
A
 Síndrome de Asperger faz parte dos Transtornos Invasivos do 
Desenvolvimento e traduz-se por alterações concomitantes em duas áreas, o
 comportamento social e interesses. É considerada como o transtorno mais
 evoluído sobre o continuum autístico. Nem todas as pessoas com Síndrome
 de Asperger são iguais, da mesma forma que cada um possui a sua 
personalidade, e também as características mais “típicas” desta síndrome
 se manifestam de um modo específico em cada pessoa.
Indivíduos
 com Síndrome de Asperger podem apresentar gestos bizarros, peculiares 
ou estranhos. Frequentemente apresentam tiques ou mímicas faciais 
bizarras. Os gestos poderão ser desajeitados ou estranhos, com 
freqüência a expressão facial é pobre, por vezes aproximam-se demasiado 
do interlocutor, andam aos encontrões às pessoas e aos móveis. 
Os movimentos ou sons repetidos, rítmicos, podem ser confundidos com tiques: abanar as mãos (flapping);
 andar em ponta dos pés, correr sem sentido, balanceamentos, correr em 
círculo, maneirismo com os dedos, gesticular com os dedos, sapateado, 
movimentos tipo masturbatórios, movimentos tipo lavar as mãos, abanar a 
cabeça, movimentos semelhantes ao nadar crawl, movimentos dos 
globos oculares, tapar as orelhas com as mãos, puxar as orelhas, enrolar
 o próprio cabelo ou dos outros, rolar objetos, como rodas de carros, 
lápis, bolas, etc; torcer objetos, imitar sons de animais ou de 
máquinas, imitar vozes dos desenhos animados, anúncios, etc. Possuem 
movimentos rígidos e um modo de andar “desengonçado”, não tendo jeito 
para jogos que envolvam atividade física, e apresentam problemas de 
motricidade fina que podem originar dificuldades no uso de lápis e 
outros materiais, comprometendo a rapidez da escrita e a capacidade para
 desenhar.
Outro
 comportamento característico consiste em alinhar objetos, 
milimetricamente, por vezes segundo determinada ordem e sem qualquer 
justificação prática, como por exemplo carros, cadeiras, pedras, etc.
São
 características comportamentais típicas as rotinas e os rituais 
rígidos, como por exemplo sentar-se sempre no mesmo lugar para refeição,
 mudar o pijama no mesmo dia da semana, tomar banho em determinado dia 
ou hora, lavar os dentes em determinada hora e posição, ir sempre pelo 
mesmo caminho para a escola, comer determinados alimentos numa 
determinada ordem ou apenas alguns alimentos, na presença de 
determinados objetos, etc. Sentem uma grande ansiedade quando acontecem 
mudanças nas suas rotinas.
O
 contato ocular é peculiar, pode ser evitante, na opinião de familiares 
“não olham para os outros ou desviam o olhar”; ou apresentam uma fixação
 intensa do olhar no interlocutor. Alguns não gostam do contato físico, preferem um relacionamento mais distante com as pessoas que lhes estão próximas.
Indivíduos
 com Síndrome de Asperger têm uma inteligência média, abaixo ou superior
 à média (especialmente no domínio verbal), com maiores dificuldades na 
capacidade de compreensão e nos níveis de raciocínios mais elaborados, e
 uma excelente capacidade de memória. Normalmente fazem interpretações e
 análises muito literais, apresentando uma visão muito concreta e um 
grau de abstração muito pobre. Algumas pessoas com esta síndrome possuem
 um estilo de linguagem pedante, com vocabulário e expressões fora do 
normal para a idade, que dão a falsa imagem de que compreendem o que 
estão dizendo, quando na realidade apenas estão a repetir o que ouviram 
ou leram. Sua singularidade intelectual associada aos interesses 
obsessivos, podem trazer-lhes grandes sucessos na vida profissional. As
 crianças com Síndrome de Asperger possuem a inteligência necessária 
para fazer parte de uma turma do ensino regular, mas freqüentemente não 
possuem os recursos emocionais para enfrentar as exigências da mesma.
Muito
 frequentemente apresentam um grande fascínio por movimentos, sobretudo 
repetitivos (girar de uma roda, máquinas de lavar roupas, ventoinhas, 
hélices dos aviões, gira-discos, insetos voadores, etc); por luzes, 
objetos brilhantes, rotativos das ambulâncias, espelhos, superfícies 
brilhantes, etc. Em alguns casos, está descrito um fascínio por números e
 ordenações numéricas: horários, mapas, tabuadas, fórmulas químicas, 
contagem de palavras, datas de aniversário, etc.
Uma
 das mais interessantes e prevalentes características comportamentais 
consistem em fascínios por determinados temas, como marcas de carros, 
carros de bombeiros, lagartixas, vacas, sinais de transito, etc.
O
 desenvolvimento da linguagem não apresenta um atraso significativo, 
porém é freqüente referido um aparecimento tardio da linguagem, mas 
pelos cinco anos de idade não se verificam grandes desvios da 
normalidade. São freqüentes conversas sem nexo, sem sentido, 
desajustadas aos temas evocados que correspondem à perturbação de 
linguagem semântico-pragmática. Com grande freqüência manifestam 
dificuldades na compreensão verbal e uma utilização tardia, ou não 
utilização, dos pronomes pessoais. A prosódia pode ser bizarra, 
peculiar, estranha, pedante ou excêntrica, com um timbre, ritmo ou 
entonação invulgares, em regra monótona, com precisão excessiva de cada 
sílaba. 
Segundo
 Tony Attwood, psicólogo clínico, algumas pessoas com Síndrome de 
Asperger têm a capacidade de criar sua própria forma de linguagem, 
conhecido como neologismo. Ele descreve essa capacidade como “um dos 
aspectos benquistos e genuinamente criativos da Síndrome de Asperger”. 
Daniel Tammet, com Síndrome de Asperger e Síndrome Savant, descreve em 
sua autobiografia a criação de uma língua própria, chamada de “mänti”, com uma gramática elaborada e um vocabulário de mais de mil palavras.
Alguns
 pesquisadores acreditam que Síndrome de Asperger seja a mesma coisa que
 autismo de alto funcionamento, isto é, com inteligência preservada. 
Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento há atraso na 
aquisição da fala, e na Síndrome de Asperger, não. Muitas pessoas 
acreditam que a importância da diferenciação entre Síndrome de Asperger e
 Autismo de Alto Funcionamento seja mais de cunho jurídico do que 
propriamente para escolhas relacionadas ao tratamento. Por um lado, para
 algumas pessoas dizer, que alguém é portador de Síndrome de Asperger 
parece mais leve e menos grave do que ser portador de Autismo, mesmo que
 de alto funcionamento, embora isto seja provavelmente uma ilusão. Por 
outro lado, associações de Autismo em todo o mundo alegam que esta 
divisão em duas patologias diferentes enfraquece um movimento que 
necessita de tanto apoio como o dos que trabalham pelo Autismo.
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