quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Empresa utiliza Google Glass para ajudar no tratamento de crianças autistas

Atualmente, a febre em volta do Google Glass já não é mais a mesma. A própria gigante de Mountain View decidiu interromper a plataforma de testes conhecida como Explorer e não vai mais vender o produto. A intenção da companhia é lançar os óculos inteligentes como algo novo e pronto e é claro que algo dessa magnitude desanimou grande parte dos desenvolvedores de aplicativos que antes miravam este aparelho tão polêmico.
Contudo, este não é o caso da startup norte-americana Brain Power. Conforme relatos do TechCrunch, a empresa está utilizando os óculos de realidade virtual do Google para monitorar o comportamento de crianças autistas. Desenvolvendo apps específicos, a startup quer ensinar habilidades sociais e de comunicação aos pequenos portadores do distúrbio.
Em depoimento, o neurologista e fundador da Brain Power, Ned T. Sahin, disse que tem como meta criar uma revolução através dos dispositivos vestíveis com a explosão de conhecimento na área de neurociência acadêmica – e isso deve auxiliar na rotina de muita gente.

Em prol da informação

Toda essa empreitada, que parece algo um tanto quanto distante atualmente, começou com a participação de Sahin em um simpósio sobre doenças neurológicas em que o autismo foi abordado. Na ocasião, o neurologista ficou chocado com a pequena quantidade de informações coletadas sobre esse distúrbio e a falta de um tratamento médico eficaz para as crianças diagnosticadas com autismo.
Google Glass
Para conseguir criar softwares eficientes e que vão ensinar uma pessoa autista a se comunicar, Sahin dará início a uma pesquisa relativamente grande. Crianças com traços medianos ou altos de autismo serão estudadas utilizando os padrões de trabalho estabelecidos pela Escola de Medicina de Harvard e cerca de 200 pessoas que já se cadastraram para a fase beta de testes – estudos esses que estão programados para o ano que vem.
Como a Brain Power também fabrica acessórios periféricos para o Google Glass, vão ser utilizados acelerômetros para identificar o olhar da criança e entender quando e como a atenção dela é focada em determinado acontecimento. Com isso, os estudiosos da companhia poderão criar padrões de comportamento e até mesmo entender se há algum tipo de evolução na condição das crianças com o passar do tempo.

Conectado com a vida real

O conjunto de aplicativos feitos para ensinar as crianças autistas a se comunicarem é chamado “Empowered Brain Suite for Autism” e conta com um método de trabalho bastante inteligente. Os softwares funcionam como se fossem jogos eletrônicos, mas têm a finalidade de manter as crianças em contato com seus pais e com o ambiente que as rodeiam.
Programas desenvolvidos para tablets já mostraram o interesse que autistas apresentam em relação a interfaces digitais e jogos de diferentes tipos. Contudo, o maior benefício do Google Glass é o fato de que o aparelho mantém a criança em contato com outras pessoas e com o espaço a sua volta, impedindo que elas se concentrem em apenas uma tela e que mantenham seu potencial “preso”.
Os aplicativos já desenvolvidos trabalham com monitores que identificam o olhar da criança e entendem quando ela está olhando para os seus pais. A partir daí, o software encoraja a comunicação com outras pessoas, fazendo com que os pequenos tenham interesse por isso. O objetivo final das ferramentas é ensinar os autistas a interpretarem emoções e expressões faciais mesmo quando não estão utilizando o Google Glass.
A iniciativa da Brain Power já começou a dar bons resultados, com pais entusiasmados com a evolução de suas crianças – até mesmo aquelas com problemas sensoriais foram capazes de utilizar o Google Glass em certo grau. Para a linguagem, Sahin explica que, quando o olhar de uma criança trava em algo, o app utiliza o alto-falante ou fones de ouvido para indicar a palavra correspondente.
Por fim, somente aqueles que tiverem acesso ao Google Glass poderão entrar na fase beta de testes da Brain Power. Sahin está trabalhando para criar um formato de parceria e espera que o preço de lançamento do aparelho seja o mais acessível possível. Além disso, os aplicativos serão fornecidos através de inscrições e a companhia deseja cobrar valores acessíveis à maioria das famílias e até mesmo de escolas.

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