Resolvi traduzir esse texto já que temos sido inundados, no dia a 
dia, com reportagens que começam com “XXX pode aumentar o risco de 
autismo”. E muita gente me manda email e pergunta. E eu sei que a 
maioria dessas notícias não deve ser levada muito a sério.
E aqui está uma ótima explicação do porquê.
Na verdade, juntei partes de dois textos do mesmo blog. Na primeira, o
 autor explica porque não devemos confiar muito nesses “estudos” que 
saem. No segundo, ele tira um sarro dessa situação, cuja culpa acaba 
caindo, inevitavelmente, no colo da mãe!
A tradução é livre. Enjoy!
“Pode” aumentar o risco de autismo
Um estudo após o outro parece cair nas notícias com a chamada “pode 
aumentar o risco de autismo” e, coletivamente, a comunidade do autismo 
fica preocupada.
Alguns desses estudos no último ano incluem “Morar perto de uma 
rodovia pode contribuir para o risco de autismo”, “, “Icterícia em recém
 nascidos pode estar ligada ao autismo”, “a distância entre irmãos pode 
estar ligada ao autismo”, “o uso de vitaminas pré-natais previne o 
autismo”, “obesidade da mãe pode estar ligada ao autismo”e a lista 
continua.
Você precisa entender como esses estudos surgem. Pesquisadores 
escolhem um ano, ou vários anos, checam os antigos registros médicos das
 crianças nascidas nesses anos, determinam quais foram diagnosticadas 
com autismo mais tarde e procuram algo que mais de 50% delas tenha em 
comum.
Se eles descobrem que 55% das crianças que moravam perto de uma 
rodovia tinham autismo, eles podem, então, lançar uma notícia dizendo 
que um estudo foi feito e concluiu que morar perto de uma rodovia 
aumenta o risco.
Há vários problemas nisso.
- Eles não estão contando as crianças que não foram diagnosticadas.
 - Muita informação pode estar desatualizada ou simplesmente incorreta. Dados históricos em estudos têm uma margem de erro enorme.
 - Quando você está procurando algo em comum, você pode encontrar praticamente qualquer coisa.
 
Permita-me explicar melhor o ponto número 3: vamos dizer que eles 
pudessem descobrir se um passarinho estava voando sobre a casa no 
momento da concepção em 51% dos casos de autismo. Isso poderia resultar 
em um estudo afirmando que pássaros voando sobre a cabeça durante o sexo
 poderia aumentar o risco de autismo.
Por sorte, não há como checarem isso, mas quer saber? É possível que aconteceu.
E isso significa que realmente aumentou o risco? Não.
Nota da Andréa: é muito parecido com aquela piadinha de que “100% das pessoas que tiveram câncer tomavam água”. 
Queridos pesquisadores: a gravidez está ligada ao autismo. Não precisam me agradecer.
Queridos pesquisadores,
Estou escrevendo para pedir que vocês parem, por favor.
Parem de tentar encontrar um jeito de culpar as mães. Parem de 
procurar por cada uma das coisinhas que vocês conseguem pensar para 
linkar com a causa do autismo.
Parem de assustar as pessoas. Parem de fazer as pessoas pensarem que 
elas tem que se mudar, perder peso, ter filhos mais cedo, esperar pra 
ter um segundo filho e uma outra lista de coisas com as quais vocês 
estão matando as pessoas de medo.
Parem de fazer as mães grávidas pensarem que ter uma febre causará 
autismo no filho, mas tomar Tylenol para a febre também causará autismo.
 Parem de fazer as mães pensarem que devem espaçar uma gravidez da 
outra, mas que elas também não podem ser velhas demais.
Simplesmente, parem!
Eu entendo que vocês só estão tentando achar a verdade. Eu entendo que vocês só estão tentando obter mais informações.
No entanto, isso já está passando do ridículo.
Eu fiz uma listinha dos estudos mais recentes só pra dar a vocês uma pequena idéia do tanto que isso está saindo do controle.
Formas de culpar as mães pelo autismo
Nascimentos muito próximos:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21220394?dopt=Abstract
Parto prematuro:
http://www.news-medical.net/news/20111018/Premature-infants-more-likely-to-develop-autism.aspx
Complicações pré-natais:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-7610.1990.tb00820.x/abstract
Não usar vitaminas pré-natais:
http://medicalxpress.com/news/2011-05-early-prenatal-vitamins-autism.html
Morar perto de uma rodovia:
http://articles.latimes.com/2010/dec/16/health/la-he-autism-20101217
Estar acima do peso:
http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304072004577328203742847094.html
Ter uma febre na gravidez:
http://www.latimes.com/health/boostershots/la-heb-fevers-pregnancy-autism-20120523,0,6934232.story
A gravidez está ligada ao autismo
Nesse ponto, podemos todos concordar que a gravidez está ligada ao 
autismo? Dar à luz está ligado ao autismo. Estar vivo tem um link com o 
autismo.
Não, essas não são as causas, mas elas estão ligadas! Respirar está 
ligado ao autismo! Abrir os olhos está ligado ao autismo! As batidas do 
coração estão ligadas ao autismo!
A teoria da “mãe geladeira” está morta e enterrada. Vocês podem, por favor, deixá-la no passado?
Já deu.
Parem de apontar dedos.
Agora que vocês já sabem que o nascimento está ligado ao autismo, 
vocês podem começar a gastar o seu tempo e recursos em algo que seja 
realmente útil.
Não precisam me agradecer.
Links para os textos originais em inglês:

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