O AUTISMO É UMA SÍNDROME COM SINTOMAS BEM DIFERENTES EM CADA INDIVÍDUO. ENTÃO, DEPENDENDO DOS COMPROMETIMENTOS, É TOTALMENTE POSSÍVEL E ATÉ NATURAL QUE ALUNOS COM AUTISMO ESTUDEM EM CLASSES COMUNS, MESMO COMEÇANDO POR UMA CLASSE ESPECIAL.
"É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. A partir daí escolher os materiais adequados?" Eugênio Cunha
A escola é um espaço essencialmente social de comunicação e interação. Mas não é somente no espaço escolar que surgem as dificuldades, porque o aprendente com autismo cria formas próprias de relacionamento. Em consequência do convívio, todos nós adquirimos uma mente social, que nos possibilita fazer conexões apropriadas com o mundo ao redor. Todavia, na conduta autística, é comum a fixação demasiada em detalhes específicos, percebidos menos em razão do conhecimento social e mais por causa do estímulo que o indivíduo recebe de determinado objeto ou situação. Isto provoca comportamentos peculiares. Assim, a pessoa passa a ter uma relação singular com tudo que é externo, dificultando também a aprendizagem.
Há aspectos básicos na aprendizagem humana que são inerentes também a alunos com autismo: a afetividade do aluno, os seus interesses e a funcionalidade do trabalho pedagógico. O que se ensina precisa fazer sentido. É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. A partir daí escolher os materiais adequados. Podem ser habilidades sociais ou acadêmicas. Sempre priorizando a comunicação e a socialização.
Nos últimos anos, muitos têm defendido a inclusão de alunos com deficiência em turmas regulares. Isto é possível com os autistas? O que as escolas precisariam ter para a inclusão de alunos com autismo nas demais classes?
Primeiramente, precisamos lembrar que o autismo é uma síndrome com sintomas bem diferentes em cada indivíduo. Então, dependendo dos comprometimentos, é totalmente possível e até natural que alunos com autismo estudem em classes comuns, mesmo começando por uma classe especial. Não somente isso, mas que cheguem à universidade. Para tal, a escola precisa ser realmente inclusiva. Isto é, não apenas integrar o aluno fisicamente em seu espaço, mas se adequar a ele. Isso é possível, mas não depende só da escola. Depende também dos governos, principalmente dando condições para a formação do professor.
As escolas, de maneira geral, estão preparadas para incluir, nas turmas regulares, os autistas e, até mesmo, os alunos com outros tipos de deficiência?
O senhor é favorável à inclusão das pessoas com deficiência nas turmas regulares? ou acredita que o mais adequado é a existência de turmas específicas, com professores e materiais pedagógicos mais direcionados a esse público?
O que se pretende hoje na educação é um sistema inclusivo, que abarca a escola regular e a escola especial. A escola regular torna-se inclusiva quando prepara o aluno para seu espaço pedagógico e para a sociedade. Por sua vez, a escola especial também se torna inclusiva quando prepara o aluno para a escola regular e para a sociedade. Há turmas especiais em escolas regulares, mas devem seguir esse mesmo ideário. A educação na sociedade contemporânea demanda um tipo de ensino: o ensino inclusivo. Evidentemente, as necessidades do aluno dirão onde será mais adequado estudar: na classe comum, especial ou nas duas.
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