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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Crianças autistas: um guia para mães

Saiba o que é o transtorno e como proporcionar uma vida tranquila aos filhos
Isabela Zamboni

Crianças autistas: um guia para mães
Foto: Thinkstock/Getty Images
O autismo é um transtorno que tem como características principais problemas de relacionamento, dificuldade para se comunicar e responder aos estímulos do ambiente. Em crianças, o transtorno se manifesta antes dos três anos de idade, sendo mais comum em meninos. A psicóloga Ana Vera Niquerito explica como identificar as principais características do autismo e os cuidados necessários para que a criança tenha uma vida tranquila:
Como saber se a criança é autista?
Segundo a especialista, os sinais variam: enquanto algumas crianças autistas possuem inteligência e fala intactas, outras apresentam retardo mental, ou seja, não falam ou mostram atrasos no desenvolvimento da linguagem. Porém, as características mais comuns são:
- Não olha nos olhos das outras pessoas;
- Parece não escutar;
- Pode começar a falar e se comunicar, mas, de repente, regride e não fala mais;
- Não é afetuoso e não se comunica com outras pessoas, mesmo que falem com ele;
- Não explora o ambiente e as novidades;
- Fica restrito e presta atenção em poucas coisas;
-Apresenta comportamentos estereotipados – repete sempre os mesmos movimentos, certos gestos como balançar as mãos ou balançar-se;
-Dificuldade de interação social. Comportamentos agressivos são comuns especialmente quando estão em ambientes estranhos ou quando se sentem frustrados.
Escolas especiais
Uma dúvida comum que surge para os pais é em que em tipo de escola o filho autista deve estudar. De acordo com a psicóloga, esse tema divide opiniões: enquanto uns preferem os filhos em escolas especiais, outros acreditam que o convívio com outras crianças de escolas regulares pode fazer o filho interagir mais. “A educação de crianças autistas em escolas regulares divide opiniões. Existem profissionais que acreditam que a educação pública é um direito de todas as crianças, porém é preciso que se ofereçam condições para isso. Outros acreditam que a escola privada especializada em autismo proporciona melhores condições na educação, como acompanhamento familiar especializado, número reduzido de alunos, currículo personalizado e equipe multidisciplinar, o que não são normalmente oferecidos pelas escolas regulares”, explica Ana Vera. O melhor a fazer nesta situação é ver como a criança reage ao local: “A adaptação às escolas comuns vai depender de cada criança. Se o indivíduo tiver rendimento regular numa escola não-especializada, nada impede que continue seu aprendizado nessa instituição. No entanto, é importante que ele tenha um acompanhamento diferenciado, respeitando suas necessidades”, completa.
Existe tratamento?
O autismo não tem um tratamento específico nem uso de remédios, apenas em casos de comportamento agressivo. “O tratamento do autismo consiste em intervenção multidisciplinar e psicoeducacional para orientação familiar, desenvolvimento da linguagem e/ou comunicação e em melhorar o desenvolvimento da qualidade de vida das crianças autistas, tornando-as mais independentes”, conta a psicóloga.
Comportamento dos pais
Para proporcionar melhores condições de vida ao filho autista, os pais devem procurar ajuda profissional e estimular os filhos a conviver em sociedade. “É importante que os pais estejam atentos desde o nascimento do filho, buscando identificar os sinais autísticos e procurando orientação especializada o mais cedo possível. Os pais são os primeiros professores, é importante que estimulem seus filhos autistas nas atividades do cotidiano, buscando sempre inseri-los no ambiente social”, pontua Ana Vera.
Cuidados necessários
Para a criança não sofrer, é importante tomar cuidados essenciais: “Devido à dificuldade do autista em relacionar-se com o meio externo, é preciso que os seus responsáveis atentem para as questões de higiene, alimentação, cuidados com o corpo, saúde e segurança”, explica a especialista.

Consultoria: Ana Vera Niquerito, psicóloga e mestranda no Programa Ciências da Reabilitação (HRAC/USP)

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