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sábado, 29 de agosto de 2015

Autismo: como tirar a fralda?

Cada criança dentro do espectro autista é diferente, apesar das características em comum. Mas uma dificuldade que eu passei – e vejo muitas mães passando – é o desfralde.
Atendendo a pedidos, hoje quero colocar algumas dicas para o uso do banheiro.
Antes de iniciar o desfralde, precisamos identificar qual a maior dificuldade para isso. Algumas crianças não gostam porque o banheiro é gelado, ou por medo, ou por não querer entrar em banheiros diferentes (fora de casa). No meu caso, a única dificuldade era a falta da percepção de estar molhado ou de estar com vontade de usar o banheiro.
Por onde eu começo?
Primeiro cronometrando as “escapadas” de xixi e cocô. Anote todos os horários durante um dia inteiro. Se for necessário deixá-lo sem fralda neste dia para conseguir marcar melhor, paciência.
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Durante alguns dias, acostume-o com o banheiro. Você pode fazer com que ele jogue a fralda suja na lixeira ou o conteúdo na privada. Coloque-o sentado no vaso de vez em quando para que se acostume com a temperatura e com o cheiro do ambiente.

Torne o banheiro um lugar mais agradável possível para ele. Se ele gosta de dinossauros, cole figurinhas, deixe um livrinho que ele goste ao alcance. Coloque um banquinho e um adaptador no assento para que ele consiga subir sozinho. Estimule a independência. Certamente ele ainda não consegue se vestir, então é também um estímulo para que ele tente erguer a calça sozinho.
Quando ele estiver seguro em usar o banheiro, retire a fralda. Compre cuequinhas/calcinhas de algum personagem que ele goste. Daqui pra frente não vale desistir.
Confira nas suas anotações de quanto em quanto tempo terá que levá-lo ao banheiro. No início eu levava de 15 em 15 minutos (haja paciência!). Não pergunte, simplesmente diga “hora do xixi” e leve-o ao banheiro. Tente usar sempre as mesmas palavras quando for levá-lo, para que ele se acostume. Se possível, utilize também uma imagem. Pode ser uma foto ou desenho, algo que o faça lembrar do banheiro.
Não torne as idas ao banheiro maçantes, um castigo. Se ele só conseguir ficar 10 segundos, deixe-o sair.
Sempre que ele fizer o xixi ou o cocô no vaso, lhe dê uma recompensa. Pode ser só um elogio, ou cócegas, algo que o deixe feliz. Não repreenda as escapadas (que certamente serão muitas), apenas coloque uma roupa limpa e mantenha o ritmo.
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Se a criança estiver indo para a escola, comunique-os de suas ações e passe orientações de como proceder. A rotina do banheiro de ser igual, inclusive no que se refere às palavras e/ou imagens.
Com o passar dos dias, você pode ir diminuindo as idas ao banheiro e aumentando um pouco o tempo de permanência lá.
Depois de 6 meses, meu filho pediu pela primeira vez para fazer xixi. Hoje ele está com 3 anos e 9 meses. Pede algumas vezes, outras vai sozinho até o banheiro. Eu fico atenta e percebo quando está se segurando, apertando o pipizinho. Ainda acontecem muitas escapadas. Quase todos os dias. Mas mantenho o foco e a paciência.
Uma criança típica acostuma-se a usar o banheiro em uma ou duas semanas. Eu fiquei nesta batalha por pouco mais de ano. Então, não desanime! Se eu consegui, acredito que qualquer um também conseguirá!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Associação Vencer Autismo - método The Son-Rise Program®


Acesse: 


Princípios do método The Son-Rise Program®

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Princípios que fazem doTHE SON-RISE PROGRAM® um método único e efetivo de tratamento do Autismo


    • O potencial da sua criança é ilimitado.
      Não acreditamos em “falsa” esperança. Não podemos prever o que cada criança vai alcançar, mas não aceitamos que a alguma criança ou pai seja dito aquilo que não vai alcançar. Nenhum pai deve ter de pedir desculpas por acreditar na sua criança.
    • O Autismo nunca é uma perturbação comportamental:
      É uma perturbação relacional e interativa. Na sua essência, é um desafio neurológico em que as crianças têm dificuldades de relacionamento e de conexão com as pessoas à sua volta. A maioria dos chamados desafios comportamentais tem a sua origem neste défice relacional. É por isso que a nossa dinâmica, entusiasmo e método de brincadeiras focam tão intensamente a socialização. Claro que queremos que se divirta com a sua criança, mas mais importante, queremos que a sua criança se divirta consigo.
    • Motivação, e a não repetição, são a chave de toda a aprendizagem.
      Muitas das abordagens tradicionais são “contra o cérebro”, tentam formatar as crianças ensinando-as através da repetição infinita. Em vez disso, procuramos as motivações específicas de cada criança e usamo-las para lhes ensinar as competências que necessitam de adquirir. Assim, temos não só a participação voluntária da criança, mas também um período de atenção mais longo e aumento das suas competências.
    • Os comportamentos repetitivos (stims) da sua criança  tem uma enorme importância e valor.
      Temos um profundo respeito e aceitação pelas nossas crianças. Isso permite-nos atravessar a barreira que separa o seu mundo do nosso, fazendo algo ousado e pouco usual. Em vez de a parar, juntamo-nos à criança nos seus comportamentos ritualistas e repetitivos. Fazendo isto, criamos afinidades e ligação, a plataforma de toda a educação e desenvolvimento futuro. Ao participar com a criança nestes comportamentos, promovemos o contacto ocular, desenvolvimento social e inclusão de outros nas brincadeiras.
    • A sua criança pode evoluir no ambiente adequado.
      A maioria das crianças dentro do espectro autista está sobre-estimulada por uma quantidade de distrações que a maioria de nós nem sequer repara. Iremos mostrar-lhe como criar um ambiente livre de distrações e onde as interações sejam facilitadas. Paralelamente, este quarto de jogos/trabalho (playroom) fará diminuir as situações de “conflito” e tensão que inibem o progresso e a interação adequada, possibilitando não só o desenvolvimento, como também uma interação mais próxima, que os pais tanto anseiam.
    • Os pais e profissionais são mais efetivos quando se sentem confortáveis, e otimistas acerca das capacidades da sua criança e com esperança relativamente ao seu futuro.
      Muitas vezes, os pais são confrontados com diagnósticos assustadores e pessimistas relativamente à sua criança. É-lhes dito o que a criança nunca irá fazer e o que nunca poderá ter. Não aceitamos que alguém possa dizer o que a criança nunca irá alcançar. Ajudamos os pais a focarem-se na atitude e a recuperar o otimismo e a esperança. Ajudamo-los a ver o potencial da sua criança e assim conseguirem definir objetivos. Nesta perspectiva, vimos já que tudo é possível. Adicionalmente, aos profissionais, muitas vezes não é dada a ajuda  a orientação que necessitam para que possam ajudar a criança com quem estão a trabalhar. Compreendemos a pressão com que os profissionais lidam diariamente e, deste modo, poderemos dar-lhes uma fórmula que lhes permita sentirem-se com a energia e força e fornecer-lhes as ferramentas para que possam ajudar também as crianças com quem trabalham.
    • O The Son-Rise Program® pode ser efetivamente combinado com outras terapias complementares tais como: Intervenções Biomédicas; terapias sensoriais; Dietas sem Glúten e sem Caseine, Terapias de integração auditiva entre outras.
      O The Son-Rise Program® foi desenhado de forma a poder ser adaptado às necessidades de cada criança. Tendo trabalhado com milhares de crianças, com uma diversidade de desafios, observamos que sempre que são incluídas e aplicadas outras terapias, utilizando os princípios do The Son-Rise Program® , a intervenção é muito mais eficaz do que quando utilizada isoladamente. Algumas abordagens, que tem princípios diferentes daqueles que defendemos, têm demonstrado ser contra prudocentes no sucesso do programa e confundem a criança. Podemos ajudá-lo a definir a intervenção mais eficaz para a sua criança.

SAIBA DAR SUPORTE CORRETO PARA UMA PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

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Superando Desafios Comportamentais
Crie uma agenda. Pessoas com TEA podem ter dificuldades com mudanças inesperadas na vida cotidiana. Por isso muitas vezes elas dependem de rotinas para ajudar a criar uma sensação de estabilidade para os seus dias. Quando essas rotinas sofrem mudanças o dia inteiro pode ser arruinado, levando à raiva, confusão e crises emocionais. Para evitar bagunçar a rotina do seu ente querido você pode:
  • Ajudá-lo a criar uma agenda pessoal. Intervalos de tempo podem ser usados para definir o que acontecerá durante cada parte do dia.
  • Manter uma agenda visual (escrita ou com imagens) em algum lugar que a pessoa possa olhar ao longo do dia.
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  • Avise a pessoa se o cronograma for ser ligeiramente alterado. Avisar se você planeja mudar a rotina é essencial. Coisas como consultas médicas podem alterar a programação, para preparar a pessoa para a mudança tente planejar o evento com ela para que ela saiba o que está por vir.

  • Por exemplo, você pode agendar uma consulta no dentista para a pessoa com TEA. É na próxima terça-feira, por isso vai interferir na programação regular. Coloque esse evento no calendário e converse com ela sobre isso com antecedência. Ela pode não ficar feliz com a mudança, mas pelo menos vai estar preparada.
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Identifique quais estímulos causam desconforto. Muitos indivíduos com TEA têm questões sensoriais e isso pode interferir na forma como se cuidam. Por exemplo, a textura ou o cheiro de pasta de dente podem causar grande desconforto. Alguns deles não gostam de cortar o cabelo. Isso pode ser devido a problemas sensoriai ou simplesmente porque não gostam de mudanças.
  • Se esses forem problemas comuns, converse com o seu ente querido sobre os estímulos. Tente observar o que causa desconforto ou apenas pergunte para ele. Ele pode ser capaz de expressar o desconforto ou fornecer pistas. Identifique quais são os problemas e tente encontrar maneiras de contorná-los.
  • Por exemplo, se ele não quiser escovar os dentes porque não gosta da pasta de dentes, tente levá-lo até o supermercado para escolher outra opção.
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Saiba como lidar com ataques emocionais. Indivíduos com TEA têm uma tendência a ter acessos ou surtos emocionais. Durante esses ataques pode parecer que a pessoa perdeu totalmente o controle emocional. A pessoa pode chutar, gritar, se jogar no chão ou bater a cabeça. Para lidar com esses surtos você precisa entender por que eles ocorrem. Cada indivíduo é diferente, mas algumas causas comuns incluem:
  • Ficar muito frustrado.
  • Receber muitas instruções verbais ao mesmo tempo.
  • Se sentir sobrecarregado devido a certos estímulos.
  • Mudanças na rotina.
  • Não ser capaz de compreender ou se comunicar de forma eficaz.

Mantenha seu ente querido seguro durante o ataque. Se a pessoa surtar, entenda que ela não consegue controlar isso. Muitas vezes você simplesmente precisa deixar o ataque seguir seu curso. Mas se a pessoa estiver se ferindo será necessário interferir. Tente movê-la para longe de qualquer coisa que possa prejudicá-la.
  • Não deixe objetos por perto, para o caso de ela tentar se machucar ou cair no chão.
Não grite ou repreenda a pessoa com TEA durante um acesso de raiva. Não critique seu comportamento. Isso não vai fazer nenhum bem e pode até piorar a situação. Gritar com a pessoa durante o ataque pode piorar a experiência. Ela pode se sentir julgada e sussurrar pode criar uma sensação de estresse.
  • Se você estiver em público e houver pessoas em volta olhando, educadamente peça que não fiquem encarando.
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COMUNICAÇÃO
Entenda que uma pessoa com TEA provavelmente envolve alguns desafios de comunicação.Embora esses indivíduos possam ser altamente funcionais, eles ainda podem experimentar dificuldades de comunicação. Um dos principais desafios que eles encaram é a falta de compreensão da linguagem corporal. Eles podem ter dificuldade em entender o que a linguagem corporal das pessoas diz sobre elas e pode ser um desafio produzir linguagem corporal adequada.
Tente não se sentir ofendido por um tom desinteressado ou linguagem corporal rude. Devido a essa confusão sobre a linguagem corporal, um indivíduo com TEA provavelmente não usará linguagem corporal que corresponda a forma como ela está se sentindo. Esse também é o caso com o tom da voz. O tom de voz expressado muitas vezes não expressa o estado de espírito sentido. Por isso é importante lembrar de não considerar isso ou se sentir ofendido por tom de voz ou linguagem corporal rudes dirigidos a você.
  • Por exemplo, o tom de voz da pessoa pode parecer curto e grosso, mas ela pode estar de ótimo humor
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A pessoa com TEA pode não entender certos tons de voz ou instruções verbais. Se a pessoa tiver autismo, lembre-se de não interpreta informações como indivíduos neurotípicos. Ela pode não ser capaz de entender sarcasmo, expressões idiomáticas, metáforas, etc. Além disso, se você estiver dando instruções verbalmente, avalie como a pessoa está reagindo. Ela pode responder melhor a instruções escritas ou pictóricas ou pode apenas exigir mais tempo de processamento antes de responder.
  • Por exemplo, a pessoa pode estar prestando atenção e ouvindo, mas pode levar algum tempo para entender o que você está dizendo.
Tente procurar um espaço calmo para se comunicar. A pessoa com TEA pode sentir dificuldade para se comunicar em lugares muito barulhentos. Ele pode ficar estressado se você tentar se comunicar com ele em lugares com várias pessoas falando. Em vez disso, procure ambientes calmos onde pouco está acontecendo para conversar.
  • Por exemplo, se você tentar falar com a pessoa com TEA em uma loja movimentada, ele provavelmente vai ter mais dificuldade em entender você, mesmo que possa ouvir claramente.
Considere treinamento de foco (ABA - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA) para melhorar as habilidades sociais. O treinamento de foco é um curso de formação que pode ajudar a desenvolver estratégias de interações com outras pessoas. Este tipo de treinamento ensina os indivíduos a entender pensamentos e sentimentos. Geralmente é feito em grupo, embora também possa ser feito em sessão individual. Durante a terapia, espera-se que a pessoa desenvolva estratégias de regulagem emocional, conversação, resolução de problemas e amizade.
Ensine técnicas tranquilizadoras. A pessoa com TEA provavelmente vai ficar chateado de vez em quando e pode acabar se descontrolando e caindo em um acesso de raiva. É importante ensinar técnicas tranquilizadoras para ele tentar permanecer no controle de suas emoções. Quando ocorrer um episódio ele pode praticar seus exercícios tranquilizadores. Esses exercícios podem incluir:
  • Praticar respiração profunda.
  • Contar para se acalmar.
  • Segurar um brinquedo ou objeto favorito até se sentir melhor.
  • Ioga, meditação, exercicios ou alongamento
  • Fazer uma pausa com música ou canto.
Use cartões para ensinar. Usar cartões para ensinar sobre as emoções humanas tem mostrado bons resultados. Você pode comprar ou fazer cartões ilustrando expressões faciais comuns. Quando você mostra esses cartões e explica as emoções e as relaciona com você ou seu filho, ele tem mais chances de entender as expressões de outras pessoas. Lembro, porém, que estes cartões JAMAIS devem substituir a fala. 
  • Quando a criança compreender que imagens/rostos/expressões estão relacionados com quais emoções, trabalhe nas habilidades emocionais dela para vincular essas emoções com situações da vida real também. A representação visual da emoção é só o primeiro passo; a verdadeira compreensão emocional também envolve entender em que situações as pessoas sentem essas emoções.
Ensine-o a mudar o assunto da conversa. Não é incomum que pessoas com TEA se fixem em um assunto específico (conhecido como preferência). Elas vão falar sobre seu interesse específico por horas sem mudar de assunto. É importante tentar ensinar seu filho a mudar de assunto. Para fazer isso:
  • Ensaie conversas comuns com a criança.
  • Encene diferentes conversas.
  • Elogie quando a criança iniciar qualquer conversa sobre assuntos que interessam a outras pessoas.
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Aprenda a avaliar a situação. Se você ver que a pessoa com TEA está ficando sobrecarregado, tente ajustar a situação para evitar que ele se sinta desconfortável. Conheça e preste atenção no que provoca desconforto.
  • Por exemplo, ir a um restaurante pode ser muito caótico para o ele. Às vezes sair do ambiente por alguns minutos é o suficiente para recuperar o controle.
Elogie imediatamente. Tente manter uma atitude positiva sobre o comportamento da criança em todos os momentos. O reforço positivo vai ajudar a entender quais comportamentos são adequados e quais devem ser evitados.

AUTISMO: OS SINAIS DOS 2 AOS 24 MESES QUE OS PAIS PRECISAM OBSERVAR

Autismo: os sinais dos 2 aos 24 meses que os pais precisam observar

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A americana Temple Grandin, atualmente com 67 anos, é professora de ciências animais da Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e autora de vários livros sobre autismo. O indiano Tito Mukhopadhyay, hoje com 26 anos, é autor de três livros de poesia, um deles escrito quando ele ainda era criança. Temple e Tito são dois ótimos retratos do que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), distúrbio doneurodesenvolvimento que compromete a capacidade de a pessoa se relacionar com o mundo que a cerca. Temple é uma autista altamente funcional, de uma inteligência bem acima da média, e nunca teve grandes dificuldades de se expressar. Os sintomas de Tito, por outro lado, são muito mais severos. Ele praticamente não fala, chegou a ser chamado de “retardado” e precisa de cuidados permanentes. Eles são totalmente diferentes. Assim é o TEA. Não há duas pessoas com o transtorno que sejam iguais.
Os TEAs caracterizam-se por uma constelação de sintomas, mas há um denominador comum a eles: a dificuldade de interação social e de comunicação e a presença de comportamentos repetitivos e a necessidade de manter uma rotina. Desde as primeiras semanas de vida, os bebês, instintivamente, procuram por quem fala com eles e dão enorme atenção aos olhos da mãe e do pai. Afinal, é por meio dessa interação social básica e primitiva que eles vão estabelecer laços com quem vai cuidar deles e garantir a sua sobrevivência. Crianças com autismo não conseguem se sociabilizar e, sem essa capacidade, acabam se isolando para viver não mais em um mundo em que as pessoas dão a tônica, mas em um mundo em que as coisas, os objetos, são os protagonistas. “O TEAafeta o que chamamos de cérebro social, ou seja, por alguma razão as estruturas cerebrais envolvidas no processamento das informações relacionadas à comunicação e à interação social não funcionam bem”, explica Helena Brentani, professora-assistente do Departamento de Psiquiatria da USP. Ou seja, a criança tem dificuldade de compreender o mundo tal como ele é, pois este é dominado, justamente, pelas relações entre pessoas. Para Jair Mari, coordenador do programa de pós-graduaçãodo Departamento de Psiquiatria da Unifesp e diretor da ONG Autismo e Realidade, essa falta de atenção aos estímulos sociais pode explicar alguns dos comportamentos que ocorrem nos TEAs, como o interesse centrado em um determinado objeto ou tema.
Esse talvez seja um dos grandes enroscos quando se fala do distúrbio. Como o diagnóstico é feito com base em uma lista de sintomas e sinais e no quanto eles comprometem a vida do portador (leia quadro “Atenção a Esses Sinais”), e sendo eles muitas vezes sutis, um grande número de crianças passa a vida lutando com as dificuldades que apresentam e nunca se descobrirão portadoras do transtorno.
Por ser totalmente baseado na observação e no relato dos pais, o diagnóstico nem sempre é acertado na primeira tentativa, pois bater o martelo com base apenas na análise clínica exige profissionais especializados e bem treinados, algo em falta no Brasil. Com isso, muitos pais são obrigados a fazer um périplo até chegar ao veredito. “A Nina nunca se desenvolveu como as outras crianças. Desde muito pequenininha ela não olhava no olho, não atendia pelo nome, não seguia movimentos, até que um dia fui chamada na escola com a notícia de que ela não fazia nenhuma atividade. Eu não fazia ideia do que era autismo. Fui a diferentes médicos, de quem ouvi até que ela precisaria operar o cérebro. Foram dois meses de peregrinação até chegar ao diagnóstico”, conta Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos.
Intervenção precoce
Embora muito se tenha avançado, as causas do TEA ainda são um grande mistério para a medicina. Não se sabe, por exemplo, por que o autismo é de três a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas epor que uma em cada 88 crianças, aproximadamente, vai desenvolver a condição. O que se sabe é que o autismo é um transtorno complexo – alguns portadores também têm epilepsia, outros, QI alto, enquanto outros tantos podem apresentar QI baixo -, com diferentes genes envolvidos em cada caso. “Até dois anos atrás, supunha-se que fatores genéticos seriam responsáveis por 90% das causas da doença. Estudos recentes mostraram que eles só conseguem explicar 50% da probabilidade de uma criança desenvolver o transtorno. De qualquer forma, o histórico familiar é muito importante”, diz Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da USP. Quer dizer, gêmeos idênticos possuem mais chances de desenvolver o distúrbio, enquanto o risco de pais cujo filho tem TEA terem outra criança com o mesmo problema são dez vezes maiores que de pais sem filhos com TEA. Fatores ambientais também cumprem o seu papel. “É provável que mais de um fator esteja envolvido no aumento do risco para o TEA, entre eles, baixo peso ao nascer, prematuridade e idade avançada do pai – por mutações que podem ocorrer nos espermatozóides”, explica o doutor Jair Mari. A boa notícia é que diversos estudos atestaram que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e mais precocemente o tratamento começar, maior chance a criança tem de conseguir se comunicar e se relacionar com o mundo que a cerca. “Existe o que se chama janela de oportunidade para a intervenção, um momento em que agir aumenta grandemente as chances de sucesso, devido ao próprio estágio do desenvolvimento do cérebro”, afirma a professora Helena.
Segundo Jair Mari, o objetivo dos estudos atuais é tentar avaliar, o mais cedo possível, quanto essas crianças se distanciam do desenvolvimento normal, para mapear como isso vai afetar sua adaptação social e, assim, buscar maneiras de reconstruí-las. Um dos modos mais promissores para o diagnóstico já nos primeiros meses de vida é um aparelho chamado eye-tracking. “Como crianças com TEA não conseguem manter o contato visual, o eye-tracking, que rastreia o movimento dos olhos quando ela,por exemplo, vê um desenho ou um filme, poderá ser, no futuro, uma poderosa ferramenta para o diagnóstico precoce”, declara o professor Guilherme Polanczyk.
A mudança começa em casa
Atualmente, há quatro ou cinco tipos de intervenção que vêm mostrando bons resultados. “São modelos cujas evidências ajudam a dar suporte, entre eles a análise comportamental aplicada (ABA, da sigla em inglês), os modelos desenvolvimentistas, a intervenção híbrida, que mescla características dos dois primeiros e o TEACCH, aplicado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos”, conta Fred Wolkmar, do Centro de Estudos da Criança da Universidade Yale e editor-chefe do Journal of Autism and Developmental Disorders.
A forma de tratamento mais usada no Brasil é a ABA. “A ideia por trás doABA é transformar comportamentos que no autista são estereotipados em comportamentos que sejam funcionais, quer dizer, que permitam à criança ‘funcionar’ no mundo que a cerca”, explica Antonio Celso Goyos,do Laboratório de Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informatizado (Lahmiei) do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos. De acordo com Goyos, é essencial que a criança faça, durante dois a três anos pós-diagnóstico, de 30 a 40 horas semanais para que os resultados sejam evidentes.
Trazer a criança a um mundo baseado na linguagem verbal e nas relações sociais não é tarefa fácil e depende, e muito, dos pais. “Muitas vezes são os próprios adultos que, por medo, colocam barreiras ao desenvolvimento da criança”, analisa a pedagoga Andréia de Fátima Silva, colaboradora doPrograma de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria doHospital das Clínicas da USP (Protea).
Assim, parte do tratamento começa em casa. Com a devida orientação e treinamento, os pais podem (e devem) trabalhar para estabelecer uma correspondência com a criança, ainda que ela não esteja interagindo com eles plenamente.
O fato de uma criança ser portadora de TEA não significa, necessariamente, que ela não possa desenvolver talentos. “Não dá para saber como será o futuro dos nossos filhos. Todos nós temos fortalezas e fraquezas. A criança com TEA só precisa trabalhar mais as suas fraquezas”, declara Helena Brentani. Como disse uma vez Temple Gradin, portadores de TEA têm uma perspectiva diferente do mundo. Pensam e encaram o mundo diferente, enfim. Mas o mundo precisa de todos os tipos de mente.
Inclusão na escola ainda é desafio
A inclusão de uma criança autista na rede de ensino regular é fundamental para que ela desenvolva as suas capacidades e habilidades criativas e está na lei – mas a integração delas na escola ainda não é uma realidade. Aos poucos, porém, esse cenário vem mudando. “O nosso grande desafio é fazer com que a escola se transforme em um espaço em que as diferenças sejam respeitadas. E isso se aplica a crianças com qualquer condição ou doença”, declara Andréia Silva. Segundo a pedagoga, embora as escolas ainda sejam resistentes, os educadores hoje estão bem mais instrumentalizados para lidar com a questão. “O problema, mais do que qualquer coisa, é a falta de conhecimento sobre o assunto. Um exemplo é achar que o cuidador de uma criança com TEA – muitas delas só conseguem frequentar a escola acompanhadas deles – é alguém que vai atrapalhar a aula, quando ele pode ser um facilitador de seu aprendizado.” Andrea Ribeiro, mãe de Nina, 6 anos, conta que sempre teve uma participação ativa na escola e que isso foi determinnte para que professores, pais e alunos aceitassem a filha e suas limitações. “Foi um aprendizado para mim e para a escola, que nunca havia recebido nenhuma criança autista antes. Tive de começar do zero. Como a Nina frequentava essa escola desde muito pequena, as outras crianças sempre foram muito solícitas, pois a conheciam desde pequenininha. Aos poucos, nas reuniões de pais, fui ganhando o apoio de outros pais, que foram percebendo que a acompanhante da Nina não era um elemento perturbador da dinâmica da classe. Minha filha hoje consegue acompanhar os coleguinhas até nas viagens – claro, é feita toda uma preparação para que ela não estranhe algo que não seja parte da rotina dela”, relata. De acordo com a pedagoga, há um movimento crescente entre os especialistas em TEA para gerar conhecimento nas escolas e capacitar os educadores a trabalhar com crianças com o distúrbio. “O que a gente deseja é que a escola, assim como a sociedade, tenha um olhar mais justo para as diferenças.”
Atenção a esses sinais
Geralmente, uma criança com TEA recebe o diagnóstico quando tem entre 3 e 5 anos, período em que o comprometimento social acaba ficando mais evidente. Mas os pais podem ficar atentos a alguns sinais muito antes disso. “Tudo indica que as anormalidades começam entre 6 e 12 meses. No início da vida das crianças com TEA, a interação social pode não estar totalmente reduzida, mas começa a cair após os 6 meses”, afirma o doutor Jair.Se, por acaso, você observar um ou mais sinais, procure um psiquiatra ou um especialista em desenvolvimento infantil. Atenção para não entrar em pânico se constatar que seu filho apresenta alguma dessas manifestações, pois outros distúrbios do desenvolvimento e linguagem também compartilham alguns desses sintomas. A melhor orientação é, percebido um ou mais sinais, levar o seu filho a um especialista.
Entre 2 e 3 meses
Não faz contato com os olhos.
6 meses
Não sorri.
Cerca de 8 meses
Não acompanha você com o olhar quando se afasta dele.
Cerca de 9 meses
Não balbucia palavras.
Não estende os braços quando a mãe entra no quarto.
Cerca de 1 ano
Não procura por você quando o chama pelo nome
Não dá “tchauzinho”.
Cerca de 1,5 ano
Ainda não pronunciou nenhuma palavra inteligível.
Cerca de 2 anos
Ainda não elaborou nenhuma frase com começo meio e fim.

Problemas para escovar os dentes de crianças com Autismo? Porque isso acontece e como ajudar

Você conhece alguma criança com Autismo que dá o maior trabalho para escovar os dentes? Não é incomum na hora da escovação essa criança estar chorando, gritando, apertando a boca para fechar ou virando a cabeça?  Se sim, nesse post algumas ideias e informações podem te ajudar.
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O primeiro passo nesta situação é entender o “Porque”…
Crianças com Autismo lidam melhor com uma situação quando entendem o todo e não apenas uma parte. Nesta tarefa a escovação é o “todo” e as partes são:  a escova de dentes, o creme dental, a pia, a torneira, a água,  abrir a boca…
A criança precisa entender como todas estas partes  “se encaixam” e resultam em “escovar os dentes “. Além disso,  pode não ser clara a idéia de “dentes limpos e sujos”, o que dificulta ainda mais.
As questões relacionadas com a sensação (a sensação da escova na boca, o gosto da pasta de dente também é outra causa provável para a dificuldade de escovação.
Primeiro passo para uma escovarão de sucesso no Autismo: prepare a criança.
Que tal ensinar as partes que formam o todo?  Você pode ter fotos dos objetos e colocá-las perto da pia, ajudando a criança a identificar cada objeto e como ele está ligado ao ato de escovar.
Seja o exemplo! Faça e deixe a criança assistindo. Mostre os objetos, os movimentos, vá descrevendo a atividade. Isso ajuda a criança a se sentir menos “ameaçada”.
Ter uma música ou uma história sobre a escovação (veja este exemplo com a contadora de histórias Carol Levy que canta sobre a escovação), a necessidade de escovar os dentes e processo de escovação. Use esses recursos enquanto escova os dentes e repita enquanto escovar os dentes da criança.
Outra forma lúdica de desmistificar a escovação é fazer a criança escovar os dentes de bonecos!
Outras estratégias:
– Explore as várias sensações relacionadas com a escovação. Use as mãos da criança para fazer pressão ao redor da boca, gengivas e dentes. Mastigar e comer alimentos de diferentes texturas também ajuda.
– Brinque com a criança fazendo caretas em frente ao espelho. Abrir a boca é fundamental para a escovação. Dica:  faça uma careta esfregando a língua sobre os dentes!!
– Permita que a criança escolha a cor e o tipo da escova (algumas podem ter as imagens de seus personagens favoritos), bem como o sabor do creme dental.
– Incentive a criança a provar o sabor de creme dental, colocando-o em seu dedo. Depois que a criança estiver acostumada com o sabor, coloque uma pequena quantidade na escova de dentes e incentive-o a colocar a escova na boca (ou quem sabe com o próprio dedo). A resposta mais comum é a criança sugar/mastigar as cerdas . Se a criança não mostra sinais de desconforto, avance e vá para a próxima fase, deixe-o esfregar e fazer movimentos com a escova dentro da boca.
– Conte enquanto você escova os dentes da criança, de modo que ela saiba quando a tarefa vai acabar. Da mesma forma escovação com músicas vai ajudar a criança a se lembrar se esqueceu de alguma parte da tarefa, por exemplo: se esqueceu de escovar os dentes inferiores. Isso também vai ajudar a lembrar a seqüência da tarefa.
– Ensine o ato de cuspir e enxaguar a boca.
Recompense a criança para cada etapa concluída com êxito.
Para reduzir os problemas relacionados com a escova e a pasta:
Use escovas super macias. O fim cerdas deve ser arredondado. Escovas com cabos mais grossos permite que seu a criança pegue melhor. Também estão disponíveis escovas com cabeças inclinadas de modo que é mais fácil de atingir as partes mais profundas da boca.
Quanto ao creme dental, inicialmente utilize apenas uma quantidade do tamanho de ervilha, pois evita espuma excessiva na boca.
E por fim, crie uma rotina!! A criança vai cooperar melhor se a escovação é sempre feito em um tempo fixo e de uma forma especial. Crie uma rotina durante a escovação: comece sempre na mesma extremidade da boca e avance para o outro lado, os dentes inferiores primeiro seguido pelos dentes superiores.
LEMBRE-SE: isso é um processo!! Não queira que em 1 ou 2 dias o problema já esteja resolvido!

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO TRATAMENTO DE AUTISTA

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Dentre as diversas formas terapêuticas as quais uma criança autista necessita, a  intervenção psicopedagógica é extremamente importante para o desenvolvimento intelectual dos “anjos azuis”.
O desconhecimento acerca da atuação do Psicopedagogo por parte dos pais e professores, impede a oportunidade de otimizar a aprendizagem, através do estímulo, descoberta de potencialidades, reabilitação cognitiva, socialização, treino comportamental através do lúdico, o que garante um avanço extraordinário no desenvolvimento do aprendizado e, consequentemente, no rendimento escolar.
O Psicopedagogo, além de investigar, detectar e intervir nas causas que estão levando ao fracasso escolar e os fatores que limitam o aprendizado, atua na orientação dos familiares quanto as suas posturas e também os profissionais envolvidos diretamente com esse aluno autista.
O Psicopedagogo, precisa, além do seu conhecimento teórico- prático, ter a sensibilidade em compreender que uma criança autista aprende, mas também ensina, pois toda a bagagem que ele carrega consigo deve ser considerada. Através desse conhecimento, respeitando suas limitações, é possível aprender e ensinar. Cabe ao Psicopedagogo intermediar o relacionamento entre ensinante e aprendente na construção de um vínculo prazeroso e saudável.
A criança autista tem aversão a ambientes agitados e desorganizados, então, é importante trabalhar o tom de voz. A fala deve ser serena, explícita e pausada. Seus interesses restritos são ferramentas preciosas para o psicopedagogo trazer à sessão a atenção da criança e possibilitar a socialização e o aprendizado.
É de vital importância tratá-lo pelo nome e comunicar de forma simples a atividade proposta e antes de propor, o psicopedagogo deve executá-la.
O jogo é o melhor e mais completo instrumento a ser utilizado, resgatando e preparando para aprendizagem, visto que ele abrange os três estilos de aprendizagem; visual, auditivo e sinestésico, desenvolvendo, assim, a cognição, competências fundamentais para o futuro.
Dessa forma, contribuirão para melhor desempenho do autista e para integração das várias dimensões do seu conhecimento afetivo, motor, cognitivo e social.
     Daniele Galvão

ATELIER ESTRUTURADO


É um projeto desenvolvido por uma mãe de um rapaz com o Transtorno do Espectro autista. Tem como objetivo o treinamento para profissionais e familiares, através de cursos e outros eventos, confecção e venda de material didático estruturado, assessoria pedagógica, avaliação e elaboração de programas individualizados.
Oferecemos as seguintes oficinas e cursos:
-  Teclado;

–  Pintura;
- Caixa estruturada;
-Material pedagógico estruturado;
- Artesanato em geral.


Nossa missão
- Promover, incentivar e difundir material sobre autismo;
- Apoiar e orientar a família da pessoa com autismo.
O que é Transtorno do Espectro do Autismo?
É definido por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade e se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação, com a apresentação de problemas comportamentais.
Hoje, os médicos passaram a adotar o termo “transtornos do espectro do autismo” para ressaltar que a patologia varia amplamente em seu grau de severidade, mas mantêm em comum certos sintomas característicos.

Nosso Endereço:
Rua Evaldo Wanderley, 899 MIRAMAR
João Pessoa/PB
Telefone: (83) 98726-6469/99984-6469

SEJAM BEM VINDOS!!!

PARECE AUTISMO, MAS NÃO É!



Muitas vezes, pais e responsáveis podem confundir os traços de outros distúrbios com comportamentos autistas. Por isso, a avaliação médica, é a melhor forma de identificar o transtorno. De acordo com a psiquiatra e neurocientista Célia Cortez, é importante que se tenham critérios bem definidos para o reconhecimento do autismo, pois o diagnóstico diferencial é uma das grandes dificuldades encontradas na prática clínica.

CONFUSÃO
Segundo Cortez, qualquer um dos transtornos invasivos do desenvolvimento (como síndrome de Rett e de Asperger ou transtornos desintegrativos da infância) podem ser confundidos com o autismo. Contudo, para outros especialistas, o autismo pode ser um dos sintomas de síndromes como a de Rett e do X-frágil. "Hoje, estamos verificando que mutações em genes da via do gene da síndrome do X-Frágil (FMR1) podem causar o autismo", explica a professora de genética Maria Rita dos Santos.
Confira, a seguir, as diferenças e semelhanças de síndromes e distúrbios que podem provocar equívocos:

HIPERLEXIA
Definição: habilidade precoce em decodificar palavras sem a presença de instrução formal. Contudo, muitas vezes, as crianças não entendem tudo o que leem.
Quando surge: entre dois e três anos de idade, demonstrando capacidade de leitura antes dos cinco.
Semelhanças: indivíduos com hiperlexia existem comportamento social atípico, o que faz com que seja confundida com a síndrome de Asperger. Também apresentam dificuldade no processamento da linguagem oral.
Diferenças: crianças tendem a perder as características autistas conforme desenvolvem as habilidades de linguagem. "Além disso, as alterações na capacidade linguística não se encontram relacionadas com as interações sociais, e não há padrões de comprometimento motores repetitivos e estereotipados característicos do autismo", explica Cortez.

HIPERATIVIDADE
Definição: estado excessivo de atividade mental (fluxo intenso de pensamentos) ou física.
Quando surge: ainda durante a infância e afeta, principalmente, indivíduos do sexo masculino.
Semelhanças: em pessoas com TEA, a hiperatividade é ritmada. com a mesma sequência de movimentos. Ademais, pode cessar, diferente do que acontece com a criança que não apresenta o autismo e está em constante agitação.
Diferenças: não há dificuldade de socialização, apenas de concentração e, consequentemente, de aprendizado. Os principais sintomas em crianças são inquietação, movimentação contínua dos pés e mãos, dificuldade para permanecer sentada e fala excessiva.

SÍNDROME DO X-FRÁGIL
Definição: condição genética associada a debilidades intelectuais, problemas de aprendizado e de comportamento. É causada pela ausência ou redução das funções do gene FMR1, responsável por produzir a proteína FMRP (que atua na maturação das sinapses no cérebro).
Quando surge: pode ser diagnosticada durante o pré-natal por meio da análise do DNA.
Semelhanças: além da ansiedade e do comportamento hiperativo ou impulsivo, os indivíduos apresentam atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem, que afetam a comunicação.
Diferenças: pode ser identificada por exame genético e também pelas características físicas como face mais alongada, esta larga, orelhas grandes e em abano, articulações flexíveis, pés planos, entre outras.

DEPRESSÃO
Definição: doença psiquiátrica que provoca a alteração no humor.
Quando surge: manifesta-se entre os seis e 12 anos de vida.
Semelhanças: segundo Célia Cortez, existem sintomas semelhantes como "dificuldade de concentração, falta de iniciativa, tronco arqueado, isolamento e apatia, baixa atenção nas atividades ao seu redor, tônus muscular reduzido, sensação de cansaço, fraqueza e agressividade'>
Diferenças: não há estereotipias motoras que são características motoras que são características do transtorno autista.

SÍNDROME DE RETT
Definição: doença com causa genética associada a mutações no gene MECP2, localizado no cromossomo X. A proteína que codifica é defeituosa e não silencia genes que deveriam estar "desligados" durante fases específicas do desenvolvimento do sistema nervoso central.
Quando surge: entre os dois e quatro anos de vida. Entretanto, o desenvolvimento neurológico pode ser prejudicado desde os seis meses de idade. Atinge predominantemente indivíduos do sexo feminino.
Semelhanças; crianças apresentam comprometimento da linguagem e podem demonstrar dificuldade de interação social nos anos pré-escolares.
Diferença: de acordo com Célia Cortez, a síndrome de Rett se difere do autismo pelo "marcado déficit no desenvolvimento, com desaceleração do crescimento craniano, perda de habilidades manuais voluntárias adquiridas anteriormente e o aparecimento de caminhada pouco coordenada ou movimentos do tronco. Há retardo intelectual marcado e, muitas vezes, quadros convulsivos".

DISLEXIA
Definição: dificuldade das áreas de leitura, escrita e soletração, resultado de uma alteração na fisiologia cerebral.
Quando surge: identificado tardiamente durante a alfabetização, devido ao atraso no aprendizado.
Semelhanças: na dislexia, ocorrem incapacidades linguísticas. No entanto, diferente do autismo, "não se encontram relacionadas com a presença de incapacidade qualitativa das interações sociais e padrões restritivos", explica Cortez.
Diferenças: não há presença dos padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados características do autismo.

Fonte: Revista Ler&Saber edição Autismo.