AUTISMO – PEDAGOGIA
Elaborado por: Edward M. Hallowell & John J. Ratey em 1992
499, Northwest 70 th Avenue, suite 101
Plantation, Florida 33317
(0800) 233 40-50
Internet: http://www.chadd.org
Tradução: Luiz Henrique (031) 411 50-57
Cleber Canabrava Amaral
Os professores sabem o que muitos profissionais não
sabem: não existe apenas uma única síndrome de Déficit de Atenção (DA),
mas muitas; que DA raramente ocorre de uma forma "pura" mas, ao
contrário, normalmente apresenta-se ligada a muitos outros problemas
como dificuldade de aprendizado ou mal humor ; que DA muda conforme o
clima, é inconstante e imprevisível; e que o tratamento para DA, a
respeito de ser claramente esclarecido em vários livros, representa uma
dura missão de trabalho e devoção.
Não há uma solução fácil para administrar DA na sala
de aula ou em casa. Depois de tudo é feito, a eficácia de qualquer
tratamento deste problema na escola depende do conhecimento e da
persistência da escola e do professor.
Aqui apresentamos algumas dicas para o trato de
crianças com DA na escola. As sugestões a seguir visam o professor na
sala de aula para crianças de qualquer idade. Algumas sugestões vão ser
evidentemente mais adequadas às crianças menores, outras às mais velhas
mas, em termos de estrutura, educação e encorajamento, são pertinentes a
qualquer um.
01 - Antes de tudo, tenha certeza de que o que você
está lidando é DA. Definitivamente não é tarefa dos professores
diagnosticar a DA, mas você pode e deve questionar. Especificamente
tenha certeza de alguém tenha testado a audição e a visão da criança
recentemente e tenha certeza também de que outros problemas médicos
tenham sido resolvidos. Tenha certeza de que uma avaliação adequada foi
feita. Continue questionando até que se sinta convencido. A
responsabilidade disso tudo é dos pais e não dos professores, mas o
professor pode contribuir para o processo.
02 - Segundo, prepare-se para suportar. Ser uma
professora na sala de aula onde há duas ou três crianças com DA pode ser
extremamente cansativo. Tenha certeza de que você pode tem o apoio da
escola e dos pais. Tenha certeza de que há uma pessoa com conhecimento á
qual você possa consultar quando tiver um problema (pedagogo, psicólogo
infantil, assistente social, psicólogo da escola ou pediatra) mas a
formação da pessoa não é realmente importante. O que importa é que ele
ou ela conheça muito sobre DA, conheça os recursos de uma sala de aula e
possa falar com clareza. Tenha certeza de que os pais estão trabalhando
com você. Tenha certeza de que os colegas podem ajudar você.
03 - Conheça seus limites. Não tenha medo de pedir
ajuda. Você, como professor, não pode querer ser uma especialista em DA.
Você deve sentir-se confortável em pedir ajuda quando achar necessário.
04 - PERGUNTE À CRIANÇA O QUE PODE AJUDAR
Estas crianças são sempre muito intuitivas. elas
sabem dizer a forma mais fácil de aprender, se você perguntar. Elas
ficam normalmente temerosas em oferecer informação voluntariamente
porque isto pode ser algo muito ousado ou extravagante. Mas tente o
sentar sozinho com a criança e perguntar a ela como ela pode aprender
melhor. O melhor especialista para dizer como a criança aprende é a
própria criança. É assustadora a freqüência com que suas opiniões são
ignoradas ou não são solicitadas. Além do mais, especialmente com
crianças mais velhas, tenha certeza de que ela entende o que é DA. Isto
vai ajudar muito a vocês dois.
05 - Lembre-se de que as crianças com DA necessitam
de estruturação. Elas precisam estruturar o ambiente externo, já que não
podem se estruturar internamente por isso mesmos. Faça listas. Crianças
com DA se beneficiam enormemente quando têm uma tabela ou lista para
consultar quando se perdem no que estão fazendo. Elas necessitam de algo
para fazê-las lembrar das coisas. Eles necessitam de previsões. Eles
necessitam de repetições. Elas necessitam de diretrizes. Elas precisam
de limites. Elas precisam de organização.
06 - LEMBRE-SE DA PARTE EMOCIONAL DO APRENDIZADO
Estas crianças necessitam de um apoio especial
para encontrar prazer na sala de aula. Domínio ao invés de falhas e
frustrações. Excitação ao invés de tédio e medo. É essencial prestar
atenção ás emoções envolvidas no processo de aprendizagem.
07 - Estabeleça regras. Tenha-as por escrito e fáceis
de serem lidas. As crianças se sentirão seguras sabendo o que é
esperado delas.
08 - Repita as diretrizes. Escreva as diretrizes.
Fale das diretrizes. Repita as diretrizes. Pessoas com DA necessitam
ouvir as coisas mais de uma vez.
09 - Olhe sempre nos olhos. Você pode "trazer de
volta" uma criança DA através dos olhos nos olhos. Faça isto sempre. Um
olhar pode tirar uma criança do seu devaneio ou dar-lhe liberdade para
fazer uma pergunta ou apenas dar-lhe segurança silenciosamente.
10 - Na sala de aula coloque a criança sentada
próxima à sua mesa ou próxima de onde você fica a maior parte do tempo.
Isto ajuda a evitar a distração que prejudica tanto estas crianças.
11 - Estabeleça limites, fronteiras. Isto deve ser
devagar e com calma, não de modo punitivo. Faça isto consistentemente,
previamente, imediatamente e honestamente. Não seja complicado, falando
sem parar. Estas discussões longas são apenas diversão. Seja firme.
12 - Preveja o máximo que puder. Coloque o plano no
quadro ou na mesa da criança. Fale dele frequentemente. Se você for
alterá-lo, como fazem os melhores professores, faça muitos avisos e
prepare a criança. Alterações e mudanças sem aviso prévio são muito
difíceis para estas crianças. Elas perdem a noção das coisas. Tenha um
cuidado especial e prepare as mudanças com a maior antecedência
possível. Avise o que vai acontecer e repita os avisos à medida em que a
hora for se aproximando.
13 - Tente ajudar às crianças a fazerem a própria
programação para depois da aula, esforçando-se para evitar um dos
maiores problemas do DA: a procrastinação.
14 - Elimine ou reduza a freqüência dos testes de
tempo. Não há grande valor educacional nos testes de tempo e eles
definitivamente não possibilitam às crianças DA mostrarem o que sabem.
15 - Propicie uma espécie de válvula de escape como, por
exemplo, sair da sala de aula por alguns instantes. Se isto puder ser
feito dentro das regras da escola, poderá permitir à criança deixar a
sala de aula ao invés de se desligar dela e, fazendo isto, começa a
aprender importantes meio de auto-observação auto-monitoramento.
16 - Procure a qualidade ao invés de quantidade dos
deveres de casa. Crianças DA frequentemente necessitam de uma carga
reduzida. Enquanto estão aprendendo os conceitos, elas dever ser livres.
Elas vão utilizar o mesmo tempo de estudo e não vão produzir nem mais
nem menos do que elas podem.
17 - Monitore o progresso frequentemente. Crianças DA
se beneficiam enormemente com o freqüente retorno do seu resultado.
Isto ajuda a mantê-los na linha, possibilita a eles saber o que é
esperado e se eles estão atingindo as suas metas, e pode ser muito
encorajador.
18 - Divida as grandes tarefas em tarefas menores.
Esta é uma das mais importantes técnicas de ensino das crianças DA.
Grandes tarefas abafam rapidamente as crianças e elas recuam a uma
resposta emocional do tipo eu nunca vou ser capaz de fazer isto. Através
da divisão de tarefas em tarefas mais simples, cada parte pequena o
suficiente para ser facilmente trabalhada, a criança foge da sensação de
abafado. Em geral estas crianças podem fazer muito mais do que elas
pensam. Pela divisão de tarefas o professor pode permitir à criança que
demonstre a si mesma a sua capacidade. Com as crianças menores isto pode
ajudar muito a evitar acessos de fúria pela frustração antecipada. E
com os mais velhos, pode ajudar as atitudes provocadoras que elas têm
frequentemente. E isto vai ajudar de muitas outras maneiras também. Você
deve fazer isto durante todo o tempo.
19 - Permita-se brincar, divertir. Seja extravagante,
não seja normal. Faça do seu dia uma novidade. Crianças DA adoram
novidades. Elas respondem às novidades com entusiasmo. Isto ajuda a
manter a atenção - tanto a delas quanto a sua. Estas crianças são cheias
de vida, elas adoram brincar. E acima de tudo, elas detestam ser
molestadas. Muitos dos tratamentos para elas envolvem
coisas chatas como estruturas, programas, listas e regras. Você deve
mostrar a elas que estas coisas não estão necessariamente ligadas às
pessoas, professores ou aulas chatas. Se você, às vezes, se fizer de bobo poderá ajudar muito.
20 - Novamente, cuidado com a superestimulação. Como
um barro de vaso no forno, a criança pode ser queimada. Você tem que
estar preparado para reduzir o calor. A melhor maneira de lidar com os
caos na sala de aula é, em primeiro lugar, a prevenção.
21 - Esforce-se e não se dê satisfeito, tanto quanto
puder. Estas crianças convivem com o fracasso, e precisam de tudo de
positivo que você puder oferecer. O fracasso não pode ser super -
enfatizado: estas crianças precisam e se beneficiam com os elogios. Elas
adoram o encorajamento. Elas absorvem e crescem com isto. E sem isto
elas retrocedem e murcham. Frequentemente o mais devastador aspecto da
DA não é DA propriamente dita e sim o prejuízo à auto-estima. Então,
alimente estas crianças com encorajamento e elogios.
22 - A memória é frequentemente um problema para
eles. Ensine a eles pequenas coisas como neumônicos, cartão de
lembretes, etc. Eles normalmente têm problemas com o que Mel Levine
chama de Memória do Trabalho Ativa, o espaço disponível no
quadro da sua mente, por assim dizer. Qualquer coisa que você inventar -
rimas, códigos, dicas - pode ajudar muito a aumentar a memória.
23 - Use resumos. Ensine resumido. Ensine sem
profundidade. Estas técnicas não são fáceis para crianças DA, mas, uma
vez aprendidas, podem ajudar muito as crianças a estruturar e moldar o
que está sendo ensinado, do jeito que é ensinado. Isto vai ajudar a dar à
criança o sentimento de domínio durante o processo de aprendizagem,
que é o que elas precisam, e não a pobre sensação de futilidade que
muitas vezes definem a emoção do processo de aprendizagem destas
crianças.
24 - Avise sobre o que vai falar antes de falar.
Fale. Então fale sobre o que já falou. Já que muitas crianças com DA
aprendem melhor visualmente do que pela voz, se você puder escrever o
que será falado e como será falado, isto poderá ser de muita ajuda. Este
tipo de estruturação põe as idéias no lugar.
25 - Simplifique as instruções. Simplifique as
opções. Simplifique a programação. O palavreado mais simples será mais
facilmente compreendido. E use uma linguagem colorida. Assim como as
cores, a linguagem colorida prende atenção.
26 - Acostume-se a dar retorno, o que vai ajudar a
criança a se tornar-se auto-observadora. Crianças com DA tendem a não
ser auto-observadora. Elas normalmente não têm idéia de como vão ou como
têm se comportado. Tente informá-las de modo construtivo. Faça
perguntas como: Você sabe o que fez? ou Como você acha que poderia ter dito isto de maneira diferente? ou Você acha que aquela menina ficou triste quando você disse o que disse?. Faça perguntas que promovam a auto-observação.
27 - Mostre as expectativas explicitamente.
28 - Um sistema de pontos é uma possibilidade de
mudar parte do comportamento (sistema de recompensa para as crianças
menores). Crianças com DA respondem muito bem às recompensas e
incentivos. Muitas delas são pequenos empreendedores.
29 - Se a crianças parece ter problemas com as dicas
sociais - linguagem do corpo, tom de voz, etc - tente discretamente
oferecer sinais específicos e explícitos, como uma espécie de
treinamento social. Por exemplo, diga antes de contar a sua história, procure ouvir primeiro a de outros ou olhe para a pessoa enquanto ela está falando. Muitas
crianças com DA são vistas como indiferentes ou egocêntricas, quando de
fato elas apenas não aprenderam a interagir. Esta habilidade não vem
naturalmente em todas as crianças, mas pode ser ensinada ou treinada.
30 - Aplique testes de habilidades.
31 - Faça a criança se sentir envolvida nas coisas. Isto vai motivá-la e a motivação ajuda o DA.
32 - Separe pares ou trios ou até mesmo grupos
inteiros de crianças que não se dão bem juntas. Você deverá fazer muitos
arranjos.
33 - Fique atento à integração. Estas crianças
precisam se sentir enturmadas , integradas. Tão logo se sintam
enturmadas, se sentirão motivadas e ficarão mais sintonizadas.
34 - Sempre que possível, devolva as responsabilidades à criança.
35 - Experimente um caderno escola - casa - escola. Isto
pode contribuir realmente para a comunicação pais - professores e
evitar reuniões de crises. Isto ajuda ainda o freqüente retorno de
informação que a criança precisa.
36 - Tente utilizar relatórios diários de avaliação.
37 - Incentive uma estrutura do tipo auto-avaliação.
Troca de idéias depois da aula pode ajudar. Utilize também os intervalos
de aula.
38 - Prepare-se para imprevistos. Estas crianças
necessitam saber com antecedência o que vai acontecer, de modo que elas
possam se preparar. Se elas, de repente, se encontram num imprevisto,
isto pode evitar excitação e inquietos.
39 - Elogios, firmeza, aprovação, encorajamento e suprimento de sentimentos positivos.
40 - Com as crianças mais velhas, faça com que
escrevam pequenas notas para eles mesmos, para lembrá-los das coisas.
Essencialmente, eles anotam não apenas o que é dito a eles mais também o
que eles pensam. Isto pode ajudá-los a ouvir melhor.
41 - Escrever à mão às vezes é muito difícil paras
estas crianças. Desenvolva alternativas. Ensine como utilizar teclados.
faça ditados. Aplique testes orais.
42 - Seja como um maestro: tenha a atenção da
orquestra antes de começar. Você pode utilizar do silêncio ou bater o
seu giz ou régua para fazer isto. Mantenha a turma atenta, apontando
diferentes partes da sala como se precisasse da ajuda deles.
43 - Sempre que possível, prepare para que cada aluno tenha um companheiro de estudo para cada tema, se possível com o número do telefone (adaptado de Gary Smith).
44 - Explique e dê o tratamento normal a fim de evitar um estigma.
45 - Reuna com os pais frequentemente. Evite o velho sistema de se reunir apenas para resolver crises ou problemas.
46 - Incentive a leitura em voz alta em casa. Ler em
voz alta na sala de aula tanto quanto for possível. Faça a criança
recontar estórias. Ajude a criança a falar por tópicos.
47 - Repetir, repetir, repetir.
48 - Exercícios físicos. Um dos melhores tratamentos
para DA, adultos ou crianças, é o exercício físico. Exercícios pesados,
de preferência. Ginastica ajuda a liberar o excesso de energia, ajuda a
concentrar a atenção, estimula certos hormônios e neurônios que são
benéficos. E ainda é divertido. Assegure-se de que o exercício seja realmente divertido, porque deste modo a criança continuará fazendo para o resto da vida.
49 - Com os mais velhos a preparação para a aula deve
ser feita antes de entrar na sala. A melhor idéia é que a criança já
saiba o que vai ser discutido em um certo dia e o material que
provavelmente será utilizado.
50 - Esteja sempre atento às dicas do momento. Estas
crianças são muitos mais talentosas e artísticas do que parecem. Elas
são cheias de criatividade, alegria, espontaneidade e bom humor. Elas
tendem a ser resistentes, sempre agarradas ao passado. Elas tendem a ser
generosas de espírito, felizes de poder ajudar alguém. Elas normalmente
têm algo especial que engrandece qualquer coisa em que estão
envolvidas.
Lembre-se de que no meio do barulho existe uma sinfonia, uma sinfonia que precisa ser escrita.
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