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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Finalmente um novo medicamento para o autismo

O autismo continua sendo um grande mistério devido ao desconhecimento de sua causa e da ausência de tratamentos medicamentosos eficazes. Isso se deve ao fato do autismo não ser uma “doença'' única, mas sim centenas de “doenças'' diferentes com uma expressão clínica comum.
Entre as causas mais comuns:
1. Centenas de diferentes genes atuando isoladamente ou em associações complexas, causando, conforme as suas funções, danos muito específicos ao cérebro do feto;
2. A interação genes/meio ambiente: centenas de agentes tóxicos existentes no ar, solo e água que podem alterar a estrutura e função dos genes;
3. Doenças infecciosas adquiridas no período gestacional;
4. Uso de determinados medicamentos durante a gestação;
5. Complicações clínicas, intercorrências, acidentes no período perinatal e pós-natal imediato.
Portanto jamais teremos um medicamento único, capaz de tratar de todos os “autismos''.
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Cada autismo demandará um tratamento específico, particular, sob medida, dependendo de sua etiologia (causa).

É o caso do medicamento objeto deste post, concebido apenas para tratamento de um subgrupo etiológico (causa) constituído por pacientes autistas portadores de importantes distúrbios alimentares e digestivos (que não são poucos).
Trata-se do SER-109 (sigla) desenvolvido pelo laboratório Seres Health, de Massachusetts, com o apoio financeiro e logístico da Nestlé Institute of Health (subsidiária da Nestlé). O medicamento encontra-se na fase 3 de ensaio clínico (pré-comercialização) devendo chegar ao mercado num prazo de dois anos.
O SER-109 se enquadra numa nova categoria de medicamentos denominados “drogas biológicas'', trata-se de uma cápsula contendo esporos de centenas de bactérias de espécies diferentes, ausentes ou em quantidade insuficientes no aparelho digestivo de pacientes autistas e responsáveis pela produção de dezenas de substâncias essenciais à nossa saúde e sobrevivência (ler meu post de 10/05/14 para entender melhor).
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Para o leitor leigo, essa história de bactérias pode parecer estranha, sempre as associamos a doenças, porém a realidade é bem outra.

Só estamos vivos graças à ação de mais de cem trilhões de bactérias que vivem em nosso organismo.
De qualquer modo este assunto anda muito “quente'', mobilizando centenas de cientistas e pesquisadores mundo afora. Recentemente promoveu-se o primeiro simpósio internacional sobre o tema, patrocinado pelo Arkansas Children Hospital nas pessoas do cientista Richard E. Frye e colaboradores.
Simultaneamente o vice-presidente da Nestlé, Luiz Cantarell, anunciou em palestra na cidade de Londres o lançamento próximo do SER-109 (ainda sem nome comercial) acreditando que este novo medicamento beneficiará milhares de autistas.
Referência: “Approaches to Studying and Manipulating the Enteric Microbiome to Improve Autism Symptoms''. Journal of Microbial Ecology in Health and Disease (2015).

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