quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Mudança na forma de diagnóstico elevou casos de autismo nos EUA

Casos de deficiência intelectual foram classificadas como autistas, diz estudo.
Dados foram publicados no 'American Journal of Medical Genetics'.

Imagem mostra diferença entre neurônio de pessoa sem autismo (à esquerda) e de autista (Foto: Alysson Muotri/Arquivo Pessoal)
Imagem mostra diferença entre neurônio de
pessoa sem autismo (à esquerda) e de
autista (Foto: Alysson Muotri/Arquivo Pessoal)



A maneira como era feito o diagnóstico de autismo nos Estados Unidos levou a uma triplicação dos casos nos últimos anos, o que não reflete a realidade - disseram pesquisadores nesta quarta-feira (22).
O que acontece é que mais pessoas jovens com deficiência intelectual ou de desenvolvimento estão sendo classificadas como autistas, argumentou o estudo publicado no "American Journal of Medical Genetics".
Os diagnósticos prevalentes de autismo nos Estados Unidos chegavam a uma pessoa em 5.000 em 1975.
Esse número subiu para um em cada 150 em 2002 e atingiu um de 68 em 2012, de acordo com o Centro norte-americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
"Este novo estudo nos dá a primeira evidência direta de que grande parte do aumento pode ser meramente atribuível à reclassificação dos indivíduos com distúrbios neurológicos relacionados ao invés de um aumento real da taxa de novos casos de autismo", explicaram os pesquisadores da Universidade Estatal da Pensilvânia.
Eles analisaram 11 anos de dados sobre matrículas na educação especial em uma média de 6,2 milhões de crianças por ano. Não encontraram "nenhum aumento generalizado no número de estudantes matriculados na educação especial", disse o estudo.
"Além disso, concluíram que o aumento nos estudantes diagnosticados com autismo foi compensado por uma redução semelhante nos estudantes diagnosticados com outras deficiências intelectuais, que às vezes ocorrem ao mesmo tempo que o autismo".
Mudança de critérios
Então, o que pode parecer uma epidemia de autismo é mais provável que seja uma mudança nos critérios para o diagnóstico no tempo. Além disso, o autismo é uma condição complicada com muitos graus de intensidade, e pode sobrepor-se a outras desordens relacionadas.

"A alta taxa de co-ocorrência de outras deficiências intelectuais com o autismo, que levam à reclassificação do diagnóstico, é certamente devido a fatores genéticos compartilhados em muitas desordens do desenvolvimento neurológico", afirmou o pesquisador Santhosh Girirajan, professor assistente de bioquímica e biologia molecular e antropologia da Penn State University.
"Cada paciente é diferente e deve ser tratado como tal. As medidas de diagnóstico padronizados devem levar em conta a análise genética detalhada e um acompanhamento regular em estudos futuros nos quais o autismo seja prevalente".

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