A
 Síndrome de Rett ou Transtorno de Rett (Síndrome de 
Autismo-Demência-Ataxia-Perda do Uso Apropriado da Mão; Hiperamonemia 
Cerebroatrófica), ainda
 que os critérios diagnósticos sugiram que as crianças com esta síndrome
 apresentam um desenvolvimento normal durante os primeiros meses de 
vida, evidências atuais sugerem que existem sinais sutis de algumas 
anormalidades já em idade bem precoce, como o retardo motor discreto, 
presença de hipotonia muscular e outras alterações motoras. 
Em
 estágios iniciais, as características mais marcantes ainda não se 
estabeleceram, e as crianças são erroneamente diagnosticadas como 
portadoras de Autismo e/ou atraso no desenvolvimento psicomotor. O 
Autismo infantil é o diagnóstico mais comum atribuído às meninas com 
Síndrome de Rett, entre 1 a 3 anos de vida, quando há predomínio das 
características autísticas, e as estereotipias não apresentam, ainda, o 
padrão específico da Síndrome de Rett. Apesar de que as características 
de autismo não estão entre os critérios diagnósticos da desta síndrome, 
as manifestações de Autismo, como a falta de socialização, isolamento, 
ausência de comunicação verbal e não-verbal, são marcantes, e ocorrem 
até os 4 a 5 anos de vida (início do estágio pseudo-estacionário - 
estágio III), quando são atenuados ou desaparecem. Entretanto, algumas 
características comportamentais do Autismo na Síndrome de Rett 
apresentam peculiaridades que a diferenciam do Autismo. A possibilidade 
de Síndrome de Rett deve ser pensada em toda menina com Autismo que 
mantém o contato ocular e o sorriso, o olhar expressivo, não apresenta 
estereotipias de rodar pequenos objetos, e não mantém objetos presos nas
 mãos, ou, quando o faz, é por breves períodos.
 
As
 características mais específicas dessa síndrome, já citadas 
anteriormente, aparecem por volta dos 4 anos de vida, e o diagnóstico 
diferencial não oferece dificuldades. A partir dos 4 a 5 anos de vida 
até o início da adolescência, as manifestações clínicas evoluem com 
progressão lenta, e algumas crianças melhoram a interação social. Porém,
 do ponto de vista cognitivo, se comportam como deficientes mentais 
graves. As esteriotipias são marcantes, ocorre piora da marcha, 
apresentando um padrão do tipo atáxico-apráxico, isto é, com as pernas 
mais abertas, com maior base de sustentação; e muitas crianças andam na 
ponta dos pés. Nesse estágio, chamado de pseudo-estacionário, é 
freqüente o aparecimento de epilepsias.
 
As
 epilepsias ocorrem em 50 a 80% das crianças, com uma variabilidade na 
apresentação e na gravidade das crises epilépticas. As crises mais 
freqüentes são as parciais motoras e psicomotoras, ausências atípicas, 
tônicas generalizadas e atônicas. Podem ser confundidas com epilepsias 
episódios de apnéias e de posturas distônicas (alterações
 posturais fixas ou com duração de vários minutos enquanto que 
movimentos distônicos, embora possam ser mais ou menos mantidos, são 
mais rápidos e não produzem deformidade persistente), inclusive esses 
episódios, com freqüência, parecem verdadeiras crises, e não devem ser 
interpretados como uma manifestação crítica. Com o avançar da idade, as 
crises epilépticas tendem a diminuir, podendo se tornar inativas.
 
O
 último estágio é definido unicamente pelo período em que a criança não 
deambula, ou porque perdeu progressivamente a capacidade de andar, ou 
porque atingiu a adolescência sem adquirir a marcha. Em torno de 20% das
 crianças não perdem a capacidade de deambulação e, portanto, se mantêm 
no estágio pseudo-estacionário. O restante perde a deambulação após 
tê-la adquirido (80% dos casos), ou nunca adquire, constituindo o grupo 
de pior prognóstico, com evolução rápida do estágio II para o IV.
 
As formas variantes da Síndrome de Rett em
 meninas, tem um fenótipo mais heterogêneo que o originalmente descrito.
 Os conhecimentos atuais sugerem que exista um espectro clínico da 
síndrome, que varia de casos severos, com apresentação clássica, a 
formas variantes leves. As variantes clínicas são identificadas naqueles
 pacientes que apresentam alguns sintomas/sinais do fenótipo clássico da
 síndrome, mas que mostram uma considerável variação no tipo e idade de 
início, na severidade das manifestações clínicas e no perfil do curso 
clínico. São reconhecidas como variações fenotípicas da Síndrome de Rett
 a variante com início precoce de epilepsia, a Síndrome de Rett 
congênita, a variante com período de involução tardio, e a variante com 
preservação da fala.
 Essas condições podem ser categorizadas como subgrupos de um "Complexo 
Rett", sendo a forma clássica (80% dos casos) e a variante com 
preservação da fala as mais freqüentes. Entretanto, deve ser considerada
 a hipótese de que a elevada freqüência dessas formas pode ser explicada
 por serem as de mais fácil reconhecimento.
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