sábado, 18 de maio de 2013

AUTISMO: relato de uma mãe

Olá, pessoal!
Estamos de volta para falar sobre AUTISMO, nosso tema da semana. E como de costume, vamos dar voz a quem entende do assunto por experiência própria. A Gleice, do Rio de Janeiro, nos escreveu contando um pouco da sua vida como mãe do João Gabriel, que é autista.
Sem mais delongas, vamos direto ao que interessa. Segue para vocês o relato!
"João Gabriel tem 5 anos. Apesar de ser verbal que só fala quando quer, ele não demonstra interesse em questões didáticas. Os trabalhinhos da escola (é uma escola convencional, que aceita o especial sem "ser específica"), muitas vezes, não são feitos nem na própria escola. Contudo, está perfeitamente adaptado, socializado e integrado. Mas tenho uma certa angústia em relação a isso, pois mesmo sabendo que o tempo dele de resposta pode demorar mais que o restante da turma, penso: - será que ele vai aprender? Será que vai ter condições de se profissionalizar? Vai caminhar sem depender tanto de mim? Pode parecer precoce ou precipitado, mas é que nós, pais e mães, não estaremos perto deles para sempre. E aí, como será se não estiverem preparados para vida?
Nunca sei de devo insistir ou não com as tarefinhas que vem para fazer em casa; se eu mesma deveria auxiliá-lo de outra forma, enfim, me sinto um pouco dentro de uma bolha sem saber como sair. Fora o lado comportamental, que de uns tempos pra cá, apresenta certa agressividade mediante a contrariedades. Apesar dos atendimentos que recebe, fico pensando se não falta algo a ser feito. Talvez nenhum de vocês poderá responder todas as nossas dúvidas e questionamentos....
Quanto a nós pais, responsáveis pelo indivíduo autista, temos tentado aliviar nossas tensões e dúvidas, promovendo “Orkontros”, que são encontros para pessoas autistas, pais e responsáveis em nossas casas, mensais ou bimestrais. Porque não há real amparo para os pais...
Também acho que deveria haver um local, como há em alguns países, para que as famílias tivessem algum tipo de lazer, descanso mesmo, porque lidar com autista desgasta muito nosso emocional, além do físico. Muitas pessoas simplesmente desistem dos tratamentos por não aguentarem a rotina de terapias, quase sempre distantes de nossas casas.
Faltam locais realmente preparados para atender o autista: escolas, centros de lazer. Falta quase tudo para o indivíduo autista. O número de centros de terapias está longe do ideal. Eu moro em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, e meu filho é atendido em outro município, em São João de Meriti. Encaro duas vezes na semana a Av. Brasil com seus muitos problemas e a Dutra, porque não consegui tratamento individual próximo de casa. Quando tudo está bem, amém. Mas quando João não concorda com o engarrafamento que eu nada posso fazer, sofremos juntos dentro do ônibus.
Esta é nossa maior bandeira: diminuir estas distâncias. Estamos tentando nos organizar como associação séria, aberta a todos que precisem, para buscarmos o direito a ser atendido, e criar espaços que atendam aos adolescentes de forma que aprendam uma profissão, que sejam também úteis para si e para sociedade. É preciso um olhar mais amoroso e atento à causa autista. Grande abraço e parabéns pelo espaço democrático que é o Papo de Mãe. Pena não serem aqui no Rio. Beijos! Gleice Valadares, mãe do João Gabriel."
---> Obrigada por participar, Gleice! Um grande beijo para você e para o João Gabriel de toda equipe do Papo de Mãe.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário