O TDAH em Crianças de Ensino
Fundamental e o Conhecimento de seus Professores Acerca das
Características Comportamentais e Emocionais desse Transtorno
O Transtorno do Déficit de Atenção /
Hiperatividade é conhecido há aproximadamente cem anos, contudo, sua
caracterização clínica não está finalizada. Em 1902, o médico inglês, G.
Still descreveu pela primeira vez as características desse transtorno,
desde então denominado de Disfunção Cerebral Mínima, passando
posteriormente a ser chamado de Hipercinesia ou Hipercinese. Logo a
seguir, Hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e perdurou por
mais tempo. Em 1987, passou a ser chamado de Transtorno de Déficit de
Atenção / Hiperatividade (TDAH), segundo a quarta Edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV), da Associação
Americana de Psiquiatria (APA).
Segundo Silvares (2000), esse transtorno
envolve a apresentação de níveis acima da média de desatenção,
impulsividade e hiperatividade. É um transtorno de início precoce, ou
seja, os sintomas geralmente se apresentam antes dos sete anos, e são
notáveis na maioria dos ambientes como lar, escola e comunidade. O TDAH,
afeta aproximadamente 3 a 5% de uma média de aproximadamente 3:1 a 5:1
(Barkley, 1990), e tende a ser crônico, sendo que 50% ou mais das
crianças com TDAH continuarão a apresentar sintomatologia significativa
na adolescência e idade adulta (Barkley, Fischer, Edelbrock e Smallish,
1990; Gittelman, Manuzza, Shenker e Bonagura, 1985; Weiss e Hechtman,
1993). Além disso, as crianças com esse transtorno têm um risco acima da
média de apresentarem problemas educacionais, comportamentais e
sócio-emocionais.
Muito se tem discutido a respeito da
causa do TDAH. Estudiosos concordam que não há uma causa única, e sim
uma combinação de fatores, em que dentre eles, a genética aparece como
fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas.
As crianças com TDAH, possuem
características que as diferenciam de outras. Na escola, a criança
comumente se torna um estorvo a mais numa classe já tumultuada. E,
provavelmente, não só deixará de receber atenção adequada, como também
será marginalizada pelos colegas, educadores e pais dos seus colegas.
Com a progressão do quadro, não é raro que a criança seja convidada a se
retirar da escola e que, ao ingressar em outra, o ciclo se repita.
Neste quadro, notamos que a formação dos educadores brasileiros pode ser
deficitária e, em função disso, a maioria deles possivelmente, não está
preparada para diagnosticar e/ou encaminhar adequadamente as crianças
com o TDAH.
Com isso, este projeto de pesquisa, tem a
finalidade de conhecer teoricamente as características comportamentais e
emocionais dessas crianças, discorrendo sobre essas no decorrer desse
trabalho, e ainda avaliar o nível de conhecimento de seus professores
acerca das características do TDAH, pois será que estes professores
possuem algum conhecimento sobre o assunto? Se possuem, qual a
capacidade destes de identificar uma criança com TDAH?
É de suma importância, para os
educadores, possuírem esse conhecimento, pois avaliações errôneas sobre o
comportamento de crianças com TDAH são feitas freqüentemente, havendo
uma grande rotulação dos alunos.
2.0 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
- Conhecer teoricamente as alterações comportamentais e emocionais de uma criança com TDAH.
- Avaliar o nível de conhecimento dos professores de Ensino Fundamental a respeito dessas alterações.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Definir TDAH, descrevendo as suas principais características e possíveis causas.
- Entrevistar professores do Ensino Fundamental da rede pública e privada, constatando, o nível de conhecimento destes, acerca do assunto pesquisado.
- Examinar a capacidade desses professores de reconhecer um possível caso de TDAH em sala de aula.
3.0 JUSTIFICATIVA
Tenho como primeira justificativa a esse
projeto, a busca de conhecimento sobre o assunto tratado, visto que
este é freqüentemente encontrado em escolas e clínicas psicológicas.
Segundo bibliografia lida, o TDAH, atinge de 3% a 6% de crianças de todo
o mundo, e é muitas vezes o responsável pelo baixo rendimento escolar,
que ocasiona repetência e problemas sérios de aprendizagem. Tenho ainda,
a curiosidade em pesquisar o nível de conhecimento dos profissionais da
educação, que lidam diretamente com a criança, acerca do tema proposto,
e como eles estão identificando e lidando, dentro da sala de aula, com
possíveis casos de TDAH, pois pode-se observar que muitas crianças são
rotuladas de “endiabradas” e ” sem educação” por seus professores, que
ao contrário disso, são crianças que possuem limitações e necessitam de
um acompanhamento especial para a realização de atividades.
A nível acadêmico, justifico-me por esse
projeto, a intenção de participar de propostas extracurriculares,
especificamente na área da qual sou monitora, disciplina de PEPA, visto
que essas propostas representam um papel de suma importância para a
formação do aluno, levando a um amadurecimento pessoal e profissional, o
que é muito desejoso e esperado.
4.0 DESENVOLVIMENTO
4.1 ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS E EMOCIONAIS
O TDAH é caracterizado por uma série de
sintomas nem sempre claros e facilmente distinguíveis de outras
patologias. “A característica essencial do TDAH é um padrão persistente
de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e severo do que aquele
tipicamente observado em nível equivalente de desenvolvimento” (APA
1994, p.7). Este padrão, aparece em pelo menos dois contextos diferentes
do cotidiano da criança (exemplo: na escola e em casa), com evidência
clara de interferência no funcionamento social, acadêmico ou
ocupacional. Na escola, há um comprometimento no desempenho,
dificultando as relações interpessoais e provocando baixa auto-estima
com o passar do tempo.
Segundo Ênio Roberto de Andrade (1999), o
TDAH é uma síndrome, um quadro caracterizado basicamente por distração e
inquietação na criança ou adolescente, dificuldade com o controle
inibitório manifestada por impulsividade comportamental e cognitiva. É
relativamente frequente e está presente em todas as áreas do mundo.
Ocorre mais com o sexo masculino, numa proporção variável de 4:1 a 9:1,
dependendo da população e da cultura.
Em indivíduos com TDAH, logo nos
primeiros anos de vida, notam-se alterações no processo de
desenvolvimento neurológico e emocional. Algumas crianças, desde cedo,
mostram-se mais irritadiças, choram muito nos primeiros meses de vida,
mexem-se muito durante o sono e acordam várias vezes durante a noite.
Quando começam a andar, os pais passam a perceber que elas são mais
agitadas e necessitam ser constantemente vigiadas, pois vivem “fazendo
arte”, quebram com frequência os seus brinquedos, perdem rapidamente o
interesse por brinquedos ou situações, necessitando sempre de novos
estímulos. Outra manifestação que pode estar associada ao quadro é a
inabilidade motora, o que leva essas crianças a serem rotuladas de
desajeitadas ou desastradas.
Muitas das crianças com TDAH,
especialmente os meninos, apresentam certa lentidão no desenvolvimento
da fala e uma empressão fonoarticulatória manifesta por meio de trocas,
omissões e distorções fonéticas. Também pode estar associada à alteração
no ritmo da fala, especialmente num ritmo mais acelerado,
caracterizando uma taquilalia (fala sem parar). Quando não
diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível, tais alterações
poderão, mais tarde, acarretar dificuldade ou mesmo alteração no
processo de alfabetização da criança. Alem disso, não é raro que as
crianças com TDAH desenvolvam de forma inadequada, a noção de tempo e
espaço. Essas funções, que nas demais crianças são desenvolvidas quase
naturalmente, naquelas com TDAH, são difíceis de serem adquiridas,
levando a um desgaste emocional nelas próprias e em seus familiares.
Geralmente, mesmo se o comportamento da
criança passa despercebido pelos pais, quando ela entra na escola até os
casos mais leves tornam-se evidentes, uma vez que lá sua atenção é mais
exigida e torna-se necessário ficar por mais tempo parada num mesmo
local.
Os problemas na área afetivo-emocional
geralmente estão associados ao insucesso escolar e à dificuldade de
relacionamento com outras crianças. Afinal, os portadores de TDAH têm
mais dificuldade em aguardar a sua vez e não resistem à intromissão
frequente em assunto dos outros, Tais hábitos, podem colaborar para que o
indivíduo seja, no futuro, um desajustado social e cometa atos
delinqüentes.
Em resumo, os “espertos”, os
“hiperativos”, “agitados”, “diabinhos”, e “pestinhas”, parecem ter uma
fonte quase infinita de energia. São crianças que parecem estar sempre
em movimento, e que não conseguem ficar paradas mesmo que outras pessoas
exerçam uma força enorme nesta direção.
4.2 SINAIS DE ALERTA
Segue abaixo, quadro com as alterações comportamentais e emocionais mais freqüentes em crianças com TDAH:
- desatenção
- dificuldade em perceber detalhes
- dificuldade em manter a atenção
- dificuldade em aprender tarefas novas
- dificuldade em organizar tarefas ou atividades
- perde objetos com facilidade
- distraibilidade com estímulos externos
- esquecimento de atividades diárias
- inquietação
- fala excessiva
- dificuldade em aguardar sua vez quando é devido
- se intromete ou interrompe a atividade ou diálogo dos outros
- mudança de humor
- repele tudo o que exige atividade mental prolongada
- corre ou pula excessivamente em situações inapropriadas
- não segue instruções e falha em terminar os deveres da escola e tarefas rotineiras.
OBS: A criança deve ter pelo menos
seis dos sintomas descritos nos itens abaixo, durante pelo menos seis
meses, antes dos sete anos de idade e em pelo menos dois ambientes
diferentes.
4.3 DIAGNÓSTICO
Muitas das pessoas com TDAH passam a sua
vida toda sendo acusadas injustamente de serem mal educadas,
preguiçosas, loucas, desequilibradas e temperamentais, quando na
verdade, são portadoras de uma síndrome que simplesmente as fazem agir
de maneira impulsiva, desatenta e as vezes até mesmo caótica.
Crianças, pela sua própria natureza, são
em sua maioria extremamente ativas e enérgicas, e bem difícil de se
manter sob controle. Por isso, deve-se ter cuidado para não se
diagnosticar como TDAH, comportamentos apropriados à idade em crianças
ativas. O desinteresse em uma sala de aula pode decorrer de um QI
elevado em comparação com seus colegas, o que torna as aulas pouco
estimulantes, ou, ao contrário, por um QI menor que dificulta acompanhar
o ritmo dos amigos. Em outras ocasiões, indivíduos que apresentam
comportamento oposicional nas salas de aula podem vir a ser confundidos
com aqueles que apresentam TDAH, pois muitas vezes se opõem a realizar
tarefas escolares que exigem deles atenção e quietude por um longo
período.
Também é possível que se confunda o TDAH
com Transtornos do Humor (Depressão ou Euforia, Ansiedade) ou Autismo,
Intoxicação por Drogas Ilícitas e Transtorno Psicótico, por terem como
característica o comportamento inquieto e desatento. É importante o
diagnóstico ser correto, uma vez que os tratamentos são diferentes para
cada caso.
4.4 CAUSAS DO TDAH
Embora o conhecimento sobre as causas do
TDAH ainda seja muito limitado e grande parte dele é especulativo,
algumas descobertas recentes ajudaram os pesquisadores a levantar
algumas hipóteses para o surgimento do TDAH. Acredita-se que não há uma
causa única, mas sim uma combinação de fatores, que incluem dano
cerebral, nutrição pré-natal deficitária, consumo de álcool ou drogas
durante a gestação, alto nível de estress, condições físicas,
neurobiológicas ou psiquiátricas, intoxicação por certos medicamentos.
Já foi sugerido que essas possíveis
causas afetam o funcionamento do cérebro e, como tal, o TDAH pode ser
considerado um distúrbio funcional do cérebro. No entanto, atualmente
sabe-se que há um componente genético envolvido na causa desse
transtorno, ou seja, o TDAH é transmitido de pais para filhos. Pesquisas
mostram que crianças com pais hiperativos, têm risco cinco vezes maior
de ter o transtorno. Porém, o fator genético isolado não é suficiente
para o aparecimento do TDAH. Fatores sociais também vêm sendo estudados
como possíveis causas para o transtorno. A intensidade dos problemas
experimentados pelos portadores, podem variar de acordo com suas
experiências de vida. Situações como pai ou mãe alcoólatra, famílias
desestruturadas e pobreza, criam um ambiente favorável para que o
distúrbio se manifeste.
Com os estudos estruturais e
metabólicos, somados a estudos genéticos e sobre a família, bem como a
pesquisas sobre reação a drogas, pode-se perceber claramente que o TDAH é
um transtorno neurobiológico.
4.5 TRATAMENTO
O tratamento de crianças com TDAH exige
um esforço coordenado entre profissionais das áreas médica, saúde mental
e pedagógica, em conjunto com os pais, porém, não existe “cura” para o
transtorno, no sentido de normalizar totalmente o comportamento da
criança.
Uma intervenção multidisciplinar pode
envolver, treinamento aos pais quanto à verdadeira natureza do TDAH, e
quando necessário, aconselhamento individual e familiar, para evitar o
aumento de conflitos na família. Um programa pedagógico adequado, é
essencial ao tratamento, pois o sucesso na sala de aula freqüentemente
exige uma série de intervenções. A maioria das crianças com TDAH pode
permanecer na classe normal, com pequenos arranjos na arrumação da sala.
Utilização de um auxiliar e/ou programas especiais a serem utilizados
fora da sala de aula. O uso de medicamentos, também pode ser necessário,
porém deve ser sempre um, coadjuvante e utilizado com parcimônia.
Dentre os mais utilizados para o controle dos sintomas do TDAH, estão os
psicoestimulantes, como o metilfenidato (Ritalina), administrado
preferencialmente na parte da manhã para não interferir no sono.
Os efeitos colaterais mais comuns são a
diminuição do apetite e do sono, sendo necessário a monitorização do
peso, insônia, labilidade emocional, ritmo do crescimento e precipitação
de tiques. O tratamento com antidepressivos tricídicos, como imipramina
(Tofranil) ou amitripfilina (Tryptanol), devido ao seu baixo custo, tem
sido usado como uma segunda escolha, mas deve-se ter cuidado com
pacientes cardíacos. Já as psicoterapias, entram em cena para ajudar a
criança a se auto valorizar e encontrar alternativas para se adaptarem
socialmente. Todas as linhas de tratamento dinâmicas, que não se
restrinjam ao verbal, são mais indicadas.
4.6 DICAS PARA LIDAR COM PORTADORES DO TDAH
Segue abaixo, quadro com dicas importantes para pais e professores, de como lidar melhor com crianças diagnosticadas de TDAH.
PROFESSORES
- evite colocar os alunos nos cantos da sala, onde a reverberação do som é maior. Eles devem ficar nas primeiras carteiras das fileiras do centro da classe, e de costas para ela.
- faça com que a rotina da classe seja clara e previsível. Mudanças de rotina são difíceis de serem ajustadas por crianças com TDAH.
- afaste-as de portas e janelas, para evitar que se distraiam com outros estímulos.
- deixe-as perto de fontes de luz, para poder enxergá-las bem.
- não fale de costas, mantenha sempre o contato visual.
- repita ordens e instruções, faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu
- o aluno deve ter reforços positivos quando for bem-sucedido. Isso ajuda a elevar sua auto-estima. Procure elogiar e incentivar o que aquele aluno tem de bom e valioso.
- esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas escolares, mande bilhetes diários ou semanais e peça aos pais que leiam as anotações.
- procure inserir essas crianças em salas de aula pequenas. Um professor para cada oito alunos é o mais indicado.
PAIS
- fale um pouco mais alto e dê ênfase às palavras mais importantes, que designem tempo, espaço e modo.
- seja breve e evite dar várias ordens ao mesmo tempo.
- não os mande fazer algo gritando de outro cômodo da casa. Eles não vão atendê-lo.
- prepare um local de estudo adequado, com horários e rotina estabelecida para fazer as tarefas escolares.
5.0 METODOLOGIA
5.1 SUJEITO
Esta pesquisa foi realizada com
professores de Ensino Fundamental da rede pública e privada, da cidade
de Birigüi, tendo como número exato, dez sujeitos. Não houve delimitação
de faixa etária, assim como não foi considerado o tempo de serviço, ou
seja, o grau de experiência. Coincidentemente, todos os sujeitos foram
do sexo feminino, pois não houve discriminação de sexo.
5.2 INSTRUMENTO
Foi utilizado como instrumento de
pesquisa, um caso clínico, que segue em anexo, juntamente com um
questionário composto de três questões, sendo uma delas fechada e duas
abertas, possibilitando ao professor expor seus conhecimentos sobre o
TDAH.
5.3 PROCEDIMENTO
A partir de um levantamento
bibliográfico, foi construído o instrumento e entregue pessoalmente a
cada professor. A pesquisa foi realizada em três dias. No primeiro dia,
ocorreu a apresentação do projeto aos professores, enfatizando a
importância destes no trabalho, e a entrega dos questionários. O segundo
e terceiro dia, usados para recolher o questionário, e fazer os
agradecimentos.
5.4 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Os questionários foram analisados de
maneira minuciosa, chegando à conclusões referentes à cada questão.
Diante da primeira, que se refere à capacidade do professor, de
identificar o caso descrito no questionário, como um caso de TDAH, o
resultado apresentou respostas “SIM”, ou seja, que existe a capacidade
de identificar casos de TDAH, e respostas “NÀO”, que não existe a
capacidade de identificar casos de TDAH. Nove, dos dez entrevistados,
responderam que sim, que seriam capazes de identificar a criança do caso
clínico como portadora do transtorno. Apenas um dos sujeitos respondeu
que não seria capaz de identificar. De um modo geral, foi possível
constatar que 90% dos professores entrevistados, seriam capazes de
identificar um aluno, dentro da sala de aula, como portador do TDAH,
embora, os 10% não capazes são de muita significância, “…eu posso
suspeitar se o seu comportamento for muito anormal comparando-o com o
restante da sala, e encaminhá-lo para que um profissional analise o
caso…”.
Referente a questão dois, que trata do
conhecimento que os professores possuem sobre o transtorno, houve uma
análise, de forma à perceber que o conhecimento do professor pode ser
teórico ou prático. Sete sujeitos responderam ter apenas um conhecimento
teórico sobre o assunto. Dos dez entrevistados, dois responderam ter um
conhecimento prático e apenas um dos sujeitos, respondeu a pesquisa, de
forma à perceber que possui um conhecimento prático e teórico. Desta
forma, foi possível constatar que há um conhecimento predominantemente
teórico, ou seja, 70% dos professores, não possuem na prática, um
conhecimento sobre o assunto.
Diante da questão três, que diz respeito
a reação de um professor frente à um caso de TDAH, foi possível
constatar diferentes atitudes. Em primeiro lugar, pediriam auxílio a um
profissional. Em segundo, trabalhariam com a criança de modo especial,
preparando aulas a partir de seu interesse, ou ainda, em terceiro lugar,
reagiriam com firmeza, persistência e paciência. Dos dez entrevistados,
cinco responderam que diante de um caso de TDAH, pediriam ajuda à um
profissional especializado. Dois deles, responderam que trabalhariam com
a criança de modo especial, preparando aulas a partir do seu interesse.
Um dos professores, agiria com firmeza, persistência e paciência “…firmeza e amor em minhas decisões e jamais deixar-me vencer ou dominar pelo cansaço…”
e finalmente, dois dos entrevistados, além de tratar a criança de modo
especial, preparando aulas a partir de seu interesse, pediria auxilio à
um profissional especializado.
Embora, a maioria dos professores tenham
respondido ser capazes de identificar um aluno com TDAH, e ainda,
reagir de forma adequada, houve respostas significativas que mostram
discordância “…Apesar de saber da falta de preparo dos professores e
coordenadores em relação a esse assunto, eu prepararia aulas a partir
do interesse do aluno…”.
6.0 CONCLUSÃO
Diante da realização da pesquisa,
baseada no levantamento bibliográfico e nos objetivos propostos, e após
organização e análise dos dados, foi possível perceber que os
professores de Ensino Fundamental possuem um conhecimento significativo a
respeito do Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade. Foi
possível perceber ainda, que frente a esse conhecimento, esses
professores saberiam identificar um caso de TDAH dentro da sala de aula,
e reagiriam de forma coerente. Porém, como discorrido durante o
desenvolvimento deste trabalho, mesmo para profissionais especializados,
o TDAH é um transtorno de difícil diagnóstico. Devido algumas de suas
características, esse transtorno pode ser confundido com outros, o que
nos gera uma grande incógnita. Será que por mais conhecimentos que os
professores tenham sobre o assunto, possuem realmente a capacidade de
identificar e lidar com uma criança portadora do TDAH?
Apesar do conhecimento constatado,
pode-se supor, que por motivos já mencionados, estes professores de
alguma forma estarão identificando de maneira errônea ou até mesmo
rotulando seus alunos, não sabendo lidar de maneira correta com estes,
podendo comprometer sua aprendizagem.
7.0 BIBLIOGRAFIA
REINECKE, Mark A., DATTILIO, Frank M., FREEMAN, Arthur. Terapia Cognitiva com crianças e adolescentes. Manual para a prática clínica. Apresentação Aaron T. Beck. Artmed, 1999.
SILVARES, Edwiges Ferreira de Mattos (org.). Estudos de caso em Psicologia Clínica Comportamental infantil. Editora Papirus, 2000.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. Editora Cortez, 2000.
ANDRADE, Ênio Roberto de. Atenção Redobrada. Viver, São Paulo, 10-12, fevereiro 1999.
COUTO, Cristiana. Eles são fogo. Educação, São Paulo, 30-39, abril 1999.
HIPERATIVIDADE. http://www.hiperatividade.com.br/index.php
BASTOS, Fernando L. & BUENO, Marcelo
C. (2001) Diabinhos: Tudo sobre o Transtorno de Déficit de Atenção /
Hiperatividade (ADD). http://neurociencias.nu/pesquisa/add.htm
Autor: Flávia Amoroso Boatto
Nenhum comentário:
Postar um comentário