sexta-feira, 27 de setembro de 2013
ALIMENTAÇÃO ADEQUADA PODE AJUDAR AS CRIANÇAS AUTISTAS
O
Autismo Infantil pode ser tratado com uma ampla variedade de terapias,
tendo diferentes graus de êxito. Não existe uma origem única dos
problemas vistos no autismo, mas hoje ele é tratado como uma doença multifatorial, com muitos fenótipos ou subgrupos, de aspecto imunológico, ambiental e genético.
Podemos citar a relação do autismo com o trato gastrointestinal, a
sensibilidade ao glúten e caseína, ao sistema imune, aos erros inatos do
metabolismo e a toxicidade por metais pesados e xenobióticos. É uma
desordem complexa com muitos fatores etiológicos.
E a nutrição é um importante contribuinte para
amenizar as características e os sintomas das desordens autísticas,
ocorrendo melhora significativa na sociabilidade e comunicação das
crianças. A alimentação adequada pode minimizar seus problemas
melhorando a qualidade de vida da criança e de seus familiares.
O cardápio dos pequenos não pode ser comum a todos: deve-se respeitar
a individualidade de cada criança, para garantir uma nutrição adequada e
balanceada, com alimentos ricos em nutrientes que levem à produção de
substâncias químicas necessárias para o funcionamento cerebral, assim
como aquelas que são necessárias para que o organismo produza
internamente outras substâncias químicas, enzimas e hormônios,
retirando-se possíveis alimentos alergênicos, alimentos
industrializados, açúcar e aditivos químicos em geral.
Ou seja, nada de corantes, conservantes, alimentos industrializados,
açúcar, soja, leite e derivados, produtos com trigo, aveia, cevada,
centeio e glutamato monossódico. A dieta isenta de caseína (tipo de
proteína encontrada no leite e derivados) e do glúten (proteína
encontrada em alguns cereais), favorece as crianças que estejam dentro
do espectro autístico, pois os peptídeos (resultantes do processamento
de proteínas) derivados da caseína e do glúten apresentam similares
opióides (substâncias naturais ou sintéticas derivadas do ópio) que
afetam os neurotransmissores no sistema nervoso central (SNC). Além de
promoverem efeitos como a redução do número de células nervosas do SNC e
a inibição de alguns neurotransmissores, causando alterações
comportamentais.
Além da dieta existem suplementos que podem ajudar a controlar ou
minimizar os sintomas do espectro autístico, como vitaminas, minerais,
ômega 3, probióticos, antifúngicos e enzimas digestivas, mas sempre
devemos analisar as necessidades individuais de cada criança.
E segue um alerta aos pais e educadores: Leiam sempre os rótulos, é
muito importante identificar a presença de ingredientes que podem
ocasionar uma piora nos sinais e sintomas das crianças, principalmente
naquelas que apresentam alguma intolerância ou alergia alimentar.
Priscila Bongiovani Spiandorello - Nutricionista Clínica – CRN3 8679
Pós-Graduada em Nutrição Clínica Funcional; Membro da Academia
Brasileira de Saúde Ambiental e Associada ao Centro Brasileiro de
Nutrição Funcional.
http://priscilaspiandorello.wordpress.com
prspiandorello@gmail.com.br
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autistas,
crianças
Vivemos para comer ou comemos para viver?
por Cláudia Marcelino e Priscila Spiandorello
A resposta é bem lógica, mas parece que estamos a cada dia
nos distanciando cada vez mais dela. A vida moderna, cada dia mais
agitada e corrida, está nos empurrando de forma acelerada para um tipo
de alimentação que privilegia a saciar a fome e os desejos, deixando em
segundo plano a estruturação física e o bem-estar.
As mudanças no comportamento humano ditados pela mídia e
por campanhas publicitárias, são percebidas de forma muito clara nos
estabelecimentos de nossos hábitos alimentares mutantes. Estamos
aprendendo a comer por meio de anúncios de televisão, quando deveríamos
estar aprendendo através de livros. É bastante comum ver uma criança
torcendo o nariz para um alimento que não esteja dentro de um pacotinho
colorido.
A máxima pregada pelos pais de “quero dar tudo do bom e do
melhor para o meu filho não se aplica no campo da alimentação. Dar-lhe
tudo do bom e do melhor, em vez de ser alimento natural e verdadeiro,
rico em nutrientes para o corpo (físico) e a alma (psíquico), significa
aqueles inúmeros alimentos industrializados, congelados, cheios de
químicos, conservantes e corantes, que inundam os nossos comerciais de
TV. A falta de uma disciplina para educação alimentar na escola, aliada
ao marketing agressivo direcionado as crianças, a falta de tempo para os
afazeres domésticos da família moderna e a cultura crescente de que o
fogão é peça fundamental para grandes chefs de culinária ou um símbolo
da subserviência da mulher, tem gerado uma corrida à alimentação vazia,
colocando em risco a saúde da população mundial desde muito cedo.
Há pesquisas recentes, como uma feita pela Unifesp e outra
publicada no Jornal de Pediatria, em que constata-se uma introdução
inadequada a alimentação já a partir dos 3 meses de idade em todas as
classes sociais. Refrigerantes, leite de vaca, macarrão instantâneo,
massas, sucos artificiais e bolachas recheadas, são itens bastante
consumidos por bebês a partir dessa idade.
Mas se apelarmos para a nossa memória, não será difícil verificarmos o quanto os hábitos alimentares têm mudado drasticamente.
Minha avó, no café da manhã, consumia leite puro de vaca
deixado nas casas das freguesas diariamente, bem cedinho, por aquele
produtor dono de umas vaquinhas e que também produzia queijo, suco de
frutas do pé, raízes cozidas na hora ou pães feitos em casa. Minha avó
morreu quando eu tinha 11 anos, mas ainda lembro das delícias que ela
fazia na minha primeira infância. No meu café da manhã já foi
introduzido o leite de saquinho, comprado todos os dias na mercearia da
esquina, fervido e bebido com café de grãos moídos na hora na mesma
mercearia e feito no coador de pano, com o pãozinho da padaria ou o
biscoito cream-cracker do supermercado. O café da manhã dos meus filhos
já passou a ser com aqueles cereais “super-saudáveis” que lhes dão uma
saúde “de ferro”, cheio de açúcar e corantes, complementados por leite
enriquecido com água oxigenada e o achocolatado de caixinha com 12
vitaminas e minerais sintéticos.
Asma, bronquite, problemas respiratórios, alergias,
rinites, sinusites, constipações frequentes, sistema imunitário que não
responde, vírus resistentes, distúrbios de aprendizado e comportamento
como hiperatividade, déficit de atenção e autismo ... obesidade,
hipertensão, diabetes, problemas cardíacos... problemas graves para a
saúde pública e galopantes, que deveriam nos pôr a pensar o que estamos
fazendo com as nossas vidas.
Por quê e para quê comemos?
Para nos mantermos vivos, pois o alimento nos fornece a
energia que precisamos. Ok! Mas será somente essa a função do
alimento?!! Os alimentos são fontes de energia, mas também de
nutrientes, como vitaminas e minerais essenciais para o funcionamento
adequado do nosso corpo, além de conter outras substâncias, como os
fitoquímicos, presentes em frutas, verduras e legumes, que têm
propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, auxiliando no
fortalecimento do sistema imunológico, combatendo os radicais livres e
agindo na prevenção de diversas doenças.
Saúde é um estado de completo bem-estar físico, emocional e
social e não apenas a ausência de doença, e ao longo dos anos
descobrimos que alguns alimentos que consumimos contribuem para a nossa
saúde, enquanto outros podem acelerar o processo de doença. É preciso
entender que alimentar-se é diferente de nutrir-se, alimentação tem que
ser prazerosa, faz parte dos nossos hábitos culturais e familiares, mas
precisamos ficar atentos ao que ingerimos, ao que estamos fornecendo
para o nosso corpo, pois o verdadeiro alimento contém a matéria-prima
importante para o funcionamento, para a formação e renovação celular
adequadas do nosso organismo, ressaltando sempre a importância da nossa
individualidade bioquímica, que significa que nem sempre o alimento que
faz bem para uma pessoa fará para outra!
E quando realizamos uma alimentação monótona, com pouca
variedade, com alto consumo de alimentos industrializados, e
conseqüentemente baixa qualidade nutricional, o nosso corpo ficará em
desequilíbrio, respondendo por meio do acúmulo de gordura, enxaquecas,
cansaços inexplicáveis, insônia, depressão, hiperatividade e até mesmo o
aparecimento de doenças auto-imunes e degenerativas. E no autismo? O
quanto a alimentação pode influenciar na melhora ou piora dos sintomas?
Dieta sem glúten e sem caseína
Sabe-se também que uma nutrição correta pode influenciar em nossas
características genéticas, já que a influencia do ambiente corresponde a
cerca de 70% no aparecimento de doenças. E que a nutrição adequada e
individualizada é um importante contribuinte para amenizar as
características e os sintomas das desordens autísticas, ocorrendo
melhora significativa na sociabilidade e comunicação, apesar desse fator
ainda não ser reconhecido oficialmente pela medicina convencional.
Por essa razão, existem várias intervenções nutricionais e
dietas adotadas para auxiliar o tratamento de crianças autistas. As
mais conhecidas são: a dieta sem glúten e sem caseína (SGSC), a dieta de
Feingold, a de Carboidratos Específicos, a BED (Body Ecology Diet) e a
dieta de oxalatos - sendo que a dieta com maior adesão pelas famílias
estadunidenses e inglesas é a SGSC, com relatos de melhoras de sintomas
em torno de 70% dos casos e seguidas pela maioria das famílias afetadas
pelo autismo e que adotam uma dieta ou uma reeducação alimentar como
forma de tratamento. Essa dieta também foi a primeira que começou a ser
divulgada no meio do autismo a partir de 1990, por pesquisadores
ingleses e noruegueses, junto a Universidade de Sunderland (no Reino
Unido), e que consiste basicamente nas retiradas de duas proteínas na
alimentação: o glúten (encontrado em produtos derivados do trigo,
centeio, aveia, cevada e do malte) e a caseína (encontrada nos leites
animais e seus derivados).
Nestes vinte anos de uso da dieta como um meio de
tratamento para estas crianças e os novos conhecimentos que foram sendo
adquiridos pela síndrome, hoje grande parte dos pesquisadores e famílias
admite que na dieta básica sem glúten e sem caseína, ainda seja adotada
a retirada de corantes e produtos químicos e industrializados da base
alimentar destes indivíduos.
Conversando com alguns terapeutas brasileiros que atendem
pacientes nestes países, sabemos que é difícil encontrar uma família que
não faça algum tipo de intervenção nutricional com sua criança, ao
contrário do que ainda ocorre no Brasil, onde uma dieta adequada para a
criança autista ainda é pouco divulgada.
Nestes países, Estados Unidos e Inglaterra, existem
centenas de livros a disposição dos pais para orientá-los a respeito de
uma alimentação adequada, específica e equilibrada para esta população,
livre de agressores e com suporte nutricional eficiente para o bom
desenvolvimento e prognóstico destas crianças.
No Brasil o primeiro livro a falar a respeito do assunto
foi lançado somente este ano: Autismo Esperança pela Nutrição, de
Claudia Marcelino ( editora M.Books, 296 págs., R$ 49,00).
Portanto, a importância dos cuidados com a alimentação,
deve ser desde a infância até a fase adulta, mas uma boa notícia: nosso
corpo diariamente se renova, então sempre se está em tempo de melhorar a
qualidade da nossa alimentação. Quando mudamos o nosso estilo de vida,
melhoramos a nossa vitalidade positiva, nosso humor, nossa maneira de
enxergar o mundo e as pessoas a nossa volta.
Nesse primeiro contato, gostaria de fazer uma reflexão:
por que precisamos comer? Precisamos refletir: que tipo de herança
gostaríamos de deixar para nossos filhos e netos. A relação com sua
saúde, o corpo e o ambiente que eles merecem e estamos deixando passar.
Qual a postura que gostaríamos que nossos filhos tivessem perante a
comida: a de manter a saúde ou a de saciar o desejo consumista?
Claudia Marcelino é mãe de autista,
escritora e, depois de 16 anos como doceira e banqueteira no Rio de
Janeiro (RJ), desde 2006 é criadora de receitas criativas, como diversos
tipos pães sem glúten e sem leite e panquecas sem ovos, todas no seu
blog, Dieta SGSC (dietasgsc.blogspot.com), além de manter o site Autismo em Foco (sites.google.com/site/autismoemfoco).
Twitter: @Clau_Marcelino
Priscila Bongiovani R. Spiandorello é
nutricionista clínica funcional (CRN3: 8679) e atende na Clínica Carla
Albuquerque, Vl. Nova Conceição (11) 3845-2745 ou 3045-9258 e no
consultório em Moema (11) 5052-1221, ambos em São Paulo (SP).
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Autismo e Nutrição Funcional
O autismo é uma doença que vêm freqüentemente crescendo e há
fortes indícios que seria por causa de fatores ambientais, já que a
proporção desse aumento não pode ser justificado apenas pela genética,
pois alterações genéticas sempre mantém a mesma proporção.
Muitos estudos, então, vêm tentando desvendar outros fatores que
levam ao aparecimento desta doença. Dentre as alterações que
constantemente aparecem em autistas estão alterações gastrintestinais,
como a má digestão de certos alimentos, hiperpermeabilidade intestinal, o
que facilita a passagem de alimentos mal digeridos pelo intestino,
alcançando a corrente sanguínea, desencadeando reações alérgicas, e /ou
inflamatórias, que ativam o nosso sistema imunológico.
O sistema imunológico é o segundo pilar que deve ser estudado quando
se trata de autismo, que pode ser modulado, através de nutrientes, além
de outras alternativas, como tratamentos antifúngicos, extremamente
relacionados com esta patologia. E em terceiro lugar temos as alterações
no sistema cerebral, que pode ser influenciado pelos outros fatores já
descritos.
A desintoxicação de metais pesados também parece ser extremamente
necessária em pacientes autistas, então, este deve ser mais uma linha de
pesquisa na busca do tratamento destes pacientes.
Quando se pensa em nutrição para autistas dependerá muito das causas,
história do desenvolvimento dos sintomas, se foi após uso de
antibióticos, se foi após alguns tipos de vacinas, ou se não houve
motivo aparente. Então o tratamento nutricional destes pacientes deve
ser muito individualizado, e de preferência, depende de uma série de
exames para identificação desde alergias alimentares (nunca desprezando
sintomas clínicos), até a presença de crescimento de fungos no intestino
e/ou aumento de toxinas ou compostos análogos (parecidos com os que
encontramos normalmente no organismo), mas que interrompem ou prejudicam
as vias metabólicas normais destes indivíduos.
Os alimentos que foram mais relacionados com o autismo são os que
possuem glúten (trigo, cevada, centeio, aveia) e caseína (laticínios),
mas outros também podem ser prejudiciais dependendo da individualidade
bioquímica, como: ovos, tomate, berinjela, abacate, pimenta soja, milho e
nozes.
Devem ser evitados aditivos químicos como os corantes, conservantes,
nitratos, sódio e adoçantes. Portanto, evitar o consumo de alimentos
industrializados e procurar uma alimentação rica em frutas, verduras,
grãos integrais e legumes. Além disso, é importante evitar consumir
cafeína e nem bebidas alcoólicas.
Procurar manter os níveis de glicose no nosso sangue constantes, pois
é importante para a função cerebral. Para isso, consumir alimentos a
cada 3 horas em pequenas quantidades, assim, o organismo tem suprimento
constante de energia e não vai ter picos e nem quedas de glicose ao
longo do dia.
Uma dieta antioxidante que ajudará a eliminar as toxinas e nutrir o
organismo, além de manter glicemia é fundamental. Estas condutas também
auxiliarão no bom funcionamento do intestino que é fundamental nestes
pacientes, tanto para melhorar a sensibilidade alimentar, quanto para
diminuir hiperpermeabilidade intestinal e melhor a imunidade. A
utilização de produtos antifúngicos também pela nutrição é de grande
valia.
Com isso, podemos perceber que invariavelmente a nutrição está
envolvida com o tratamento do autismo, sendo que, muitos profissionais
acreditam que a nutrição individualizada nestes pacientes deve vir antes
de outras alternativas, tanto pela sua melhora do quadro, quanto por
preparar o organismo para responder melhor aos outros tipos de
tratamentos.
Alimentação no tratamento de autismo
por Jocelem Salgado | |||||
Ele é considerado uma síndrome caracterizada
por transtornos qualitativos e quantitativos de interação
social, comunicação e uso da imaginação. Os
sintomas surgem nos primeiros 36 meses de vida. *Em média 60 a
65% dos autistas sofrem de retardo mental e 15 a 30% de convulsões.
Hoje o autismo é nomeado como “síndrome do espectro
autista” porque o quadro clínico é muito variado,
existem autistas com elevado grau de desenvolvimento intelectual e sociabilidade
e outros que apresentam um quadro severo de retardo mental e insociabilidade.
O autista não interage com outras pessoas, ele pode entrar em
uma sala com várias crianças e não brincar com elas.
Muitos são resistentes à mudança de rotina. Existem
relatos de autistas que não reconheceram o caminho para escola
porque o pai mudou o percurso ou não queriam ir para a aula porque
a camiseta do uniforme tinha mudado de cor. Eles não mantêm
o contato visual, usam as pessoas como ferramenta para conseguirem o que
querem. Apresentam risos e movimentos inapropriados, modo e comportamento
arredio, giram objetos de forma bizarra e peculiar, não demonstram
medo de perigos reais, agem como se fossem surdos e resistem ao contato
físico.
Esta síndrome não apresenta sintomas clínicos.
Quando você olha para um autista sua aparência é de
uma pessoa normal. Somente quando se observa o seu comportamento percebe-se
que ele é diferente. Para o diagnóstico, é imprescindível
que os profissionais envolvidos sejam treinados e capacitados, pois é
baseado em avaliação clínica.
Essa síndrome pode ocorrer em qualquer família, não
escolhe raça ou classe social. A prevalência mundial é
de *15-20 autistas para cada 10.000 habitantes. Nos Estados Unidos *dados
de 2008, mostram uma incidência maior, ou seja, de 1 em cada 150
crianças, com tendências a aumentar esse número. O
sexo masculino é mais afetado cerca de 3 homens para cada mulher,
embora ainda não se tenha uma explicação científica
para isso. O número de novos casos diagnosticados aumenta em média
3,8% ao ano, isso se deve ao maior número de diagnósticos
de casos leves. Antigamente pouco se sabia sobre a doença, por
isso apenas casos mais severos eram identificados.
O único dado oficial do Brasil revela a existência 600.000
autistas, mas estima-se que existe pelo menos um milhão de casos
não diagnosticados. O ano passado o Ministério da Saúde
iniciou uma pesquisa para levantar a real prevalência no país.
A causa do autismo ainda é desconhecida existe uma associação
entre fatores genéticos e ambientais.
Os fatores genéticos estão relacionados a alterações
neurológicas, mas até o momento não existe nada definido
de forma conclusiva.
O fator ambiental está ligado às condições
pré e pós-natal como a ocorrência de rubéola
durante a gravidez, baixo peso ao nascer, complicação durante
o parto e dificuldade respiratória.
Para que se tenha um bom prognóstico com relação
ao tratamento, é preciso que seja realizado um diagnóstico
precoce. Um diagnóstico seguro pode ser realizado antes da criança
completar dois anos de idade, desde que alguns aspectos clinicos não
sejam desprezados. As crianças autistas normalmente têm histórico
de infecções e alto consumo de antibióticos nos primeiros
anos de vida. As fezes podem ter aparência mucosa, e de coloração
variante, entre amarelo, esverdeado e avermelhado, e podem ter odor de
mofo com intensa flatulencia (gases). Apresentam sinais caracteristicos
de alergias, como olheras, olhos inchados, cilhos compridos. Embora se
alimentem bem podem apresentar aspecto de subnutrição. Frequentemente
apresentam abdomen distendido, e inchado, com intensa movimentação
visceral. Apresentam mau hálito. Podem apresentar regressões
no desenvolvimento, após uso de vacinas. Mais de 60% das crianças
autistas têm pais com histórico de propensão a doenças
alérgicas, incluindo asma e alergias de pele.
O autismo não tem cura. O tratamento deve envolver uma equipe
multidisciplinar e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida através
do controle dos sintomas comportamentais e condicionamento do indivíduo
à vida social respeitando suas limitações. Devido
às incertezas sobre sua causa existem várias propostas de
tratamento.
Tradicionalmente as linhas comumente adotadas são: tratamento
farmacológico onde a prescrição medicamentosa atua
sobre os sintomas e a intervenção psicopedagógico
que consiste em terapia fundamentada em associação, rotina
e aprendizado.
Em conjunto com esstes tratamentos outros podem ser integrados como
a psicoterapia, fonoaudiologia, musicoterapia e equoterapia.
Alimentação no tratamento de autismo
No tratamento do autismo a alimentação tem um papel fundamental.
Alguns alimentos podem intensificar os sintomas como a farinha de trigo,
o leite e a soja. Quando eles são retirados da dieta os autistas
geralmente ficam mais calmos e ocorre melhora da atenção
e concentração.Isso ocorre porque grande parte dos autistas
apresentam uma deficiência enzimática que inibe a digestão
completa da proteína presente na soja, leite e trigo. Essa condição
leva à formação de
grande quantidade de pequenos peptídeos (fraguimentos de proteína)
dentro do intestino. Esses peptídeos possuem ação
farmacológica semelhante ao ópio. Esses compostos apresentam
a capacidade de atravessar a parede do intestino, cair na corrente sanguínea
e chegar ao Sistema Nervoso Central. Atuam como uma substância opiácia
no cérebro intensificando os sintomas da síndrome, como
a falta de concentração e isolamento.
Os salgadinhos, sucos em pó artificial e gelatina são
muito ricos em corantes. Hoje se sabe que os corantes estimulam a hiperatividade,
por essa razão devem ser banidos da dieta dos autistas.
A ocorrência de sintomas gástricos é muito elevada
em autistas, como constipação intestinal, (intestino preso),
diarreia, gastrite, refluxo.
Para normalizar o funcionamento do intestino recomenda-se o uso de probióticos
em cápsula. No caso de gastrite e refluxo evitar alimentos que
irritam o estômago como: temperos industrializados, extrato de tomate,
café, chá preto, alimentos fritos e alimentos ácidos
como laranja, limão e abacaxi.
A suplementação com cápsulas de ômega três
melhora a concentração e aprendizado.
Os autistas têm uma um hábito alimentar restrito, e são
muito resistentes à introdução de novos alimentos
na dieta. Mesmo com essas limitações procure estimular o
consumo da maior variedade de alimentos para evitar deficiências
nutricionais como a falta de vitamina e minerais.
As peças fundamentais para o sucesso do tratamento do autismo
é o amor, a dedicação e acima de tudo compreensão
de todas as pessoas que o cercam.
Procurem pelo menos, uma única vez, se colocarem no lugar de
um autista. Façam o exercício que a pesquisadora francesa
Happé sempre pede para os ouvintes de suas palestras fazerem! Se
coloquem no lugar deles! Imagine estar em um país distante, em
uma cultura desconhecida, sem compreender o idioma, com as mãos
atadas, sem entender os outros e sem a possibilidade de se fazer entender.
Esta é a sensação que o autista tem do mundo em
que vive! Por isso quando vir um autista, se por algum motivo ele fizer
algo que foge à sua compreensão não se esqueça!
Ele age assim porque não compreende o que está à
sua volta. “Um autista se definiu como um ser extraterrestre que
cai no planeta Terra sem manual.”. Pense nisso!
Mais informações: www.jocelemsalgado.com.br
*www.autism.com
artigo científico: WHITE, J.F. Intestinal Pathophysiology in Autism.Exp
Bio Med. v.228, p. 639-649, 2003.
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/dieta_autismo.htm |
O Trabalho Terapêutico
"O trabalho
afasta de nós três grandes males:
o tédio, o vício e a necessidade."
o tédio, o vício e a necessidade."
Angela
era ainda bem nova, quando foi levada a algumas clínicas ou escolinhas.
Logo descobrimos que existe todo um sistema sutil, ávido e ganancioso,
montado visando a exploração inescrupulosa da deficiência como meio
de faturar às custas do sofrimento. São os leiloeiros da miséria
alheia. O fato de essas crianças serem indefesas, não poderem falar
ou reclamar, propicia sobremodo o embuste, a que todos somos sujeitos,
na ávida e gananciosa sociedade moderna.
Numa
das clínicas, Angela tinha 3 horas diárias de trabalho, à tarde:
fonoaudiologia, a.v.d. e psicomotricidade. Numa dessas tardes, Sonia
ficou livre às 15 horas e pensou: porque ir para casa, se logo terei
que voltar para buscá-la? Comprou uma revista e estacionou o carro
quase em frente à clínica, onde ficou lendo. Pouco depois observa
que a terapeuta chega à janela, em companhia de Angela. Passa-se
o tempo, e a situação não muda. A terapeuta fuma cigarro após cigarro,
enquanto Angela olha para o nada. Estranha terapia, que se prolongou
por 45 minutos. Como seria o restante?
Durante
as nossas reuniões, ouve-se casos. Fernando tem 8 anos e sua mãe
o leva diariamente para ser atendido pela psicóloga. O pai é empresário,
e não regateia o alto preço. Um dia, no impedimento da mãe, é ele
quem o leva. A criança entra para o consultório, e a porta se fecha.
Algum tempo depois Francisco Bernardes fica sem cigarros e resolve
sair para comprá-los. Decide, porém, avisar a terapeuta. Abre a
porta, que estava destrancada, e se depara com um estranha cena:
a psicóloga tranqüilamente almoça, enquanto a criança observa, sentada
num sofá. Terapia?
Um
outro problema com que nos defrontamos é a crença, predominante
em nossa cultura, na causa psicológica das doenças mentais. Em consequência
a orientação dos trabalhos terapêuticos é bastante marcada pela
influência da psicanálise. Reportemo-nos aos trabalhos de Levitt:
"conclusão inevitável é que os estudos de avaliação disponíveis
não fornecem base razoável para a hipótese de que a psicoterapia
facilite a recuperação de doenças emocionais em crianças."
Outra
não poderia ser a interpretação da psicóloga Janet Brown, do Centro
Putman para crianças, em Boston, que adotava a linha psicanalítica,
no qual compara resultados de psicoterapia: "É algo surpreendente
que não existam diferenças significativas entre grupos, sejam quais
forem as variáveis consideradas - a idade das crianças, o tempo
de tratamento, a experiência dos terapeutas, o trabalho da mãe,
o tratamento do pai - nada faz diferença".
O
Autista é um ser isolado, que vive no seu mundo interior, tem dificuldades
de se comunicar. Existe, indubitavelmente, uma falha no sistema
cognitivo destas crianças, que faz com que o cérebro não tome conhecimento
perfeito do que os seus órgãos do sentido captam. O primeiro passo
é desenvolver este sistema cognitivo, estabelecer um canal de comunicação,
abrir um elo entre o seu universo fechado e o exterior.
As
chances de uma criança autista estabelecer uma boa comunicação com
o mundo exterior dependem diretamente da idade em que é feito o
diagnóstico e se inicie o trabalho, e da habilidade e dedicação
do terapeuta. A intervenção deve ser precoce, pois hoje é sabido
que o cérebro é particularmente maleável à aquisição de aptidões
de comunicação durante os primeiros anos de vida. É entre um e cinco
anos que o sistema cognitivo, com sua rede de neurônios cerebrais,
se desenvolve mais aceleradamente. A comunicação deve se iniciar
com imagens, gestos, sinais, palavras e bastante explorado o contato
físico, que recebe muita ênfase na terapia do abraço (holding therapy).
Existem
grandes polêmicas sobre as diversas opções terapêuticas para o autismo.
É natural que as famílias e os terapeutas procurem a abordagem que
lhes pareça mais promissora, ao sabor de suas inclinações, crenças
ou interesses pessoais. Porém, diante de um problema tão angustiante,
é necessário que aqueles que estão envolvidos com crianças autistas
não se deixem impressionar por soluções milagrosas ou estapafúrdias
e procurem encontrar uma solução de compromisso entre a desconfiança
excessiva e a aceitação passiva, na busca de uma abordagem adequada.
Tarefa que não é fácil, uma vez que muitas das opções não estão
descritas ou avaliadas convenientemente na literatura disponível
e existem muitas controvérsias a respeito. Situação que é bastante
complicada pelo desespero dos pais, na busca de uma cura miraculosa.
Até
o presente momento, nenhum das propostas terapêuticas existentes
provou ser capaz de curar o autismo, um distúrbio intrigante que
continua a desafiar a ciência médica. Mas tem sido possível uma
considerável redução da sintomatologia e uma melhora no comportamento,
facilitando a vida da família e a integração dos pacientes na sociedade.
É fundamental que a abordagem não fique limitada a apenas um único
processo terapêutico, mas que sejam usados diversos recursos alternativos,
de forma complementar.
A
Terapia Pedagógica ou educativa deve ser encarada como uma primeira
opção. Uma série de avaliações práticas evidenciaram que as crianças
autistas não conseguem estruturar o mundo de uma forma adequada,
e daí ser necessário lhes transmitir essa estruturação por pequenas
etapas, num quadro de um programa educativo compensatório, que poderíamos
designar de psicopedagogia interdisciplinar. Os únicos questionamentos
se limitam, de um modo geral, às divergências nas técnicas e na
aplicação.
A
abordagem pedagógica depende muito do pragmatismo, espírito de criatividade,
experiência e bom senso do educador, e deve ser complementada com
o auxílio de recursos diversos como imagens, desenhos, pinturas,
música, jogos, brinquedos especiais, atividades artísticas, manipulação
com massas e, ultimamente, até trabalhos com computador. O importante
é estimular a criança, dar-lhe atividades, tanto físicas quanto
mentais, e não deixa-la se isolar e se afundar nas estereotipias,
que acabarão por domina-la, atrofiando ainda mais o seu sistema
cognitivo, caso não haja uma estimulação permanente. As principais
técnicas educacionais são o condicionamento ou terapia comportamental,
e o método TEACCH, que vem se expandindo com relativo sucesso, nestas
últimas décadas.
Uma
segunda alternativa, que tem muitos defensores, é a dos suplementos
nutricionais. Há anos, que adeptos da medicina ortomolecular os
vêm prescrevendo, com especial ênfase nas vitaminas, como um meio
poderoso de manter e recompor a saúde. O uso de vitaminas, porém,
deve ser controlado porque existe o risco de intoxicação com doses
muito elevadas de certas vitaminas.
Para
o caso específico de autismo, tem sido muito apregoada, pelo Dr.
Rimland, do Instituto de Pesquisa de Autismo (USA) a Nuthera e o
DMG. A Nuthera é um complexo vitamínico, com base em altas doses
de vitamina B-6 e Magnésio. Seu uso deve ser considerado e não há
razão para ser evitá-lo, uma vez que a vitamina B6 está relacionada
com a formação dos neurotransmissores. Os pais devem procurar, experimentalmente,
a melhor dosagem, através de tentativas. É interessante recorrer
a um avaliador "cego", como tal um terapeuta que tenha
contato com a criança mas não tenha conhecimento da administração
da fórmula, para conseguir uma avaliação descompromissada e sem
influências.
Na
prática, se constatou que os pais não se mostraram muito persistentes
na aplicação da Nuthera. Mas a Mega Vitamina, como também é conhecida,
apresentou excelentes resultados na redução da hiperatividade e
dos problemas de sono de Angela. Contudo, em muitas outras crianças,
que também a ela recorreram, não se notou nenhum efeito apreciável.
Com
o DMG (dimetilglicina), os resultados foram ainda menos encorajadores,
embora relatórios do Instituto de Pesquisa de Autismo divulguem
relatórios entusiasmados. Porém inexistem estudos comprobatórios
e, como resposta de correspondência dirigida aos fabricantes, indagando
sobre dados da aplicação na terapia do autismo, recebemos apenas
listas de preço e anúncio de outros preparados.
A
medicação é um outro recurso, frequentemente usado. Sem dúvida,
é necessária para colocar alguns paciente sob controle, diante de
alguns sintomas mais graves, principalmente em casos de agressividade
ou convulsões. Porém acredito que existe uma tendência a abusar
de certas drogas neurolépticas, cujos efeitos colaterais sempre
são terríveis e nunca contribuem para uma melhoria efetiva, além
de poderem provocar dependência. O efeito pode ser contraditório
e até paradoxal, variando de paciente para paciente, pois nem todos
respondem da mesma forma. É um recurso muito usado em clínicas ou
internatos, para que o paciente não dê muito trabalho. As drogas
apenas dopam o paciente e o tornam mais controlável, enquanto perdura
o seu efeito. Na minha opinião e como resultado da minha experiência,
deve-se evitar o seu uso pois os efeitos colaterais são desastrosos.
Muitas destas drogas provocam, de imediato, uma amenorreia, que
pode se prolongar por vários meses, após a suspensão do medicamento.
Desencadeia, portanto, um distúrbio hormonal. Um dos medicamentos
recomendados por Temple Gradin, uma autista de alto nível intelectual,
portadora de Síndrome de Asperger, é o Tofranil, indicado para alguns
casos de depressão e agressividade. Reporta ela que aliviava a sua
tensão. Contudo, sua bula já assusta, pois revela que provoca baixa
plaquetária no sangue, sonolência, fadiga, inquietação, confusão,
delírios, desorientação, alucinações, ansiedade, agitação, vertigens,
sedação, etc. Este medicamento foi aplicado em Angela, a nossa revelia,
sob prescrição de um neurologista. A consequência foi ela, depois
de alguns meses, sofrer reações tão violentas e graves que exigiu
internação num CTI. Convém, portanto, ter toda a cautela, na administração
de quaisquer destas drogas e usá-las, se necessário, em doses mínimas.
Um
medicamento que tem sido muito apregoado, para reduzir a auto-agressividade
e o isolamento é o Naltrexone (Anne Walters - Journal of Autism
nº 2 Vol. 20), que bloqueia os opiáceos que são produzidos pelo
organismo. Há diversas teorias sobre a participação dos níveis inadequados
de opiáceos, no autismo.
A
cada dia surgem novas descoberta. A mais recente, publicada no Brown
University Child and Adolescent Psychopharmacology Update em setembro
de 1999, relata que Famotidine, um pepcídio usado para tratar úlceras
pépticas, provocou melhoras em pacientes autistas. Um estudo da
Dra. Linda A. Linday, em nove pacientes autistas entre 4 e 9 anos,
apresentado no Encontro anual da Associação Americana de Psiquiatria,
revelou que quatro dos jovens (44%) apresentaram melhoras com este
tratamento. Uma amostragem muito reduzida, para permitir conclusões
seguras.
Ultimamente
surgiram também muitas expectativas com o uso de Secretin, um hormônio
polipeptídio, envolvido no controle da função gástrica. Segundo
os proponentes da teoria do autismo como decorrência de excesso
de opiáceos no cérebro, o Secretin provocaria reações que neutralizariam
este efeito.
Uma
outra forma proposta para diminuir os problemas potenciais causados
por estes peptídeos prejudiciais, seria a dieta. A intervenção dietética
tem sido muito recomendada, ultimamente, não só para autistas mas,
de um modo geral, para todos, independente de idade e situação.
Diversos estudos realizados têm demonstrado a estreita relação entre
a alimentação e a saúde. Do que tem resultado uma verdadeira corrida
aos ditos "alimentos naturais" e sem agrotóxicos.
Atualmente
ninguém ignora que alimentos ricos em gorduras saturadas é responsável,
em grande parte, por males cardíacos e coronarianos. E quanto ao
cérebro? Muitas pessoas são alérgicas a determinados tipos de alimentos,
que poderiam afetá-las, mentalmente. Isto é indiscutível em pacientes
com fenilcetonúria, um distúrbio metabólico diante do qual uma dieta
adequada, desde tenra idade, possibilita evitar a instalação de
distúrbios mentais. Conservantes, empregados em alimentos industrializados,
têm sido apontados como responsáveis pela hiperatividade. Um dos
alimentos que tem sido muito criticado é o leite de vaca, cujo consumo
é condenado por diversos nutricionistas. Existem diversos estudos
sobre a intolerância a vários alimentos e produtos químicos, que
são apontados, em muitos casos, como responsáveis por provocar ou
agravar distúrbios de comportamento.
De
um lado existe o forte efeito da propaganda que, na busca de lucro
fácil, sempre atropelando as boas intenções, nos pressiona a consumir
alimentos inadequados ou até prejudiciais. Do outro lado, tem surgido,
nestes últimos anos, uma forte reação da sociedade, que resultou
na criação de diversas organizações mundiais dedicadas a discutir
este tipo problema. Destas poderíamos citar, nos EUA, a Feingold
Association, a Analytic Research Labs (Phoenix), e a Practical Allergy
Research Foundation (Buffalo). Todas elas dispõem de considerável
literatura sobre os desequilíbrios nutricionais, porém nenhum relativo
ao autismo.
A
Integração Sensorial é um recurso que tem sido bem aceito e considerado
como extremamente útil em alguns casos, como uma terapia complementar,
uma vez que o autista, de uma forma geral, apresenta uma reação
sensorial bastante anômala. Embora inexistam regras fixas para se
realizar essa tarefa, pois cada criança responderá de forma individual,
são bem conhecidas técnicas de abordagem que produzem resultados,
como as indicadas por Tansley no seu livro Treinamento e Percepção.
Segundo seu trabalho, direcionado para a criança deficiente, é importante
o desenvolvimento do esquema corporal, em que a criança deve tomar
consciência tátil e visual do seu corpo. Devem ser feitos exercícios
visando estimular o tato e os demais órgãos do sentido. Temple Gradin
defende a sua aplicação e até desenvolveu uma máquina que denominou
"Squeeze Machine", como uma forma mecânica de estimulação
tátil, que descreveu em seus trabalhos.
A
Terapia do Abraço (holding therapy) é realizada envolvendo o paciente
em abraços forçados que, teoricamente, passariam pelas fases de
aceitar, resistir e aquiescer. O objetivo é forçar um contato corporal
até torná-lo aceitável, de forma a vencer a tendência natural do
autista ao isolamento. A Sra. Gerlach, autora do Autism Treatment
Guide, supõe que a "holding therapy" possa representar
uma versão um tanto exagerada da Integração Sensorial. Este é um
recurso que pode apresentar alguns benefícios e para o qual não
existe nenhuma restrição, sob o ponto de vista terapêutico. Muito
ao contrário, pesquisas atuais demonstram que o contato físico entre
o bebê e sua mãe, pode ter efeitos profundos, não só psicológicos
mas principalmente fisiológicos. A Dra. Tiffany M. Field, pediatra
e psiquiatra da Universidade de Medicina de Miami verificou que
bebês que recebem 3 ou mais períodos de 15 minutos diários de contatos
e carícias, inclusive crescem mais dos que os que não recebem. Estudos
feitos com ratinhos mostraram que as taxas hormonais ficam abaixo
do normal, quando eles são afastados de suas mães.
A
terapia do abraço, aliás, tem sido usada, pelos psicanalistas, como
um pretexto para justificar a teoria psicogênica, da qual muitos
deles não desistem. Alegam, tentando explicar a mecânica deste processo,
que o relacionamento com a criança autista não se estabelece devido
à reciprocidade social, pois ela se isolaria num processo defensivo
diante da constatação de ser rejeitada. Esta é uma mera especulação
que não deve ser considerada.
Um
outro caminho que deve ser olhado com respeito, embora mais indicado
para crianças com problemas motores, é o indicado por Doman e trazido
para o Brasil pelo Dr. Veras, já falecido, e aplicado na Clínica
N.Sra. da Glória, no Rio.
Não
deve ser esquecida a importância das atividades físicas, na nossa
saúde física e mental. O efeito dos exercícios sobre o corpo e a
mente são conhecidos desde a antiguidade, sob o lema "Mens
Sana in Corpore Sano". Pesquisas realizadas com pessoas autistas
mostraram que vigorosos exercícios físicos podem diminuir as estereotipias
e comportamentos perturbados (McGimsey & Favell, 1988; Walters
& Walters, 1980).São altamente recomendáveis caminhadas, jogos
e, principalmente, natação pois a criança autista tem uma enorme
atração pela água. Muitos estudos já demonstraram que a atividade
física reduz a depressão e a ansiedade, acalma e relaxa. É sabido
que estimula o metabolismo orgânico e mental de todos, sejam normais
ou deficientes. Em especial, reduzem as estereotipias e retiram
o autista do seu isolamento num mundo a parte, obrigando-o a prestar
atenção no que está fazendo. Este princípio, criado e desenvolvido
pela Dra. Kitahara foi, aliás, adotado com bastante sucesso pela
Escola Higashi, no Japão, tão famosa pelos excelentes resultados
obtidos, que muitas famílias americanas levarem seus filhos para
lá. É interessante se observar que a Dra. Kitahara era advogada,
e não uma especialista da área.
Como
recursos terapêuticos complementares de grande importância, não
poderia deixar de citar a musicoterapia. A música, cujo efeito sobre
a mente é inegável, e é muito empregada em técnicas de relaxamento,
apresenta a vantagem de ser muito apreciada pelos autistas. É importante
citar que se conhece alguns casos de pacientes desta síndrome que
revelaram uma surpreendente aptidão musical, e aprenderam até mesmo
a tocar piano sem nunca terem recebido aulas. Um destes casos, bastante
documentado, é de um jovem que não se comunica, mas é capaz de reproduzir
qualquer música que ouça uma única vez. Ninguém conseguiu encontrar
uma explicação para tal feito.
É
muito importante destacar que o trabalho terapêutico não deve ser
feito em regime ambulatorial, como muitos insistem, porque exige
uma equipe multidisciplinar integrada e atuante, que estimule a
criança de uma forma intensa e continuada, durante várias horas
por dia. É indispensável que o ambiente seja bastante organizado
e bem estruturado. O ideal é que se disponha de amplas áreas verdes
e seja proporcionado o contato com pequenos animais. Um cão de pequeno
tamanho, de uma raça brincalhona como o poodle, por exemplo, e que
seja criado com a criança para poder aceitá-la, contribui muito
para tirar a criança do seu isolamento.
Finalmente
é, ainda, oportuno observar que existe a crença, infundada, de que
a institucionalização do jovem, num regime de internato, apresenta
resultados desfavoráveis, devido ao afastamento do aconchego materno.
No "Hilda Lewis House", em Camberwell, perto de Londres,
as crianças só são recebidas sob a condição de os pais aceitarem
ser integrados nos programas de treinamento. Segundo eles, o objetivo
principal é assumir temporariamente a criança, enquanto os pais
não conseguem fazer face à crise de comportamento.
Este
é, contudo, um conceito de origem psicanalítica e bastante controverso.
Algumas mães conseguem enfrentar o problema com bastante desenvoltura.
Nestes casos a participação dos pais é de extrema importância. Porém,
nem sempre a mãe tem estrutura para enfrentar tal situação. Sonia,
por exemplo, entrava em depressão e desespero, sem conseguir dar
uma contribuição positiva para o trabalho terapêutico. Em alguns
casos, a criança autista tem um comportamento tão comprometido que,
se a mãe não for muito forte, psiquicamente falando, isto pode provocar
uma completa desestruturação familiar, como prejuízos globais para
todos. Nesta situação é altamente recomendável o internamento em
uma clínica especializada. Esta solução é preconizada pela Dra.
Kitahara, da Escola Higashi. Segundo ela, a presença permanente
de uma criança altamente perturbada, no seio da família, provoca
uma total desestruturação e prejudica, em especial, seus irmãos.
A minha experiência me leva a concordar com ela.
É
preciso considerar, também, que muitas mães se deixam dominar, compreensivelmente,
por um sentimento de superproteção e até interferem na terapia,
prejudicando o trabalho terapêutico dos profissionais, agravando
a problemática. Esta atitude, aliás, não se aplica somente aos casos
de crianças com distúrbios de comportamento. Muitas mães estragam
seus filhos, mesmo quando eles são normais. Toda criança precisa
de limites, seja normal ou não. Quando a mãe não se conscientiza
desta necessidade, ela mais atrapalha do que ajuda.
Nós
não tínhamos, então, nenhuma experiência e muito do que fizemos
foi tateando no escuro ou pela casualidade. Não é difícil descobrir
que a socialização é extremamente importante. Ensinar o autista
a conviver e brincar com outras crianças é uma contribuição de enorme
valia. Aliás é de se notar que ninguém se entende melhor com uma
criança, do que outra criança. Mas esta convivência, esta participação
na sociedade, se defronta com uma enorme barreira. A barreira do
preconceito e da discriminação, que precisa ser vencida.
Como
se pode imaginar, é todo um trabalho complexo, difícil, de resultados
lentos e bastante caro, o que pode tornar difícil ou até impossível,
para muitos, uma terapia adequada.
(Do
livro "A Saga do Autismo" de Pedro Paulo Rocha – Fundador
da APARJ e da ABRA e presidente da APARJ) Reprodução autorizada
desde que seja citada a fonte e o autor.
Mundo colorido… e perigoso
Quando resolvemos voltar a escrever artigos por aqui, pensei em
escrever sobre corantes. Sabia sobre algumas informações porem não sabia
do peso na consciência que eu ficaria ao fazer este post. Como
publicitária, admito que as cores, as embalagens e a comunicação feita
para vender esses produtos tem um poder muito grande para que as
crianças escolham o alimento industrializado ao invés de um alimento
natural. Estava comentando com a Luiza sobre algumas balas japonsesas
que chupamos outro dia lá em casa. Léo trouxe várias de São Paulo, a
maioria coloridas mas um pacote em especial nos chamou atenção. É esse
da foto. Eu e Luiza, infelizmente amamos bala. Papai sempre comeu muito
doce e mamãe, acreditem, não chupa bala e nem gosta de chocolate. Os
filhos puxaram o pai, menos o Lu, que por enquanto não se interessa
(ainda bem). Como sempre estamos lendo artigos de nutrição, sabemos dos
malefícios desses industrializados e estamos evitando ao máximo. Por
isso ficamos super felizes com essa bala de lichia. A embalagem é linda
(somos fãs do Japão) e quando você abre, cada bala vem embaladinha, com
as cores do pacote. Visualmente é 10 porque desperta a vontade de
chupar a bala maaaaaaaaas quando se abre o papel da bala, tcharãããã: ela
é branquinha: zero de corante. Muito bom! Claro que ela tem açúcar, tem
outros aditivos químicos maléficos mas sempre penso em não ser radical
então, num final de semana ou outro, chupar uma bala sem corante (e se
possível sem açúcar ou aspartame) vale a pena.
Muitos devem pensar: Ah, mas as balas japonesas são caríssimas e isso
me lembra o fato de eu estar hoje em uma loja de produtos sem leite e
sem glutem (açúcar, milho, etc etc) que abriu em Uberaba e entrou uma
mulher querendo produtos diet e reclamando do preço. E a vendedora
explicando que são produtos diferenciados. Sim, tudo que é especial é
mais caro mas vale muito a pena. Um bom exemplo são os produtos
orgânicos: vc paga pra não consumir agrotóxico! Bom… vamos ao resumo de
tudo que achei pela net.
A função dos corantes é “colorir” os alimentos, fazendo com que os
produtos industrializados tenham uma aparência mais parecida com os
produtos naturais e mais agradável, portanto, aos olhos do consumidor.
Eles são extremamente comuns, já que a cor e a aparência tem um papel
importantíssimo na aceitação dos produtos pelo consumidor. Uma gelatina
de morango, por exemplo, que fosse transparente não faria sucesso. Um
refrigerante sabor laranja sem corantes ficaria com a aparência de água
pura com gás, o que faria que parecesse mais artificial, dificultando
sua aceitação. É inegável que uma bebida com sabor e cor de laranja é
muito mais agradável de beber do que uma bebida incolor com gosto de
laranja.
No Brasil a regulamentação do uso de aditivos para alimentos, inclusive
corantes, é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).
O Decreto n. 50. 040 de 24 de janeiro de 1961 foi a primeira norma técnica de regulação do emprego dos aditivos químicos em alimentos.
A resolução CNNPA n. 44 estabeleceu as condições gerais de elaboração, classificação, apresentação, designação, composição e fatores essenciais de qualidade dos corantes empregados na produção de alimentos e bebidas.
Pela legislação atual através das resoluções n. 382 e 388 da ANVISA, no Brasil é permitido o uso de 11 corantes artificiais, sendo eles:
A literatura científica, aponta os cuidados com a ingestão dos
sintéticos, a despeito do ainda grande uso deles pelos produtores de
alimentos e bebidas processadas. Esses corantes são pigmentos ou tintas
sintéticas do grupo azóico, sendo a maior parte delas sintetizada a
partir do alcatrão do carvão mineral. Pois bem: sabe-se que 20% da
população é alérgica a esses corantes artificiais. Em comum, trata-se de
pessoas também alérgicas à aspirina (ácido acetilsalicílico), um
universo formado principalmente por adultos de meia idade, com maior
incidência no sexo feminino.
Além desse grupo, também podem ser afetados pela ingestão desses
corantes os asmáticos e convalescentes de eczema. Há estudos ainda que
associam os corantes azo com casos de hiperatividade em crianças,
urticária, indisposição gástrica e vômitos. Logicamente, a quantidade
dos corantes sintéticos em produtos não é muito grande (em frações
médias de 0,01%), mas preocupa os especialistas a freqüência com o
expressivo consumo diário nos mais variados alimentos e bebidas, desde
balas, laticínios, sobremesas até refrigerantes e sucos.
As pesquisas, além de alertar sobre os limites de tolerância dos
corantes permitidos, já fizeram vários sintéticos serem proibidos pela
maior parte dos países. A publicação de estudos do Codex Alimentarius,
órgão ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS), já fundamentou a
banição de alguns corantes por ministérios da saúde de todo o mundo,
inclusive o brasileiro. Foram proibidos, por exemplo, o amarelo sólido,
até então muito empregado em gelatinas; o laranja GGN, usado em pós para
sorvetes; o vermelho sólido, para recheios e revestimentos de
biscoitos; o azul de alizarina, corante em óleos emulsionados e
gelatinas; e o escarlate GN, com uso em recheios de confeitarias.
Tais proibições devem se acelerar no futuro. Os Estados Unidos, onde
apenas cinco sintéticos são permitidos, e o Japão já alertaram suas
indústrias de que pretendem bani-los na próxima década. A Austrália e os
países escandinavos também possuem leis restritivas aos corantes
sintéticos e o mesmo deve ocorrer nos demais países europeus, que por
vocação dão preferência a produtos naturais.
No momento, a legislação brasileira, atualizada com boa parte das
leis internacionais e seguindo as recomendações multilaterais da FAO
(Food and Agriculture Organization), permite oito sintéticos e mais
cinco sintéticos idênticos aos naturais (betacaroteno, beta-apo 8’
carotenal, éster etílico do ácido beta-apo 8 carotenóico, riboflavina e
xantofila). A permissão é condicionada à indicação nos rótulos sobre a
sua condição sintética e sobre a ingestão diária aceitável.
O fato destes corantes sintéticos serem permitidos, porém, não anula
seus efeitos adversos, que embora não sejam divulgados na embalagem
estão disponíveis em artigos científicos.
Por mais que os industrializados estejam condizentes com o tanto de
corante aceitável pela ANVISA, devemos rever nossos hábitos pois
acabamos consumindo diversos produtos, o que ultrapassa a cota
permitida. Se uma pessoa consumir uma gelatina de morango, por exemplo,
ela não pode consumir mais nenhum grama de corante naquele dia e
infelizmente existem refrigerantes, isotônicos, salgadinhos, balas,
doces em geral, bolachas, macarrão, temperos entre outros expostos e
chamando nossa atenção. Além de serem visualmente interessantes, são
práticos. Mas, agora que vocês sabem dos efeitos colaterais, percebem
que os corantes que dão vida aos produtos e tiram nossa qualidade de
vida e de nossas crianças e adolescentes. Leiam os rótulos e evitem,
sempre, produtos industrializados. Vá para a cozinha e prepare
saborosíssimos doces, sobremesas, iogurtes com frutas e faça lanches
escolares e festas infantis naturais e mais saudáveis!
Para facilitar sua vida, compre frutas e verduras, lave bem e corte
em cubinhos e guarde-os cortados. Quando for preparar ou ingerir, tá
prontinho! Sabe que o post deu a idéia para um “Fique a dica”. Confiram o
post abaixo!
Para concluir, fiquem com o vídeo abaixo. Achei o vídeo muito bem feito e explicativo!
Como já falamos várias vezes aqui no blog, as pessoas que estão
autistas são muito sensíveis pois têm seu sistema imunológico afetado e o
intestino na maioria dos casos não funciona como o de uma pessoa
neurotípica. Corantes, como pudemos ler aqui, deixa as pessoas agitadas
(e o que menos queremos para nossos meninos é isso né?), possuem muitas
químicas, dentre eles o iodo, além de atrapalharem o sono (alguns de
nossos meninos já tem distúrbio do sono e pra que piorar essa siuação?).
Vamos cuidar da saúde de quem amamos e as pessoas com autismo vieram
na nossa vida para nos mostrar o quanto uma alimentação saudável é
importante! Como escutei em uma palestra uma vez: os que estão autistas
são a ponta do iceberg… eles nos mostram, por serem mais sensíveis, o
que faz mal pra todo mundo. Vamos mudar nossos hábitos pra melhor! Isso
vale pra família toda!
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