domingo, 28 de setembro de 2014

'Treinar' pais de criança autista reduz sintomas do transtorno

Em um novo estudo, pesquisadores concluíram que um determinado tratamento, aplicado nos primeiros anos de vida de um bebê com sinais de autismo, pode melhorar seu desenvolvimento e reduzir os sintomas do transtorno durante a infância. A terapia, no entanto, não é direcionada à criança, mas sim aos seus pais, que passam por uma espécie de treinamento para que estimulem a comunicação dos filhos.

O método testado pela pesquisa foi o Infant Start, desenvolvido na Universidade da Califórnia em Davis, Estados Unidos. Nele, pais de bebês com autismo aprendem formas de estimular a comunicação, a atenção, o aprendizado, a linguagem e a interação social dos filhos.
O estudo, publicado nesta terça-feira, contou com a participação de pais de sete crianças de 6 a 15 meses de vida que apresentavam sintomas relacionados ao autismo, como pouco contato visual, repetição de determinados movimentos e baixa disposição para a comunicação. Os pais, junto com os bebês, passaram por doze sessões de treinamento e, depois, foram acompanhados durante seis meses pelos pesquisadores para que continuassem seguindo o método corretamente.
As crianças voltaram a ser avaliadas dois e três anos após o início do estudo. O desenvolvimento delas foi comparado ao de outras com características diversas. Entre elas, crianças com autismo que só receberam tratamento após os três anos de idade e crianças sem o transtorno.
Leia também:

Segundo a pesquisa, seis das sete crianças que participaram do estudo chegaram aos três anos de idade com o desenvolvimento do aprendizado e da linguagem semelhante ao de crianças sem autismo. “A maioria das crianças com autismo nem ao menos recebeu o diagnóstico da doença nessa idade”, diz Sally Rogers, professora de psiquiatria e ciências comportamentais da Universidade da Califórnia em Davis e coordenadora do estudo.


O estudo, portanto, sugere que começar o tratamento de crianças com autismo de forma precoce diminui os problemas de desenvolvimento ao longo da infância. No entanto, como foi feito apenas com sete crianças, as descobertas precisam ser confirmadas por pesquisas maiores. Mesmo assim, a equipe considera que as conclusões foram importantes, pois mostraram uma redução significativa dos sintomas do transtorno nos primeiros anos de vida.

Não, vacinas não causam autismo

“Uma mentira dá meia volta ao mundo antes que a verdade tenha tempo de colocar suas calças”. 
~ Winston Churchill

Começo o post já pedindo desculpas por um texto tão longo. O tema, no entanto, é complexo e merece ser tratado com atenção.
Eu me sinto, hoje, como alguém saindo do armário. Passei muito tempo tentando evitar conflitos com esse blog e a fanpage, mas o assunto é grave e guardar minhas opiniões comigo mesma não me parece mais razoável.
Eu sei que vai ser dor de cabeça, sei que devo perder muitos seguidores com isso, mas não tem problema. Nunca mantive o blog pra ter fama, muito menos dinheiro. Então, quem ficar, sabe que essa é a minha posição. E, até segunda ordem, ela é inegociável.
Inegociável porque vacinas salvam vidas.
Inegociável porque crianças estão morrendo de doenças que já estavam erradicadas há anos. Chega uma hora em que “enough is enough”, como dizem os americanos. Já deu. Chega. A histeria está passando totalmente dos limites.

E, justamente porque o assunto é sério, queria fazer um pedido simples a quem for comentar: leia o texto inteiro antes. Cheque se a sua dúvida ou contestação já não está respondida no texto ou em um dos vários links onde pesquisei e me baseei, e que se encontram ao longo do post. Se eu perceber que alguém está comentando sem ler, minha única saída vai ser responder algo como “fulano/a, você não leu o texto”. 

HISTÓRICO

Vamos ao que interessa. Toda essa confusão sobre vacina causar autismo veio quando, em 1998, um médico britânico chamado Andrew Wakefield publicou um estudo, no jornal científico “The Lancet”, dizendo que a vacina tríplice (MMR) causava autismo. Sem enrolar muito mais, vamos aos fatos:
  • O sr Wakefield chegou a essa conclusão brilhante com uma amostra ENORME de…12 crianças. Isso mesmo. DOZE crianças.
  • Analisando o histórico médico das crianças, chegou-se à conclusão de que 5 delas já tinham autismo antes da MMR e 3 nem mesmo eram autistas. Wakefield sabia disso e falsificou os dados ao dizer que, em todos os casos, a regressão se deu após a vacinação. A maioria delas, inclusive, nem apresentava a tal “inflamação no intestino”que, segundo ele, teria sido causada pela MMR e levado ao autismo. Leia mais AQUI;
  • Uma investigação mostrou que Wakefield tinha recebido quase US$ 700 mil de advogados, das famílias das crianças estudadas, que pretendiam processar a indústria farmacêutica por “danos causados pela vacina”. Um conflito de interesses ENORME que ele não reportou quando publicou seu “estudo”. Você pode ler mais sobre isso AQUI;
  • Para piorar, uma investigação do jornalista Brian Deer mostrou que Wakefield estava tentando patentear “uma nova vacina MMR segura”. Isso mesmo. Bem espertão. Claro que ele negou quando isso veio à tona, mas você pode ver o documento de solicitação de patente em seu nome, onde se lê claramente VACINA, AQUI.
  • No final das contas, o The Lancet retirou o artigo e Wakefield perdeu sua licença médica por má conduta.
Acontece que o sr Wakefield arrumou fãs famosos, como a atriz Jenny McCarthy, nos Estados Unidos, que propagaram suas ideias. E o resultado disso nós estamos vendo agora: o número crescente de pais que se recusam a vacinar os filhos está trazendo de volta doenças já erradicadas. Os Estados Unidos e a Europa estão enfrentando surtos de sarampo, rubéola e até coqueluche.
A taxa de imunização no Reino Unido em 2003/2004 foi de 80%, bem abaixo dos 95% recomendados pela Organização Mundial de Saúde para garantir que não vai haver epidemias. E, em 2008, pela primeira vez em 14 anos, o sarampo foi declarado como epidemia na Inglaterra e no País de Gales. Milhares de crianças estão à mercê da doença por causa do medo gerado por uma pesquisa fraudada.  (Fonte: BMJ 2011;342:c7452)
Nos Estados Unidos, 288 casos de sarampo foram reportados esse ano no primeiro semestre. É o maior número de casos nesse período desde 1994. Mais de 1 em cada 7 casos levou à hospitalização e 90% dos casos foram em pessoas não vacinadas. (fonte: CDC)
Mas eu sei que qualquer pesquisa no google com o tema “vacinas e autismo” vai deixar o cidadão de cabelo em pé. E, o pior: todo mundo sempre tem, também, um conhecido pra tocar um terror sobre as vacinas. Então, aqui vai um guia rápido pra você saber como se virar nesse papo:
A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, A “BIG PHARMA”
Esse rende. Portanto, tem vários tópicos. Vamos por partes.
1) Alguém vai te dizer que não há estudos suficientes provando que vacinas não causam autismo.
Desde que o estudo fraudulento de Wakefield saiu, outros inúmeros foram feitos para tentar refutar ou replicar os resultados dele. Com isso, mais de 25 MILHÕES de crianças, no total, foram estudadas. E nenhum estudo (SÉRIO, veja bem) confirmou os resultados de Wakefield. Muito antes pelo contrário. Se você quer dar uma olhada em uma lista de estudos bem grande que mostra que vacinas não causam autismo, há 107 deles AQUI. Aí tem de tudo: thimerosal, calendário apertado, resposta imune a muitas vacinas juntas, TUDO.
Aliás, sobre “o perigo das múltiplas vacinações” e da “sobrecarga do sistema imunológico da criança” (que já foi provado que não causa autismo nesse estudo AQUI), você já parou pra pensar que qualquer virose ou infecção bacteriana faz isso? E os beijinhos, os brinquedos do bebê que vão no chão e na boca, nada?? E olha que a vacina é feita de vírus e bactérias desativados/atenuados. A vida real não é assim.
2) Alguém vai te dizer “ah, mas todos esses estudos foram bancados pela BIG PHARMA”, que quer ocultar os resultados.
O ônus da prova é de quem acusa, não é?! Mande a sua amiga provar. Ela pode entrar em um por um da lista acima e anotar quais foram, de fato, pagos por farmacêuticas. Eu te garanto que grande parte deles não foi. E o último e mais recente estudo, bem robusto, que examinou o histórico de 1.3 MILHÕES de crianças no mundo e provou que não há relação entre vacinas e autismo, foi tocado pelaUniversidade de Sydney. Você pode ler mais sobre esses resultados AQUI.
3) Alguém vai te dizer “mas eu tenho uma lista de 50 ESTUDOS CIENTÍFICOS “isentos” que provam que vacinas causam, sim, autismo”.
Eu tenho uma amiga que é modelo por profissão e fica P da vida quando qualquer subcelebridade aparece na mídia como “modelo”. É o mesmo com pesquisa científica. Tem muito caroço nesse mingau. Muito joio no meio do trigo. Existe amostra insuficiente, conflito de interesse, teste estatístico errado, pesquisas que não podem ser replicadas, que não foram revisadas por outros cientistas para checar por inconsistências, e um monte de jornal que se diz científico, mas que publica qualquer coisa se pagarem bem.
E, sobre os mais de 50 estudos que alguém te passou o link, todos podem ser desacreditados em minutos por um (ou mais) dos motivos que eu citei acima. Felizmente, alguém já fez isso. Quer ver? Clique AQUI.
4) Alguém vai dizer “ah, mas a BIG PHARMA só pensa no lucro, só quer ganhar dinheiro”.
Eu não queria ser a pessoa a te dar essa notícia. Você está sentado/a? Então vamos lá. Todo mundo quer ganhar dinheiro. Seu tio Everaldo, que tem uma van escolar, quer ganhar dinheiro. Sua prima Jaqueline, que vende brigadeiro gourmet, também quer ganhar dinheiro. O pessoal que vende suplemento alimentar também quer ganhar dinheiro. Quem vende comida sem glúten quer ganhar dinheiro. A pessoa que fala que vai “desintoxicar as vacinas” do seu filho também quer ganhar dinheiro. E até o cara que vende homeopatia quer ganhar dinheiro. (Atenção, não estou questionando a índole de ninguém! Só estou mostrando que ninguém faz nada disso de graça!)
E, quer saber de uma coisa? Se a BIG PHARMA está ocultando que vacinas causam autismo pra vender mais vacinas, eles têm péssimos consultores de negócio e estratégia. Sabia que as vacinas são menos de 3% do lucro total das farmacêuticas?
5) Alguém vai te dizer que não se fazem testes suficientes de segurança com as vacinas. 
Esta pessoa está errada. Só como exemplo, cite ESSE estudo que foi feito para avaliar a segurança e efetividade da vacina pneumocócica com mais de 37 mil crianças (perceba a diferença do tamanho de amostra com as 12 crianças estudadas pelo Sr.Wakefield)
OS TÓXXXXXICOS DAS VACINAS
1) Alguém vai dizer “vacinas têm thimerosal, um negócio que tem mercúrio, que é tóxico e causa autismo”. 
  • Várias informações aí. Pra começar, faz uns 10 anos que o thimerosal, um conservante, foi retirado da maioria das vacinas, ficando só na de gripe. E as crianças continuam sendo diagnosticadas com autismo. Aliás, a MMR, vejam só, NUNCA teve thimerosal! Que coisa, hein?!
  • Primeiro que o metabolismo do thimerosal gera Etil Mercúrio, e não Metil Mercúrio. Parece besteira, mas a diferença é grande. O Etil Mercúrio (ou Mercúrio Etílico) não acumula no corpo. O Metil Mercúrio (o mesmo encontrado em peixes) é tóxico e acumula. Pra ilustrar isso, pense no álcool. Se você ingerir o Álcool Metílico (o álcool de cozinha), pode ficar cego ou até morrer. Já o Álcool Etílico é o encontrado em bebidas como vodka e whisky.
 2) Alguém vai dizer “mas as vacinas têm alumínio e formol, que são tóxicos”.
Os sais de alumínio são utilizados para aumentar a resposta imune do corpo à vacina. Sua segurança já vem sendo provada há 70 anos, em milhões de pessoas, e raríssimos efeitos colaterais. (Gupta RK, Rost BE, Relyveld E, Siber GR. Adjuvant properties of aluminum and calcium compounds. In: Powell MF, Newman MJ, eds.Vaccine Design: The Subunit and Adjuvant Approach. New York, NY: Plenum Press; 1995:229–248)
Agora, as crianças não têm contato com alumínio só nas vacinas. Ele é abundante no ambiente (no ar, na comida, na água). Por exemplo, o leite materno contém aproximadamente 38 mg de alumínio por litro. As fórmulas infantis contêm, em média, 225 mg de alumínio por litro. As vacinas contém uma quantidade similar à das fórmulas.
O alumínio é eliminado do corpo em 24 horas (Keith LS, Jones DE, Chou C. Aluminum toxicokinetics regarding infant diet and vaccination.Vaccine.2002;20 :S13– S17). E, fazendo as contas, a quantidade de alumínio à qual as crianças estão expostas com a comida e vacinas é bem menor que a recomendada e bem menor que a considerada segura em experimentos com animais.

Quanto ao formol, ele está presente na natureza e no nosso próprio sangue. 

BULA E VAERS
1) Alguém vai dizer “mas os próprios registros do VAERS e das bulas das vacinas falam que podem causar autismo e outros danos graves”.

O VAERS é um programa que monitora a segurança das vacinas depois de lançadas nos Estados Unidos. O objetivo é checar se algum efeito colateral que não apareceu nos testes anteriores vai surgir, para que tomem as devidas precauções.
Qualquer um pode e deve fazer reportes ao VAERS. O governo, inclusive, incentiva isso. Se você vacinou seu filho nos Estados Unidos e ele teve qualquer coisa considerada grave, mesmo que você não tenha certeza de que foi a vacina, você pode entrar no site do VAERS e colocar isso lá. Você pode, também, mencionar isso para o médico do seu filho e ele faz o reporte.
O ponto é: os relatórios do VAERS, para quem lê (inclusive partes nas bulas das vacinas) são RELATOS. Não são dados investigados e comprovados. Então, a grosso modo, se meu filho tomou uma vacina e eu achei que isso fez ele mudar de orientação sexual, eu posso reportar isso ao VAERS. E isso VAI APARECER nos relatórios da vacina em questão. Leia mais sobre o VAERS aqui.
Um estudo recente do VAERS mostrou que menos de 3% dos relatos de reações adversas relacionadas a vacinas estavam, de fato, relacionados a elas. E a maioria dessas reações adversas, após a análise, eram leves. O total de reações adversas consideradas graves é menos de 1% do total. E, para esses casos raros, há um fundo de compensações.
Então, ninguém está falando que não há riscos. Mas que eles são muito pequenos se compararmos com os benefícios das vacinas.
Outra coisa importante é que a bula da vacina tem que reportar qualquer morte ocorrida durante os períodos de teste. Mesmo que essa morte não tenha nada a ver com a vacina. 



A causa primeira de óbitos entre crianças autistas: afogamento


Levantamento feito entre os anos 2009 e 2011, publicado recentemente pela “National Autism Association'' (Estados Unidos), revela que 90% dos óbitos ocorridos nesse período entre crianças até os 14 anos de vida foram causados por afogamento acidental.
Segundo a Dra. Varleisha Gibbs da “University of Sciences'', na Filadélfia, muitas famílias americanas procuram praias, lagos, rios, piscinas e parques aquáticos no verão para se divertir e enfrentar o calor.
Com mudanças de rotina e de ambiente as crianças autistas muitas vezes se sentem desconfortáveis e se afastam de seus familiares em busca de isolamento e tranquilidade. É nessas circunstâncias que essas crianças, sem noção de perigo, se tornam vulneráveis a acidentes graves.
Em outro levantamento, feito junto a 856 famílias de crianças autistas, promovido pela “Interactive Autism Network'' (IAN) em colaboração com várias instituições americanas importantes, levaram os pesquisadores a resultados preliminares preocupantes: 50% das crianças autistas entre os 4 e 9 anos se afastam de seus familiares e lugares seguros para “perambular aparentemente sem objetivo'', percentual este 4 vezes maior que aquele encontrado entre crianças neurotipicas (normais).
Os cinco motivos mais comuns referidos pelos pais para tal comportamento:
1. Tentativa de se afastar de estímulos sensoriais desagradáveis.
2. Tentativa de se afastar de situações ansiogênicas (demandas escolares por exemplo).
3. Buscar ambientes acolhedores e agradáveis (um parque por exemplo).
4. Procurar locais de interesse especial (estações de trens e metros por exemplo).
5. Correr simplesmente por impulso e explorar lugares novos.
Essas pesquisas, ao contrário de outras nas áreas de genética, neurociências e psicofarmacologia, fornecem subsídios para intervenções imediatas nas mais diversas áreas: políticas públicas, mobilização das famílias de portadores e das comunidades. As providências que vem sendo tomadas (nos Estados Unidos) para proteção dessas crianças:
- Integração e cooperação com as autoridades policiais locais.
- Uso de pulseiras e correntes com placas de identificação.
- Camisetas e boinas indicando que a criança é portadora de autismo.
- Dispositivos eletrônicos de rastreamento e monitoramento via GPS ou telemetria.
- Alarmes em pontos de evasão (portas, portões e janelas).
- Vídeo modelagem como recurso de instrução e treinamento dessas crianças diante de situações de risco.
- Colocação de placas e avisos de alerta em locais de risco (lagos, piscinas, praias, avenidas e ruas) de fácil entendimento para crianças autistas treinadas com o recurso da vídeo modelagem.
- Aulas de natação e manobras de sobrevivência (crianças autistas adoram a água).
Espero que essas informações sirvam de alguma forma para tornar evidentes o nosso atraso (descomunal) em relação aos países desenvolvidos no que diz respeito aos cuidados com indivíduos autistas.