Olá, pessoal!
Estamos
de volta para falar sobre AUTISMO, nosso tema da semana. E como de
costume, vamos dar voz a quem entende do assunto por experiência
própria. A Gleice, do Rio de Janeiro, nos escreveu contando um pouco da
sua vida como mãe do João Gabriel, que é autista.
Sem mais delongas, vamos direto ao que interessa. Segue para vocês o relato!
"João
Gabriel tem 5 anos. Apesar de ser verbal que só fala quando quer, ele
não demonstra interesse em questões didáticas. Os trabalhinhos da escola
(é uma escola convencional, que aceita o especial sem "ser
específica"), muitas vezes, não são feitos nem na própria escola.
Contudo, está perfeitamente adaptado, socializado e integrado. Mas tenho
uma certa angústia em relação a isso, pois mesmo sabendo que o tempo
dele de resposta pode demorar mais que o restante da turma, penso: -
será que ele vai aprender? Será que vai ter condições de se
profissionalizar? Vai caminhar sem depender tanto de mim? Pode parecer
precoce ou precipitado, mas é que nós, pais e mães, não estaremos perto
deles para sempre. E aí, como será se não estiverem preparados para
vida?
Nunca
sei de devo insistir ou não com as tarefinhas que vem para fazer em
casa; se eu mesma deveria auxiliá-lo de outra forma, enfim, me sinto um
pouco dentro de uma bolha sem saber como sair. Fora o lado
comportamental, que de uns tempos pra cá, apresenta certa agressividade
mediante a contrariedades. Apesar dos atendimentos que recebe, fico
pensando se não falta algo a ser feito. Talvez nenhum de vocês poderá
responder todas as nossas dúvidas e questionamentos....
Quanto
a nós pais, responsáveis pelo indivíduo autista, temos tentado aliviar
nossas tensões e dúvidas, promovendo “Orkontros”, que são encontros para
pessoas autistas, pais e responsáveis em nossas casas, mensais ou
bimestrais. Porque não há real amparo para os pais...
Também
acho que deveria haver um local, como há em alguns países, para que as
famílias tivessem algum tipo de lazer, descanso mesmo, porque lidar com
autista desgasta muito nosso emocional, além do físico. Muitas pessoas
simplesmente desistem dos tratamentos por não aguentarem a rotina de
terapias, quase sempre distantes de nossas casas.
Faltam
locais realmente preparados para atender o autista: escolas, centros de
lazer. Falta quase tudo para o indivíduo autista. O número de centros
de terapias está longe do ideal. Eu moro em São Cristóvão, Zona Norte do
Rio, e meu filho é atendido em outro município, em São João de Meriti.
Encaro duas vezes na semana a Av. Brasil com seus muitos problemas e a
Dutra, porque não consegui tratamento individual próximo de casa. Quando
tudo está bem, amém. Mas quando João não concorda com o engarrafamento
que eu nada posso fazer, sofremos juntos dentro do ônibus.
Esta
é nossa maior bandeira: diminuir estas distâncias. Estamos tentando nos
organizar como associação séria, aberta a todos que precisem, para
buscarmos o direito a ser atendido, e criar espaços que atendam aos
adolescentes de forma que aprendam uma profissão, que sejam também úteis
para si e para sociedade. É preciso um olhar mais amoroso e atento à
causa autista. Grande abraço e parabéns pelo espaço democrático que é o
Papo de Mãe. Pena não serem aqui no Rio. Beijos! Gleice Valadares, mãe do João Gabriel."
---> Obrigada por participar, Gleice! Um grande beijo para você e para o João Gabriel de toda equipe do Papo de Mãe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário