Desde o útero, aprendemos e fazemos descobertas através dos nossos sentidos. Na escola e na universidade aprendemos que temos cinco sentidos o que, na verdade, não está correto. Temos sete sentidos: visão, audição, olfato, paladar, tato, vestibular e proprioceptivo.
Conforme o ambiente vai proporcionando um maior número de experiências, estes sentidos vão amadurecendo. Muitas vezes, a propriocepção, ou seja, o toque e o sentir, bem como a questão vestibular que abrange o movimento e o equilíbrio, não são levados em conta.
A integração sensorial nada mais é do que as respostas que damos a partir dos estímulos do ambiente. A informação vai para o cérebro onde a processamos e podemos dar uma resposta adequada ao que é solicitado.
Quando eu preciso dar uma resposta para uma situação, eu tenho que pegar um arquivo no meu cérebro, mas, se eles não estão organizados, eu pego qualquer um. O cérebro, quando reúne as informações, elabora um plano de ação.
As informações chegam ao cérebro, pelas vias sensoriais, que organizam e processam as informações em todo o sistema nervoso central. Quando o estímulo chega, ocorre uma modulação, ou seja, o cérebro faz o registro, pois esta em alerta, analisa se este é interessante ou não e, conforme a sua analise, elabora um comportamento.
Durante o período de gestação, o bebê vive em um ambiente gravitacional, pois o vai e vem da barriga de sua mãe trabalha muito a questão vestibular.
Quando falamos do autista, estes podem apresentar defensibilidade sensorial em muitas situações. Se um movimento o incomoda simplesmente não faz e, se é forçado a fazer, reage de forma exagerada. Eles usam estratégias para evitar fazer tudo àquilo que eles não querem.
Pelas dificuldades de relacionamento, o brincar para a criança com transtorno do espectro autista é uma coisa complicada e, para ter um imput sensorial, ele tem que brincar, tocar, cheirar e experimentar. Contudo, se o estímulo não é relevante e motivante ele não causa este imput necessário.
Por outro lado, a propriocepção é um fator que tem que ser levado em conta. Dificuldades nesta área são comuns, pois eles têm dificuldades em relação à noção corporal, posicionamento do seu corpo e movimento deste no espaço. Eles preferem nos usar como instrumentos, levando a nossa mão até o que querem, do que agir por conta própria.
Quando usamos brincadeiras e atividades que estimulem a propriocepção, através de toques mais profundos e de exercícios que ampliem a sensação de toque corporal, estamos fazendo com que este estímulo chegue ao cérebro, aumentamos o tônus, pois ele entra em estado de alerta. Contudo, se o aluno e o ambiente estão desorganizados a resposta adequada não vem.
Fazer com que o autista pegue o estímulo novo, associe aos antigos e dê uma resposta imediata é difícil, pois eles têm dificuldade de antecipar e fazer a habituação necessária.
O estímulo dado tem que ser poderoso para que ele dê significado e, quem vai nos ajudar a descobrir este estímulo é o próprio indivíduo, pois é ele que nos leva para a atividade.
Crianças autistas se desestruturam ao brincar com muitas crianças, podem ter aversão ao toque, geralmente não gostam de se sujar, podem ter alimentação restrita não gostando de coisas pastosas, secas e de algumas cores, se irritam com facilidade, não conseguem entender as regras de jogos, podem querer roupas compridas para não sentir o toque e assim por diante. Por isso, temos que saber como mediar este brincar para que este realmente cause um imput significativo.
O nosso cérebro e uma máquina de processar informações. O comportamento e a aprendizagem dependem do funcionamento cerebral e cada pessoa reage de forma diferente às sensações. Mas é a forma como este processamento é feito que vão resultar em uma resposta adequada as exigências do ambiente.
Novas habilidades e conceitos vão surgindo com a interação. Mas as experiências só vão ter sentido se estas causarem uma mudança cerebral, pois ele precisa de sensações para se desenvolver.
O aluno autista tem que aprender a ter consciência corporal, ou seja, saber onde seu corpo começa e termina, saber aonde ele esta no espaço para desenvolver a autoproteção e não tropeçar e cair, tem que trabalhar a coordenação motora para saber as noções de força, distância e profundidade que vão ajudar ele a pegar objetos e jogar, a coordenação bilateral para poder usar as duas partes do corpo e aprender a amarrar os sapatos e ter noção viso-espacial para ver o ambiente e saber como agir.
Se ele não sabe o que acontece dentro dele como vai as adequar no ambiente e dizer como se sente. As estereotipias estão relacionadas com as sensações, pois ele está buscando uma sensação. Contudo, a resposta que ele dá com movimentos motores e repetitivos é que não é produtiva e adaptativa não mostrando a função para quem a vê.
O mais importante é ajudar o sujeito com transtornos do espectro autista a se autorregular para que ele possa dar conta daquilo que esta sendo pedido pelo ambiente.
Pense um pouco no nosso dia a dia. Se estivermos em uma reunião muito chata, em uma palestra onde o tema não nos interessa nem um pouco, o que fazemos? Alguns mexem no cabelo, outros mascam chiclete, outros riscam em uma folha, outros balançam o pé. E podemos ficar muito tempo fazendo isto, mas não consideramos como um movimento estereotipado. Isto faz com que a gente não durma e nos mantém alerta e lide com a ansiedade que aquilo esta causando.
Muitas vezes tocar no rosto do aluno é melhor que tocar nas costas. Um toque profundo é bem melhor que um toque leve. Um toque mais prolongado é muito melhor que um toque rápido. O que temos que fazer é trabalhar o seu alerta e ajudá-lo a aprender como transitar entre atividades calmas e mais agitadas.
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