domingo, 22 de setembro de 2013

Irmãos de autistas têm mais chance de ser diagnosticados com o transtorno

Pesquisa realizada na Dinamarca com mais de um milhão de crianças confirma tendência observada nos consultórios e em outros estudos. Pais devem ser orientados por especialistas antes de tomar a decisão de engravidar novamente


irmãos (Foto: shutterstock)
Uma pesquisa publicada este mês no jornal científico JAMA Pediatrics traz um dado relevante para a comunidade científica e para os pais de filhos autistas: irmãos mais novos de crianças já diagnosticadas com transtornos do espectro têm cerca de sete vezes mais risco de desenvolver autismo.

O estudo foi realizado com quase 1,5 milhão de crianças nascidas na Dinamarca de 1980 a 2004. Elas foram identificadas e acompanhadas até o final de 2010. Depois, os pesquisadores compararam as crianças que tinham um irmão mais velho diagnosticado com autismo e as crianças cujos irmãos não apresentavam o transtorno.

A pesquisa também levou em consideração os meio-irmãos e chegou ao seguinte resultado: os meio-irmãos por parte de mãe tiveram 2,4 vezes mais risco de também apresentarem autismo e os meio-irmãos por parte de pai tiveram 1,5 vezes mais chance. Na conclusão do estudo, os autores afirmaram que a diferença de risco entre irmãos e meio-irmãos confirma o papel da genética na ocorrência do autismo. Eles também apontam que a chance maior entre meio-irmãos por parte de mãe pode representar o papel dos fatores associados à gravidez e ao ambiente intra-uterino no desenvolvimento do problema.

Segundo o psiquiatra infantil Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (SP), o estudo dinamarquês corrobora dados mundiais. “Vários países desenvolvidos já fizeram esse tipo de pesquisa. Estimamos que quem já tem um filho autista tem chance de 8% a 10% de ter outro filho autista”, afirma. A porcentagem é bem mais alta do que a estimativa para a população em geral: 1% de pessoas apresentará transtornos do espectro autista.

Mas, na prática, se você é mãe ou pai e já tem um filho diagnosticado, o que pode fazer? Segundo Estevão, os casais devem passar por uma orientação genética. O médico responsável deve apontar os riscos, mas a decisão final será do casal. O importante é que ela seja tomada com consciência.

Caso decida engravidar novamente, o casal deve submeter a criança a avaliação de psiquiatras desde os primeiros meses para acompanhar seu desenvolvimento. Isso porque, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, mais cedo começam os tratamentos e melhor a perspectiva de melhora do paciente.

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