Ideia de levar o balanço por lugares tão diferentes virou uma aventura de família e também uma série de fotos que fez sucesso nas redes sociais.
O Fantástico deste domingo (23) mostra uma história linda e comovente, que envolve um pai, um filho e um balanço. O filho é autista. O pai é do tipo que faz tudo para ver o filho feliz. E o balanço é o grande aliado que o pai encontrou.
“Um dia eu descobri que você gostava de balanço. Eu te empurrando, e você se acalmando. E eu acabei levando esse balanço para todo lugar que a gente ia. Era sempre assim você brincando e se acalmando e eu empurrando. Sempre juntos em todo lugar. Quer saber? não sei quem gosta mais desse balanço. Se é você ou eu”.
Essas são palavras de Pablo, o pai de Bruninho, um simpático menino de quatro anos.
O lugar preferido do Bruninho é o balanço. E nesse vai e vem, Pablo percebeu que o filho tinha algo de especial.
Pai: No dia que eu fui fazer uma foto com ele, no aniversário dele, não lembro o que era que não estava boa a foto. Daí peguei ele e disse "vamos sentar do outro lado para tirar uma foto melhor". Daí notei que ele brigou comigo, que ele se sentava do outro lado. Tentei botar em outro balanço, daí que eu descobri que ele não queria outro balanço, ele andou chorando nos balanços.
Fantástico: Ele estava resistente à mudança?
Pai: Sim, sempre no balanço da direita e virado para lá.
Esse forte apego a uma rotina e a resistência a mudanças são algumas das características de quem tem autismo.
Bruninho recebeu esse diagnóstico quando tinha 1 ano e 8 meses.
“Na realidade são crianças que tem um comportamento que chama a atenção desde cedo. Principal: falta de olhar nos olhos dos pais, dificuldade de mudar o foco de interesse, sempre gostar de um determinado interesse, muita dificuldade para se comunicar e pouco interesse pelas outras crianças, e muito mais interesse por objetos e pessoas”, diz o neuropediatra Rudimar Riesgo.
Hoje em dia o termo usado é transtorno do espectro autista, que vai de casos leves até os mais graves. O de Bruninho é considerado um caso leve.
Foi então que o pai do Bruno resolveu levar o filho para lugares bem diferentes. Projetou e construiu um balanço com mais de 70 quilos que dá para montar e desmontar. E botou o pé na estrada.
A ideia de levar o balanço por lugares tão diferentes virou uma aventura de família. E também uma série de fotos que fez sucesso nas redes sociais.
“É uma maneira de quebrar a rotina dele. Até mesmo como o balanço ele é desmontável, eu monto ele deixo brincar um pouco no balanço, desmonto ele e vamos brincar de outras coisas. Na cachoeira, jogar pedrinha na água, na lavoura de arroz mexer com o barro e depois monto ele de novo num outro ambiente e deixo ele brincar mais um pouco”, afirma o pai.
A diversão virou coisa séria. Pablo agora usa essas fotos para informar as pessoas sobre o autismo.
“Se eu tenho uma foto que eu sei que é uma foto boa, que chama a atenção, ali eu boto uma legenda que vai falar de autismo. Que nem a gente montou um balanço na estrada, não tem como tu não parar para ver a foto de um balanço na estrada. Essa é a minha ideia: passar o máximo de informação possível pro máximo de pessoas que eu conseguir alcançar”, destaca o pai.
Leva o balanço para lá, traz o balanço para cá. Dá uma canseira danada no pai, mas...
“Desde que a gente anda de balanço no condomínio, ele me dá um beijo, para mim tá pago. Todo o esforço com aquele beijo e um sorriso dele andando e balanço, tá pago”, diz o pai.
O neuropediatra alerta: o balanço pode ser ótimo para Bruninho e para outros meninos como ele. Mas não pode ser visto como um tratamento médico.
“É muito válido do ponto de vista humano. Não existe um método baseado nesse levar para lugares diferentes com o mesmo brinquedo, não existe nenhum baseado em evidências. É uma ideia bárbara de um pai que está fazendo tudo aquilo que ele pode né, e é uma ideia que a gente tem que aproveitar como uma ideia de pai, mas não como uma ideia de tratamento. Junto com isso deve haver a supervisão de algum profissional para que o pai consiga mais resultados, diz o médico.
“Eu acho que a gente perde muito tempo tentando ser feliz, "vou ser feliz amanhã quando eu trocar de carro ou amanhã quando eu trocar de casa" e perde cada momento único assim dele andando de balanço e se divertindo. Pronto, se ele gosta de andar de balanço eu vou montar um balanço para ele, vou levar para onde eu puder. Eu aprendi muito com um filho com autismo que a gente tem que viver um dia depois do outro, efetivamente, ser feliz toda a hora”, disse o pai.
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