segunda-feira, 29 de abril de 2013

Autismo é associado a anormalidades na placenta

Descoberta poderia permitir avaliação de risco de autismo e tratamento precoce

Imagem: Flickr/evilpeacock
Descoberta poderia permitir avaliação de risco de autismo e tratamento precoce
Por Karen Rowan e MyHealthNewsDaily

Um novo estudo descobriu que crianças com maior risco de autismo podem ter estruturas anormais na placenta que podem ser detectadas no nascimento.

De acordo com os pesquisadores, as descobertas sugerem que intervenções comportamentais que visam o desenvolvimento social e motor nessas crianças poderiam ser iniciadas imediatamente. Estudos mostraram que essas intervenções são mais eficazes em crianças com autismo quando iniciadas mais cedo. 

Ainda é muito cedo para dizer se um exame da placenta poderia ser usado como teste definitivo para o autismo no nascimento, explica o pesquisador do estudo, Dr. Harvey Kliman, diretor de Pesquisas Reprodutivas e Placentárias da Escola de Medicina da Yale University. Transtornos do espectro autista são tipicamente diagnosticados quando crianças têm entre três ou quatro anos, ou até mais que isso.

Porém, se essas estruturas forem encontradas no momento do nascimento de uma criança e intervenções forem iniciadas, a criança pode se beneficiar muito se tiver autismo, e haveria poucas desvantagens se a criança não tiver autismo – é improvável que elas sejam prejudicadas pelo esforço, explica Kliman.

No estudo, Kliman e seus colegas coletaram amostras de tecidos placentários de 117 crianças nascidas em famílias que já tinham uma criança com autismo, e os compararam com placentas de 100 bebês nascidos em famílias em que nenhuma criança mais velha tinha autismo. Os pesquisadores, que não sabiam quais placentas pertenciam a cada grupo de crianças, examinaram amostras das placentas em microscópio.

Enquanto uma em cada 50 crianças da população geral têm autismo, de acordo com a estimativa mais recente dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, o risco de autismo entre crianças com um irmão ou irmã mais velho que tem autismo é de 18,7%, de acordo com o novo estudo.

Os pesquisadores descobriram que estruturas chamadas de inclusões trofoblásticas (ITs) – que são pequenas invaginações em forma de fosso na placenta – eram muito mais comuns nas placentas de crianças com alto risco.

De acordo com o estudo, placentas de crianças em risco tinham uma probabilidade oito vezes maior de ter duas ou mais inclusões trofoblásticas se comparadas a amostras de controle.

O estudo mostrou que a presença de quatro ou mais ITs foi fortemente ligada ao grupo de risco. Nenhuma das placentas do grupo de controle teve quatro ou mais ITs, enquanto 19% das placentas do grupo de risco tiveram.

Isso sugere que usar uma nota de corte de quatro ITs na placenta poderia revelar com uma especificidade de 99% que uma criança está no grupo de alto risco. Em outras palavras, é extremamente provável que uma criança com quatro ITs placentárias tenha alto risco de desenvolver autismo, explica Kliman.

 No entanto, usar a nota de corte de quatro ITs poderia ser muito pouco para detectar crianças no grupo de alto risco: 81% de crianças no grupo de alto risco não tinham quatro ou mais ITs.

De acordo com Kliman, os pesquisadores continuarão a acompanhar as crianças no estudo para verificar quais delas acabam sendo diagnosticadas com autismo. Ele apontou que espera-se que cerca de uma em cada cinco crianças no grupo de alto risco desenvolva autismo. Será interessante ver se os 19% de crianças com quatro ou mais ITs se alinham com as que receberão o diagnóstico de autismo, contou ele à MyHealthNewsDaily.

Mas as descobertas não significam que as ITs provoquem autismo, alerta Kilman. Em vez disso, é provável que o que quer que provoque autismo em uma criança também faça com que as ITs se formem na placenta, explicou ele. “A placenta é um reflexo do que está acontecendo no cérebro”.

Pesquisadores sabem há muito tempo que ITs estão ligadas a anormalidades cromossômicas. O fato de ITs também serem encontradas em crianças com alto risco de autismo fornecem mais evidências de que a condição tem raízes genéticas, explicou Kilman.

O estudo foi publicado em 25 de abril, no periódico Biological Psychiatry.
 

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