O autismo pode ser considerado um distúrbio do desenvolvimento caracterizado
por quadro comportamental que envolve
sempre as áreas da interação social, da comunicação e do comportamento em graus
variáveis de severidade.
As crianças com autismo apresentam uma variedade de
sintomas, incluindo pouco interesse em outras pessoas, deficiências acentuadas
na linguagem e padrões peculiares de movimento, muitas vezes tendo retardo
mental.
Mercadante (2006) disse que: O que se sabe é que os
cérebros de autistas são diferentes em três áreas principais: a amígdala, ligada
à emoção e ao comportamento social, o giro fusiforme e o sulco temporal
superior. As duas últimas costumam ser ativadas quando se olha para a face de
alguém ou se escuta uma voz humana. Os autistas, ao verem ou ouvirem alguém,
ativam outra área, responsável pela identificação de objetos.
IMAGEM FAPESP |
Schwartzman aponta as seguintes desordens de indivíduos
com autismo:
-
isolamento social; - pobre contato visual; - distúrbios
da comunicação; - falta de empatia; - dificuldades na compreensão de
metáforas;
- compreensão literal da linguagem; - dificuldades em imitar ações dos
outros;
- preocupação extrema com detalhes; - aversão a certos sons. O autor
coloca que
uma vez que eles tendem ao isolamento social e a falta de empatia
ocorrendo uma
falta de atividade nos neurônios espelho em várias regiões do cérebro.
Nesse sentido, ele nos traz como questionamento se a possibilidade de
restauração desta
atividade poderia aliviar alguns dos sinais e sintomas do quadro do Autismo.
Em junho de 2011, a Revista
Fapesp publicou a reportagem “O cérebro no autismo” , a qual falou das
alterações no córtex temporal e os prejuízos na percepção para a interação
social. Zorzetto, menciona que: O primeiro grupo a identificar o
funcionamento anormal no cérebro de crianças autistas foi o da médica
brasileira Monica Zilbovicius, pesquisadora do Instituto Nacional da Saúde e da
Pesquisa Médica (Inserm) da França. Usando um aparelho de tomografia por
emissão de pósitrons, que mede o fluxo sanguíneo e, portanto, o nível de
atividade de diferentes regiões do sistema nervoso central, Monica analisou o
cérebro de 21 garotos com autismo e 10 sem o problema – o autismo é quatro
vezes mais comum em meninos do que em meninas. Inicialmente
se acreditava que o lobo temporal fosse importante apenas para a percepção dos
sons. Estudos mais detalhados mostraram, porém, que tanto o sulco temporal
superior como outra área do lobo temporal, o giro fusiforme, estavam envolvidos
no processamento de dois tipos de informações relevantes para as interações
sociais. Eles captam informações auditivas, sobre a voz do interlocutor, e
visuais, como os movimentos dos olhos, os gestos e as expressões faciais,
processam-nas e as distribuem para outras áreas cerebrais associadas às emoções
e ao raciocínio lógico. Essas
descobertas levaram Monica a propor em 2006 que modificações nessas regiões do
cérebro durante o desenvolvimento seriam responsáveis pelo sintoma mais
frequente do autismo: a dificuldade de interação social.
Epidemologia:
A taxa média de prevalência do transtorno autista em
estudos epidemiológicos é de 15 casos por 10 mil indivíduos, com relatos de
taxas variando de 2 a 20 casos por 10 mil indivíduos. É encontrado em todo o mundo e em famílias de
qualquer configuração racial, étnica e social. No Brasil, ainda não se dispõem
de estatísticas oficias. Quanto ao gênero, observa se uma prevalência do
autismo no sexo masculino havendo uma estimativa de que ele acomete de três a
quatro meninos para cada menina. Mas as
meninas tendem a ser mais seriamente afetadas e a ter comprometimento
cognitivo.
A idade média
para a detecção do quadro é em torno dos três anos, embora o diagnóstico já
possa ser bem estabelecido em torno dos 18 meses de idade.
Na escola: maximizando o que eles têm de
melhor
Falar sobre métodos e técnicas disso e daquilo é um tanto
quanto arriscado, pois a meu ver cada indivíduo é único, e quando o mesmo se encontra
dentro do ambiente escolar, se faz mais necessário ainda, ter isso bem
esclarecido.
Mas acredito que quando algo deu certo, pode servir de sugestão
para outros...
Em uma das oportunidades que tive de interação com uma
criança autista, no processo de alfabetização, utilizei-me da estratégia de observar o que ela mais gostava:
LIVROS, ela tinha predileção por alguns livros, eram sempre os mesmos... o que
demonstrava a necessidade da sequência, da rotina. O que fiz: - cópias ampliadas
das páginas do livro e utilizei-me da “repetição”. Muitos condenam os métodos
tradicionais, mas tem certas situações em que se fazem necessário...
Na primeira
semana, mostrei a mesma página (ampliada) e lia com ele o texto, até chegar ao
ponto em que o mesmo tinha “decorado”. Na segunda semana, recortei o texto em
frases, íamos lendo e tentando montar a sequência que se encontrava desordenada.
Juntamente com ele, recortamos as frases e tentava encaixar a sequência de uma
frase na outra, enfim, remontar uma nova frase.
Destas, comecei a retirar palavras chaves (acompanhadas
de gravuras que as representassem), e foi o mesmo processo de memorização, das palavras,
recorte de sílabas, até que se começou o processo de formação de novas palavras
e lógico a tendência inicial era sempre tentar montar a palavra já conhecida,
mas utilizando-se de outras atividades: jogo de memória, bingo, colagem de
texturas nas sílabas que poderiam indicar novas palavras, o progresso foi
rápido.
O aluno era ótimo, logo foi identificando as sílabas em
demais palavras e lendo diversos contextos... O que motivava as demais crianças
a interagirem com ele, lhe instigando a ler o que elas lhes mostravam ou tentavam
montar para que ele lesse. Lendo o contexto, pode passar a impressão de que
isso levou muito tempo... que nada, em um mês ele já estava lendo tudo que via
pela frente, claro ALFABETICAMENTE, pois letramento é outra etapa. Mas o prazer
de ver aquele amado lendo, não tem preço que pague, e olha que era uma leitura
fluente...
Se o método que usei foi certo, talvez sim, talvez não, tudo
depende da concepção de quem analisa os fatos, mas foi desse modo que funcionou,
e acho que educação é isso, é observar constantemente, investir no ser humano e
procurar formas que o levem para a aprendizagem... Lógico, confiar na sua
proposta e investir nela. E novamente reforço, foi apenas o jeito que fiz, o
que não quer dizer que isso seja eficaz com todas as crianças que tenham
autismo, pois cada indivíduo é único e deve ser visto como tal, o importante é
procurar maximizar o que cada um tem de melhor, e a partir daí construir novos
objetivos, novas estratégias de aprendizagem, procurando interagir no mundo do
autista e com ele aprender.
Fonte:
LAGE, Amarílis. Autistas usam remédios para controlar aspectos da doença. Disponível online em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u4160.shtml
SCHWARTZMAN, José S. Neurônios
Espelho e Autismo. Disponível online em http://www.schwartzman.com.br
ZORZETTO, Ricardo. O cérebro no autismo. Disponível online em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/06/16/o-c%C3%A9rebro-no-autismo/
ZORZETTO, Ricardo. O cérebro no autismo. Disponível online em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/06/16/o-c%C3%A9rebro-no-autismo/
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