quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

As leis sobre diversidade

Nem sempre quem tem deficiência está matriculado na escola regular. Para reverter esse quadro, é fundamental que pais e educadores conheçam a legislação


Rampas de acesso: adaptar a estrutura física para possibilitar a locomoção de alunos e funcionários que andam de cadeira de rodas é dever de toda escola. Foto: Tarciso Mattos
 
Rampas de acesso: adaptar a estrutura física para possibilitar a locomoção de alunos e funcionários que andam de cadeira de rodas é dever de toda escola.
 
"Desculpe, não estamos preparados." Pais de crianças com deficiência precisam saber: argumento como esse não pode impedir o filho de estudar.Professores e gestores devem lembrar: não há respaldo legal para recusar a matrícula de quem quer que seja.As leis que garantem a inclusão já existem há tempo suficiente (leia abaixo) para que as escolas tenham capacitado professores e adaptado a estrutura física e a proposta pedagógica. "Não aceitar alunos com deficiência é crime", alerta Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, procuradora da República em São Paulo. A legislação brasileira garante indistintamente a todos o direito à escola, em qualquer nível de ensino, e prevê, além disso, o atendimento especializado a crianças com necessidades educacionais especiais. Esse atendimento deve ser oferecido preferencialmente no ensino regular e tem nome de Educação Especial. A denominação é confundida com escolarização especial. Esta ocorre quando a criança freqüenta apenas classe ou escola que recebe só quem tem deficiência e lá aprende os conteúdos escolares. Isso é ilegal. Ela deve ser matriculada em escola comum, convivendo com quem não tem deficiência e, caso seja necessário, tem o direito de ser atendida no contraturno em uma dessas classes ou instituições, cujo papel é buscar recursos, terapias e materiais para ajudar o estudante a ir bem na escola comum. Esse acompanhamento - a Educação Especial - nada mais é que um complemento do ensino regular. 

Alguns estados, porém, estão reconhecendo essas escolas como de Ensino Fundamental Especial, o que não é previsto em lei, para facilitar o repasse de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), contrariando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A situação pode mudar com a regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Segundo Cláudia Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação, há negociações para aumentar o porcentual diferenciado para o aluno com necessidades educacionais especiais. Os recursos devem financiar a escolarização da criança no ensino regular e o atendimento especializado em turno distinto. "Se a rede não oferecer esse serviço, o repasse poderá ser feito para instituições sem fins lucrativos, desde que elas estabeleçam convênios com as Secretarias de Educação e cumpram exclusivamente o papel de apoiar a escolarização, e não de substituí-la", conclui Cláudia.

Várias leis e documentos internacionais estabeleceram os Direitos das pessoas com deficiência no nosso país. Confira alguns deles:

1988
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos; e coloca como princípio para a Educação o "acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um".

1989
LEI Nº 7.853/89

Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão, mais multa
.
1990
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)

Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular.

1994
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA
O texto, que não tem efeito de lei, diz que também devem receber atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais.

1996
LEI E DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LBD)
A redação do parágrafo 2o do artigo 59 provocou confusão, dando a entender que, dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo na escola comum.

2000
LEIS Nº10.048 E Nº 10.098

A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo o que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios de comunicação, sejam ou não de massa.

2001
DECRETO Nº3.956 (CONVENÇÃO DA GUATEMALA)
Põe fim às interpretações confusas da LDB, deixando clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. O acesso ao Ensino Fundamental é, portanto, um direito humano e privar pessoas em idade escolar dele, mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais, fere a convenção e a Constituição
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos; e coloca como princípio para a Educação o "acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um".

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Direitos das Pessoas com Deficiência
, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, 342 págs., Ed. WVA, tel.(21) 2493-7610, 40 reais

Um aluno chamado Matheus

Pesquisa realizada pela Autism Speaks - Vamos participar

Prezados Pais,
 
A&R está participando de uma ampla pesquisa realizada pela Autism Speaks visando uma melhor compreensão da situação atual relacionada aos autistas e seus familiares.

Segue anexo um questionário, já traduzido para o Português. Gostaríamos de contar com a sua colaboração no preenchimento das informações solicitadas, enviando o arquivo preenchido até o dia 11 de Março próximo, anexado em e-mail para contato@autismoerealidade.org

Suas respostas serão vertidas para a língua inglesa, em tradução reversa, e encaminhadas para a Autism Speaks.

A participação de todos é muito importante para o sucesso da pesquisa!

Quaisquer dúvidas, favor entrar em contato.

Atenciosamente,

Equipe A&R
 
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Considerações Culturais - Pais

Cultura e deficiência:

**O que as pessoas sabem sobre o autismo?
O que as pessoas sabem sobre deficiência em geral?
**Quais fontes de informações sobreo autismoestão disponíveis para as famílias?
Como você descobriu sobre o autismo?
**Como você tem acesso às informações e elas estão em qual(is) idioma(s)?
Como as expectativas para crianças com deficiência diferem?
-          Na educação
-          Em casa
-          No tempo livre
Você conhece outras famílias com filhos autistas em sua comunidade? Com que frequência você os encontra?
Como sua comunidade recebe seu filho com autismo?

Interações da criança:

**Como seus filhos brincam em casa?
Com quem eles brincam?
Que tipos de brinquedos ou objetos eles usam?
**Quem normalmente interage com os filhos durante a rotina diária? 
**Como são essas interações? Quais atividades as mães/pais/outros membros da família praticam com as crianças?
**Como seus filhos são disciplinados?
Por qual motivo eles precisariam ser disciplinados?
Com que frequência eles são recompensados por bom comportamento e quais são as recompensas?
Por qual tipo de comportamento eles são recompensados?

Comportamentos da criança:

**Como as crianças brincam?
Como é a brincadeira individual? Com que frequência ela ocorre?
Cite alguns brinquedos, jogos e canções comuns para filhos pequenos.
**O que é geralmente esperado pelas crianças na hora das refeições, de dormir e em outras rotinas familiares?
**Quais são as expectativas gerais para independência pessoal (na hora da refeição, ao se vestir, ao tomar banho etc.) para crianças na pré-escola e crianças em idade escolar?
Quais são as diferenças de comportamento esperadas de meninas e meninos da pré-escola em casa? As expectativas para crianças com deficiência diferem?
Quais são as diferenças de comportamento esperadas de meninas e meninos em idade escolar em casa? As expectativas para crianças com deficiência diferem?
Quais são as saudações básicas feitas por crianças pequenas?
Quais são as primeiras palavras mais comuns para crianças?

Educação infantil:

Em qual idade as crianças normalmente vão à escola?
Como é a primeira educação escolar?
**Qual é a estrutura da educação comum em pré-escolas e em escolas primárias?
-          Quanto dura um dia letivo comum?
-          Como as crianças são disciplinadas e como o comportamento é regido nas escolas primárias comuns? Como as crianças com autismo/necessidades especiais são normalmente educadas?

Tratamento infantil:

**Quais serviços estão normalmente disponíveis para crianças com autismo? Isso varia dependendo dos recursos da família?
**Como esses serviços são financiados (ex.: patrocínio privado, governo)?
Qual é a dificuldade para se ter acesso a estes serviços?
Como são decididos quais serviços são necessários? 
Quem presta estes serviços?
Qual é o nível educacional deles?
Existem modelos comuns de intervenção ou filosofias normalmente usadas para educação ou intervenção infantil? 
**Onde estes serviços normalmente são realizados?
Qual é a quantidade comum de serviços (frequência/dose) que as crianças recebem em uma semana?
**Quais são as prioridades dos pais para o tratamento de seus filhos?

Experiência familiar:

Como criar um filho com autismo afetou sua família?
**Que tipo de suporte seria de maior ajuda agora?
**Que tipo de suporte você desejaria ter tido quando seu filho foi diagnosticado (ou ao notar os primeiros desafios)?
Qual o papel que os outros membros da família desempenha na criação de seus filhos?
Se o seu filho com autismo têm irmãos, como eles foram afetados?
Você cria seu filho com autismo de forma diferente dos seus outros filhos?

Comunicação:

Como você prefere receber informações sobre autismo (web, livros, vídeos etc.)?
**A maioria dos pais têm acesso à Internet?  A gravadores de vídeo? A celulares? 

Obstáculos:

**Quais são os obstáculos para que seu filho receba atendimento?
 

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 .‏

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. (LDB)


CAPÍTULO V

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de  ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.

AUTISMO - CONSCIENTIZAÇÃO - VIDEO DA TURMA DA MÔNICA

Dia Mundial de Conscientização do Autismo 2013 — 2/abril

Tudo bem ser diferente - Dia Mundial de Conscientização do Autismo 2013 — 2/abril

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Autismo

Definição

O autismo é um transtorno de desenvolvimento que aparece nos três primeiros anos de vida e afeta o desenvolvimento normal do cérebro relacionado às habilidades sociais e de comunicação.
Transtorno de desenvolvimento pervasivo - autismo

 Causas, incidência e fatores de risco

O autismo é uma doença física vinculada à biologia e à química anormais no cérebro. As causas exatas dessas anomalias continuam desconhecidas, mas essa é uma área de pesquisa muito ativa. Provavelmente, há uma combinação de fatores que leva ao autismo.
Os fatores genéticos parecem ser importantes. Por exemplo, é muito mais provável que dois gêmeos idênticos tenham autismo do que gêmeos fraternos ou irmãos. Da mesma forma, as anomalias de linguagem são mais comuns em parentes de crianças autistas. Anomalias cromossômicas e outros problemas do sistemas nervoso (neurológicos) também são mais comuns em famílias com autismo.
Já houve suspeitas de várias outras causas possíveis, mas nenhuma foi comprovada. Elas incluem:
  • Dieta
  • Alterações no trato digestório
  • Contaminação por mercúrio
  • A incapacidade do corpo de utilizar vitaminas e minerais de forma adequada
  • Sensibilidade a vacinas
AUTISMO E VACINAS
Muitos pais têm medo de que alguma vacina não seja segura e que possa prejudicar seu bebê ou criança. Eles podem pedir ao médico ou enfermeira que esperem ou até mesmo recusar a aplicação da vacina. No entanto, é importante pensar também nos riscos de não vacinar a criança.
Algumas pessoas acreditam que uma pequena quantidade de mercúrio (chamada de timerosal), que é um conservante comum em vacinas multidose, causa autismo ou TDAH. No entanto, as pesquisas NÃO indicam que esse risco seja verdadeiro.
A American Academy of Pediatrics e The Institute of Medicine (IOM) dos EUA concordam que nenhuma vacina ou componente dela é responsável pelo número de crianças que atualmente são diagnosticadas com autismo. Eles concluíram que os benefícios das vacinas são maiores do que os riscos.
Todas as vacinas de rotina da infância estão disponíveis em formas de dose única em que não foi adicionado mercúrio.
O site dos Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) oferece mais informações.
QUANTAS CRIANÇAS TÊM AUTISMO?
O número exato de crianças com autismo é desconhecido. Um relatório publicado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA sugere que o autismo e seus distúrbios relacionados são muito mais comuns do que se imaginava. Não está claro se isso se deve a um aumento na taxa da doença ou à maior capacidade de diagnóstico do problema.
O autismo afeta 3 a 4 vezes mais meninos do que meninas. Renda familiar, educação e estilo de vida parecem não influenciar no risco de autismo.
Alguns médicos acreditam que a maior incidência de autismo se deve a novas definições do transtorno. O termo "autismo" agora inclui um espectro mais amplo de crianças. Por exemplo, hoje em dia, uma criança diagnosticada com autismo altamente funcional poderia ser simplesmente considerada estranha há 30 anos.
Outros transtornos de desenvolvimento pervasivo incluem:
  • Síndrome de Asperger (como o autismo, mas com desenvolvimento normal da linguagem)
  • Síndrome de Rett (muito diferente do autismo e só ocorre no sexo feminino)
  • Transtorno desintegrativo da infância (doença rara em que uma criança adquire as habilidades e depois esquece tudo antes dos 10 anos de idade)
  • Transtorno de desenvolvimento pervasivo - não especificado (TPD-NE), também chamado de autismo atípico
A maioria dos pais de crianças com autismo suspeita que algo está errado antes de a criança completar 18 meses de idade e busca ajuda antes que ela atinja 2 anos. As crianças com autismo normalmente têm dificuldade em:
  • Brincar de faz de conta
  • Interações sociais
  • Comunicação verbal e não verbal
Algumas crianças com autismo parecem normais antes de 1 ou 2 anos, mas de repente "regridem" e perdem as habilidades linguísticas ou sociais que adquiriram anteriormente. Esse tipo de autismo é chamado de autismo regressivo.
Uma pessoa com autismo pode:
  • Ter visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensíveis (por exemplo, eles podem se recusar a usar roupas "que dão coceira" e ficam angustiados se são forçados a usá-las)
  • Ter uma alteração emocional anormal quando há alguma mudança na rotina
  • Fazer movimentos corporais repetitivos
  • Demonstrar apego anormal aos objetos
Os sintomas podem variar de moderados a graves.
Os problemas de comunicação podem incluir:
  • Não poder iniciar ou manter uma conversa social
  • Comunicar-se com gestos em vez de palavras
  • Desenvolver a linguagem lentamente ou não desenvolvê-la
  • Não ajustar a visão para olhar para os objetos que as outras pessoas estão olhando
  • Não se referir a si mesmo de forma correta (por exemplo, dizer "você quer água" quando a criança quer dizer "eu quero água")
  • Não apontar para chamar a atenção das pessoas para objetos (acontece nos primeiros 14 meses de vida)
  • Repetir palavras ou trechos memorizados, como comerciais
  • Usar rimas sem sentido
Interação social:
  • Não faz amigos
  • Não participa de jogos interativos
  • É retraído
  • Pode não responder a contato visual e sorrisos ou evitar o contato visual
  • Pode tratar as pessoas como se fossem objetos
  • Prefere ficar sozinho, em vez de acompanhado
  • Mostra falta de empatia
Resposta a informações sensoriais:
  • Não se assusta com sons altos
  • Tem a visão, audição, tato, olfato ou paladar ampliados ou diminuídos
  • Pode achar ruídos normais dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos
  • Pode evitar contato físico por ser muito estimulante ou opressivo
  • Esfrega as superfícies, põe a boca nos objetos ou os lambe
  • Parece ter um aumento ou diminuição na resposta à dor
Brincadeiras:
  • Não imita as ações dos outros
  • Prefere brincadeiras solitárias ou ritualistas
  • Não faz brincadeiras de faz de conta ou imaginação
Comportamentos:
  • Tem acessos de raiva intensos
  • Fica preso em um único assunto ou tarefa (perseverança)
  • Tem baixa capacidade de atenção
  • Tem poucos interesses
  • É hiperativo ou muito passivo
  • Tem comportamento agressivo com outras pessoas ou consigo
  • Tem uma necessidade intensa de repetição
  • Faz movimentos corporais repetitivos 

Sinais e exames

Todas as crianças devem fazer exames de desenvolvimento de rotina com o pediatra. Podem ser necessários mais testes se o médico ou os pais estiverem preocupados. Isso deve ser feito principalmente se uma criança não atingir os seguintes marcos de linguagem:
  • Balbuciar aos 12 meses
  • Gesticular (apontar, dar tchau) aos 12 meses
  • Dizer palavras soltas antes aos 16 meses
  • Dizer frases espontâneas de duas palavras aos 24 meses (não só repetir)
  • Perder qualquer habilidade social ou de linguagem em qualquer idade
Essas crianças poderão fazer uma avaliação auditiva, teste de chumbo no sangue e teste de triagem para autismo (como a lista de verificação de autismo em crianças [CHAT] ou o questionário para triagem de autismo).
Um médico experiente no diagnóstico e tratamento de autismo normalmente é necessário para fazer o diagnóstico. Como não há testes biológicos para o autismo, o diagnóstico muitas vezes será feito com base em critérios muito específicos de um livro chamado Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º ed.
Uma avaliação de autismo normalmente inclui um exame físico e neurológico completo. Pode incluir também alguma ferramenta de exame específica, como
  • Entrevista diagnóstica para autismo revisada (ADI-R)
  • Programa de observação diagnóstica do autismo (ADOS)
  • Escala de classificação do autismo em crianças (CARS)
  • Escala de classificação do autismo de Gilliam
  • Teste de triagem para transtornos invasivos do desenvolvimento, estágio 3
As crianças com autismo ou suspeita de autismo normalmente passarão por testes genéticos (em busca de anomalias nos cromossomos).
O autismo inclui um amplo espectro de sintomas. Portanto, uma avaliação única e rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de diferentes especialistas a avalie. Eles podem avaliar:
  • Comunicação
  • Linguagem
  • Habilidades motoras
  • Fala
  • Êxito escolar
  • Habilidades de pensamento
Às vezes, as pessoas relutam em fazer o diagnóstico porque se preocupam em rotular a criança. No entanto, sem o diagnóstico, a criança pode não receber os tratamentos e os serviços necessários.
Um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado melhora muito a perspectiva de crianças pequenas com autismo. A maioria dos programas aumentará os interesses da criança com uma programação altamente estruturada de atividades construtivas. Os recursos visuais geralmente são úteis.
O tratamento tem mais êxito quando é direcionado às necessidades específicas da criança. Um especialista ou uma equipe experiente deve desenvolver o programa para cada criança. Há várias terapias disponíveis, incluindo:
  • Análise aplicada do comportamento (ABA)
  • Medicamentos
  • Terapia ocupacional
  • Fisioterapia
  • Terapia do discurso/linguagem
Terapias de integração sensorial e da visão também são comuns, mas há poucas pesquisas que comprovam sua eficácia. O melhor plano de tratamento pode usar uma combinação de técnicas.
ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO (ABA)
Este programa é para crianças pequenas com algum distúrbio dentro do espectro do autismo. Pode ser eficaz em alguns casos. A ABA usa uma abordagem de aprendizado individual que reforça a prática de várias habilidades. O objetivo é que a criança se aproxime do funcionamento normal do desenvolvimento.
Os programas de ABA normalmente são feitos na casa da criança sob a supervisão de um psicólogo comportamental. Esses programas podem ser muito caros e não foram amplamente adotados pelos sistemas escolares. Os pais muitas vezes procuram financiamento e auxílio profissional em outros lugares, o que pode ser difícil em muitas comunidades.
TEACCH
Outro programa é o Tratamento e educação para autistas e crianças com déficits relacionados à comunicação (TEACCH). O TEACCH foi desenvolvido como um programa estadual na Carolina do Norte, EUA. Ele utiliza programas com imagens e outros recursos visuais que ajudam a criança a trabalhar de forma independente e a organizar e estruturar seu ambiente.
O TEACCH tenta melhorar as habilidades e a adaptação de uma criança, ao mesmo tempo que aceita os problemas associados aos distúrbios dentro do espectro do autismo. Diferente dos programas de ABA, os programas TEACCH não esperam que as crianças atinjam o desenvolvimento normal com o tratamento.
MEDICAMENTOS
Muitas vezes são usados medicamentos para tratar problemas comportamentais ou emocionais que os autistas apresentem, incluindo:
  • Agressividade
  • Ansiedade
  • Problemas de atenção
  • Compulsões extremas que a criança não pode controlar
  • Hiperatividade
  • Impulsividade
  • Irritabilidade
  • Alterações de humor
  • Surtos
  • Dificuldade para dormir
  • Ataques de raiva
Atualmente, somente a risperidona foi aprovada para tratar a irritabilidade e a agressividade do autismo que podem ocorrer em crianças de 5 a 16 anos. Outros medicamentos que também podem ser usados incluem ISRSs, divalproato de sódio e outros estabilizadores de humor e possivelmente estimulantes, como o metilfenidato. Não há medicamentos para tratar o problema subjacente do autismo.
DIETA
Algumas crianças com autismo parecem responder a uma dieta sem glúten ou sem caseína. O glúten é encontrado em alimentos que contêm trigo, centeio e cevada. A caseína é encontrada no leite, no queijo e em outros produtos lácteos. Nem todos os especialistas concordam que as mudanças na dieta fazem diferença, nem todas as pesquisas sobre esse método mostraram resultados positivos.
Se você está considerando essas ou outras alterações alimentares, fale com um médico especialista no sistema digestório (gastroenterologista) e com um nutricionista. Você deve garantir que a criança continue ingerindo calorias e nutrientes suficientes e que tenha uma dieta balanceada.
OUTRAS ABORDAGENS
Existem muitos tratamentos anunciados para o autismo que não têm base científica e histórias de "curas milagrosas" que não atendem às expectativas. Se seu filho tem autismo, pode ser útil falar com outros pais de crianças autistas e com especialistas em autismo. Acompanhe o avanço das pesquisas na área, que está se desenvolvendo rapidamente.
Em um momento, houve muita empolgação com o uso de infusões de secretina. Agora, depois de muitas pesquisas realizadas em vários laboratórios, é possível que a secretina não faça nenhum efeito. No entanto, as pesquisas continuam.

Grupos de apoio

Para saber quais organizações oferecem informações adicionais e ajuda sobre o autismo, consulte os recursos relacionados ao autismo.
O autismo continua sendo um distúrbio difícil para as crianças e suas famílias, mas a perspectiva atual é muito melhor do que na geração passada. Naquela época, a maioria das pessoas com autismo era internada em instituições.
Hoje, com o tratamento correto, muitos dos sintomas do autismo podem melhorar, mesmo que algumas pessoas permaneçam com alguns sintomas durante toda a vida. A maioria das pessoas com autismo consegue viver com suas famílias ou na comunidade.
A perspectiva depende da gravidade do autismo e do nível de tratamento que a pessoa recebe.

Complicações

O autismo pode estar associado a outros distúrbios que afetam o cérebro, como
  • Síndrome do X frágil
  • Retardo mental
  • Esclerose tuberosa
Algumas pessoas com autismo desenvolvem convulsões.
O estresse de lidar com o autismo pode levar a complicações sociais e emocionais para a família e os cuidadores, bem como para a própria pessoa com autismo.
Os pais normalmente suspeitam que há um problema de desenvolvimento muito antes que o diagnóstico seja feito. Ligue para o seu médico se tiver dúvidas sobre o autismo ou se achar que seu filho não está se desenvolvendo de forma adequada.
 

Prevenção

Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network Surveillance Year 2002 Principal Investigators; Centers for Disease Control and Prevention. Prevalence of autism spectrum disorders--autism and developmental disabilities monitoring network, 14 sites, United States, 2002. MMWR Surveill Summ. 2007 Feb 9;56(1):12-28.
Johnson CP, Myers SM; American Academy of Pediatrics Council on Children with Disabilities. Identification and evaluation of children with autism spectrum disorders. Pediatrics. 2007;120:1183-1215.
Dover CJ, Le Couteur A. How to diagnose autism. Arch Dis Child. 2007;92:540-545.
Shah PE, Dalton R, Boris NW. Pervasive developmental disorders and childhood psychosis. In: Kliegman RM, Behrman RE, Jenson HB, Stanton BF, eds. Nelson Textbook of Pediatrics. 18th ed. Philadelphia, Pa: Saunders Elsevier; 2007: chap 29.
Bertoglio K, Hendren RL. New developments in autism. Psychiatr Clin North Am. 2009;32:1-14.
Article reviewed on 26 Abril 2010 by Neil K. Kaneshiro, MD, MHA, Clinical Assistant Professor of Pediatrics, University of Washington School of Medicine. Also reviewed by David Zieve, MD, MHA, Medical Director, A.D.A.M., Inc..
 


 

Crianças autistas: um guia para mães

Saiba o que é o transtorno e como proporcionar uma vida tranquila aos filhos
Isabela Zamboni

Crianças autistas: um guia para mães
Foto: Thinkstock/Getty Images
O autismo é um transtorno que tem como características principais problemas de relacionamento, dificuldade para se comunicar e responder aos estímulos do ambiente. Em crianças, o transtorno se manifesta antes dos três anos de idade, sendo mais comum em meninos. A psicóloga Ana Vera Niquerito explica como identificar as principais características do autismo e os cuidados necessários para que a criança tenha uma vida tranquila:
Como saber se a criança é autista?
Segundo a especialista, os sinais variam: enquanto algumas crianças autistas possuem inteligência e fala intactas, outras apresentam retardo mental, ou seja, não falam ou mostram atrasos no desenvolvimento da linguagem. Porém, as características mais comuns são:
- Não olha nos olhos das outras pessoas;
- Parece não escutar;
- Pode começar a falar e se comunicar, mas, de repente, regride e não fala mais;
- Não é afetuoso e não se comunica com outras pessoas, mesmo que falem com ele;
- Não explora o ambiente e as novidades;
- Fica restrito e presta atenção em poucas coisas;
-Apresenta comportamentos estereotipados – repete sempre os mesmos movimentos, certos gestos como balançar as mãos ou balançar-se;
-Dificuldade de interação social. Comportamentos agressivos são comuns especialmente quando estão em ambientes estranhos ou quando se sentem frustrados.
Escolas especiais
Uma dúvida comum que surge para os pais é em que em tipo de escola o filho autista deve estudar. De acordo com a psicóloga, esse tema divide opiniões: enquanto uns preferem os filhos em escolas especiais, outros acreditam que o convívio com outras crianças de escolas regulares pode fazer o filho interagir mais. “A educação de crianças autistas em escolas regulares divide opiniões. Existem profissionais que acreditam que a educação pública é um direito de todas as crianças, porém é preciso que se ofereçam condições para isso. Outros acreditam que a escola privada especializada em autismo proporciona melhores condições na educação, como acompanhamento familiar especializado, número reduzido de alunos, currículo personalizado e equipe multidisciplinar, o que não são normalmente oferecidos pelas escolas regulares”, explica Ana Vera. O melhor a fazer nesta situação é ver como a criança reage ao local: “A adaptação às escolas comuns vai depender de cada criança. Se o indivíduo tiver rendimento regular numa escola não-especializada, nada impede que continue seu aprendizado nessa instituição. No entanto, é importante que ele tenha um acompanhamento diferenciado, respeitando suas necessidades”, completa.
Existe tratamento?
O autismo não tem um tratamento específico nem uso de remédios, apenas em casos de comportamento agressivo. “O tratamento do autismo consiste em intervenção multidisciplinar e psicoeducacional para orientação familiar, desenvolvimento da linguagem e/ou comunicação e em melhorar o desenvolvimento da qualidade de vida das crianças autistas, tornando-as mais independentes”, conta a psicóloga.
Comportamento dos pais
Para proporcionar melhores condições de vida ao filho autista, os pais devem procurar ajuda profissional e estimular os filhos a conviver em sociedade. “É importante que os pais estejam atentos desde o nascimento do filho, buscando identificar os sinais autísticos e procurando orientação especializada o mais cedo possível. Os pais são os primeiros professores, é importante que estimulem seus filhos autistas nas atividades do cotidiano, buscando sempre inseri-los no ambiente social”, pontua Ana Vera.
Cuidados necessários
Para a criança não sofrer, é importante tomar cuidados essenciais: “Devido à dificuldade do autista em relacionar-se com o meio externo, é preciso que os seus responsáveis atentem para as questões de higiene, alimentação, cuidados com o corpo, saúde e segurança”, explica a especialista.

Consultoria: Ana Vera Niquerito, psicóloga e mestranda no Programa Ciências da Reabilitação (HRAC/USP)