
A especialista Bryna Siegel destacou hoje, no Porto, a importância da brincadeira para a aprendizagem das crianças autistas, que aprendem «com maior facilidade, se estiverem em contacto com objectos que gostam».
Bryna Siegel, autora do livro «O mundo da criança com autismo – 
Compreender e tratar perturbações do espectro do autismo», caracterizou o
 comportamento dos autistas e apresentou várias técnicas que os pais e 
educadores podem implementar durante a aprendizagem das crianças.
«Sem a brincadeira, não há bases para a aprendizagem. Embora as 
crianças autistas não brinquem com os brinquedos da mesma forma que as 
outras crianças, aprendem com maior facilidade, se estiverem em contacto
 com objectos que gostam», afirmou Bryna Siegel, especialista em 
autismo, da Universidade da Califórnia.
Bryna Siegel relatou uma situação em que uma criança normal brinca 
com um camião, enquanto uma criança autista «coloca todos os camiões 
numa fileira simétrica e analisa cada detalhe do brinquedo».
De acordo com Siegel, através da repetição das palavras e da 
pronúncia feita num tom de voz mais elevado, as crianças com deficiência
 social podem aprendem os nomes das cores, dos números, das partes do 
corpo, horas e datas.
«As crianças com autismo repetem tudo o que ouvem, mas não conseguem 
compreender o significado de cada palavra», explicou a investigadora.
Bryna Siegel disse ainda que os autistas compreendem «mais facilmente
 substantivos do que os verbos, porque fazem a relação com as coisas que
 vêem» e que os educadores devem utilizar fotografias para levá-los a 
pensar sobre o objecto.
«Muitos deles têm boa memória fotográfica e processual, sendo capazes
 de montar um quebra-cabeça com as imagens viradas para baixo», disse a 
especialista.
Siegel explicou que a criança autista tem a tendência a não estar 
consciente dos sentimentos das outras pessoas e apresentam problemas de 
comunicação.
«Embora as crianças não falem, podem fazer-se entender. Conseguem 
brincar e relacionar-se com crianças normais e com as que falam outras 
língua, através da linguagem não-verbal», afirmou a investigadora.
Bryna Siegel disse que «por não ter uma linguagem verbal, a criança 
autista apresenta uma dificuldade acentuada em iniciar uma conversa com 
outras crianças, mas consegue utilizar a linguagem quando precisa de 
alguma coisa, o que é conhecido como linguagem instrumental».
Referiu também que «a criança autista é capaz de compreender que um 
sorriso e um aceno de cabeça podem ter significados positivos, que 
remetem a uma acção correcta».
«Mas a criança que não compreende o gesto, não compreende o 
funcionamento da mente, por isso nem sempre pede ajuda porque não têm 
consciência de que os outros conseguem interpretar o mundo à sua volta»,
 frisou Siegel.
Bryna Siegel é directora da Clínica para o Autismo e professora de psiquiatria na Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Na sua obra, «O mundo da criança com autismo – Compreender e tratar 
perturbações do espectro do autismo», descreve o que designa por 
«comportamentalismo desenvolvimental», que está na base do tratamento de
 dificuldades específicas do autismo no campo da percepção, do 
processamento e da recuperação da informação.
O seu projecto mais recente, Jump Start, consiste num «modelo para 
ajudar crianças com autismo a aprenderem a aprender e ajudar os pais a 
integrarem serviços da escola e da casa».
Fonte: Diário Digital / Lusa. 
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