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domingo, 30 de junho de 2013

DIREITOS DAS PESSOAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Este pequeno texto, tem o objetivo de divulgar informações importantes sobre o autismo e os direitos garantidos pelo ordenamento jurídico brasileiro.
 Para iniciar vamos conceituar o autismo como “uma disfunção neurológica de base orgânica, que afeta a sociabilidade, a linguagem, a capacidade lúdica e a comunicação”
(Classificação Internacional de Doenças – CID 10, publicada pela Organização Mundial de Saúde).  http://centroproautista.org.br/portal/?area=3
 Nos termos da Lei 12.764/12 (Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista), “podemos conceituar o transtorno do espectro autista como uma de síndrome clínica caracterizada por uma deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação social, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social, padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns”.
 Segundo esta lei, a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
As pessoas portadoras do TEA (transtorno do espectro autista) têm seus direitos, previstos na Constituição Federal em vigor, bem como alguns direitos contidos em leis específicas.
 Podemos citar algumas leis específicas para pessoas com algum tipo de deficiência, como por exemplo:
 Lei 7.853/89 (Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, garantindo o tratamento adequado em estabelecimentos de saúde públicos e privados específicos para a sua patologia)
Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS)
Lei 8.899/94 (Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual)
Lei 10.048/00 (Dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência)
Lei 10.098/00 (Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida)
Lei 12.764/12 (Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) 
 De acordo com o artigo 3º da Lei 12.764/12:
São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
 II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
 III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
 a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
 b) o atendimento multiprofissional;
 c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
 d) os medicamentos;
 e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
 IV - o acesso:
 a) à educação e ao ensino profissionalizante;
 b) à moradia, inclusive à residência protegida;
 c) ao mercado de trabalho;
 d) à previdência social e à assistência social.
 Além dessas leis citadas acima, o Brasil ratificou algumas normas internacionais, como por exemplo, a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
 Não podemos deixar de citar os direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8069/90) e na melhor idade, ou seja, maiores de 60 anos têm os direitos do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
 Neste pequeno texto, nossa intenção não é esgotar o assunto, ou mesmo fazer uso de termos técnicos para elucidar esclarecer as questões que aqui serão tratadas.
 ASSISTÊNCIA SOCIAL
 As pessoas portadoras do TEA e sua família podem utilizar todo o serviço que a Assistência Social tem a oferecer no município onde reside, devendo dirigir-se ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) ou nas Secretarias de Assistência Social das Prefeituras.
 Um dos Serviços disponibilizados é o Acolhimento Institucional (residências inclusivas, com o objetivo de inclusão social e desenvolvimento de capacidades adaptativas para a vida diária) que se destina a jovens e adultos com deficiência, que não dispõem de condições de se auto sustentar, e ao mesmo tempo não tem o amparo familiar necessário.
 Este benefício é obtido por meio de requisição das políticas públicas setoriais, demais serviços socioassistenciais, Ministério Público ou Poder Judiciário.
 O autista pode contar também com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) que é um benefício socioassistencial, regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei 8.742/93). Para se obter esse benefício é necessário que a renda familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo e haja a comprovação da deficiência e do nível de incapacidade para vida independente e para o trabalho (atestada por perícia médica e social do INSS).
EDUCAÇÃO
 Toda criança tem o direito a educação que é obrigação do Estado (artigo 54 do ECA) e no caso da criança portadora de TEA o Estado deve garantir atendimento especializado preferencialmente na rede regular de ensino, já que toda a criança e adolescente têm direito à educação para garantir seu pleno desenvolvimento como pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
 Contudo, os professores não tem o preparo necessário para atender às necessidades destes alunos inseridos em classes regulares.
 Boa parte das crianças e adolescentes com TEA, geralmente, com outras deficiências associadas, se adaptam melhor a escolas especializadas neste transtorno de desenvolvimento, pois as necessidades de algumas delas podem demandar um atendimento mais qualificado e específico.
 Caso o Estado não possa prestar essa educação especializada próxima da residência, é possível pedir administrativamente para que o Estado cumpra a sentença da ação civil pública da 6ª Vara da Fazenda Pública da Capital, através de uma carta encaminhada ao Secretário da Saúde pedindo uma escola privada ou pública, que tenha a educação especializada e próxima da casa onde reside a criança ou adolescente com TEA.
O pedido deve vir acompanhado dos seguintes documentos:
Cópia RG e CPF dos pais ou representante legal;
Cópia RG e CPF ou certidão de nascimento da pessoa com TEA;
Comprovante de endereço atualizado;
Laudo Médico com o CID respectivo;
 Você pode elaborar este pedido sozinho ou pode pedir o auxílio de um advogado, caso não tenha condições financeiras de pagar pelos serviços jurídicos pode procurar a Defensoria Pública do Estado.
 No caso da Secretaria não conceder a escola solicitada ou indicar alguma da rede pública ou conveniada, existe a possibilidade de ser proposta uma ação na justiça por meio de um advogado ou, se não tiver condições financeira de pagar por estes serviços, por um Defensor Público, visando obrigar o Estado a disponibilizar a escola pretendida.
 ISENÇÃO DE IPI / IOF
 As pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou poderão adquirir a isenção de IPI / IOF.
Para se caracterizar que uma pessoa é portadora de deficiência mental severa ou profunda, ou a condição de autistas, tal condição deverá ser atestada conforme critérios e requisitos definidos pela Portaria Interministerial SEDII/MS nº 2, de 21 de novembro de 2003. O benefício poderá ser utilizado uma vez a cada 03 (três) anos, sem limites do número de aquisições.
 São isentas do IOF as operações financeiras para a aquisição de automóveis de passageiros de fabricação nacional de até 127 HP de potência bruta para deficientes físicos. Necessário laudo de perícia médica especifique o tipo defeito físico e a total incapacidade para o requerente dirigir veículos convencionais.
 SAÚDE
 No que tange a saúde e os direitos inerentes a ela, as pessoas portadoras do TEA contam com a Lei Federal 7.853/89, que garante o tratamento adequado em estabelecimentos de saúde públicos e privados específicos para a sua patologia. Os atendimentos das pessoas portadoras de TEA normalmente ocorrem de forma multidisciplinar com equipe formada por diversos profissionais da área de saúde como médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais.
Como já mencionado acima no caso do Estado não fornecer o tratamento terapêutico adequado, próxima de sua residência, é possível fazer um pedido administrativo para que o Estado cumpra a sentença da ação civil pública da 6ª Vara da Fazenda Pública da Capital.
 Este pedido administrativo é uma carta encaminhada ao Secretário da Saúde pedindo uma entidade terapêutica pública ou privada, que tenha o atendimento de saúde especializado e próximo da casa onde reside a pessoa com TEA, juntando os mesmos documentos já descritos acima.
 No caso de não conseguir a vaga desejada na instituição próxima a residência do paciente, poderá ser proposta uma ação na justiça por meio de um advogado ou, se não tiver condições financeira de pagar por estes serviços, por um Defensor Público, visando obrigar o Estado a disponibilizar o atendimento pretendido.
 MEIO DE TRANSPORTE
 Nos termos da Lei 8.899/94, concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual a pessoa comprovadamente carente.
 PRIORIDADE NO ATENDIMENTO
 Toda pessoa deficiência, tem direito a prioridade no atendimento nos termos da Lei 10.048/2000, que significa ter um tratamento diferenciado e imediato que as demais pessoas nos órgãos públicos municipais, estaduais e federais, empresas concessionárias de serviços públicos e instituições financeiras.
 CONCLUSÃO
 Dessa forma, fica claro que o Estado ainda esta a quem de atender as reais necessidades das pessoas portadoras do transtorno do espectro autista, contudo, a sociedade com muito esforço já escalou alguns degraus nessa luta diária e incessante para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas tão especiais.
 Por fim, cabe mencionar que existem instituições muito sérias dispostas a desenvolver um trabalho de qualidade e propiciar a maior autonomia possível ao paciente portador do TEA, como é o caso do CENTRO PRÓ AUTISTA, que oferece um atendimento multidisciplinar de referência, sempre tratando seus pacientes com respeito, dignidade, compromisso e seriedade. Como o presidente desta respeitável instituição, Dr. Wanderley Manoel Domingues sempre menciona: “Uma Sociedade só é civilizada quando cuida de seus frágeis”.
Alessandro Di Giuseppe
Apoio:
CENTRO PRÓ AUTISTA (CPA SOCIAL)
Wanderley Manoel Domingues – Neuro Psiquiatra
Presidente
http://centroproautista.org.br/portal/
 BIBLIOGRAFIA
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8899.htm
 http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/34/figuras/DireitosPessoasAutismo_Leitura.pdf
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10048.htm
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
 http://centroproautista.org.br/portal/

Autismo: uma nova fronteira para as pesquisas

Em visita ao Brasil, o biólogo Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, reuniu-se com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para propor a criação de um centro de excelência para estudos do autismo. Saiba mais sobre palestra do especialista a pais e mães

Por Marcela Bourroul 

Patrícia Brandão, Alysson Muotri e Berenice Piana durante palestra no Instituto de Psiquiatria da USP (Foto: Marcela Bourroul/ Crescer)
Neste sábado (29), o biólogo Alysson Muotri, uma das maiores referências mundiais em pesquisas sobre autismo, esteve em São Paulo, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, para falar sobre as pesquisas que está desenvolvendo em seu centro de estudos na Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA). A palestra - destinada a pais e mães e com apoio da CRESCER - contou ainda com a professora da USP Patrícia Brandão, que está à frente de uma pesquisa sobre autismo na Universidade, e teve abertura de Berenice Piana, cuja lei que leva o seu nome foi sancionada em dezembro de 2012, concedendo ao autista os direitos legais de todos os indivíduos com deficiência.
No evento, Muotri explicou como usa a tecnologia de células-tronco para entender o funcionamento dos neurônios de pessoas diagnosticadas com transtornos relacionados ao espectro autista.
Em seu centro de estudos, ele usa uma técnica que transforma células de pessoas adultas em células-tronco embrionárias, ou seja, células que ainda não são especializadas. Depois disso, é possível fazê-las se desenvolver novamente e diferenciá-las em células cerebrais. Como essas células tiveram origem em um indivíduo que já estava diagnosticado com um problema, é possível simular no laboratório o funcionamento dos neurônios daquele paciente em comparação com uma pessoa saudável.
A partir dessas comparações, o grupo de estudo de Muotri já conseguiu identificar uma série de diferenças na estrutura dos neurônios e como essas células respondem em conjunto (o que ajuda a entender como funciona o cérebro desses pacientes). A maior parte das pesquisas está sendo feita com portadores da Síndrome de Rett, que faz parte do espectro autista.
Outra vantagem de ter essas células em laboratório é a possibilidade de testar drogas sem precisar de voluntários num primeiro momento. Isto é, os cientistas conseguem observar a reação das células e de diversas moléculas que podem se transformar em remédios eficazes. Claro que depois do teste em laboratório é necessário fazer os testes clínicos, mas a técnica pode reduzir os custos desse processo. Por enquanto, nenhum medicamento foi validado por meio desse procedimento, até porque ele ainda é muito novo, mas é uma aposta dos pesquisadores.

Um grande número famílias enxerga no pesquisador a possibilidade de encontrar a cura para seus filhos. No entanto, durante a palestra, ele fez questão de esclarecer que ainda serão necessárias muitas pesquisas clínicas e laboratoriais para atingir esse sonho.

Outra novidade trazida pelo biólogo é que, como nos Estados Unidos já há grupos de estudo voltados para o autismo há quase uma década, também está sendo possível fazer pesquisas avaliando o histórico dos pacientes. A partir daí, há cientistas que buscam entender qual a diferença entre aqueles que evoluíram bem após alguns tratamentos e aqueles que quase não apresentaram melhoras.
Incentivo para a pesquisa nacional
A vinda de Muotri ao Brasil, no entanto, teve ainda outro objetivo. Na última quinta-feira (27), o cientista se reuniu com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e alguns representantes da sociedade civil para propor a criação de um centro de excelência para estudos do autismo. O projeto surgiu por conta de seu interesse nessa área e do contato com pais brasileiros e pesquisadores.
A proposta é que o governo federal invista inicialmente 100 milhões de dólares para a criação de um centro onde seja possível realizar pesquisas, ensaios clínicos e testar possbilidades de tratamento. Segundo Muotri, o Brasil tem a possibilidade de sair à frente nessa área. Aqui já estão sendo desenvolvidos projetos em consonância com sua linha de pesquisa, como o Fada do Dente, coordenado pela professora da USP Patrícia Beltrão Braga, uma iniciativa inédita na América Latina.
O governo ainda não deu nenhum sinal de que colocará o projeto em prática, mas a conversa desta semana pode ter sido o pontapé inicial para uma nova realidade das pesquisas sobre o transtorno do espectro autista no país. Sobre cura ainda é difícil falar, mas como bem disse Muotri durante a palestra, citando Bill Gates: “Sempre superestimamos as mudanças que vão acontecer nos próximos dois anos e subestimamos as mudanças que acontecerão nos próximos dez. Não se deixe adormecer pela inércia.”

http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2013/06/autismo-uma-nova-fronteira-para-pesquisas.html 

sábado, 29 de junho de 2013

Dez coisas que todo Aluno com Autismo Gostaria que a Professora Soubesse

1.Comportamento é comunicação.

Todo comportamento acontece por uma razão. Ele conta para você, mesmo quando as minhas palavras não podem fazê-lo, como eu percebo o que está acontecendo ao meu redor. Comportamento negativo interfere no meu processo de aprendizagem. Entretanto, simplesmente interromper esses comportamentos não é suficiente; ensine-me a trocá-los por alternativas adequadas de modo que a aprendizagem real possa fluir. Comece por acreditar nisto: eu verdadeiramente quero aprender a interagir de forma apropriada. Nenhuma criança quer receber uma bronca por comportamento negativo. Esse comportamento geralmente quer dizer que eu estou atrapalhado com sistemas sensoriais desorganizados, não posso comunicar meus desejos ou necessidades ou não entendo o que se espera de mim. Olhe além do meu comportamento para encontrar a fonte da minha resistência. Anote o que aconteceu antes do comportamento: as pessoas envolvidas, hora do dia, ambiente. Um padrão emerge depois de um período de tempo.

2. Nunca presuma nada.
Sem apoio de fatos uma suposição é apenas uma suposição. Posso não saber ou não entender as regras. Posso ter ouvido as instruções, mas não ter entendido. Talvez eu soubesse ontem, mas não consigo me lembrar hoje. Pergunte a si mesmo:
Você tem certeza que eu realmente sei como fazer o que você está me pedindo? Se de repente eu preciso correr para o banheiro cada vez que preciso fazer uma folha de matemática, talvez eu não saiba como fazer ou tema que meu esforço não seja o suficiente. Fique comigo durante repetições suficientes da tarefa até que eu me sinta competente. Eu posso precisar de mais prática para dominar as tarefas que outras crianças.
Você tem certeza que eu realmente conheço as regras? Eu entendo a razão para a regra (segurança, economia, saúde)? Estou quebrando a regra porque há uma causa? Talvez eu tenha pegado um pedaço do meu lanche antes da hora porque eu estava preocupado em terminar meu projeto de ciências, não tomei o café da manhã e agora estou morto de fome.

3. Procure primeiro por problemas sensoriais.
Muitos de meus comportamentos de resistência vêm de desconforto sensorial. Um exemplo é luz fluorescente, que foi demonstrado muitas vezes ser um problema para crianças como eu. O som que ela produz é muito perturbador para minha audição supersensível e o piscar da luz pode distorcer minha percepção visual, fazendo com os objetos pareçam estar se movimentando. Uma luz incandescente ou as novas luzes econômicas na minha carteira vai reduzir o piscar Ou talvez eu precise sentar mais perto de você; não entendo o que você está dizendo porque há muitos sons “entre nós” – o cortador de grama lá fora, a Maria conversando com a Lurdes, cadeiras arrastadas, o som do apontador. Peça à terapeuta ocupacional da escola para dar algumas idéias sensoriais que sejam boas para todas as crianças, não só para mim.

4. Dê um intervalo para auto regulação antes que eu precise dele
Um canto quieto com carpete, algumas almofadas livros e fones de ouvido me dão um lugar para me afastar quando preciso me reorganizar sem ser distante demais que eu não possa voltar para o fluxo de atividades da classe de forma tranqüila.

5. Diga o que você quer que eu faça de forma positiva ao invés de imperativa.
“Você deixou uma bagunça na pia!” é apenas a afirmação de um fato para mim. “Não sou capaz de concluir que o que você realmente quer dizer é: por favor, lave a sua caneca de tinta e ponha as toalhas de papel no lixo”. Não me faça adivinhar ou ter de descobrir o que eu devo fazer.

6. Tenha uma expectativa razoável.
Uma reunião de todas as crianças no ginásio de esportes e alguém falando sobre a venda de balas é desconfortável e sem significado para mim. Talvez fosse melhor eu ir ajudar a secretária a grampear o jornalzinho.

7. Ajude-me a fazer a transição entre atividades.
Leva um pouco mais de tempo para eu fazer o planejamento motor de ir de uma atividade para outra. Dê-me um aviso de que faltam cinco minutos, depois dois, antes de mudar de atividade – e inclua alguns minutos extras no final para compensar. Um relógio, com o mostrador simples ou um “timer” na minha carteira pode me dar uma dica visual sobre o tempo para a próxima mudança e me ajudar a lidar com o tempo mais independentemente.

8. Não torne pior uma situação ruim.
Sei que embora você seja um adulto maduro às vezes você pode tomar decisões ruins no calor do momento. Eu realmente não tenho a intenção de ter uma crise, mostrar raiva ou atrapalhar a classe de qualquer outra forma. Você pode me ajudar a encerrar mais rapidamente não respondendo com um comportamento inflamatório. Conscientize-se de que estes comportamentos prolongam ao invés de resolver a crise:
- Aumentar o volume ou tom de voz. Eu escuto os gritos, mas não as palavras.
- Imitar ou caçoar de mim. Sarcasmo, insultos ou apelidos não me deixam sem graça e não mudam meu comportamento.
- Fazer acusações sem provas.
- Adotar uma medida diferente da dos outros.
- Comparar com um irmão ou outro aluno.
- Lembrar episódios prévios ou não relacionados.

- Colocar-me em uma categoria (“crianças como você são todas iguais)”.

9. Critique gentilmente seja honesta – você gosta de aceitar crítica construtiva?
A maturidade e auto confiança de ser capaz de fazer isso pode estar muito distante das minhas habilidades atuais. Você não deveria me corrigir nunca? Lógico que sim. Mas faça-o gentilmente, de modo que eu realmente consiga ouvir você.
- Por favor! Nunca, nunca imponha correções ou disciplina quando estou bravo, frustrado, super- estimulado, ansioso, “ausente” ou de qualquer outra forma que me incapacite a interagir com você.
- Lembre-se que vou reagir mais à qualidade de sua voz do que às palavras. Vou ouvir a gritaria e o aborrecimento, mas não vou entender as palavras e consequentemente não conseguirei descobrir o que fiz de errado. Fale em tom baixo e abaixe-se para falar comigo, de modo que esteja falando comigo no mesmo nível.
- Ajude-me a entender o comportamento inadequado de forma que me apóie, me ajude a resolver o problema ao invés de punir ou me dar uma bronca. Ajude-me a descobrir os sentimentos que despertaram o comportamento. Posso dizer que estava bravo mas talvez estivesse com medo, frustrado, triste ou com ciúmes. Tente descobrir mais que a minha primeira resposta.
- Ajuda quando você está modelando comportamento adequado para responder à crítica.

10. Ofereça escolhas reais – e apenas escolhas reais.
Não me ofereça uma escolha ou pergunte “você quer…?” a menos que esteja disposto a aceitar não como resposta. “Não” pode ser minha resposta honesta para “Você quer ler em voz alta agora? ou você quer usar a tinta junto com o Pedro?” É difícil confiar em alguém quando as escolhas não são realmente escolhas.
Você aceita com naturalidade o número enorme de escolhas que faz diariamente. Constantemente escolhe uma opção sobre outras sabendo que ter escolhas e ser capaz de escolher lhe dão controle sobre sua vida e futuro. Para mim, escolhas são muito mais limitadas, e é por isso que pode ser difícil ter confiança em mim mesmo. Dar-me escolhas freqüentes me ajuda a me envolver mais ativamente na minha vida diária.
- Sempre que possível, ofereça uma escolha dentro do que tenho de fazer. Ao invés de dizer: “escreva seu nome e data no alto da página” diga: você gostaria de escrever primeiro o nome ou a data? Ou “qual você gostaria de escrever primeiro: letras ou números?”. A seguir diga: “você vê como o Paulo está escrevendo o nome no papel?”
- Dar escolhas me ajuda a aprender comportamento adequado, mas também preciso entender que há horas em que você não pode escolher. Quando isso acontecer, não ficarei tão frustrado se eu entender o por que:
▫ ”não posso deixar você escolher nesta situação porque é perigoso. Você pode se machucar.
▫ não posso dar essa escolha porque atrapalharia o Sérgio (teria um efeito negativo sobre outra criança).
▫ eu lhe dou muitas escolhas mas desta vez tem de ser a escolha do adulto.
A última palavra: ACREDITE.

Henry Ford disse: “quer você acredite que pode ou que não pode, geralmente você está certo”. Acredite que você pode fazer uma diferença para mim. É preciso acomodação e adaptação, mas autismo é um distúrbio não pré fixado. Não há limites superiores inerentes para aquisições. Posso sentir muito mais que posso comunicar e a coisa que mais posso perceber é se você acredita ou não que “eu posso”. Espere mais e você receberá mais. Incentive-me a ser tudo que posso ser, de modo que possa seguir o caminho muito depois de já ter saído de sua classe.

Traduzido de Ellen Notbohm por Heloiza Goodrich, TO

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cientista brasileiro estuda remédio promissor para tratar autismo

Colunista do G1 estuda neurônios criados com células-tronco de autistas.
Alysson Muotri relata ter obtido resultados preliminares, mas positivos.

Rafael Sampaio Do G1, em São Paulo

'É possível reverter neurônios autistas para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente', diz Alysson Muotri (Foto: cortesia UC San Diego) 
O biólogo brasileiro Alysson Muotri, professor e
pesquisador nos EUA (Foto: cortesia UC San Diego)
O biólogo brasileiro Alysson Muotri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, relatou ter obtido resultados preliminares, mas promissores, em pesquisas com medicamentos para tratar efeitos do autismo em crianças.
Analisando os genes de pacientes e reprogramando células-tronco obtidas a partir de células comuns para que elas se tornem neurônios, o cientista e sua equipe têm estudado em laboratório drogas que ajudem a reduzir as limitações presentes em autistas.
Em uma das pesquisas, apresentada em congressos, mas ainda não publicada em revista científica, Muotri, que é colunista do G1, aponta ter encontrado vínculo entre mutações genéticas que prejudicam a formação de sinapses (ligações) dos neurônios e alterações causadas pelo autismo. O estudo com uma criança que apresenta uma forma específica de autismo apontou que ela tem um gene defeituoso que dificulta a entrada de cálcio nos neurônios, o que atrapalha a proliferação das sinapses.
Os pesquisadores retiraram células comuns da criança e fizeram com que elas voltassem a ser células-tronco. Depois, elas foram reprogramadas para se tornarem neurônios. Eles, então, testaram medicamentos para estimular em laboratório o bom funcionamento do gene. "Todo mundo tem duas cópias de cada gene. No caso desta criança, ela tem uma cópia que está mutada [sofreu mutação] e outra que é funcional. Achamos uma droga que estimula o gene ativo a ‘funcionar’ em dobro", disse Muotri, que é pós-doutor em neurociência e células-tronco pelo Instituto Salk de Pesquisas Biológicas, também na Califórnia.
O medicamento que estimula o receptor de cálcio respondeu bem aos testes em laboratório e passou a ser administrado ao paciente diluído em chá, para avaliar os resultados. As primeiras observações, após um mês, mostram que a criança tem progredido em atenção e sociabilização. "Avaliamos através de questionários aplicados para os pais, professores, amigos da criança. Fizemos uma observação antes e depois da droga", aponta Muotri.
"Os dados que obtivemos depois de um mês são promissores, eles mostram melhora na atenção e na sociabilidade da criança", relata o professor. "Não é tão significativo porque tivemos que dar uma dose pequena", pondera, mas a descoberta é importante. "Abre uma perspectiva que estamos chamando de medicina personalizada. Baseado no genoma da pessoa e em testes com células-tronco induzidas, pode ser possível definir qual a melhor droga e a melhor dose a ser usada em um indivíduo", diz.
O caso do autismo é singular porque há vários tipos de distúrbios, causados por situações e mutações distintas. "Dificilmente você vai encontrar uma droga que vale para todo mundo", avalia Muotri. Ele diz que o tratamento que está sendo proposto, o da medicina personalizada, é similar ao que ocorre com alguns tipos de câncer. "Você retira algumas células e vai testando, até encontrar o medicamento e a dose certa."
O pesquisador vem ao Brasil neste sábado (29) para dar uma palestra no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), às 14h. A apresentação será em torno do tema: "Remodelando Neurônios Autistas com Células-tronco", e será mediada pela pesquisadora Patrícia Beltrão Braga, da USP.
Cérebro maior
O grupo capitaneado por Muotri também está investindo em outra linha de pesquisa - analisar dez crianças autistas com quadro clínico parecido, de cérebro com tamanho maior do que o normal. Os pesquisadores estão estudando se estes pacientes têm características genéticas similares, como alguma mutação.

A hipótese dos cientistas é que, se as crianças têm um cérebro grande, é porque elas têm mais neurônios do que o necessário para sua idade - por algum motivo as células nervosas podem ter crescido descontroladamente. "Nós estamos pesquisando drogas que inibam o crescimento dessas células. A ideia é controlar o aumento, estamos fazendo testes em laboratório", diz Muotri.
A previsão do professor é que essa linha de pesquisa vai dar respostas mais rapidamente. "Proliferação celular é algo que é estudado há muito tempo", pondera. "Talvez dois anos para começar a ter resultados com drogas.”
A Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção do Distrito Federal - Abraci-DF promoveu na manhã deste domingo(16), no Parque da Cidade, em Brasília, o evento "Juntos Somos Mais". Os organizadores montaram um posto de informação para tira (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr ) 
Atividade promovida pela Associação Brasileira de
Autismo, Comportamento e Intervenção do DF
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr )
Neurônios vivos
Um dos grandes problemas para entender o autismo é conseguir obter neurônios vivos, ressalta Muotri. "Muitas vezes são usados tecidos de autistas mortos, analisados depois que um paciente morre." Mas o avanço de pesquisas em células-tronco pluripotentes induzidas (conhecidas como células iPS, em inglês) está abrindo um novo caminho no estudo do autismo, diz o professor.

"A ideia é pegar células do paciente - cabelo, pele, polpa do dente - e fazer com que elas voltem a ser células-tronco. Então você as induz a se tornarem neurônios", explica o cientista. Pesquisas recentes apontam que o cérebro dos autistas, em geral, realiza menos sinapses (ligações entre neurônios para transmissão de informações), o que está sendo explorado nas pesquisas científicas.
"Começamos a testar medicamentos para elevar o número de sinapses, e alguns deles têm funcionado. Drogas como o fator de crescimento insulínico [IGF-1, na sigla em inglês]", diz Muotri. Um dos problemas do IGF-1 é que é uma proteína muito grande, que não consegue ser bem absorvida pelas camadas mais externas do cérebro. Moléculas menores estão em estudo, afirma o professor.
A novidade dos pesquisadores é que os testes com estas drogas até agora estavam restritos ao laboratório, e vão começar a ser aplicados em pacientes em breve. "A fase clínica de toxicidade já foi aprovada para alguns grupos que estão estudando crianças autistas. A ideia agora é testar em um número maior de crianças, para saber se, com seis meses a um ano de tratamento, elas estão melhores em diferentes aspectos, como respiração, ansiedade", informa Muotri.

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/06/cientista-brasileiro-estuda-remedio-promissor-para-tratar-autismo.html 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Saúde de qualidade para todos é alvo de reunião da OAB com ministro


Brasília – Defesa da saúde pública para todos os brasileiros. Este foi  um dos  principais assuntos tratados nesta quinta-feira (20) pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Frutado, com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante reunião naquele Ministério. Marcus Vinicius apresentou ao ministro as linhas do projeto Saúde+10, desenvolvido pela OAB em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Medicina e diversas outras entidades. A ideia é reunir 1,4 milhão de assinaturas de apoio ao projeto de lei do Saúde+10, que determina a aplicação de 10% do orçamento federal em saúde pública, para levá-lo ao Congresso Nacional na forma de projeto de iniciativa popular.
“A defesa da saúde pública de qualidade para todos os brasileiros é mais uma bandeira da OAB, associada a outras entidades da sociedade civil, para ver cumpridos os dispositivos constitucionais nessa área”, disse Marcus Vinicius ao ministro Alexandre Padilha, que informou ver com simpatia a iniciativa. O ministro da Saúde se colocou à disposição da OAB para auxiliar no que puder para a materialização do projeto de lei de iniciativa popular com tal objetivo.
Para o presidente nacional da OAB, a bandeira do Saúde+10, destinando um décimo do orçamento da União à saúde pública, “só se materializará com a mobilização da sociedade civil em sua defesa e, principalmente, na coleta de assinaturas, pois caso contrário o poder dos governantes poderá torpedear a ideia, que é essencial à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”.
Autismo
Marcus Vinicius Furtado discutiu ainda com o Alexandre Padilha a proposta para se implantar no País um Centro de Excelência para Estudos do Autismo no Brasil, pleito sobre o qual entregou um ofício ao ministro. A mesma questão foi tratada pelo presidente da OAB em audiência, no dia 11 de abril último, com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffman. A instalação no Brasil do centro de excelência em estudos para cura dessa doença tem como ponto de partida o professor brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), cujas pesquisas nessa área são reconhecidas internacionalmente.
“É muito importante para o Brasil aproveitar o momento econômico para investir nesse tipo de pesquisa científica”, afirmou o presidente nacional da OAB, observando que o ministro da Saúde ficou de estudar a sugestão. “Tal iniciativa muito auxiliaria a implantação das políticas previstas na Lei n. 12.764/2012, a chamada Lei do Espectro Autista, também conhecida como Lei Berenice Piana, permitindo fontes privadas de financiamento para programas de tratamento e pesquisa”, afirma o ofício entregue ao ministro da Saúde.

http://www.oab.org.br/noticia/25788/saude-de-qualidade-para-todos-e-alvo-de-reuniao-da-oab-com-ministro 

Os 5 melhores aplicativos do iPad, iPod e iPhone para autistas

Os professores e reabilitadores estão usando iPads (não sabe o que é? clica aqui!) como uma ferramenta para alcançar as crianças com Autismo ou Síndrome de Asperger e os resultados são grandes.
As crianças autistas estão mostrando melhora depois de jogar alguns aplicativos de exercícios do IPad, iPods e iPhones… (acredito que a forma de interação e o hardware facilita o interesse de usar).
Para aqueles que não sabem, o Autismo é uma disfunção que afeta a maneira como a pessoa se comunica e se relaciona com outras pessoas. Os autistas geralmente apresentam prejuízos importantes em três áreas: interação social, comunicação e comportamento (interesses restritos e comportamentos repetitivos). 1 em cada 160 crianças com autismo tem duas vezes mais condições como: fibrose cística, paralisia cerebral, surdez ou cegueira na infância e é dez vezes susceptível à leucemia infantil.
Abaixo está a lista dos 10 melhores aplicativos iPad para Autismo:
Proloquo2Go – Este aplicativo fornece uma solução de comunicação “aumentada” e alternativa para crianças autistas que têm dificuldade em falar.
Ele possui a vocalização de textos, símbolos,  conjugações automática, um vocabulário padrão e muito mais. O Proloquo2Go é considerado como uma boa alternativa contra a compra de um dispositivo de comunicação alternativa caro. Professores e pais recomendam esse aplicativo para crianças e adultos com autismo, paralisia cerebral, síndrome de Down, deficiência de desenvolvimento, apraxia, asperger, acidente vascular cerebral ou traumatismo crânio-encefálico. O peço?? $ 189,99.
Grace – O Grace ajuda crianças com autismo e com outras condições que interferem na habilidade de se comunicar. Essa ajuda ocorre através da construção de frases a partir de imagens relevantes para formar frases.
Você pode personalizar o aplicativo usando imagens e o vocabulário da sua escolha. O aplicativo funciona em tempo real e permite ao usuário selecionar suas preferências e depois (no iPhone), girar o dispositivo para apresentar a frase de tamanho para o ouvinte – que vai lê-lo e responder ao seu pedido. Atualmente, você pode ter até oito cartões em uma sentença, e os cartões são grandes o suficiente no IPad a ponto de não precisar de uma exibição em tela cheia.
A beleza do Grace é uma das características que garante a interação do usuário com o ouvinte e a compreensão das necessidades reais do usuário, ajudando a aumentar as oportunidades de comunicação e a construir a confiança. O iPhone app Grace foi desenhado por Domican Lisa, mãe de dois filhos autistas, na Irlanda. Grace para iPhone e iPad está disponível para $ 37,99 (esse é mais em conta. #confesso).
iCommunicate para IPAD – Se o seu filho sofre de autismo ou déficits visuais então este app é para você. Ele permite que você crie fotos, flashcards, storyboards, rotinas, horários e informações audio-visuais personalizadas em qualquer idioma.
iCommunicate para IPad vem embalado com mais de 100 fotos (5 primeiras têm audio) para você começar. Você pode até mesmo adicionar fotos com sua câmera ou usar a pesquisa de imagens do Google. iCommunicate IPad para iPhone e está disponível em apenas 29,99 dólares.
Sobre esse aplicativo um dos usuários disse:
“Seu filho com autismo precisa ter um! Tenho uma série de aplicativos baixados no meu Ipad para meu filho autista, e o iCommunicate é de longe a mais útil e fácil de usar. Meu filho tem apenas 26 meses de idade, ele ainda é capaz de desfrutar do programa. É tão versátil que podemos obter uma imagem do Google e tudo que ele tem a fazer é tocar a imagem e ele é recompensado com uma música!”
First Then Visual Schedule – O aplicativo permite que você crie listas de pistas visuais que fornecem suporte ao comportamento através do uso de imagens que mostram acontecimentos diários (ou seja, rotina matinal), ou passos necessários para completar uma atividade específica (isto é, usar o banheiro).
Esse aplicativo  é único na medida em que é completamente personalizável as necessidades individuais de cada usuário. Os usuários podem adicionar gravações de voz pessoal e imagens diretamente de seu computador ou iPhone para criar uma agenda. Essa personalização permite horários a serem criados e atualizados.
Extremamente útil para indivíduos com atrasos de desenvolvimento, com problema de comunicação ou qualquer outra condição que se beneficie de um ambiente estruturado. Esse aplicativo está disponível na App Store por US $ 9,99. Ele é oferecido em Inglês, e é compatível com iPhone e iPod Touch.
iConverse – É um aplicativo do iPhone e iPod touch que funciona como um sistema de comunicação por troca de figuras (PECS) projetado especificamente para autistas e pessoas com outras deficiências de comunicação.
O iConverse vem embalado com imagens de comunicação que representam as necessidades mais básicas de uma pessoa. Quando ativado pelo toque, os ícones fornecem uma representação auditiva e visual da necessidade específica ou do que você quiser. Você pode até criar suas próprias imagens ou gravar sua própria voz! O iConverse app para iPhone e iPad está disponível por US $ 9,99.
Não sei vocês, mas eu #Amei….

Bel Kutner: "Quem tem uma pessoa autista na família, tem que pedir ajuda"


Intérprete da enfermeira Joana, de "Amor à Vida", atriz conta como lida com o distúrbio do filho Davi e diz que ter cuidado de sua mãe, Dina Sfat, morta em 1989, ajudou na construção de sua personagem

Vinícius Ferreira , iG Gente 



Bel Kutner já deu vida a mais de 24 personagens em telenovelas e seriados brasileiros. E o reconhecimento veio, principalmente, de sua habilidade em interpretar papeis cômicos. Mas essa trajetória na TV mudou desde “Gabriela”, da Globo, quando Bel, que está no ar como a enfermeira Joana de “Amor à Vida”, começou a dar vida a personagens mais dramáticos.

"Há dez anos eu não me imaginava tão 'Joana' assim. Mas além da maternidade me transformar muito, sempre tive uma necessidade de ordem, porque eu tenho uma cabeça muito caótica, muito germiniana, de que eu posso tudo, que eu quero tudo. Hoje sou menos ‘oba oba’, mais prática.”
Bel é mãe de Davi, sete anos, diagnosticado com síndrome de esclerose tuberosa e autismo. Bel é filha da atriz Dina Sfat , que morreu em 1989 aos 50 anos, de câncer, quando ela tinha 18. Bel é também filha do ator e diretor  Paulo José , que hoje enfrenta o mal de Parkinson. Bel é quem cuidou da mãe e é Bel também quem provém cuidados e carinhos ao filho e ao pai.
O histórico médico e as experiências com a família, claro, acabaram transbordando para a enfermeira Joana. “A gente sempre tenta fazer as duas mãos com a personagem. Eu aprendo muito e empresto meu conhecimento pelo assunto. Sou bem disponível para cuidar de outra pessoa, organizar remédios, até trocar as roupas se for o caso. Tem gente e que não pode ver sangue, problema que eu nunca tive.”

Divulgação/TV Globo
Bel Kutner na pele da enfermeira Joana em "Amor à Vida"
iG: Você sempre fez personagens mais cômicos. É muito diferente enfrentar uma personagem densa como a Joana? Isso muda alguma coisa em você?
Bel Kutner: Claro! Já foi assim quando eu vivi a Marialva, de "Gabriela", que era muito infeliz, deprimida, bem diferente de tudo que já fiz. A Joana é uma mulher muito séria, quieta e interessante, bem diferente do meu temperamento. Então estou podendo exercitar essa contenção, que é característica dela. Eu sou bagaceira, não adianta, não sei ser contida. Quanto a interferir na minha personalidade, pelo contrário, saio de lá querendo extravasar tudo o que eu tenho direito.
iG: Na novela você vive uma enfermeira. Fora dela cuida de seu pai (que tem Parkinson há 15 anos) e cuidou de sua mãe com câncer até a morte. Todo esse histórico te ajudou na construção da Joana?
Bel Kutner: Com certeza. A gente sempre tenta fazer as duas mãos com a personagem. Aprendo muito e empresto meu conhecimento pelo assunto. A questão de medicina, saúde, de cuidar de alguém sempre me despertou muito interesse. Sou uma pessoa bem disponível para cuidar de outra pessoa, organizar remédios, até trocar as roupas se for o caso. Tem gente que não pode ver sangue, problema que eu nunca tive.
iG: Você também tem que dar uma atenção a seu filho Davi (diagnosticado com síndrome de esclerose tuberosa e autismo). Como ele está?
Bel Kutner:  Pois é, ninguém aqui tem uma vida regradinha. Minha vida é muito organizada em função do trabalho e do meu filho. E eu ainda tenho um namorado maravilhoso, mas que é super atarefado e dedicado à vida profissional dele, então a gente vai dando o nosso jeito sempre. O Davi está ótimo, fofo, enorme e cheio de atividades. Já está com sete anos, falando pelos cotovelos, vivendo no tempo dele. 
iG: Quais são as dificuldades de criar um filho autista?
Bel Kutner: Acho que quem tem uma pessoa autista na família tem que pedir ajuda, tem que estar com outras pessoas, porque não têm dois autistas iguais, mas têm vários pontos em comum entre eles. A família precisa muito de tratamento. As pessoas que convivem com essa doença precisam de apoio, orientação, um direcionamento e tratamento, porque têm coisas especificas que você passa. Com uma criança autista, você pode criar um mal habito que pode virar um condicionamento errado, e daí para mudar esse padrão é muito pior. O autista precisa de uma atenção dez vezes maior. É muito delicado, porque na melhor das intenções, você pode estar diminuindo a autonomia daquele indivíduo.
iG: E como é o dia-a-dia do Davi? Bel Kutner: Estou com ele todos os dias, todas as horas e momentos que não estou trabalhando. Ele frequenta um curso que tem várias atividades especificas com crianças portadoras de autismo, além de ter contato com psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogo. Neste centro que eu vou, também tem a terapia para os pais. É um acompanhamento bom que eu faço.

AgNews
Bel Kutner e Davi passeando pelo Rio de Janeiro
iG: O autismo é abordado na novela através da persoanem da Bruna Linzmeymer. Acha que ela e o núcleo estão conseguindo passar o que acontece com as famílias que convivem com a doença? Bel Kutner:  A Bruna está perfeita e a família também. É daquele jeito mesmo: muitas crianças ficam isoladas, o que não pode. A novela vai mostrar uma coisa muito bacana, que o autista na verdade está atento a tudo, percebendo muito mais do que as pessoas imaginam, ouvindo tudo, mas não consegue muitas vezes se expressar. O que é comum são as pessoas falarem coisas na frente de crianças e até de adultos autistas, que não poderiam, alegando que eles não entendem, que não escutam, que só vão ficar prestando atenção na mão delas, nos desenhos. Isso não é verdade.
iG: Acha que a novela pode ajudar a desmistificar um pouco o assunto? Bel Kutner:  Sim, é maravilhoso e emocionante ver o assunto sendo explicado em uma novela. Acho que vai ajudar a criar uma consciência nas pessoas, mesmo quem não tem nada a ver com o assunto, de que isso existe e precisa, no mínimo, ser respeitado. Algumas situações ficam muito desagradáveis por pura ignorância das pessoas. Muitas vêm abordar de uma maneira errada, com preconceito. 
iG: Pode dar um exemplo? Bel Kutner: Ah, às vezes você está em um lugar e a criança começa a ter um ataque e você não tem o que fazer, você não deve privar, mas aí tem que escutar: ‘Essa mãe aí, toda nervosa, toda estúpida, estressada...’, ou ainda, ‘Nossa, olha essa mãe passiva, que está deixando o filho se jogar no chão’. Dependendo do que a criança tem, se os pais tentarem segurar, é pior, se tentar gritar, é pior. E o que você aconselha a uma pessoa dessa? Deixar o filho trancado em casa? É muito pior. É importante para eles terem contato com o mundo. 
iG: Acha que isso é pior no Brasil? Bel Kutner:  Em países como a Inglaterra, você sai com uma melancia na cabeça que ninguém olha na sua cara. Agora, no Brasil, onde todo mundo é muito íntimo, tem um lado mais quente, que é muito bom, mas também muito ruim, as pessoas te abordam de uma maneira muito invasiva. Acho que se você vê que alguém tem alguma coisa diferente, você não precisa ficar se expressando, está claro a diferença, até porque a primeira impressão das pessoas é muitas vezes infantil. Já apontaram na cara do meu filho pra perguntar: ‘o que ele tem?’. É desagradável. 
iG: “Amor à Vida” também aborda outro assunto polêmico, pelo menos para novelas brasileiras até então: os gays. O que você acha da “Cura Gay” proposta pelo pastor e deputado Marcos Feliciano?
Bel Kutner: Pelo amor de Deus! Isso só pode ser uma piada para nos distrair. No começo, fiquei com raiva, revoltada. Meu desejo é processar esse Feliciano por ofensa moral à minha pessoa. Esse cara só pode estar querendo ganhar um dinheiro, não dá para levar isso a sério. Acho um retrocesso a gente pagar para essas pessoas se reunirem para discutirem esse tipo de coisa. Ninguém pode curar uma coisa que não é uma doença, uma patologia e muito menos da conta de ninguém. Isso não é assunto de saúde. Se por um lado, no Brasil, onde eu posso sair pelada com um fiapo enfiado na bunda no meio do carnaval, que todo mundo vai achar normal, por outro, as pessoas querem se meter na sexualidade e na vida sexual das pessoas, sendo que não é da conta de ninguém. Se eu for entrar em detalhes da minha vida sexual, ela vai ser totalmente diferente da vida de outra pessoa. Pra mim sexo é coisa para se fazer, não se debater. Fui criada com muita liberdade, eu aprecio, e muito, o sexo, mas não o debate. As pessoas podem querer gostar de uma coisa hoje e amanhã mudar de ideia, sexo é gosto, desejo. Daqui a pouco esse pastor vai querer pregar que tem que existir o clube dos assexuados.

Divulgação
Bel Kutner e a mãe Dina Sfat
iG: Você disse que foi criada com muita liberdade. Fez muitas loucuras na vida? Bel Kutner: Olha, do meu ponto de vista não, mas da maioria, sim. Tudo que sempre tive vontade de fazer, eu fiz. Tem gente que já me achou mega louca. O que eu posso te garantir é que eu não rasgo dinheiro e tento evitar um pouco as coisas ilegais, então está tudo certo.
iG: Qual a maior loucura que fez? Se arrepende de alguma?
Bel Kutner: Isso não vou te contar nem morta! Eu já fiz muita coisa que eu me arrependo, muita besteira. O pior crime é aquele que você é descoberto. Eu tento esquecer as besteiras que eu já fiz. Não é nada grave e eu aprendi muito com elas. Eu aprontei muito, mas quando a gente é jovem, em uma fase mais promíscua, tudo bem. Eu não fiz nada que comprometesse a minha segurança e a minha saúde.
iG: Você tem medo da morte?
Bel Kutner: Acho que ninguém está afim (de morrer). Procuro não pensar nisso, mas tento me conformar com essa ideia existente. O pior é o sofrimento, o que não quero. Não sou paranoica, nem tenho mania de doença. Com tudo que vivi, eu não penso no pior.
iG: E depois de tudo o que você viveu, sabe dizer que mulher é hoje?
Bel Kutner: É difícil eu te dizer como eu era antes do nascimento do Davi, por exemplo, mas mudei muito, totalmente. Ninguém que passa por certas situações, consegue não mudar. Hoje sou uma pessoa mais aberta em todos os sentidos. Minha cabeça mudou muito e meu emocional endureceu, a ponto de eu ser menos chorona e emotiva. Hoje eu me comovo de outra maneira.