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terça-feira, 28 de abril de 2015

INTERVENÇÃO BASEADA NOS PRINCÍPIOS DE IS DE JEAN AYRES



 Intervenção da Integração Sensorial de Ayres: Elementos Essenciais

         Segundo Mailloux¹ a fidelidade aos preceitos básicos preconizados por Ayres, é essencial para assegurar que a intervenção seja realmente o que afirma ser. Embora possa parecer questão irrelevante, a ausência de lealdade aos elementos estruturais e processuais da Integração Sensorial vem repercutindo em equívocos no âmbito da produção científica e possivelmente da prática clínica.

        Desde 2013 vem sendo conduzidos, no Brasil, treinamentos™ da Medida de Fidelidade© da Intervenção de Integração Sensorial de Ayres® (ASI)² com objetivo de treinar especialistas para tornarem-se avaliadores da confiabilidade aos princípios desenvolvidos originalmente pela Dra. A. Jean Ayres.

        Os itens da Medida de Fidelidade da Intervenção de Integração Sensorial de Ayres são subdivididos em elementos estruturais e processuais nos quais se inclui:

formação do terapeuta é ponto essencial e sugere-se que seja feita uma pesquisa prévia sobre a os cursos realizados (carga horária), instituição, certificação e formação continuada do profissional que se nomeia como Terapeuta Especializado em Integração Sensorial.
Conhecer previamente o ambiente no qual a abordagem é conduzida, fornece informações sobre o nível de fidelidade aos preceitos da abordagem, bem como os aspectos de segurança que são primordiais nesta terapia. Tapetes, colchões, almofadas, avaliação sistemática dos equipamentos, entre outros são exemplos de vigilância nesta área.

Os relatórios de avaliação devem conter as informações necessárias para compreensão da criança, razões do encaminhamento, metodologia de avaliação aplicada, resultados e objetivos de tratamento sob a ótica da teoria de Integração Sensorial.

espaço e equipamentos necessários para condução desta abordagem de tratamento sâo pontos centrais na medida em que é definitivamente impossível aplicar-se a abordagem, em sua essência, se não houver condições concretas para tal. Sala ampla, dispositivos para equipamentos suspensos (permitindo diferentes direções de movimentos), balanços, redes, skate/ rampa, câmeras de ar, lycra, cordas, almofadas e brinquedos diversos compõem o ambiente terapêutico.

Explicitar a influência dos aspectos de Integração Sensorial no comportamento e desempenho da criança, e esclarecer sobre o tratamento em curso é responsabilidade do terapeuta sendo de extrema a importância a comunicação entre o terapeuta, os pais e professores.

            Em publicação de Parham et al., (2011) os autores apresentam a relação dos elementos  processuais que caracterizam a intervenção de IS de Ayres®. Fruto de estudos realizados desde 2003, estes elementos expressam o constructo da IS, nos moldes preconizados por Ayres. Identificar a presença destes elementos na intervenção diferencia entre a terapia que se diz de IS e aquela que realmente o é.

            Manipular os equipamentos adequadamente, prevenir acidentes e manter-se atenta, próxima a criança e, portantoassegurar a segurança física da criança, por razões obvias, é o primeiro elemento da lista.

            Na medida em que esta abordagem tem como eixo central a oferta organizada de estímulos táteis, vestibulares e proprioceptivos a disponibilidade destes estímulos deve estar presente. Cabe ao terapeuta a correta manipulação dos mesmos, graduando intensidade, frequência e duração, de maneira a alcançar a melhora nas áreas do alerta, atenção e envolvimento na atividade.

            Atividades que estimulam o desenvolvimento das habilidades motoras caracterizam esta terapia. Neste sentido os componentes de controle postural, ocular, oral e integração bilateral são alvo da intervenção através de brincadeiras que demandam força, equilíbrio, dissociação de movimentos, controle do movimento segundo as variáveis de espaço e tempo que certamente resultam em melhora da motricidade ampla e fina.

            As habilidades de ideação, planejamento, sequenciamento e execução de atividades motoras novas que definem a práxis e requerem a organização do comportamento são metas da terapia. Isto significa que a execução de exercícios pré estabelecidos, roteiros antecipadamente estruturados ou definição exclusivamente por parte da terapeuta não configuram a terapia proposta por Ayres. Aqui reside talvez o maior desafio do terapeuta: como favorecer estas habilidades? Não se trata de deixar a criança “solta” ou esperar indefinidamente, até que ela “idealize” adequadamente e se mantenha numa brincadeira, que favoreça seu desenvolvimento. Afinal, se ela o fizesse provavelmente não precisaria da terapia. Nesta área se coloca o desafio do terapeuta de incentivar, apoiar, estimular, engajar, direcionar e contribuir positivamente para que ela efetivamente desenvolva suas habilidades.

            Como explicitado acima as escolhas de atividades são compartilhadas entre a criança e a terapeuta. O poder da preparação prévia de todo o sistema (motivacional, intelectual, sensorial, perceptual e motor) quando a atividade é idealizada pela criança foi assinalado por Ayres e, portanto este aspecto também deverá estar presente na terapia. Contudo ter idéias plausíveis, considerando suas competências atuais e os aparatos externos não é tarefa fácil. Cabe ao terapeuta desenvolver habilidades para observar os interesses da criança, estruturar o ambiente e favorecer respostas adaptativas, de complexidade crescente, encorajando paulatinamente o auto-direcionamento.

            A máxima: “desafio na medida certa” é palavra de ordem na terapia de IS. As manifestações verbais, gestuais, emocionais e/ou comportamentais da criança devem ser monitoradas ao longo da sessão para que eventuais ajustes sejam empreendidos quando necessário. Respostas adaptativas são a meta e para tal o terapeuta poderá lançar mão de modificações nos equipamentos, nas etapas da atividade, na brincadeira propriamente dita para que o desafio não seja pequeno, de forma que a criança desanime ou se entedie, ou tão grande que a criança se frustre. Neste sentido modificações são colocadas em pratica para que a criança seja bem sucedida nas atividades.
           
            Pelo exposto acima se pode inferir que  na terapia de IS a motivação intrínseca da criança para brincar é valorizada e peça central, na medida em que as habilidades da criança são estimuladas num contexto lúdico e prazeroso. O terapeuta utiliza diferentes recursos para criar uma atmosfera onde prevaleça a confiança e parceria na qual a criança se sinta motivada e valorizada.  O terapeuta estabelece uma aliança terapêutica com a criança resultante da empatia, respeito, valorização e consideração das suas necessidades e peculiaridades.

              Esperamos que brevemente a atuação dos avaliadores da Medida de Fidelidade torne-se realidade, na medida em que a observância destes princípios é primordial, para o avanço consistente e adequado desta abordagem no Brasil. Neste ínterim, a divulgação deste conhecimento poderá instrumentalizar os terapeutas de IS, membros da equipe terapêutica e, acima de tudo clientes e familiares para o controle da qualidade do serviço prestado.

Contribuição de Maria Cristina de Oliveira, terapeuta ocupacional

Bibliografia: Mailloux Z , 05/2013 Curitiba, Brasil Apostila de Treinamento da Medida de Fidelidade© da intervenção da Integração Sensorial de Ayres ®.
 Parham ET.al., Fidelity in Sensory Integration Intervention Research AJOT March- april 2007, 61:216-27.
 Parham et al., Development of a Fidelity Measure for Research on the Effectiveness of the Ayres Sensory Integration Intervention AJOT March- april 2011, 65 (2):  133-42.

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