sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sherborne Developmental Movement

O Relation Play ou Sherborne Developmental Movement é também chamado de “jogo de relações” e é baseado na teoria do movimento humano criada por Rudolf Laban e trabalhada durante mais de 30 anos por Veronica Sherborne, inicialmente no seu trabalho com crianças com dificuldades severas de aprendizagem, mas que tem sido expandida a todas as idades e a todos os tipos de necessidades especiais.
 
A experiência de movimento é fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano, sendo ainda mais importante nas pessoas com necessidades especiais. Este método é muito importante pois a linguagem corporal, a mímica e o contacto ocular, estão presentes em todos os movimentos, além do toque, que permite trabalhar a defesa táctil. (ISCO 2008)
Há dois objectivos básicos neste método, a consciência do self (consciência de si próprio) e a consciência dos outros. 

· Consciência do self é conseguida através de experiencias de movimento que ajudam a pessoa a concentrar-se e assim ter consciência do que está a acontecer no seu corpo. Isto leva a um auto-conhecimento do seu corpo e uma maior auto-confiança a nível físico e emocional.
· Consciência dos outros é feita aos poucos, interagindo e movendo-se à volta dos outros de modo a encorajar quer o desenvolvimento da confiança quer a formação de relações positivas com os outros. Isto vai promover a capacidade de relacionamento com o meio ambiente e com outras pessoas. (ISCO, 2008)
Há três tipos de jogos de relacionamento:

Jogos de relacionamento “com”
Há um elemento passivo
que recebe os cuidados
do parceiro activo.







Jogos de relacionamento “partilhado”

Os parceiros dão um suporte mútuo e têm de sentir o seu corpo e o corpo do outro.






Jogos de relacionamento “contra”
A criança testa a sua
força dirigindo-a
para uma acção e
ajustando-se à
força do parceiro.





Referências bibliográficas:
- Apontamentos policopiados da aula da Terapeuta Filipa Campos de dia 6 de Janeiro de 2009
- International Sherborne Co-Operation – ISCO (2008). Basic Principles. Acedido a 28 de Dezembro de 2008 em http://www.sherbornemovement.org/Basics.html
 

sábado, 24 de agosto de 2013

Autismo Sobrecarga sensorial

Autismo Infantil - Entrevista Especial Sobre Autismo Autismo part 5

Especial Autismo part 4

Especial Autismo part 3

Especial Autismo part 2

Especial Autismo part 1

Falar

A comunicação verbal pressupõe a existência de duas componentes: alguém a falar (seja verbalmente ou não) e alguém a ouvir. Recentemente escrevi um curto blogue acerca da forma como falamos com as nossas crianças. Esta semana, no Son-Rise Program Intensivo, tivemos o anjinho mais fofo com autismo. Ele tem 9 anos, cabelo preto e adora brincar com o selo de um cartão de gelado premiado. Ele tem um vocabulário constituído por cerca de 10 palavras claras e um grito muito agudo que utiliza para transmitir a urgência de uma necessidade. Ele ainda tem de aprender que nós não entendemos gritos, aqui na casa do Son-Rise. :-) Apesar de não dizer muitas palavras e não conversar, ele tem mostrado que consegue perceber claramente tudo o que dizemos.
As nossas crianças podem achar que formar palavras e frases é um desafio, mas isso não significa que elas não compreendam o que nós dizemos. Aqui no The Autism Treatment Center of America nós observamos vezes e vezes sem conta que crianças que ainda não falam nos entendem.

O que é que podem fazer com esta informação? Falem com as vossas crianças. Falem com elas como se estivessem a falar com uma pessoa com um discurso normal. Digam-lhes o que está a acontecer, expliquem-lhes detalhadamente onde é que vão e porque estão a ir para lá.
Se as vossas crianças tiverem de tomar medicação, expliquem-lhes ao pormenor como é que a medicação as vai ajudar. Se não quiserem que elas façam algo como despejar todo o shampô dentro da banheira, façam-nas perceber porque não querem que elas façam isso.
Se as vossas crianças resistem a fazer transições de um lugar para o outro ou recusam a tomar medicação, isso pode acontecer apenas porque ninguém lhes disse o que se estava a passar. Se lhes explicarmos detalhadamente, elas não só irão saber, como irão entender que tudo o que estamos a fazer é a cuidar delas e a ajudá-las.

Parem algum tempo para pensar num lugar onde a vossa criança possa estar mais controladora e resistente e percam tempo a explicar-lhe a situação com mais detalhe. Poderão ficar surpreendidos com a resposta dela.
Divirtam-se a falar com as vossas crianças.
Com muito amor, Kate.

Por Kate Wilde (Professora Sénior do Autism treatment Center of America)

http://blog.autismtreatmentcenter.org/2010/09/talking.html


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O que vai poder aprender com o programa SON RISE

Vai a aprender a:
1.       A criar um relacionamento caloroso e divertido e uma ligação entre si e o seu filho, com familiares, amigos e professores.
2.       Construir a comunicação do seu filho, a linguagem, interacção social e apreciação das pessoas.
3.       Aumentar a cooperação e motivação do seu filho.
4.       Utilizar técnicas eficazes de ensino sobre o autismo para que o seu filho alcance objectivos educacionais específicos.
5.       Ser o professor e/ou director de programa mais efectivo que você pode ser, criando e sustentando uma atitude de esperança e optimismo, acreditando que a recuperação do autismo é uma possibilidade, mantendo-se focado e inspirado e cuidando de si próprio.
6.       Adoptar uma atitude não crítica e optimista face ao seu filho.
7.       Tornar-se um recurso eficaz para o seu filho.
8.       Ultrapassar desafios diários.

Os tópicos do Programa de Treino sobre o Autismo incluem:

- Ajudar o seu filho a relacionar-se com os outros:
Não importa em que nível de desenvolvimento o seu filho está, este programa pode ajudá-lo a ligar-se profundamente ao seu filho e a construir interacção social significante. Dar-lhe-emos os recursos sobre os autismo que precisa para criar dentro do seu filho um prazer sincero na interacção humana, para que o seu filho inicie a comunicação e interacção. Irá aprender a ajudar o seu filho a mover-se para além dos comportamentos ( “stimming” )repetitivos, sem lutar contra esses comportamentos (é mais fácil do que pode pensar). Nós dar-lhe-emos estratégias para aumentar o contacto ocular, um passo importante para aprender e interagir. Nós acreditamos que o seu filho é capaz de afectos sinceros e de expressões de carinho e alegria, e nós vamos mostrar-lhe como encorajar isto numa base contínua.
- Motivar e ensinar o seu filho:
Todas as crianças têm o direito de ser educadas por alguém que acredite nelas. Todos os pais querem que o seu filho(a) seja capaz de dizer o que ele quer, de expressar amor e tomar conta de si próprio. Nós acreditamos com certeza que o seu filho pode aprender se ele estiver altamente motivado. Neste programa, você vai aprender a descobrir as motivações e interesses do seu filho. Vai aprender a torná-los em experiências dinâmicas e personalizadas, para que o que seu filho possa aprender e adquirir as competências necessárias para ter sucesso na escola e na sua vida – desde ir ao quarto de banho ou aumentar o tempo de atenção a ler um livro ou cooperar com os outros.
- Desenvolvimento do discurso e da linguagem:
Independentemente de o seu filho utilizar a linguagem ou não, há maneiras de nós o ensinarmos a ajudar o seu filho a aumentar as suas competências de comunicação. Você vai aprender a implementar estratégias funcionais para aumentar a sua comunicação verbal que ajudarão o seu filho a interagir, pedir algo/fazer solicitações e expressar-se. Quer a sua “criança” tenha 3 ou 23 anos, nós não acreditamos que alguma vez seja “tarde demais” para que ele aprenda a comunicar.
- Capacidade de gerir/liderar o seu programa:
Se é como a maioria dos pais com quem trabalhamos, a sua vida é um malabarismo. Ter terapias continuas ajuda-o (ocupando horas com o seu filho) e ao seu filho (variando as pessoas que o ensinam). Neste programa, aprenderá a recrutar e treinar uma equipa de suporte – com confiança. Nós podemos ajudá-lo a usar uma aprendizagem contínua, o treino e o suporte comunitário para manter a eficácia e o sucesso do programa. Nós também podemos falar sobre questões quotidianas, tais como “quantas horas são precisas para o programa”, “como variar o dia do sua filho” e “como adaptar o seu programa de encontro às necessidades da sua família”.
- Criar um ambiente de aprendizagem óptimo:
O seu filho é capaz de uma grande aprendizagem num ambiente que seja confortável, seguro e livre de hiper-estimulação. Neste programa, nós iremos mostrar como construir um ambiente ideal. Podemos ajudá-lo a encontrar e filtrar quase todas as distracções mais comuns, muitas das quais  pode nem perceber que estão a afectar a aprendizagem do seu filho. Alem disso,  irá aprender a eliminar as situações de controlo e tensão que inibem as interacções úteis. Nós mostrar-lhe-emos como usar este ambiente especial de aprendizagem para maximizar o desenvolvimento e a participação do seu filho enquanto torna a sua vida mais fácil e menos caótica.
- Contornar de forma decisiva e útil os comportamentos desafiantes:
Todos os pais e professores lutam com certas coisas que as suas “crianças” fazem. Nós iremos ensiná-lo a ajudar o seu filho a encontrar comportamentos diferentes e meios mais úteis de comunicar. Alem disso,  aprenderá técnicas práticas de prever estes comportamentos antes de eles acontecerem. Isto torna a vida quotidiana muito mais fácil – para si e para o seu filho.
- Aproveitar as oportunidades de aprendizagem no dia-a-dia:
Nós podemos ajudá-lo a tornar-se eficaz a ensinar as actividades diárias ao seu filho. As refeições, a hora do banho, os momentos em que conduz o carro, a hora de dormir e as viagens são várias oportunidades para ajudar o seu filho a aprender e crescer sem o tirar da viagem ou actividade. Aprenderá a utilizar estas experiências para o benefício máximo do seu filho.

- Treino de atitudes e competências
Para muitos, ter um filho com dificuldades de desenvolvimento e realizar um programa para o ajudar pode ser bastante desafiante. Contudo, acreditamos que os pais são a principal força na vida dos filhos. O que faz com que cuidar de si – e ajudá-lo a cuidar de si – seja uma prioridade para nós. Terá indicações especializadas e contínuas, numa atitude de paz, não critica, optimista e de esperança. Nós vamos inspirá-lo a ultrapassar os obstáculos que podem, por vezes, parecer intransponíveis. Terá a oportunidade de falar sobre os sues problemas e encontrar respostas. Seja a gestão do stress ou do tempo, nós podemos ajudá-lo a tratar de si para que possa cuidar do seu filho o melhor possível.

SON RISE PROGRAM - Formação programa SON RISE em Portugal de 31 de Outubro a 4 de Novembro de 2012, mais informações em : 

www.vencerautismo.org;                                                      info@vencerautismo.org 
                                                     telefone +351 914279669

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Coleção “Amigos Especiais”


1osLivros 003
A Coleção “Amigos Especiais” é composta por  4 ( quatro) livros de Português Básico.
Ref. AEPO1 –   Livro 1 -  Vogais       (Valor R$ 92,00)

1osLivros 005
Ref.  AEPO2 – Livro 2 – Alfabeto  ( Valor R$ 92,00)

1osLivros 007

Ref. AEPO3 –  Livro 3 – Consoantes  ( Valor R$ 92,00)

1osLivros 009

AEPO4  -  Livro 4 – Formações Silábicas Iniciais. ( R$ 98,90)

1osLivros 010
AEICO1 – Livro 1 –   Iniciação a Ciência ( Valor R$ 152,95)

2ºsLivros 20ABR2013 003

  • Livro 1  de Matemática Noções Básicas – Ref. AEMO1  -  ( Valor R$ 172,50)
1osLivros 011
  • Livro de AVD’S – Escovar os Dentes, c/livreto prático – Ref.  AEAVDO1 – ( Valor R$ 121,90)

1osLivros 012
  • Livro 1 Sociedade – Ref.  AESO1 – ( ValorR$ 92,00)
1osLivros 014

A Coleção “Amigos Especiais”, dentro de uma estrutura educacional organizada, propicia um campo visual que representam significados, uma vez que relaciona  imagem x imagem, imagem x letra, imagem x palavras, imagem x sombra, imagem x número e cores x imagem.
Os Livros  foram criados para facilitar o processo de aprendizagem e independência das pessoas com a Síndrome de Autismo,  Déficit de Atenção, Dificuldade de Aprendizagem ou para qualquer criança na fase de alfabetização, uma vez que todo material é adaptado em sua forma visual, no âmbito construtivo, motivacional, participativo e recreativo. Além de motivar o desempenho da realização das atividades propostas contribuindo para a aprendizagem do aluno.
Com suas peças imantadas, promovem a fixação das bases e uma segurança nos resultados obtidos sem desmanchar o que foi construído, uma vez que o processo de ensino segue três etapas: inicio, meio e fim.
O KIT contém:
Um Livro, 1 Base fixa de Trabalho Imantada, 1 Base fixa de Apoio Imantada, e as Bases Moveis  imantadas (respostas), com embalagem zipadas.

Livro: Autismo Infantil: O que é e como tratar

Autismo Infantil: O que é e como tratar
* imagem meramente ilustrativa
Autismo Infantil: O que é e como tratar
[Autor: FERRARI]
Pierre Ferrari
 
Formato: 13X20
ISBN: 9788535633443
Edição: 1     Ano: 2007
N. Pag.: 188
Capa: BROCHURA










"Os temas (ciúme, medo, ansiedade, estresse, inquietação, entre outros) abordados nesta coleção apresentam caminhos de superação para enfrentar, com mais serenidade, os impasses da vida.
O termo autismo foi empregado pela primeira vez em 1911, pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, para descrever a fuga da realidade e o retraimento para o mundo interior em pacientes adultos acometidos de esquizofrenia. Somente em 1943, o psiquiatra Leo Kanner descreveu com maior precisão o autismo infantil. A partir da década de 1970, os meios científicos manifestaram um crescente interesse pelo assunto, o que possibilitou o desenvolvimento de pesquisas nos âmbitos neurobiológico, cognitivo e psicanalítico.
O autismo, hoje, não é considerado um estado mental fixo, irreversível e imutável, mas o resultado de um processo que pode, ao menos em parte, ser modificado por meio de intervenções terapêuticas.
A obra apresenta um amplo panorama desse complexo distúrbio da personalidade: a evolução e as diversas correntes de estudos, os métodos de avaliação e diagnóstico, e as formas de tratamento, que aliam medidas educativas, pedagógicas e terapêuticas. Revela a importante contribuição advinda do comportamento dos responsáveis pelos cuidados das crianças, além de abordar a questão do autismo na adolescência e na vida adulta. E enfatiza o reconhecimento do autista como sujeito, assegurando-lhe o acesso a meios que permitam uma autêntica comunicação e convivência com as outras pessoas."

Capítulo I - Surgimento do conceito de autismo infantil
Capítulo II - Autismo, psicoses infantis, distúrbios invasivos do desenvolvimento: Classificações e debates nosográficos
Distúrbios do desenvolvimento
Distúrbios da personalidade
Contribuição do movimento pedopsiquiátrico francês
Capítulo III - Autismo: epidemiologia, genética e neurobiologia
Dados epidemiológicos
Pesquisas genéticas
Pesquisas bioquímicas
Pesquisas neurofisiológicas
Estudo das imagens cerebrais
Outras pesquisas biológicas
Conclusão
Capítulo IV - Autismo e ciências cognitivas
A inteligência das crianças autistas
Pesquisas de um déficit cognitivo específico
Capítulo V - O autismo infantil e o movimento psicanalítico
Capítulo VI - O exame da criança autista e psicótica: diagnóstico e avaliação
Análise clínica
Análise somática
Análise psicológica
Escalas de avaliação
Análise da linguagem
Análise psicomotora
Formas particulares de autismo e síndromes assemelhadas
Capítulo VII - Diagnóstico precoce do autismo infantil
A importância do diagnóstico precoce
Relação de sinais observáveis de suspeita de autismo nos primeiros 18 meses de vida
Sinais observados
Resultados das pesquisas atuais sobre os sinais precoces
Problema diagnosticado
Conclusão
Capítulo VIII - Evolução do autismo e das psicoses precoces
Diversas pesquisas
Fatores de prognóstico
Adolescência
Autismo na idade adulta
Capítulo IX - Os pais
Personalidade parental e psicose precoce da criança
Fatores familiares associados à psicose
Experiência dos pais
Ação dos profissionais com os pais de crianças psicóticas
Associações de pais
Capítulo X - Tratamento das crianças autistas e psicóticas
Métodos exclusivamente educativos
Terapias institucionais
Outras ações terapêuticas
Conclusão
Bibliografia

Pais de autistas sofrem com falta de estrutura na rede pública de saúde

Pais de São José dos Campos (SP) criaram entidade de apoio às famílias.
'Não existe nenhuma política pública de proteção aos autistas' diz pai.


Autismo SJC 2  - Link Vanguarda (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda) 
Gustavo ao lado do pai na casa vazia para evitaracident es (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)
 
Conviver com o autismo tem se tornado um drama para algumas famílias de São José dos Campos que dependem dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Segundo pais de filhos autistas, essas unidades não estão preparados para prestar este atendimento.

Gustavo Gutierrez, de 11 anos, é autista. Na casa vazia, ele ocupa todos os espaços e é o centro das atenções da família. Qualquer objeto é perigoso nas mãos dele. Gustavo quebrou os vidros da janela, o gesso do teto e não tem limite e nem noção do perigo.

"Ele passa a maior parte do tempo destruindo as coisas. Tem a televisão e o DVD que ele assiste, por exemplo, e ele desconecta todos os fios, derruba a televisão. Então a gente procura evitar que estes acidentes aconteçam, porque a televisão quase caiu em cima dele e ele pode se machucar", diz a mãe Isabel Gutierrez, que fez um móvel adaptado com grades e fechaduras para segurança do filho.

"Não existe ainda uma política pública de proteção aos direitos da pessoa com espectro autista, nem a nível federal, estadual ou municipal. O estatuto da criança prevê que a criança com deficiência tenha tratamento especializado, mas não existe hospital, não existe clínica, não existe nem pronto-socorro pra emergência", diz o pai Marcelo Gutierrez. Veja teste que identifica possíveis sinais de autismo.
 
Doença
 
Recentemente a doença ganhou maior evidência na novela “Amor à Vida”, da TV Globo, com a personagem Linda (Bruna Linzmeyer) e no quadro conduzido pelo médico Dráuzio Varela no “Fantástico”. Uma escala de zero a 100 classifica o grau da doença e cada caso é diferente do outro. Há, por exemplo, autistas muito agitados, com sensibilidade alterada, ou que choram ao menor toque. Os autistas também podem não demonstrar sentir dor quando se machucam ou nem mesmo se preocupar em se agasalhar no frio.

O contato visual também é evitado por quem tem a doença. Durante a amamentação é possível identificar isso, já que nesse período o bebê olharia seguramente nos olhos da mãe. Eles também têm dificuldade em interpretar figuras, e muitas vezes só enxergam o básico, eliminando detalhes. Em vez de brincar, têm mania de organização. São sistemáticos e tentam classificar tudo por tamanho e cores.
O autismo se instala nos três primeiros meses de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias. Embora seja incurável, quando a doença demora para ser reconhecida, esses neurônios não são estimulados na hora certa e a criança perde a chance de aprender.

Lei

 
No ano passado, entrou em vigor a lei Berenice Piana, que prevê uma política nacional de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista e coloca o autista no mesmo patamar das pessoas com deficiência para todos os efeitos legais. A lei determina ainda atenção integral, diagnóstico precoce, atendimento multiprofissional e acesso a nutrição adequada e medicamentos.

Já outra lei, de abril de 2001, fala dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Ela determina que a internação seja feita quando os recursos extra-hospitalares forem insuficientes. Na prática, porém, a situação é bem difícil.
 
Atendimento
 

Em São José dos Campos, o Grupo de Apoio ao Indivíduo com Autismo, organização não governamental fundada por pais que têm filhos com a doença, oferece tratamento e apoio a quem convive diariamente com o autismo. A prefeitura repassa uma verba que corresponde a 40% dos custos.

No local, os 24 pacientes passam por psicólogos e terapeutas ocupacionais. A família também recebe apoio, mas não há recursos suficientes para atender a toda a demanda. 

"Não há atendimento especializado nesses casos. As famílias estão desamparadas. Não há um hospital-dia, não existe nenhuma instituição que possa atender em um momento de crise, que essa família possa sentir que tem esse suporte quando ela busca na rede. Temos uma demanda enorme, mas não podemos atender porque não temos verba", diz a diretora da organização Marilda da Silva.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Aplicativos para tablets ajudam pessoas com dificuldades de comunicação

Programas não dispensam acompanhamento especializado, como o de fonoaudiólogos e terapeutas


'Quando você sai com uma criança autista para almoçar fora é difícil fazer com que ela fique sentada e se comporte como a sociedade espera. Com o aparelho, ela pode brincar e se distrair nem que seja por 10 minutos' - Murilo Saraiva Queiroz, pai de Max (Jair Amaral/EM/D.A Press)
'Quando você sai com uma criança autista para almoçar fora é difícil fazer com que ela fique sentada e se comporte como a sociedade espera. Com o aparelho, ela pode brincar e se distrair nem que seja por 10 minutos' - Murilo Saraiva Queiroz, pai de Max
Max é um lindo garotinho de 6 anos e meio. Em seu mundo, repleto de referências dos desenhos animados que vê no tablet, dizer "e no episódio de hoje…" é o mesmo que perguntar sobre a programação do dia para os seus pais. Quando quer se despedir, ele solta: "Foi uma aventura muito divertida, não acham?". O menino é autista (tem disfunção global do desenvolvimento) e as expressões usadas são reflexo da ecolalia, repetição de palavras aleatórias. Com o tempo, assistindo à seleção de seus episódios favoritos, ele aprendeu a usar os termos das animações no contexto correto.

O pai, Murilo Saraiva de Queiroz, de 36 anos, é projetista de hardware da Nvidia e tem uma coluna sobre tecnologia na revista Autismo (revistaautismo.com.br). Ele conta que o filho nasceu com uma cardiopatia congênita grave e ficou internado muito tempo. O longo período de internação e uma traqueostomia (abertura feita na traqueia) a que foi submetido fizeram com que Max demorasse a falar e ter um grande atraso na capacidade de se comunicar.

Foi só depois de ver um documentário na TV sobre autistas que Murilo percebeu que o filho se encaixava nesse perfil. Com 2 anos e meio, um especialista confirmou o diagnóstico. Desde então, o garoto faz terapia ocupacional e tem sessões com psicóloga e fonoaudióloga. Hoje ele fala, obedece a comandos e está aprendendo a ler.

Interessado em softwares, Queiroz sempre tentou fazer com que o filho usasse o PC, mas manusear o mouse era tarefa impossível para Max. "No computador você leva o mouse para a setinha ir até a imagem, para então ela reagir. No tablet não. É na hora. É muito concreto, uma resposta imediata e a interação é fácil para o autista", explica Queiroz. Ele diz preferir dispositivos móveis Android porque a diferença de custo, se comparado a um iPad, é muito grande e não compensa arcar com o risco de quebras, perdas e outros acidentes.

 
Para Queiroz, o fato de a criança adorar o tablet já é uma grande vantagem. O filho está no seu segundo aparelho, um Gênesis, porque literalmente destruiu o primeiro, um Asus Transformer, de tanto que usou. "Quando você sai com uma criança autista para almoçar fora é difícil fazer com que ela fique sentada e se comporte como a sociedade espera. Com o aparelho, ela pode brincar e se distrair nem que seja por 10 minutos", diz. Ele explica que o autismo é mais sutil que a síndrome de Down e as pessoas não costumam ter paciência – se uma criança autista grita no supermercado, todo mundo acha que é birra infantil.

APP PARA CADA CASO
Ao contrário de muitos indivíduos, Max não precisa do tablet para comunicação, mas como reforço de comportamento, melhora da coordenação motora e entretenimento. O menino gosta de jogos comuns, como o Angry Birds. O game, inclusive, instigou a curiosidade do garoto a tal ponto que ele aprendeu a usar o mouse do computador para jogar a versão web.

Para Queiroz, existem aplicativos de categorias específicas que são muitos úteis, mas o interesse que eles despertam é muito amplo e depende do desenvolvimento e da relação da família com a pessoa deficiente. O próprio autismo tem diferentes níveis, há crianças que não falam, não interagem de forma alguma, e outros que chegam até a faculdade.

Atualmente, os aplicativos para comunicação assistida são os mais usuais, como o Livox (agoraeuconsigo.org) e a fase 3 do PECS (pecs.com). Eles foram inspirados em grandes fichários impressos com figuras simples de ações, objetos e pessoas. Bastava tocar a ficha. O problema é que com o tempo os cartões se multiplicavam e desperdiçava-se um tempo precioso nessa conversa. "Depois, passaram a fazer computadores sob encomenda, caríssimos (cerca de R$ 30 mil), com teclado de figuras. Com o tablet isso ficou muito mais acessível", diz.

O aplicativo não é a peça mais importante para o desenvolvimento de alguém com dificuldade de comunicação, segundo Queiroz. Estabelecer o contato, para ele, é o mais complicado. "Se a pessoa não está treinada, não senta e tenta explorar o aplicativo junto com o autista, não vai adiantar. É importante saber a necessidade dela, escolher o programa e o apresentar de um jeito produtivo", afirma. 

Jeitinho brasileiro para a inovação

Analista que criou aplicativo de comunicação alternativa para pessoas com deficiência lançará no próximo mês recurso de inteligência artificial. Programas para iPad são alternativa para autistas
 

Com paralisia cerebral, Emanuel agora expressa seus gostos, como ser torcedor do São Paulo, e consegue se comunicar com os amigos numa praça de alimentação (Facebook/Reproducao Internet )
Com paralisia cerebral, Emanuel agora expressa seus gostos, como ser torcedor do São Paulo, e consegue se comunicar com os amigos numa praça de alimentação
Clara tem 5 anos de idade. Por um erro médico no parto, está presa a um corpo que não obedece aos seus comandos – tem paralisia cerebral. Ela demonstra o que quer aos pais por meio da comunicação alternativa. Antes, se ela gostava de um iogurte, era preciso imprimir uma figura, plastificar e colocar em um fichário junto a centenas de outras imagens para que ela escolhesse. Adicionar novidades era um “parto na montanha”, como lembra o pai, Carlos Edmar Pereira, de 35 anos, analista de sistemas e também diretor da clínica de fisioterapia Reamo, em Recife (PE). Ele então decidiu ir atrás de empresas para desenvolver um software alternativo, mas ninguém se interessou em fazer uma plataforma em português. Diante disso, resolveu ele mesmo criar um programa: o Livox (agoraeuconsigo.org). Nele a comunicação acontece a partir de toques em imagens apresentadas na tela do tablet. Fome, medo, desejos, tudo está dividido em contextos para que o deficiente possa expressar a sua vontade.

A experiência com Clara começou com telas de “sim” ou “não” no smartphone e, com o tempo, por meio de um trabalho duro com uma equipe de fonoaudiólogos, Pereira desenvolveu um dos mais completos sistemas de comunicação alternativa para dispositivos móveis. Neste mês, o Livox foi escolhido como o melhor aplicativo de inclusão e empoderamento do Brasil pelo WSA, concurso promovido pela Organização das Nações Unidas. De 23 a 26 de outubro, a empresa representará o Brasil na premiação global no Sri Lanka.

Pereira lembra que no Brasil há 2 milhões de deficientes visuais e 10 milhões de surdos, porém, existe um contingente de 15 milhões de pessoas que não falam porque têm paralisia, autismo, sofreram derrame ou outro mal qualquer. Para ele, elas são invisíveis. “Uma mãe outro dia me contou que foi à padaria com uma blusa com dizeres sobre o autismo e perguntaram a ela se não era aquela doença que as pessoas enxergam em preto e branco”, conta Pereira para exemplificar o desconhecimento popular. Ele explica que o grande benefício do app é atender as mais variadas deficiências: de motora a cognitiva.

O empresário conta que foi nítido o desenvolvimento de Clara depois que ela começou a usar o Livox. Outro dia ele estava lendo um livro sobre a Terra para ela e perguntou se ela sabia o que era magnetismo. Usando a tela do sim/não descobriu que Clara sabia muito mais do que ele imaginava e tinha visto tudo na TV. Com o programa, ele, enfim, pode conversar de verdade com sua filha. O corpo não responde perfeitamente, mas a mente de Clarinha está a mil.
Na página do Livox no Facebook, mães deixam seus depoimentos emocionados sobre a diferença que a plataforma tem feito na comunicação com seus filhos. Com o programa, Marina Gaya, que já foi dona de uma das maiores comunidades do Orkut sobre paralisia cerebral, descobriu que o filho Emanuel, acometido pela doença, torcia para o São Paulo. “É, depois de sete anos e meio de silêncio, enfim, Emanuel e eu ‘batendo papo’. Estou redescobrindo o meu filho e percebendo que tenho em casa um menininho muito do sabido, com opiniões bem formadas e mais consciência do que se passa ao seu redor do que eu tinha sonhado em meus maiores devaneios”, escreveu.

MULTIMÍDIA
Um dos recursos mais incríveis da ferramenta é o intellitouch, o toque inteligente. Há pessoas com deficiência que não têm coordenação do toque. Diante disso, ele calcula quantos dedos estão na tela mais a coordenada que foi tocada e estima qual a intenção real do usuário. Nos próximos meses, deve ser lançada a funcionalidade “capta”, capaz de comandar o app a partir do movimento dos olhos. “Já vi algumas tecnologias por aí, mas, se o usuário mexe a cabeça, perde a calibração, então estamos trabalhando nisso ainda”, conta. Outra novidade que estará pronta no mês que vem é o Now, recurso de inteligência artificial. Baseada no horário e no GPS do tablet, a plataforma mostrará telas com conjuntos sensíveis ao contexto. O da escola é diferente do da casa e assim por diante.

Diferentemente do PECS, o aplicativo é multimídia. Há um banco com 12 mil imagens, mas é possível tirar novas ou pegar na internet e acrescentar ao conteúdo. “Um usuário do Livox, por exemplo, ficava excluído na aula de música. A professora colocou uma flauta no sistema e hoje ele participa. É simples: se forem clicados pontos específicos, ele toca. Se o toque for em qualquer outro ponto fora do desenho da tela, a execução da música é interrompida”, conta.

PREFERÊNCIA PELO ANDROID
Por enquanto, o Livox está disponível só para plataformas Android. Pereira explica que fez essa escolha porque, além da variedade de opções de marcas de tablets, com tamanhos diversos, o custo é menor. “Com Android dá para fazer coisas que não é possível com o iPad. Por exemplo, a mãe pode pegar um arquivo de um filme e colocar no tablet para o filho. No iOS isso é considerado pirataria”, lembra.

O programa começou gratuito, mas hoje tem licença permanente por R$ 1.350, com direito às atualizações. Pereira explica que o valor cobre o custo de diversas tecnologias de terceiros que são utilizadas no app. Com o passar dos anos, teclado virtual, recurso para gravação de áudio, autocontraste e opção de 25 idiomas foram algumas das melhorias implementadas na plataforma. Atualmente, são 2 mil usuários.

Pereira conta que também está criando o Livox profissional, destinado a escolas e hospitais. Dessa forma, médicos poderão fazer perfis com necessidades de comunicação diferentes para o tratamento de pacientes com autismo de autorrendimento, paralisia espástica etc. A licença é dada por tablet. Em uma instituição de ensino, por exemplo, um professor pode usar um aparelho para sua turma inteira. A escola Dia a Dia em Belo Horizonte utiliza o Livox e há clientes também nas cidades mineiras de Juiz de Fora e João Monlevade.

O Livox não está disponível no Google Play, porque, segundo seu criador, é um produto médico, em que é preciso o acompanhamento de profissionais para a sua utilização. Os especialistas avaliam se é preciso um acionador ou um tablet com tela maior. “Muita gente acha que é brincadeira. Acredita que é só jogar na mão da pessoa e ela já sai falando. É preciso um trabalho com fonoaudióloga e com um terapeuta ocupacional. O pai não sabe se o filho vai entender o desenho de uma maçã. Pode ser que ele compreenda somente a foto”, justifica. Quando há interesse em adquirir o aplicativo, a pessoa deve entrar em contato por meio do site.

Do papel ao touch
Em 1985, dois norte-americanos, da empresa Pyramid, Andy Bond e Lori Frost, criaram o Picture Exchange Communication System (pecs.com), mais conhecido como PECS, que é um sistema de comunicação por troca de figura. O modelo promove a comunicação aumentativa (para aqueles que têm alguma dificuldade) ou alternativa (para aqueles que não falam). O PECS ensina o indivíduo a dar uma figura de um item desejado para um parceiro de comunicação. O sistema é dividido em seis fases, com objetivos cada vez mais desafiadores à medida que se passa de uma para outra. Nas fases mais avançadas, os indivíduos são ensinados a responder a perguntas e fazer comentários.

No ano passado, a fonoaudióloga Soraia Cunha Peixoto Vieira, de 37 anos, trouxe o método para o Brasil e abriu a sede da diretoria geral da Pyramid em Belo Horizonte (MG). Ela trabalhou 12 anos com o PECS na Inglaterra. Vieira conta que, nas fases 1 e 2, a pessoa estuda o método e aprende que precisa escolher uma figura e entregá-la ao seu interlocutor. Já na 3, ela discrimina a figura. É para esse ponto que foi criado o aplicativo do PECS para iPad (http://bit.ly/14gLxm4). Há usuários de 18 meses a 83 anos de idade. O app permite incluir novas figuras no banco e tem opção de gravar voz.

Outro aplicativo da Pyramid disponível é o Working4 (http://bit.ly/1b9sOKW), com tradução para o português e custo de US$ 2,99. Com ele, é possível reforçar comportamentos positivos – para ter um pedido atendido é preciso fazer tarefas específicas discriminadas no programa.

Na fase 4, o PECS ensina a formar frases juntando duas figuras: “Eu quero” e “comer”, por exemplo. Na 5, o usuário responde a perguntas e na 6 ele faz comentários sobre o cotidiano. A equipe já trabalha para criar aplicativos para as próximas fases, mas ainda não há previsão do lançamento.

Vieira acredita que é importante fazer um treinamento do método para tirar total proveito do PECS, especialmente os pais, para poderem usar com os filhos em todos os lugares. “O método é o mesmo para todo mundo, mas cada um vai evoluir do seu jeito”, ressalva.
 
Empresa brasileira desenvolve aplicativos para portadores de distúrbios de linguagem e articulação 
 
 Blogueira testa e reprova programas disponíveis para o sistema Android
'Tenho visto uma mudança radical na aprendizagem das crianças desde que os tablets começaram a ser utilizados para o ensino' - Bárbara Fernandes, diretora da Smarty Ears ( Smarty Ears/Divulgacao )
'Tenho visto uma mudança radical na aprendizagem das crianças desde que os tablets começaram a ser utilizados para o ensino' - Bárbara Fernandes, diretora da Smarty Ears
Se antes era preciso dar prêmios para as crianças participarem ativamente de uma terapia com uma fonoaudióloga, hoje basta mostrar a elas os tablets e a mágica está feita. É o que assegura a brasileira Bárbara Fernandes, de 30 anos, fundadora e diretora da Smarty Ears (ipadfono.com), empresa que cria aplicativos para psicopedagogia e fonoaudiologia. Fernandes foi a primeira fonoaudióloga nos Estados Unidos a propor o uso de dispositivos móveis para crianças com distúrbios de linguagem e articulação. A empresa foi fundada em 2009 e hoje tem mais de 60 apps em inglês e 11 em português, com planos de expansão.

“Tenho visto uma mudança radical na aprendizagem das crianças desde que os tablets começaram a ser utilizados para o ensino. Pela primeira vez, elas estão fascinadas para passar por uma sessão com a fonoaudióloga”, ressalta. Segundo ela, os pais também começaram a participar mais ativamente no aprendizado porque, enfim, têm uma ferramenta em casa (smartphone ou tablet) que pode ser utilizada. Crianças que se comunicaram pela primeira vez com a mãe usando um iPad como voz e um idoso que era médico e teve melhoradas as habilidades perdidas depois de um derrame são alguns exemplos dos benefícios potenciais dos programas em dispositivos móveis.

Para a diretora, existe uma diferença muito grande entre aplicativos que são desenvolvidos por pessoas leigas e profissionais da educação. Ela conta que sempre foi fascinada por tecnologia e já usava o computador com seus pacientes frequentemente. Quando o iPhone foi lançado, em 2007, ela viu que não havia aplicativos para a plataforma e decidiu criá-los. “Meus 10 anos como fonoaudióloga me dão experiência e conhecimento para saber qual a melhor forma de avaliar o aprendizado usando dispositivos móveis”, conta.
 
A equipe da Smarty Ears é formada por 20 fonoaudiólogos e professores de educação regular e especial. Durante o desenvolvimento do app, pais de meninos com deficiência, programadores e ilustradores também entram em cena. Isso possibilita criar aplicativos em várias áreas: pessoas que sofrem de gagueira, idosos que sofreram derrame e têm dificuldade de leitura e escrita, crianças em treinamento de pronúncia e outros, como os autistas, para a melhora de habilidades de comunicação.

Entre os aplicativos mais populares no Brasil, está o Academia da Articulação para crianças, além do recém-lançado Afasia-Pro, destinado a adultos com afasia (distúrbio na formulação e compreensão da linguagem). Os dois podem ser baixados por familiares para o treinamento em casa. A maior parte dos aplicativos é paga, mas tem valor bem abaixo dos softwares para computador. “No Brasil, programas para fonoaudiologia e para crianças com deficiência sempre foram muito caros e ainda são. Quando fizemos a pesquisa, eles custavam cerca de R$ 200. Os nossos são, em média, R$ 20”, ressalva Fernandes.

MOBILIDADE
Os aparelhos móveis são o foco da atenção da empresa justamente por serem portáteis e também intuitivos, facilitando o aprendizado em qualquer lugar: no carro, em casa ou na escola. Todos os programas criados são exclusivos para a plataforma iOS, porque, segundo a diretora, o iPad tem sido estudado por vários profissionais nos Estados Unidos e têm se mostrado o tablet que alcançou o maior sucesso entre crianças com deficiência. “O sistema iOS é o mais fácil a ser utilizado e é muito intuitivo – o que é fundamental para pessoas que já têm tanta dificuldade. Os aparelhos Android estão começando a dar sinal que podem um dia competir nessa área, mas, na minha opinião, ainda deixam muito a desejar”, justifica Fernandes.
Clique para conhecer mais aplicativos que auxiliam a fala e articulação (EM/ DA Press)
Clique para conhecer mais aplicativos que auxiliam a fala e articulação


Prova dos nove
No ano passado, a jornalista e fã de tecnologia Cler Oliveira, de 37 anos, foi procurada pelo amigo Fernando, que então tinha se tornado deficiente visual, para lhe dar uma mãozinha com o tablet que havia ganhado da namorada. Ele precisava de um leitor de tela para usar o aparelho. Cler procurou e a primeira opção que achou era muito cara, cerca de R$ 200. Mesmo assim, baixou a versão de demonstração e, vendada, testou o aparelho. A surpresa foi grande quando ela percebeu que era impossível realizar atos básicos de maneira simples com a plataforma. Descobriu então um segundo programa, o Lis, que, apesar da necessidade de conhecimento em braile, seria uma alternativa.

Vitimado por um câncer, Fernando não chegou a conhecer o software. Desde então, a jornalista resolveu fazer dos testes dos aplicativos um blog com dicas e curiosidades para poder ajudar um número maior de pessoas. Criado em janeiro, o Aplicativos para pessoas com deficiência (aplicativosparapcd.com) tem cerca de 300 visitas diárias e foi criado em janeiro. “Segundo o último censo, há 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. Esse público consome tecnologia. Os desenvolvedores têm que ter um cuidado maior para criar programas para ele”, diz Oliveira. Uma amiga de Cler, que é deficiente visual, volta e meia, descobre erros de digitação com um aplicativo de audiodescrição com que confere o conteúdo do blog.

Para ela, o grande problema é que, normalmente, os programas não dão autonomia total aos usuários com deficiência. É preciso que outra pessoa intervenha, que baixe e abra o app. Cler diz preferir o sistema operacional iOS por ter melhores configurações de acessibilidade embarcadas no dispositivos. “O programa da Apple guia você. Eu testei de olhos fechados e falei: meu Deus, quero um para mim”, conta. Já aplicativos Android, para tornarem o aparelho mais acessível, como o Talkback, precisam evoluir. A jornalista tem o hábito de enviar e-mails aos desenvolvedores com dúvidas diversas, mas são raros os casos em que têm retorno.

Cler, que tem também outros dois blogs, diz que o Aplicativos é o seu xodó. É o único que conta com recursos de acessibilidade 2.0. Entre as ferramentas que já testou, o PDF to Speech, que permite ouvir gravação sonora de arquivos em PDF, é o que ela julga o mais completo. “Ando muito de ônibus e me canso de ler. Aí coloco o fone e vou ouvindo o livro”, diz. O Call anouncer diz o nome da pessoa e número que está ligando no seu smartphone. Segundo ela, os mais baixados são sempre as pranchas de comunicação alternativa. “Já testei vários aplicativos e alguns não prestaram para nada. Tinha um de localização, que, se o seguisse, estaria perdida”, lembra.