O que
acham que estou sentindo quando fico pulando sem parar e batendo palmas? Aposto
que nesses casos vocês acreditam que eu não estou sentindo nada além do brilho maníaco de alegria no meu
rosto.
Mas,
quando pulo, é como se meus sentimentos rumassem em direção ao céu. Na verdade,
minha necessidade de ser engolido pela imensidão lá em cima é suficiente para
estremecer meu coração. Quando estou pulando, posso sentir melhor as partes do
meu corpo — as pernas saltando, as mãos batendo —, e isso me faz muito, muito
bem.
Esse é um
motivo, e existe outro que descobri há pouco tempo. Pessoas com autismo têm
reações físicas aos sentimentos de alegria e tristeza. Então, quando acontece
algo que me afeta no nível emocional, meu corpo fica tolhido, como se tivesse
sido atingido por um raio.
“Ficar
tolhido” não significa exatamente que meus músculos se enrijecem e imobilizam,
mas é como se, de certa forma, eu não estivesse livre para mover meu corpo da
maneira que desejo. Nesse caso, ao pular é como se eu estivesse me libertando
das cordas que me prendem. Quando salto, eu me sinto mais leve. Acho que o
motivo pelo qual meu corpo é atraído para cima é que esse movimento me faz
querer me transformar num pássaro e voar para algum lugar distante.
fonte:
Livro: O que me faz pular - Naoki Higashida
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