domingo, 6 de abril de 2014

AUTISMO E OUTROS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: SÍNDROME PSICOLÓGICA INTESTINAL

Gut and Psychology Syndrome (GAP syndrome or GAPS).
OU SÍNDROME PSICOLÓGICA-INTESTINAL.

Nós vivemos em um mundo repleto de epidemias.
As desordens do espectro autista, as desordens do déficit de atenção e hiperatividade (TDA-H), a esquizofrenia, a dislexia, a dispraxia, a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC ou transtorno bipolar), e outros problemas neuro-psicológicos e psiquiátricos, em crianças e jovens adultos, estão se tornando cada vez mais comuns.

Na prática clínica essas condições, mais do nunca, sobrepõem-se umas as outras.
Uma criança com autismo geralmente é hiperativo e dispráxico. Há uma sobreposição da ordem de 50% entre dislexia e dispraxia, e de 25-50% entre hiperatividade, dislexia e dispraxia.
Crianças nessas condições geralmente são diagnosticadas como sendo depressivas e, quando crescem, elas estão mais predispostas a se tornar dependentes de drogas e álcool do que as crianças com desenvolvimento típico. Um adulto jovem com diagnóstico de esquizofrênico, muito frequentemente sofria de dislexia, dispraxia e/ou TDA-H na infância.
Crianças com TOC são, geralmente, hiperativas, com tendências autistas, e, na verdade, elas quase sempre recebem esses dois diagnósticos, antes de serem re-diagnosticadas como bipolar. A esquizofrenia e o transtorno bipolar geralmente são descritos como as duas faces de uma mesma moeda.
Nós criamos diferentes padrões diagnósticos para encaixar nossas crianças. Mas, uma criança atual não se enquadra em nenhum desses padrões.
A criança atual, na maioria das vezes, enquadra-se, de preferência, em um quadro irregular de alterações psiquiátricas e neurológicas que se sobrepõem.
Esse quadro nos conduz à conclusão de que essas alterações estão relacionadas umas as outras devido ao fato de terem etiologias similares. Vamos, aqui, discutir quais podem ser esses agentes causais.
Qual é o quadro típico, visto por nós, na prática clínica? Antes de examinar a criança devemos pesquisar o histórico de saúde de seus pais. Sempre que os pais são mencionados, as pessoas imediatamente pensam em genética. No entanto, além da genética, há algo muito importante que os pais, a mãe principalmente, passa aos seus filhos, que é a sua microflora intestinal, inteiramente particular. Poucas pessoas sabem, mas um adulto tem, em média, 2kg de bactérias em seu intestino. Há mais células nessa massa microbiana do que no corpo humano inteiro. É um microcosmos altamente organizado, onde algumas espécies de bactérias devem predominar para que tenhamos saúde física e mental. Seu papel em nossa saúde é tão imenso que nós, simplesmente, não podemos nos dar ao luxo de ignorá-las.
Falaremos posteriormente, em detalhes, sobre a flora bacteriana intestinal infantil. Agora voltaremos à fonte da flora intestinal das crianças, isto é, seus pais.
Após estudar centenas de casos de alterações neurológicas e psiquiátricas, em crianças, um quadro característico da saúde de suas mães emergiu.
Uma típica mãe de hoje em dia provavelmente não foi amamentada no peito quando bebê, pois nasceu nos anos 60-70, quando a amamentação estava fora de moda. Por que esse fato é importante?
Porque é bem sabido, atualmente, que bebês não amamentados no peito desenvolvem uma flora microbiana intestinal completamente diferente daquela de bebês amamentados no peito.
Bebês alimentados com mamadeira têm uma flora microbiana intestinal alterada, flora essa que, futuramente, trará uma predisposição à inúmeras alterações de saúde.
Tendo, desde o começo, uma flora intestinal alterada, uma típica mãe da atualidade, provavelmente, terá tido alguns episódios de uso de antibióticos em sua infância e juventude, devido ao fato de ter contraído inúmeras infecções.
É bem sabido que os antibióticos causam grande dano à flora intestinal, pois eliminam as cepas bacterianas que são úteis e necessárias.
Com a idade de 16 anos, ou, em alguns casos, antes disso, a mãe atual inicia o uso de anticoncepcionais, que serão usados por alguns anos antes que ela constitua sua família. Pílulas anticoncepcionais têm um efeito devastador nas bactérias benéficas da flora intestinal.
Uma das principais funções das bactérias benéficas é controlar cerca de 500 diferentes espécies de bactérias patogênicas (ruins) e oportunistas, já descritas na literatura médica.
Quando as bactérias benéficas são eliminadas, as bactérias oportunistas encontram uma ótima oportunidade para crescer em grandes colônias, ocupando grande espaço no trato intestinal.
A dieta moderna, de alimentos processados e fast foods, fornece a nutrição perfeita para esses patógenos. E esta é a dieta que a mãe de hoje em dia teve quando criança e como adulta jovem. Como resultado de todos esses fatores a mãe atual tem uma flora intestinal seriamente comprometida à época em que está apta a ter seus filhos. Na realidade, os sinais clínicos de disbiose (flora intestinal anormal) estão presentes em 100% das mães cujos filhos apresentam problemas neurológicos e psiquiátricos.
Os problemas de saúde mais comuns das mães são: alterações digestivas, alergias, auto-imunidade, TPM, fadiga crônica, dor de cabeça e problemas na pele.
Um bebê nasce com o intestino estéril. Nos primeiros 20 dias de vida, a mais ou a menos, as paredes intestinais virgens do bebê são colonizadas por uma mescla de bactérias. É a flora intestinal do bebê, que terá um efeito tremendo em sua saúde pelo resto de sua vida.
De onde vem essa flora intestinal? A maior parte da mãe. Assim, qualquer que seja a flora intestinal da mãe, ela a transmitirá ao seu filho recém-nascido.
A flora intestinal é algo com a qual não nos preocupamos. No entanto o número de funções que a flora intestinal executa é tão vital que, se algum dia, nosso trato digestivo fosse esterilizado, provavelmente não sobreviveríamos.
A primeira e mais importante função do intestino é digerir e absorver corretamente os alimentos. Se uma criança não adquire uma flora intestinal equilibrada, então ela não conseguirá digerir e absorver corretamente os alimentos, desenvolvendo deficiências nutricionais múltiplas. E isso é o que geralmente vemos em crianças com déficit de aprendizagem, alterações psiquiátricas e alergias.
Muitas dessas crianças são mal-nutridas. Mesmo aquelas que parecem ter um desenvolvimento físico adequado, quando submetidas a exames laboratoriais, podemos observar deficiências em importantes minerais, vitaminas, ácidos graxos essenciais, muitos aminoácidos e outros nutrientes.
As deficiências mais frequentes nessas crianças, em relação aos minerais, são: magnésio, zinco, selênio, cobre, cálcio, manganês, enxofre, fósforo, ferro, potássio, vanádio, boro.
Em relação às vitaminas: B1,B2,B3,B12,C,A,D, ácido fólico, ácido pantotênico.
Em relação aos ácidos graxos essenciais e aminoácidos: ômega 3,6 e 9, taurina, ácido alfa-cetoglutárico, glutationa e muitos outros aminoácidos.
Essa lista de deficiências nutricionais, frequentemente encontrada nessas crianças, inclui nutrientes fundamentais para o desenvolvimento normal do cérebro, sistema imunológico e o restante do corpo.
Além da digestão e absorção normais dos alimentos, a flora saudável sintetiza vários nutrientes: vitamina K, ácido pantotênico, ácido fólico, tiamina (vitamina B1), riboflavina (vitamina B2), niacina (vitamina B3), piridoxina (vitamina B6), cianocobalamina (vitamina B12), vários aminoácidos e proteínas. Na verdade, quando indivíduos com disbiose são examinados sempre há deficiência desses nutrientes.
A experiência clínica demonstra que a reposição das bactérias funcionais no trato intestinal é a melhor opção para resolver essas deficiências.
A maior parte das crianças com alterações neurológicas e psiquiátricas têm aparência pálida e emaciada. Seus exames mostram vários graus de anemia, o que não é de se admirar, pois para ter sangue saudável há necessidade de vários nutrientes: vitaminas (B1,B2,B3,B6,B12,K,A,D,etc) ácidos graxos e aminoácidos essenciais.
Essas crianças não somente não conseguem absorver esses nutrientes a partir da alimentação, mas também a própria produção de muitos deles é ineficiente. A maioria das pessoas com flora intestinal alterada tem grupos específicos de bactérias patogênicas ferro-dependente crescendo em seu intestino (actinomices spp, micobacterium spp, cepas patogênicas de E.coli, corinebacterium spp, e muitas outras).Essas bactérias consomem todo o ferro que o indivíduo obtenha da dieta, levando a uma deficiência . Infelizmente a suplementação do ferro somente faz as bactérias crescerem ainda mais e não resolve o problema da anemia.
Para tratar a anemia o indivíduo precisa de todos os nutrientes mencionados até aqui, muitos deles são fornecidos pela própria flora intestinal, desde que seja saudável.
Além de uma ação direta na nutrição do organismo, as bactérias fisiológicas do trato digestivo funcionam como faxineiras. Elas recobrem totalmente a superfície interna do intestino, protegendo-a de invasores e de toxinas, constituindo uma barreira natural e produzindo grande quantidade de substâncias antibacterianas, antivirais e antifúngicas. Ao mesmo tempo essas bactérias fornecem nutrição à camada epitelial de revestimento do intestino (N.T. = epiteliais são as células que revestem e protegem os órgãos, como a pele, boca, bexiga, etc.Na pele é um epitélio seco, no intestino é um epitélio úmido; essa camada, no intestino, geralmente é constituída por poucas camadas de células epiteliais, na pele, p.ex., são várias camadas de células. O epitélio não é vascularizado, portanto a nutrição tem que vir de outro lugar, geralmente a camada subjacente de tecido conjuntivo, mas no intestino a nutrição vem de fora, das bactérias que estão acima das células epiteliais). Estima-se que de 60-70% da energia da camada de revestimento intestinal provenha da atividade bacteriana que habita essa camada. Portanto, não é de se estranhar que, estando a flora intestinal alterada, o próprio trato intestinal fique alterado.
Na verdade muitas crianças com déficit de aprendizagem, alterações psiquiátricas e alergias apresentam problemas digestivos.
Em muitos casos os problemas são suficientemente graves para os pais falarem sobre eles.
Em alguns casos não são tão severos, mas quando fazemos perguntas diretas aos pais eles respondem que seu filho nunca teve fezes normais, que seu filho sofre com as cólicas desde bebê, e que dor de barriga e flatulência são frequentes.
Nesses casos, quando a criança é examinada por um gastroenterologista evidencia-se um processo inflamatório, com impactação fecal.
A pesquisa mais recente foi realizada no Royal Free Hospital, em Londres, pelo Dr. Wakefield e equipe. Eles afirmam que uma situação de inflamação no intestino com flora funcional é um auxílio para nosso sistema imunológico.
As bactérias benéficas do intestino possibilitam a produção correta de várias células imunológicas, imunoglobulinas e outros componentes do sistema imune. Mas, o mais importante, elas mantém o sistema imune equilibrado.
O que ocorre geralmente em pessoas com disbiose intestinal é que os dois mais efetivos compostos do sistema imune Th1 e Th2 ficam desequilibrados, com o Th1 deprimido e o Th2 superativado. Como resultado, temos o sistema imune reagindo aos mais distintos estímulos do meio ambiente de forma alérgica ou atópica.
Um bebê nasce com o sistema imunológico imaturo. O estabelecimento de uma saudável flora intestinal equilibrada, nos primeiros dias de vida, tem um papel crucial no amadurecimento apropriado do sistema imunológico. Se o bebê não desenvolve uma flora intestinal adequada ele virá a ter problemas imunológicos.
O resultado será uma série de infecções seguidas por uma sequência de terapias com antibióticos, que causam danos tanto a flora intestinal quanto ao sistema imune.
As infecções mais freqüentes, nas crianças com alterações psicológicas, neurológicas e atópicas, em seus dois primeiros anos de vida, são: infecções de ouvido, infecções nas vias respiratórias, inflamações de garganta e impetigo. Ao mesmo tempo, nesses primeiros dois anos de vida, a criança recebe muitas vacinas. Uma criança com o sistema imune comprometido não reage de modo padrão às vacinas. Em muitos casos as vacinas aumentam o dano pré-existente no sistema imune e cria uma fonte de infecções virais persistentes e problemas auto-imunes.
Existe um volume considerável de pesquisas publicadas sobre o estado do sistema imune em crianças com déficits de aprendizagem e alterações psiquiátricas. As pesquisas mostram muitas anomalias em todos os grupos celulares mais importantes.
Os anti-anticorpos encontrados com mais freqüência são contra a proteína da mielina básica (MBP –em inglês) e contra a proteína do filamento do neuro-axônio (NSFP – em inglês). Esses anticorpos atacam o cérebro da criança e o restante de seu Sistema Nervoso.
Assim, a criança de hoje em dia, da qual estamos falando, não tem de saída, uma flora intestinal normal e, com o passar do tempo, lhe causa ainda mais danos devido às múltiplas terapias com antibióticos e vacinações. Resulta daí que essas crianças, geralmente, sofrem de problemas digestivos, asma, alergias e eczema.
Mas, além disso, nas crianças que vão desenvolver alterações neurológicas e psiquiátricas, algo ainda mais terrível acontece.
Sem o controle das bactérias benéficas várias bactérias oportunistas e patogênicas, vírus e fungos, têm uma boa chance de colonizar grandes áreas no trato digestivo, crescendo em grandes colônias. Dois grupos são os mais frequentemente encontrados nos testes: leveduras (incluindo a Cândida) e a família Clostrídia.
Esses micróbios patogênicos iniciam digerindo o alimento e produzem grandes quantidades de variadas toxinas, que são absorvidas pelo intestino, passando à corrente sanguínea, e chegam ao cérebro, passando através da barreira hemato-encefálica. O número e composição de toxinas podem ser muito particulares, causando diferentes sintomas neurológicos e psicológicos.
Devido à ausência, ou grande diminuição, de bactérias benignas na flora intestinal, o sistema digestivo dessas crianças passa a ser a maior fonte de intoxicação do organismo, ao invés de ser a fonte primordial de nutrição.
Assim, de quais toxinas estamos falando? Há muitas toxinas, sobre as quais ainda não estudei bastante, mas algumas delas já têm uma quantidade razoável de pesquisas. Vamos dar uma olhada nelas.
Acetaldeído & álcool. O que essas substâncias podem causar às crianças?
Os micróbios patogênicos que mais comumente apresentam um super desenvolvimento no sistema digestivo de crianças com alterações neuro psicológicas e alergias são as leveduras, particularmente a Cândida. As leveduras fermentam os carboidratos da dieta, produzindo álcool e seu subproduto acetaldeído.
Vejamos o que a contínua exposição ao álcool e acetaldeído pode causar:
* danos hepáticos, com a diminuição da capacidade de desintoxicar o organismo mediante a eliminação de drogas, poluentes e outras toxinas.
* degeneração pancreática, reduzindo a capacidade de produção de enzimas pancreáticas que aceleram o processo digestivo.
* redução da capacidade de produção de ácido gástrico pela parede estomacal.
* danos ao sistema imune.
* dano cerebral com perda de autocontrole, prejuízo na coordenação, prejuízo no desenvolvimento da linguagem, agressividade, retardo mental, perda de memória e estupor.
* danos aos nervos periféricos, com alteração na sensibilidade e fraqueza muscular.
* danos ao tecido muscular, causando alteração na capacidade de contração e relaxamento, bem como fadiga muscular.
* deficiências nutricionais devidas ao efeito danoso na digestão e absorção de muitas vitaminas, minerais e aminoácidos. Muito comuns são as avitaminoses B e A.
* o álcool tem a capacidade de aumentar a toxicidade das drogas mais comuns, poluentes e outras toxinas.
* alteração no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídeos.
* incapacidade do fígado em eliminar neurotransmissores e hormônios antigos, bem como outros subprodutos comuns do metabolismo. Tais substâncias vão se acumulando no organismo, levando a anomalias comportamentais, e muitos outros problemas.
O acetaldeído é considerado o mais tóxico subproduto do álcool. É a substância química que nos dá a sensação de ressaca. Qualquer um que já tenha experimentado uma ressaca pode dizer como a sensação é terrível. As crianças que tem uma flora bacteriana intestinal alterada desde o princípio, com muitas leveduras, provavelmente nunca conheceram outra sensação que não a de ressaca. O acetaldeído pode agir de diferentes formas tóxicas no organismo. Uma de suas formas de ação mais devastadora é a sua capacidade de alterar a estrutura das proteínas. Essas proteínas alteradas pelo acetaldeído possivelmente são as responsáveis por muitas reações auto-imunes. E as crianças com alterações neuropsicológicas geralmente apresentam anticorpos contra si mesmos.
Neurotoxinas da Clostrídia:
Existem cerca de 100 espécies conhecidas de clostrídia até agora. Elas estão presentes nas fezes de pessoas com autismo, esquizofrenia, psicose, depressão severa, paralisia muscular, anormalidades de tonicidade muscular e outras anomalias psiquiátricas e neurológicas. Muitas espécies de clostrídio são hospedeiros normais do trato intestinal humano. Por exemplo, o Clostridio tetani é encontrado rotineiramente no intestino de pessoas e animais saudáveis.
Todos sabem que o tétano é uma doença mortal, devido a neurotoxina muito tóxica que o clostrídium tetani produz. O clostridium tetani que habita o intestino é controlado, geralmente, pelas bactérias benéficas, nãos nos causando danos, já que sua toxina não consegue atravessar a parede de revestimento interno do intestino. Infelizmente, essas crianças das quais estamos falando, não tem essa parede de revestimento interno saudável. Em intestinos com disbiose essas neurotoxinas podem ser absorvidas pela parede intestinal lesada, penetrar na corrente sanguínea e atravessar a barreira hemato-encefálica, afetando o desenvolvimento cerebral infantil.
Muitas outras espécies de clostridio (perfringens, novyi,septicum, histolyticum, sordelli, aerofoetidum,tertium, sporogenes, etc) produzem toxinas similares à toxina tetânica, bem como de muitas outras toxinas.
O Dr. William Shaw, do Laboratório Great Plains, descreve com detalhes o número de crianças autistas que apresentam grande progresso em seu desenvolvimento e em seus exames bioquímicos quando estão sob efeito de medicação anti-clostrídia. Infelizmente, quando a medicação é interrompida as crianças retornam ao autismo, já que essas crianças não têm uma flora intestinal saudável, capaz de controlar a clostrídia, impedindo que suas toxinas penetrem no sistema circulatório através da membrana de células de revestimento do intestino. Em muitos casos não é possível identificar o clostrídio nas fezes do indivíduo, pois é um anaeróbio estrito, sendo de difícil observação. Precisamos testá-la através de seu potente patógeno.
As leveduras e o Clostrídio receberam uma oportunidade muito boa nessa idade do antibiótico. Antibióticos de largo espectro não os alcançam, enquanto eliminam as bactérias benéficas do intestino, que deveriam controlá-los. Sendo assim, depois de vários episódios de terapias com antibióticos, esses dois grupos patogênicos ficam fora de controle e começa um super crescimento. Essas crianças a que nos referimos recebem muitas terapias antibióticas desde o início de suas vidas.
Gluteomorfina & Caseomorfina, ou opiatos do glúten e da caseína.
Os opiáceos são drogas, como o ópio, morfina, heroína, que são comumente usadas por viciados em drogas. O que elas fazem com as crianças?
O glúten é uma proteína presente em grãos, principalmente trigo, centeio, aveia e cevada. A caseína é a proteína do leite, de vaca, cabra, ovelha, humana, e todos os outros leites e derivados dele.
No organismo de crianças e adultos, autistas ou esquizofrênicos, essas proteínas não são adequadamente digeridas devido ao fato de seus sistemas digestivos abrigarem uma flora microbiana anormal, portanto, insalubre. O resultado dessa má digestão seria a formação, a partir do glúten e da caseína, de substâncias com estrutura química semelhante à dos opiáceos, como a morfina e heroína.
Há uma quantidade substancial de pesquisas nessa área, feitas por Dohan, Rechelt, Shattock, Cade e outros, nas quais os peptídeos do glúten e da caseína, denominados gluteomorfina e caseomorfina, são encontrados na urina de pacientes esquizofrênicos e de crianças autistas. Incidentalmente, tais substâncias também são encontradas em pacientes com depressão e artrite reumatóide. Esses opiáceos, derivados do trigo e do leite, atravessam a barreira hemato-encefálica e bloqueiam certas áreas do cérebro, exatamente como a morfina e a heroína fazem, causando variados sintomas neurológicos e psicológicos.
Baseada nessas pesquisas, a dieta sem glúten e sem caseína (SGSC) foi desenvolvida, auxiliando muitas crianças e adultos com autismo e esquizofrenia.
Dermorfina & Deltorfina:
São duas assustadoras substâncias tóxicas com estrutura de opiáceos, as quais foram observadas em crianças autistas, pelo bioquímico Alan Friedman, PhD. A dermorfina e a deltorfina foram primeiramente identificadas na pele de rãs venenosas da América do Sul.
Os povos nativos costumam mergulhar seus dardos no tecido mucoso dessas rãs, envenenando-os, a fim de paralisar seus inimigos, já que tanto a dermorfina quanto a deltorfina são neurotoxinas muito poderosas. O Dr. Friedman acredita que não é a rã que produz essas neurotoxinas, mas sim fungos, que crescem na pele delas. É possível que esses fungos cresçam no intestino de crianças autistas, fornecendo aos seus organismos dermorfina e deltorfina.
Os testes de Ácidos Orgânicos, disponíveis em muitos laboratórios ao redor do mundo, identificam muitos metabólitos da atividade bacteriana no intestino, os quais são absorvidos e acabam sendo eliminados pela urina da criança. Muitos desses metabólitos são substâncias altamente tóxicas.
Baixa concentração de sulfato sérico é frequente nessas crianças, e pode ser um indício de intoxicação orgânica, pois os sulfatos são essenciais em muitos processos de desintoxicação, bem como para o metabolismo normal dos neurotransmissores cerebrais. Em muitos casos a criança está recebendo um bom suprimento de sulfatos através da dieta, mas todo ele é consumido pela cadeia de desintoxicação poderosa que tenta remover todas inúmeras substâncias tóxicas formadas no organismo a partir do intestino da criança.
Ao mesmo tempo outro grande grupo de bactérias geralmente tem um super crescimento nos casos de disbiose intestinal. São as bactérias sulfato-redutoras, que produzem enxofre impróprio para consumo do organismo. Essas bactérias metabolizam os sulfatos, provenientes da alimentação, em sulfitos, muitos deles são tóxicos como o sulfito de hidrogênio, p.ex., que é o gás do ovo podre.
Alguns pais de crianças autistas, hiperativas e com outras alterações, falam que seus filhos têm fezes com esse cheiro característico. A mescla de toxicidade em cada criança é muito particular e diferente. Mas o que todos têm em comum é a disbiose intestinal.
A toxicidade, que é produzida pela massa microbiana anormal dessas crianças, estabelece uma ligação entre o intestino e o cérebro. É por isso que parece lógico agrupar essas desordens sob um nome: Síndrome Psicológica e Intestino (GAP).
As crianças com GAP podem apresentar sintomas de autismo, TDAH, ADD, TOC, dislexia, dispraxia, esquizofrenia, depressão, alterações do sono, alergias, asma e eczema em todas as possíveis combinações.
Essas são as crianças que se enquadram na GAP, de acordo com nossa experiência médica. Qualquer criança com déficits de aprendizagem, alterações neurológicas ou psicológicas e alergias, deve ser examinada para detectar disbiose intestinal.
O restabelecimento da flora intestinal normal e o tratamento do sistema digestivo dessas crianças deve ser a primeira intervenção para essas desordens, antes de se considerar a possibilidade de qualquer outro tratamento com drogas ou outro método.


Drª Natasha Campbell-McBride, MD.
MmedSci em Neurologia
MmedSci em Nutrição Humana

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