por Jocelem Salgado | |||||
Ele é considerado uma síndrome caracterizada
por transtornos qualitativos e quantitativos de interação
social, comunicação e uso da imaginação. Os
sintomas surgem nos primeiros 36 meses de vida. *Em média 60 a
65% dos autistas sofrem de retardo mental e 15 a 30% de convulsões.
Hoje o autismo é nomeado como “síndrome do espectro
autista” porque o quadro clínico é muito variado,
existem autistas com elevado grau de desenvolvimento intelectual e sociabilidade
e outros que apresentam um quadro severo de retardo mental e insociabilidade.
O autista não interage com outras pessoas, ele pode entrar em
uma sala com várias crianças e não brincar com elas.
Muitos são resistentes à mudança de rotina. Existem
relatos de autistas que não reconheceram o caminho para escola
porque o pai mudou o percurso ou não queriam ir para a aula porque
a camiseta do uniforme tinha mudado de cor. Eles não mantêm
o contato visual, usam as pessoas como ferramenta para conseguirem o que
querem. Apresentam risos e movimentos inapropriados, modo e comportamento
arredio, giram objetos de forma bizarra e peculiar, não demonstram
medo de perigos reais, agem como se fossem surdos e resistem ao contato
físico.
Esta síndrome não apresenta sintomas clínicos.
Quando você olha para um autista sua aparência é de
uma pessoa normal. Somente quando se observa o seu comportamento percebe-se
que ele é diferente. Para o diagnóstico, é imprescindível
que os profissionais envolvidos sejam treinados e capacitados, pois é
baseado em avaliação clínica.
Essa síndrome pode ocorrer em qualquer família, não
escolhe raça ou classe social. A prevalência mundial é
de *15-20 autistas para cada 10.000 habitantes. Nos Estados Unidos *dados
de 2008, mostram uma incidência maior, ou seja, de 1 em cada 150
crianças, com tendências a aumentar esse número. O
sexo masculino é mais afetado cerca de 3 homens para cada mulher,
embora ainda não se tenha uma explicação científica
para isso. O número de novos casos diagnosticados aumenta em média
3,8% ao ano, isso se deve ao maior número de diagnósticos
de casos leves. Antigamente pouco se sabia sobre a doença, por
isso apenas casos mais severos eram identificados.
O único dado oficial do Brasil revela a existência 600.000
autistas, mas estima-se que existe pelo menos um milhão de casos
não diagnosticados. O ano passado o Ministério da Saúde
iniciou uma pesquisa para levantar a real prevalência no país.
A causa do autismo ainda é desconhecida existe uma associação
entre fatores genéticos e ambientais.
Os fatores genéticos estão relacionados a alterações
neurológicas, mas até o momento não existe nada definido
de forma conclusiva.
O fator ambiental está ligado às condições
pré e pós-natal como a ocorrência de rubéola
durante a gravidez, baixo peso ao nascer, complicação durante
o parto e dificuldade respiratória.
Para que se tenha um bom prognóstico com relação
ao tratamento, é preciso que seja realizado um diagnóstico
precoce. Um diagnóstico seguro pode ser realizado antes da criança
completar dois anos de idade, desde que alguns aspectos clinicos não
sejam desprezados. As crianças autistas normalmente têm histórico
de infecções e alto consumo de antibióticos nos primeiros
anos de vida. As fezes podem ter aparência mucosa, e de coloração
variante, entre amarelo, esverdeado e avermelhado, e podem ter odor de
mofo com intensa flatulencia (gases). Apresentam sinais caracteristicos
de alergias, como olheras, olhos inchados, cilhos compridos. Embora se
alimentem bem podem apresentar aspecto de subnutrição. Frequentemente
apresentam abdomen distendido, e inchado, com intensa movimentação
visceral. Apresentam mau hálito. Podem apresentar regressões
no desenvolvimento, após uso de vacinas. Mais de 60% das crianças
autistas têm pais com histórico de propensão a doenças
alérgicas, incluindo asma e alergias de pele.
O autismo não tem cura. O tratamento deve envolver uma equipe
multidisciplinar e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida através
do controle dos sintomas comportamentais e condicionamento do indivíduo
à vida social respeitando suas limitações. Devido
às incertezas sobre sua causa existem várias propostas de
tratamento.
Tradicionalmente as linhas comumente adotadas são: tratamento
farmacológico onde a prescrição medicamentosa atua
sobre os sintomas e a intervenção psicopedagógico
que consiste em terapia fundamentada em associação, rotina
e aprendizado.
Em conjunto com esstes tratamentos outros podem ser integrados como
a psicoterapia, fonoaudiologia, musicoterapia e equoterapia.
Alimentação no tratamento de autismo
No tratamento do autismo a alimentação tem um papel fundamental.
Alguns alimentos podem intensificar os sintomas como a farinha de trigo,
o leite e a soja. Quando eles são retirados da dieta os autistas
geralmente ficam mais calmos e ocorre melhora da atenção
e concentração.Isso ocorre porque grande parte dos autistas
apresentam uma deficiência enzimática que inibe a digestão
completa da proteína presente na soja, leite e trigo. Essa condição
leva à formação de
grande quantidade de pequenos peptídeos (fraguimentos de proteína)
dentro do intestino. Esses peptídeos possuem ação
farmacológica semelhante ao ópio. Esses compostos apresentam
a capacidade de atravessar a parede do intestino, cair na corrente sanguínea
e chegar ao Sistema Nervoso Central. Atuam como uma substância opiácia
no cérebro intensificando os sintomas da síndrome, como
a falta de concentração e isolamento.
Os salgadinhos, sucos em pó artificial e gelatina são
muito ricos em corantes. Hoje se sabe que os corantes estimulam a hiperatividade,
por essa razão devem ser banidos da dieta dos autistas.
A ocorrência de sintomas gástricos é muito elevada
em autistas, como constipação intestinal, (intestino preso),
diarreia, gastrite, refluxo.
Para normalizar o funcionamento do intestino recomenda-se o uso de probióticos
em cápsula. No caso de gastrite e refluxo evitar alimentos que
irritam o estômago como: temperos industrializados, extrato de tomate,
café, chá preto, alimentos fritos e alimentos ácidos
como laranja, limão e abacaxi.
A suplementação com cápsulas de ômega três
melhora a concentração e aprendizado.
Os autistas têm uma um hábito alimentar restrito, e são
muito resistentes à introdução de novos alimentos
na dieta. Mesmo com essas limitações procure estimular o
consumo da maior variedade de alimentos para evitar deficiências
nutricionais como a falta de vitamina e minerais.
As peças fundamentais para o sucesso do tratamento do autismo
é o amor, a dedicação e acima de tudo compreensão
de todas as pessoas que o cercam.
Procurem pelo menos, uma única vez, se colocarem no lugar de
um autista. Façam o exercício que a pesquisadora francesa
Happé sempre pede para os ouvintes de suas palestras fazerem! Se
coloquem no lugar deles! Imagine estar em um país distante, em
uma cultura desconhecida, sem compreender o idioma, com as mãos
atadas, sem entender os outros e sem a possibilidade de se fazer entender.
Esta é a sensação que o autista tem do mundo em
que vive! Por isso quando vir um autista, se por algum motivo ele fizer
algo que foge à sua compreensão não se esqueça!
Ele age assim porque não compreende o que está à
sua volta. “Um autista se definiu como um ser extraterrestre que
cai no planeta Terra sem manual.”. Pense nisso!
Mais informações: www.jocelemsalgado.com.br
*www.autism.com
artigo científico: WHITE, J.F. Intestinal Pathophysiology in Autism.Exp
Bio Med. v.228, p. 639-649, 2003.
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/dieta_autismo.htm |
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Alimentação no tratamento de autismo
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