Portia
Iverson falou durante a Reunião Anual da Academia Americana de
Neurologia. Ela também pediu mais pesquisas e novos remédios contra a
síndrome.
Cerca de 200 neurologistas, com anos de experiência em sua área,
lotam a sala. Na frente de todos está Portia Iverson, de fala pausada,
dando explicações detalhadas para a platéia formada quase que
exclusivamente por pessoas com muito mais conhecimento científico do que
ela. Mas quem é essa mulher sem formação acadêmica que ousa ensinar
cientistas? A resposta é simples: Portia Iverson é mãe.
E não qualquer mãe. Ela é mãe de Dov, um jovem americano diagnosticado aos três anos de idade com autismo
severo. Desde que descobriu a doença, Iverson e seu marido se dedicaram
à causa das crianças autistas e fundaram uma organização
não-governamental que pede mais pesquisas sobre a doença – a CAN, sigla
em inglês para “Curem o Autismo Agora”, que também significa algo como
“é possível” .
“Tirei meu filho do isolamento do autismo”
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Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse
Portia Iverson foi uma das convidadas especiais da Reunião Anual da
Academia Americana de Neurologia, em Chicago, nos Estados Unidos. Sua
missão? Ensinar os médicos a lidar com crianças autistas, baseada em sua
experiência de mais de dez anos cuidando de Dov. E mais: contar os
principais problemas que ela enfrenta, para tentar sensibilizar e
oferecer informações para novas pesquisas na área.
Para todos
Os conselhos da americana foram ouvidos por médicos, mas, segundo
ela, são para serem seguidos por qualquer pessoa que conviva com
autistas. O principal é: “Não aja com a criança como se ela tivesse uma
deficiência mental”. “Mesmo com as que têm autismo severo e que parecem
não estar ligadas no nosso mundo. Elas podem muito bem estar ouvindo,
prestando atenção, entendendo”, diz Iverson.
Ela recomenda que os problemas e as frustrações do autismo não sejam
discutidos na frente da criança, mesmo quando ela pareça estar distraída
com outra coisa. “Se elas estiverem entendendo vão se assustar mais ou
se fechar ainda mais em seu mundo”, afirma.
Outro conselho importante, segundo ela, para médicos e pais, é levar a
sério os problemas das crianças. “É tão cansativo cuidar de um autista
que às vezes achamos que tudo é culpa da doença. Se a criança está mal
humorada, com dor de barriga, com dor de cabeça ou com qualquer outro
problema, falamos ‘ah, é só o autismo’. E isso não é bom, porque
corremos o risco de deixar passar algum problema sério”, diz.
Concentração
Ela explica que não adianta querer atrair a atenção da criança quando
ela se concentra em alguma coisa. Primeiro, porque ela não tem controle
sobre isso. Segundo, porque não se sabe se ela é mais feliz interagindo
com os outros do que fechada em seu mundo. “É como quando temos uma
crise de compulsão e comemos demais. Alguém gosta disso? É claro que
não, mas não podemos nos controlar. Multiplique isso por um milhão e
terá o que acontece com as crianças autistas. Aposto que elas preferiam
estar brincando com as outras na rua, mas a atração por outras coisas é
muito, muito forte”, conta.
Portia Iverson também aproveitou a oportunidade para pedir que os
médicos se esforcem na busca por novos remédios e, se possível uma cura.
“É extremamente frustrante. Há dias em que Dov acorda, senta na cama e
agarra os olhos, se arranha, se coça, grita. É uma coisa que cansa a
gente só de olhar. Daí o surto passa e ele volta ao normal. Precisamos
de remédios que controlem essas coisas, pelo bem de nossos filhos”,
pediu ela.
Fonte: G1
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