José Salomão Schwartzman é neuropediatra. Formado na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, especializou-se em Neurologia Infantil no Hospital for Sick Children, em Londres, e é professor titular de pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Há crianças que parece não aprenderem a 
reconhecer os códigos que regem a comunicação humana. Alheias à presença
 dos outros, encerradas num universo próprio e inatingível para todos 
que as cercam, apresentam padrões restritos e repetitivos de 
comportamento. Essa tríade de sintomas – dificuldade de interação 
social, de comunicação e repetição de comportamentos padronizados – 
caracteriza um transtorno do desenvolvimento conhecido como autismo.
O médico austríaco Leo Kanner usou essa palavra em 1943 para 
descrever uma série de sintomas que observava em alguns de seus 
pacientes. Com o passar dos anos, porém, ficou provado que essas 
crianças apresentavam apenas uma das manifestações de autismo. Na 
verdade, as dificuldades do autista variam em grau e intensidade e o 
comprometimento pode ser muito grave e estar associado à deficiência 
mental, ou tão leve que o portador do transtorno consegue levar uma vida
 próxima do normal.
Apesar de autismo não ter cura, quanto antes for diagnosticado, 
melhor. Crianças convenientemente tratadas podem desenvolver habilidades
 fundamentais para sua reabilitação. O problema é que, muitas vezes, os 
pais se recusam a admitir que o filho tem algumas características que 
requerem atenção especial e não procuram ajuda.
No Brasil, existe a AMA – Associação Amigos do Autista – (www.ama.org.br) que presta assistência a autistas.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
Drauzio – Você poderia caracterizar o que se entende por autismo?
José Salomão Schwartzman – Na verdade, o que se 
chama de autismo nada mais é do que um tipo de comportamento que se 
caracteriza por três aspectos fundamentais. Primeiro: são crianças que 
parecem não tomar consciência da presença do outro como pessoa. Segundo:
 apresentam muita dificuldade de comunicação. Não é que não falem, não 
conseguem estabelecer um canal de comunicação eficiente. Terceiro: têm 
um padrão de comportamento muito restrito e repetitivo. Atualmente, 
qualquer indivíduo que apresente esses sintomas, em maior ou menor grau,
 é caracterizado como autista.
Como se vê, o conceito de autismo é muito amplo. Costumo compará-lo 
com o de deficiência mental, outro conjunto de sinais e sintomas 
presentes numa série imensa de pessoas.
Drauzio – Como vocês classificam o autismo?
José Salomão Schwartzman – Atualmente, costuma-se 
dizer que não há autismo. Existe um espectro de desordens autísticas, em
 que aparecem as mesmas dificuldades em graus de comprometimento 
variáveis. Há o indivíduo portador das características citadas em grande
 proporção e com deficiência mental grave; o grupo com o tipo de autismo
 descrito pelo médico austríaco Leo Kanner que tem comprometimento 
moderado e os indivíduos com a Síndrome de Asperger (Hans Asperger foi o
 médico que a descreveu), que são autistas com linguagem e intelecto 
preservados.
Drauzio – Você poderia dar um exemplo de autista em cada grupo?
José Salomão Schwartzman – Exemplo do primeiro grupo
 é o autista grave, aquele que aparece em propagandas das instituições 
que cuidam dessas pessoas. São crianças isoladas, que não falam e 
repetem movimentos estereotipados permanentemente, ou ficam girando em 
torno de si mesmas. Como não são sensíveis à comunicação, não respondem 
quando se fala com elas, não interagem com o outro e têm, em geral, 
deficiência mental importante.
Ao segundo grupo pertencem os autistas que chamamos de clássicos. 
Esses falam, mas não se comunicam. São capazes de repetir fora do 
contexto uma frase inteira que ouviram num programa de televisão na 
noite anterior. No entanto, se lhe perguntarmos quantos anos têm ou qual
 é o seu nome, não respondem. Isso mostra que ouvem e podem falar, mas 
não usam a fala com ferramenta de comunicação. Esses têm também 
dificuldade de compreensão. Embora possam entender enunciados simples, 
apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não compreendem as 
metáforas nem o duplo sentido. Se você disser “muito bem”, não são 
capazes de perceber que, na língua portuguesa, essa expressão pode 
significar tanto “muito bem” quanto “muito mal”. Autistas clássicos são 
voltados para si mesmos e têm ligação muito pobre com o ambiente. Não 
olham nos olhos dos outros, não entendem pistas sociais.
No terceiro grupo, estão os portadores da Síndrome de Asperger, que 
apresentam as mesmas dificuldades dos outros, mas numa medida bem 
reduzida. São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser 
confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento 
em que se especializam. Vi na televisão uma criança portadora dessa 
síndrome que costuma ser apresentada como uma das maiores autoridades 
mundiais em animais pré-históricos. O garoto sabe tudo sobre 
dinossauros. De onde vieram, o tipo de DNA, o que comiam, onde viveram. 
Entretanto, se lhe fizermos uma pergunta simples – Quantas pessoas vivem
 na sua casa? -, ele se comporta como se estivéssemos falando grego.
Estabelecer a diferença entre superdotados e portadores da síndrome 
de Asperger em crianças pequenas é quase impossível. Há um menino em 
Manaus que sabe de cor o mapa cartográfico da cidade. Desenha todas as 
ruas, coloca o nome das lojas e o número dos telefones, mas não consegue
 ser alfabetizado na escola.
 Drauzio – Não dá para imaginar como uma pessoa é capaz de 
decorar o mapa cartográfico de uma cidade ou até mesmo uma lista 
telefônica inteira e não é capaz de interpretar conhecimentos mínimos 
como seu nome e o número de pessoas que moram em sua casa.
José Salomão Schwartzman – Eu acredito que a pessoa 
normal não enxerga com os olhos. Registra a imagem nos olhos, mas é seu 
cérebro que processa a informação. Nos autistas com síndrome de 
Asperger, a visão é fotográfica. Eles veem o que a retina capta. Existe 
um rapaz na Inglaterra, com cerca de trinta anos, que é considerado um 
dos maiores desenhistas contemporâneos. O neurologista inglês Oliver 
Sacks, autor de vários livros a respeito de autismo, levou-o a passear 
pelo mundo. Depois que visita uma cidade, ele é capaz de desenhar os 
edifícios respeitando as proporções e reproduzindo todos os detalhes com
 precisão. Esse moço faz uma coisa impossível para qualquer um de nós. 
Se você e eu descrevermos o mesmo objeto, certamente iremos descrever 
duas coisas diferentes, porque cada um de nós o enxergou a seu modo. Ele
 não. Reproduz o prédio exatamente como é.
CAUSAS
Drauzio – Você não acha estranho existir uma patologia com 
classificação de espectro tão amplo, que abrange pessoas com 
incapacidade total de comunicação e outras com sinais de genialidade?
José Salomão Schwartzman – Esse é o problema. Quando
 Kanner descreveu o autismo em 1943, achou que estava descrevendo uma 
doença específica que não fugia do quadro clássico que os onze pacientes
 estudados apresentavam. O fato é que, com o passar do tempo, fomos 
vendo que não era uma doença específica, nem ocorria por culpa da mãe, 
porque era essa a visão que se tinha naquela época e, por incrível que 
pareça, persiste até hoje em alguns lugares.
Em outras palavras: por conta da maternagem inadequada, a criança 
normal tornava-se autista. Tanto era assim que ainda há gente dizendo 
que o autismo é causado por um ambiente problemático e propõe terapias 
psicanalíticas como tratamento.
Entretanto, à medida que se foi conhecendo melhor essa patologia, o 
conceito de autismo ampliou-se de tal forma que cabe uma comparação com a
 deficiência mental, primeiramente descrita como um quadro clássico, 
típico de alguns pacientes, e depois como problema que compreende uma 
categoria enorme de doenças.
Na verdade, não é exagero dizer que autismo não é uma doença; é um capítulo da neuropediatria.
Drauzio – Existem causas para o autismo?
José Salomão Schwartzman – Nós nunca vamos conhecer a
 causa do autismo, porque a cada momento estamos descobrindo novas 
possibilidades. Eu poderia elencar 20, 30, 40 condições diferentes que 
podem cursar com autismo. A síndrome de Down, a síndrome do X-Frágil e 
uma série de outras doenças podem cursar o autismo. Da mesma forma, a 
síndrome fetal alcoólica provocada pela ingestão de álcool durante a 
gravidez é uma das causas frequentes de deficiência mental e autismo.
DIAGNÓSTICO
Drauzio – Crianças autistas nascem, choram, alimentam-se 
normalmente. Em que fase da vida aparecem as primeiras manifestações da 
doença? 
 José Salomão Schwartzman – Depende muito da 
gravidade do comprometimento. Vamos pegar o exemplo do autista clássico.
 Às vezes, a mãe conta que, desde que saiu da maternidade, esse filho é 
diferente dos irmãos. Não olha para ela, não quer pegar o peito, não se 
aninha no colo. No entanto, frequentemente, por não conhecer a doença, 
ela acha que esse é o jeito, é o temperamento daquela criança.
Existem filmes provando que uma criança normal com cinco horas de 
vida já é capaz de imitar uma expressão fisionômica. Se estiver bem 
alimentada e num ambiente tranquilo e mostrarmos a língua, ela nos 
mostrará a língua também. A criança autista nunca faria isso. Perceber 
essa diferença, porém, depende muito dos olhos de quem está observando. 
Hoje, se fala muito sobre diagnóstico precoce de autismo. Ami Klin, 
psiquiatra e neurocientista brasileiro que estuda muito o problema e 
dirige o centro de pesquisa sobre autismo da Universidade de Yale, 
defende o diagnóstico em bebês. É obvio que é impossível fechar o 
diagnóstico de autismo numa criança de seis, oito meses. Não se fecha, 
mas levanta-se a suspeita, o que permite adotar uma conduta terapêutica 
até certo ponto corretiva.
Drauzio – Sua grande experiência clínica no acompanhamento 
desses pacientes mostra que os pais começam a perceber o problema quando
 o filho tem que idade?
José Salomão Schwartzman – Com três anos. Essa é a 
fase em que já esperaram tempo suficiente para a criança falar, para 
comunicar-se de alguma forma. Entretanto, quando se levanta a história 
do paciente, em todos os casos, surgem indícios importantes de que já 
havia algum distúrbio no desenvolvimento dessa criança que não foi 
corretamente considerado.
Se os pais dos bastante afetados procuram auxílio quando o filho tem 
entre dois e quatro anos, autistas poucos afetados podem descobrir que 
têm a doença depois de adultos. Tenho casos de pais que souberam ser 
portadores da síndrome de Asperger, que é o autismo de bom rendimento, 
quando o diagnóstico foi feito no filho.
PREVALÊNCIA
Drauzio – Existe concentração de casos de autismo em certas famílias?
José Salomão Schwartzman – Existe um fator genético 
indiscutível. Nos casais que já tiveram filhos autistas, a probabilidade
 de ter mais um é de cerca de 2%. Parece pouco, mas significa um risco 
de 50 a 100 vezes maior do que na população em geral.
Drauzio – Qual é a prevalência do autismo na população?
José Salomão Schwartzman – Admite-se que a 
prevalência não só do autismo clássico, mas de todas as condições do 
espectro autista seja de um para mil. Na Califórnia (EUA), os últimos 
relatos falam de um caso para cada 150 crianças, o que não é possível. 
Talvez, o conceito deles seja tão amplo, que daqui a pouco todos nós 
seremos considerados um pouco autistas.
 Drauzio – Qual é a vantagem do diagnóstico precoce de uma 
doença que pode ter uma evolução que vai desde o retardo mental e a 
impossibilidade de aprender até a genialidade se o conhecimento for 
dirigido?
 José Salomão Schwartzman – Se tenho uma criança que
 necessita de mais estímulo para tentar estabelecer uma relação com a 
mãe, com o pai, com os irmãos, o aconselhamento familiar precoce permite
 ensinar técnicas que tentem facilitar essa comunicação. Além disso, 
existem medicamentos que podem ser indicados em determinadas situações.
Não há cura para o autismo, mas acontece que algumas pessoas têm 
melhora tão grande com o tratamento que podem levar vida independente. 
Tenho autistas adultos, casados, com filhos, que são excepcionalmente 
bem dotados em algumas áreas do conhecimento e tomaram consciência da 
própria doença aos 40 anos. Esses tiveram um percurso feliz, porque o 
distúrbio evoluiu de forma adequada e, em grande medida, tiveram 
famílias e escolas que souberam trabalhar suas dificuldades.
REAÇÃO DOS PAIS
Drauzio – Como reagem os pais ao saber que têm um filho com autismo?
José Salomão Schwartzman – Minha sensação é que das 
condições que cursam com os distúrbios de desenvolvimento, o autismo 
talvez seja a mais difícil de conviver. Como é possível ter uma relação 
de afeto com alguém que não corresponde a nenhuma tentativa de 
aproximação, que não se pode abraçar nem dar um beijo nem ensinar a 
falar tchau?
Na família de um autista, não é só a criança que está doente. A 
família inteira fica seriamente comprometida. Por isso, quando 
observavam a dinâmica familiar alterada, os autores antigos chegavam à 
conclusão de que pais tão ruins assim, que não se comunicavam com os 
filhos, desencadeavam esse tipo de comprometimento na criança.
Drauzio – Eles consideravam a consequência, como causa.
José Salomão Schwartzman  – Faziam isso, quando, na 
verdade, é a criança doente que, desde o começo, não permite uma relação
 parental adequada. Entretanto, tudo vai depender muito de quem são os 
pais e de como reagem. Há os que, apesar da dificuldade de entrar em 
contato com a criança, tentam identificar o que ela tem de anormal. 
Entretanto, é frequente encontrar famílias que não querem ver a 
dificuldade do filho. Muitas se negam a perceber que o filho 
adolescente, durante a vida toda, teve um comportamento fora do habitual
 e acabam inventando explicações para não admitir que ele é portador de 
uma condição grave como o autismo. Isso atrasa demais a possibilidade de
 ajudar a criança.
TRATAMENTO
Drauzio – Os autistas devem frequentar escolas comuns?
José Salomão Schwartzman – Depende do grau de 
comprometimento. Atualmente, no Brasil, a política é tentar a inclusão 
dos indivíduos com deficiência em escolas regulares. Isso vale para 
algumas pessoas e para algumas escolas.
Pessoalmente, não gosto de discutir a inclusão como algo filosófico 
ou determinado pelo MEC. Acho que se deve analisar caso a caso e levar 
em conta, antes de mais nada, o local onde estarão melhor os 
deficientes. Tenho dois autistas adolescentes cursando a USP. Não têm 
vida social intensa, mas estão vivendo de forma bastante adequada. Se 
você conversar com eles, perceberá algo de estranho em seu 
comportamento, mas talvez a maneira de agir desses estudantes não se 
distancie muito da de vários conhecidos esquisitos que temos.
Indivíduos como eles podem e devem cursar escolas regulares. A 
questão é quando a criança não fala, não se comunica e apresenta 
movimentos estereotipados. Colocada dentro de uma classe regular, não só
 será excluída do grupo, como deixará de beneficiar-se com a aplicação 
de técnicas pedagógicas que dão certo com os autistas. Por exemplo, a 
técnica Teacch que é muito usada nos Estados Unidos e baseia-se na modificação do comportamento.
Na verdade, ninguém pode dizer que o melhor tratamento para crianças 
autistas é este ou aquele. Cada pessoa exige uma abordagem 
individualizada de acordo com as características de suas dificuldades.
Drauzio – Existiria uma linha mestra a ser seguida no tratamento dos autistas?
José Salomão Schwartzman – Não existe. Se a criança 
apresenta prejuízo da comunicação, o atendimento tem de ser precoce e é 
preciso utilizar todos os métodos disponíveis para estabelecer algum 
tipo de comunicação. Se não conseguir fazê-lo verbalmente, que seja por 
qualquer outro modo. Há quem ensine a linguagem de sinais para os 
autistas. Outros usam o computador. O importante é convencer a família 
de que o fundamental é estabelecer uma possibilidade de comunicação 
entre o autista e o mundo, não importa qual seja.
Os prejuízos de linguagem dos autistas verbais, sua dificuldade de 
entender as metáforas e o duplo sentido, podem ser superados pela 
cognição. Um dos rapazes que estão estudando na USP e foram aprovados no
 vestibular, é ótimo aluno e provavelmente vai ser ótimo professor da 
disciplina que escolheu. Outro dia, ele me falou:  “Salomão, ter 
síndrome de Asperger é uma coisa complicada”, e pediu para mãe me contar
 o que lhe havia acontecido. Desde que ele era pequenininho, antes de 
sair para o trabalho, a mãe deixava um ovo cozido e descascado para o 
filho comer no café da manhã.  Um dia, porém, ela não seguiu esse ritual
 completamente e, quando voltou para casa, encontrou o rapaz, que 
deveria estar na faculdade, sentado à mesa, olhando para o ovo. “Você 
perdeu hora?”, perguntou. “Não, mãe, você esqueceu de descascar o ovo”. 
Como nunca tinha visto alguém descascar um ovo, foi incapaz de fazê-lo.
De fato, fica difícil de entender como um rapaz que passou no 
vestibular, é excelente aluno, inteligente, é incapaz de enfrentar uma 
situação nova tão simples quanto descascar um ovo.
Drauzio – Não só não descascou o ovo, como ficou paralisado…
José Salomão Schwartzman – Absolutamente paralisado.
 E ele conta outras experiências iguais. Um dia, a mãe lhe pediu para 
pegar um objeto no porta-malas do carro. Como demorasse muito para 
voltar, foram atrás dele para ver o que estava acontecendo. Encontraram o
 rapaz no estacionamento do restaurante, com a chave do carro na mão, 
olhando para o porta-malas sem saber como abrir, pois nunca ninguém lhe 
tinha ensinado a enfiar a chave na fechadura. Isso prova a necessidade e
 importância de adotar atitudes pedagógicas. É preciso ensinar esses 
indivíduos a fazerem determinadas coisas que presumiríamos serem capazes
 de aprender sozinhos.
Drauzio – É visível o progresso dessas crianças quando tratadas adequadamente?
 José Salomão Schwartzman – Em algumas, 
sim. O problema é que quanto maior a deficiência mental, menor a 
possibilidade de ganhos significativos. No entanto, como nas crianças 
pequenas os dados para diagnóstico não são claros, empenho-me no 
tratamento, embora as respostas possam ser muito diferentes. Há casos 
que evoluem tão bem, que se usa a expressão “saiu do quadro autístico”, 
que não é adequada. Autismo é um distúrbio incurável. Se houve reversão 
do quadro, a pessoa não era autista.
Tenho muitos pacientes com autismo que sararam, mas nunca vou 
apresentá-los num congresso, porque foram classificados como autistas 
por erro de diagnóstico. Por isso, fechar o diagnóstico antes do cinco 
anos é complicado. O médico pode levantar a hipótese, mas o consenso é 
que o diagnóstico de certeza só seja feito por volta dos quatro anos e 
meio de idade.
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