para um mundo melhor?
Temple Grandin: As pessoas com autismo contribuem para um mundo melhor porque pessoas na porção superior do espectro do autismo inventaram muito em tecnologia e nas artes. Eu estimo que metade das pessoas na indústria de computadores tem autismo moderado. Eles são menos sociáveis, mas ganham na habilidade do pensamento. O autismo é um traço contínuo que varia entre Einstein e baixa funcionalidade, a genética é um fator preponderante na causa do autismo.
CarolinaRafolsCarolina Rafols é mãe da Kayumi, além de ser terapeuta comportamental, mestre em Educaçao com especializaçåo em Análise Aplicada do Comportamento pela National University e graduada em Psicologia pela Cal State Northridge University (ambas nos EUA). Desde de 2004, trabalha com crianças e adolescents com autismo na Califórnia, EUA. Tem interesse em Pivotal Response Training (PRT) e treinamento de pais e måes durante terapia individual in-home. Voluntária na luta pelos direitos das pessoas com autismo no Brasil e nos Estados Unidos.

  http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-3/temple-grandin-fala-em-entrevista-exclusiva-para-a-revista-autismo

Preconceito...

"Preconceito muitas vezes é um conceito velho ultrapassado deficitário que nem mesmo foi criado pela pessoa que adota".

O começo da polêmica

Para quem perdeu essa parte da novela, tudo começou no dia que foi no ar esta entrevista no Domingão do Faustão, com o comentário infeliz da Dra. Betty Monteiro:

http://tvg.globo.com/programas/domingao-do-faustao/videos/t/programa/v/totia-meireles-e-betty-monteiro-participam-do-diva-do-faustao/2297619/ 

As outras vítimas do massacre (matéria O Globo)

Compartilho, com vocês, a matéria que saiu no O Globo na versão para Ipad ontem. Está bem completa e falaram com vários profissionais, inclusive sobre a questão da “pegadinha” do artigo 7 do PL 1631. Parabéns à repórter Manuela Andreoni!
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'Divã do Faustão’, equívocos e o poder da televisão

Patrícia Kogut

Betty Monteiro, psicóloga do 'Domingão' (Foto: Reprodução) 
Betty Monteiro, psicóloga do 'Domingão' (Foto: Reprodução)
 
 
No seu “Domingão”, Fausto Silva vem apresentando um quadro intitulado “Divã do Faustão”. Ele conta com a colaboração de uma psicóloga, Betty Monteiro, e de artistas convidados que se revezam a cada semana. Os temas debatidos são, em geral, leves. Na última edição, ouvimos, por exemplo, o drama de Robson, que tem 33 anos e usa um penteado meio moicano. Por esse motivo, sofre com críticas da ex-mulher. Em seguida, Maria da Penha, de Goiânia, contou que, apesar de ter descoberto a traição do marido, não quer se separar. Conhecemos também Renilson, dispensado pela ex-mulher que quer reconquistar. A ele, Faustão dirigiu um comentário especial: “isso se chama ‘síndrome da comida caseira’, o cara vai a restaurante, mas tem saudade de comer em casa”. Nada disso ofende.
Mas o que precedeu essa sucessão de depoimentos foi muito diferente. Instada pelo apresentador, a psicóloga, segundo ele, “especializada na área de mãe”, analisou o caso do atirador da escola de Newtown. Em rede nacional, para milhares de espectadores, disse que iria explicar “resumidamente” o que é um psicopata. “É um sujeito que não consegue se colocar no lugar do outro. Não tem pena de ninguém. Não sente culpa. Não sente medo. Pode até achar que fez um bem”, explicou. Nisso, foi interrompida por Faustão que quis saber então porque Adam Lanza se matou. “Talvez por medo de assumir a responsabilidade”. Ué, ele sente medo ou não?
Mas o pior da análise na linha “conheça Freud e um pouco de neurociência num curso por correspondência” foi quando ela mencionou Asperger, fazendo uma salada misturando a síndrome com psicopatia. “Estão dizendo que ele (Lanza) tinha Asperger. É um tipo de autismo em que a pessoa faz contato e às vezes é considerada inteligente”, falou, agora abusando da ideia do que é fazer um resumo. A menção à essa condição mobilizou milhares de pais. Por diversos motivos: passada uma semana do acontecido, em Connecticut ninguém ainda conseguiu entender o que levou o garoto de 20 anos a perpetrar o massacre. Além disso, o autismo, embora muito comum e estudado, ainda é um grande mistério. E motivo de angústia para inúmeras famílias.
A psicóloga seguiu alertando os telespectadores para o que pode ser um sinal de que seus filhos, quem sabe, no futuro, cometam alguma atrocidade. Um deles é: bebê que chora muito (quem é mãe sabe que são quase todos). E frisou: “um bebê que não sorri também não é legal”. No mesmo pacote dos que choram muito, mencionou “aquela criança que acha ótimo cortar o gato para ver como é”. Outro conselho foi para prestar atenção quando algo anormal ocorre, porque “tem mãe que é cega, basta lembrar o caso da Suzane Richthofen, cuja mãe era psiquiatra”. Como assim?
A lição que fica diante dos milhares de protestos que ocupam as redes sociais desde então é que a TV, mais que todas as mídias, tem o poder de formar opiniões. Não pode tratar de temas sérios com leveza e sem fornecer informação.

TREINO DO USO DO BANHEIRO

             O banheiro é uma das áreas onde as crianças com autismo parecem ter a última palavra. Se a criança se enrijece e se nega a sentar no vaso, todas as tentativas para convencê-la serão em vão!
            O que se aplica a crianças em geral, aplica-se da mesma forma a crianças com autismo, e mais ainda. Além dos desafios normais que o treinamento do uso do banheiro oferece, as crianças autistas apresentam mais alguns:
1.    Frequentemente apresentam dificulade de aprendizagem e, por issso, podem levar muito mais tempo para adquirir as habilidades básicas necessárias para tornarem-se independentes no uso do banheiro.
2.    Como têm dificuldades de linguagem e comunicação, não pedem nem avisam quando precisam ir ao banheiro.
3.    Estranham situações novas. Por isso demoram a se acostumar a ficar sem a fralda.
4.    Devido à dificuldade de compreensão do mundo social, não percebem que é socialmente inadequado fazer xixi ou cocô em qualquer lugar.
5.    Pelo mesmo motivo acima, podem querer brincar com a urina ou fezes. Também  por acharem ser um “produto” seu.
6.    Sentar no vaso parece ser mais difícil para os meninos pois eles aprendem a fazer o xixi bem antes do cocô. Talvez por se sentirem inseguros, especialmente quando são bem pequenos.
7.    Frequentemente, as crianças com autismo têm distúrbios sensoriais e assim, podem não sentir os movimentos intestinais.
Como começar a atacar o problema?
            Há duas coisas que cada pai e mãe precisa ter em abundância: paciência e senso de humor! Ambos são, muitas vezes, difíceis de se conseguir. No entanto, se você mantiver estas qualidades, a lono prazo elas farão muito bem a sua saúde.
            Primeiro, não tente travar uma batalha com seu filho acerca do banheiro. Você provavelmente vai perder e as coisas podem piorar.
            Lembre-se que todas as mudanças na vida de seu filho precisarão ser feitas passo a passo.
Saiba que o treinamento vai ser diferente e mais longo do das outras crianças.
Você não está sozinho.  A maioria dos pais das crianças com autismo está passando ou já passou por essa fase.
È uma fase. Vai passar.
Estratégias a se tentar
            Não há varinha de condão e estas estratégias não são fórmulas garantidas de produzirem resultados sempre. Você encontrará sua propria solução no devido tempo, mas nós relacionamos algumas idéias que tem ajudado aos pais. Sobretudo, seja realista. Não há razão em tentar uma estratégia que você não poderá levar até o fim. Seja por falta de tempo ou porque demanda mais energia e disciplina do que você dispõe no momento – você acabará frustrado ou com raiva ou deprimido.
v  Estruture o banheiro
Se seu filho for pequeninho, tenha um redutor de tampo e um banquinho onde ele possa apoiar os pés e não fique com medo de cair dentro do vaso.
v  Não use penico
Serão 2 mudanças: da fralda para o penico e do penico para o vaso!
v  Dê o modelo
Seu filho ou filha precisa ver o que de fato acontece dentro do banheiro. Pai, mãe e irmãos devem permitir que a criança veja e dê “tchau” para o xixi/cocô .
v  Estabeleça uma rotina
Como qualquer criança, a criança com autismo pode ser auxiliada a adquirir bons hábitos. Sente-a no vaso após cada refeição. É um bom horário porque os intestinos naturalmente “fazem espaço” para os novos alimentos. Tente colocar seu filho cerca de 20 minutos após a refeição.
v  Fique atento aos sinais
Sua criança pode dar algum sinal não-verbal que ela quer fazer xixi ou cocô.
Responda a estes sinais levando-a ao banheiro e encorajando-a a sentar no vaso.
Se a criança não der sinal, no início do treino leve-o ao banheiro a cada 30 minutos.
v  Não encoraje rituais
Algumas crianças podem insistir em adotar algum tipo de ritual na hora de ir ao banheiro. Não concorde com isso, ou ela não aprenderá a usar o banheiro em outro local que não a sua casa.
v  “Brinquedo proibido”
Quando seu filho sentar no vaso, permita que ele brinque com algum brinquedo ou objeto que você proibe em outros momentos. Esse objeto deve ficar guardado no próprio banheiro e nunca sair de lá! (ex: uma criança gostava de garrafas pet e sua mãe jogava todas no lixo – começou a guardar 2 no banheiro; outra criança gostava de mexer na caixa de bijouterias da mãe – ela separou algumas numa caixa no banheiro)
v  Prêmios
Quando sua criança finalmente fizer xixi ou cocô no vaso, faça aquela festa! Ter algum prêmio guardado para esta ocasião tão especial também ajuda!
v  Passo a passo
Algumas crianças simplesmente prendem o intestino quando tiramos sua fralda. Os pais devem permitir que sentem no vaso COM a fralda (ou cueca/calcinha) até que se acostumem. O próximo passo será colocar a fralda em baixo do tampo e o último passo – tirar a fralda totalmente.
v  Nenhuma estratégia acima é viável para você?
Então seu filho nem entra no banheiro? Sentar no vaso nem pensar?
O jeito é você tentar atraí-lo para o banheiro com alguma coisa MUITO interessante e brincar com ele lá, até que ele faça o cocô, na fralda mesmo, em pé mesmo. Quando ele aceitar entrar no banheiro com mais tranquilidade, comece o passo a passo (item anterior).

Fonte:
Mônica Accioly - adaptação de “Problemas de Toalete” de Dickinson, P.
MÃO AMIGA
BEM VIVER COM AUTISMO

A Presidenta da República: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei

É com muito orgulho que retomo as minhas postagens com esse belo presente de Natal a todas as famílias de autistas.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO 28dez 2012 - LEI 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012 -  Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3o do art. 98 da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.:


É importante que vocês tenham essa lei em mãos pois se trata de uma coisa nova e precisamos apresentar quando se fizer necessário para garantir o direito de nossos filhos.

Ausência - Feliz 2013

Bom dia,

as pessoas que me seguem, desculpe a minha ausência.

Sou mãe, esposa, mulher, dona de casa, profissional... e as vezes é difício consiliar a este novo Projeto.

Quem é mãe de um autista sabe como é difíco a rotina com o profissionais que os acompanham e como ja disse, consiliar tudo isso! Ainda mais quando se tratam de dois meninos lindos autistas.

Mas estou retomando as minhas atualizações.

Desejo a todos nós um 2013 cheio de sucesso!