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domingo, 27 de julho de 2014

Tablets são aliados no tratamento do autismo

TECNOLOGIA

Equipamentos auxiliam na comunicação, aprendizagem e alfabetização de portadores da síndrome


tabletes
Aplicativos com características mais visuais são os mais indicados pelos especialistas para a educação e a terapia de pessoas com autismo. Softwares podem ajudar ainda no desenvolvimento da comunicação
FOTO: LUCAS DE MENEZES
Referência em assistência a pessoas com autismo, a Casa da Esperança atende diariamente 356 pessoas com autismo e familiares. Além dos esforços de uma equipe multidisciplinar, a instituição conta também com o uso de aplicativos para tablets no auxílio aos tratamentos, além dos métodos mais convencionais, como exercícios e remédios.
"É uma ferramenta que as crianças gostam muito. É dinâmico, colorido, chama muita atenção e tem aplicativos desenvolvidos especialmente para autismo", explica a fonoaudióloga Estela Maris. No entanto, como a Casa da Esperança não possui recursos para a compra dos equipamentos, os que são utilizados na Casa são de propriedade dos funcionários.
Os benefícios da ferramenta tecnológica são diversos, afirma o psicólogo Alexandre Mapurunga: "o tablet serve para auxiliar na comunicação, manter o foco em alguma coisa interessante, auxilia na aprendizagem, na alfabetização, na aquisição da linguagem ou em uma comunicação alternativa para autistas não verbais". Entre os aplicativos utilizados para o desenvolvimento e a educação de pessoas autistas, estão alguns criados especialmente com essa função, como o Autismate, voltado para desenvolvimento da comunicação e das habilidades sociais e comportamentais.
Há também aplicativos de uso geral, mas que também podem trazer bons resultados quando utilizados por pessoas com autismo, como o aplicativo da Galinha Pintadinha.
O psicólogo e diretor técnico da Casa da Esperança, Alexandre Costa, explica os critérios de seleção: "pessoas com autismo muitas vezes são pensadores visuais, e aplicativos que exploram essa característica são os mais indicados para a educação e a terapia dessas pessoas".
Orientação
Ainda que os benefícios sejam amplos, orientação e acompanhamento são fundamentais para a garantia de maior eficiência no uso dos tablets: "como a ferramenta é bastante absorvente, mesmo quem não tem autismo tem uma certa tendência a se isolar, quando tem acesso livre a um tablet. Assim, é preciso manter o foco na ferramenta como um meio de interação, em vez de simplesmente deixar o dispositivo totalmente à disposição de uma criança com autismo, pois corre-se o risco de ela simplesmente ficar mais isolada ainda", explica Alexandre.
Criada em 1993, a Casa da Esperança conta com 149 funcionários responsáveis por uma média de mil procedimentos ambulatoriais diários com pacientes internos e externos. São psicólogos, terapeutas ocupacionais, cuidadores, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, entre outros profissionais, contribuindo para o desenvolvimento e o bem estar de pessoas com autismo.
O atendimento oferecido pela Casa funciona, para os pacientes internos, por meio de programas de tratamento. A fonoaudióloga Estela Maris da Silva observa que quanto mais cedo acontece o diagnóstico e o inicio do tratamento, melhores são as respostas. "A gente percebe um desenvolvimento maravilhoso, na interação, comportamento e rotina dessas crianças", ressalta.
Recurso é escasso e não há verba para aparelhos
Os recursos da Casa da Esperança são escassos e só custeiam gastos com funcionários. Não há verbas fixas para materiais como tablets e brinquedos, além de reformas e reparos necessários. A instituição realiza atendimentos públicos, por meio de contrato de prestação de serviços com o Sistema Único de Saúde (SUS) e particulares.
De acordo com Fátima Dourado, presidente da Casa da Esperança, 95% da clientela é do SUS, e o valor repassado à instituição, que é de R$ 282 mil reais, não aumenta há dez anos. "O teto do repasse não aumentou, mas o custo dos procedimentos sim", Afirma.
Para conseguir se manter, a Casa da Esperança conta também com doações. Fátima Dourado explica que há uma necessidade maior de doações fixas: "o que a gente precisa é encontrar parcerias que nos ajudem com recursos perenes". Para saldar as dívidas, que já alcançam o valor de R$ 2 milhões, as esperanças da Casa estão depositadas na promessa do Ministério da Saúde de criar um plano de socorro para o restabelecimento da saúde financeira de organizações prestadoras de serviço. "O Pró-SUS deve oferecer moratória de 15 anos e possível anistia desses débitos, mas a situação é caótica", ressalta Fátima.
A Casa da Esperança também é responsável pela orientação dos familiares dos autistas que frequentam a Casa. Cursos, palestras, rodas de conversa, oficinas e reuniões individuais são algumas das atividades promovidas pela instituição.
Mais informações
Fundação Casa da Esperança
Rua Francílio Dourado, 11
Bairro Água Fria - CEP 60.813-660
Tels.: (85) 3081.4873/3278.3160 Fax: (85) 3273.696
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